Conheça todos os segmentos de listagem da Bolsa e entenda as diferenças  

Você sabe quais são os segmentos de listagem da Bolsa brasileira?

Na B3, as empresas listadas são divididas em cinco categorias de acordo com o seu nível de governança corporativa.

A governança é um importantíssimo indicador que reflete o grau de transparência, organização, credibilidade e alinhamento de interesses dentro de uma empresa.

Neste artigo, você vai saber mais sobre os segmentos, as empresas incluídas em cada um e a importância desta classificação para os seus investimentos. 

Boa leitura!

O que é são segmentos de listagem da Bolsa?

O que é são segmentos de listagem da Bolsa, ilustração

Como o próprio nome indica, os segmentos de listagem da Bolsa são categorias nas quais estão divididas as empresas listadas na B3. Na visão do investidor, essa classificação sinaliza quais empresas estão mais comprometidas a organizar seus processos internos e prestar contas ao mercado.

Em outras palavras, os segmentos servem para aumentar a confiança dos investidores na administração justa, responsável e transparente da companhia.

Existem cinco segmentos de listagem da Bolsa brasileira: 

  • Bovespa Mais
  • Bovespa Mais Nível 2
  • Novo Mercado
  • Nível 2
  • Nível 1.

A rigor, qualquer empresa listada na Bolsa pode passar de um segmento para outro, desde que cumpra os critérios de governança estabelecidos pela B3.

Um detalhe é que os segmentos de listagem não estão atrelados ao valor da empresa. Uma gigante do mercado pode estar abaixo de empresas médias e pequenas, como small caps, em nível de governança.

O que é governança corporativa e por que ela importa?

O que é governança corporativa e por que ela importa, ilustração

Em linhas gerais, podemos dizer que a governança corporativa é um medidor da organização e responsabilidade administrativa de uma empresa.

Os critérios de governança são normas e processos internos que servem para guiar a empresa em direção aos resultados e evitar erros, fraudes ou problemas de comunicação.

Os principais objetivos da governança são:

  • Alinhar os interesses de sócios, investidores e executivos da companhia;
  • Garantir que a empresa siga as regulações do governo e do mercado;
  • Prestar contas a acionistas, clientes e ao governo;
  • Aumentar a transparência e a confiança dos investidores.

Um exemplo de governança é o compromisso em informar todos os fatos relevantes a todos os investidores simultaneamente, além de enviar releases informativos para a imprensa.

As auditorias internas e externas também são boas práticas de governança, pois permitem o registro das irregularidades e a fiscalização por órgãos de regulação e controle.

Vale lembrar que a Lei das Sociedades por Ações estabelece regras de governança para todas as empresas listadas em bolsa no país.

Os segmentos de listagem da B3, portanto, avaliam as medidas de governança adicionais que são adotadas voluntariamente pelas companhias.

As empresas listadas que seguem apenas as normas da Lei das S.A.s são classificadas pela Bolsa como o segmento “Básico”.

Assim, a decisão de investir em governança parte do conselho da empresa e envolve custos, tendo como contrapartida o aumento da confiança dos investidores.

Quais são os segmentos de listagem da Bolsa?

Quais são os segmentos de listagem da Bolsa, ilustração

Confira, a seguir, uma relação com todos os segmentos de listagem da Bolsa.

Nível 1

O Nível 1 corresponde ao segmento menos rígido de governança da B3.

Fora as medidas previstas em lei, as empresas do Nível 1 são obrigadas a manter ao menos 25% das ações em circulação no mercado (o que é chamado de free float).

Além disso, essas companhias devem publicar calendários de eventos, realizar ao menos uma reunião pública por ano e divulgar sua política de negociação e código de conduta.

Já o tag along previsto por estas empresas é de 80% para ações ordinárias (ON), conforme estabelecido por lei, sem regra específica para ações preferenciais (PN).

Isto significa que, se o controle da companhia passar para outro investidor, os demais acionistas têm direito a vender suas ações a ele por no mínimo 80% do valor pago pelo novo controlador ao antigo.

Algumas empresas listadas no Nível 1 são Bradesco (BBDC4), Itaú Unibanco (ITUB4) e Banco BMG (BMGB4).

Nível 2

Em relação ao anterior, o segmento de listagem Nível 2 determina medidas adicionais para tag along e composição do conselho da empresa.

No Nível 2, o tag along deve ser de 100% tanto para ações ON quanto PN.

Em outras palavras, se um investidor ou empresa adquirir a companhia na qual você investe, ele é obrigado a propor a compra de todas as suas ações pelo mesmo valor pago aos antigos controladores.

Outra diferença é que o conselho de administração da empresa deve ter 5 ou mais integrantes com mandato unificado de 2 anos, e 20% dos membros devem ser conselheiros independentes.

Além disso, a companhia deve publicar todas as suas demonstrações financeiras simultaneamente em português e em inglês.

O Nível 2 inclui empresas como: 

  • Banco Inter (BIDI11)
  • BTG Pactual (BPAC3)
  • Petrobras (PETR3/PETR4)
  • Klabin (KLBN11)

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Novo Mercado

O Novo Mercado foi criado em 2002 pela B3 para ser o segmento de mais alto nível de governança corporativa e servir como padrão de transparência para os demais.

Para entrar neste nível, as empresas devem voluntariamente se comprometer a adotar uma série de práticas de fiscalização, divulgação de dados e garantia de direitos aos acionistas.

No segmento de Novo Mercado, é permitido ofertar somente ações ordinárias (ON) e o tag along é obrigatoriamente de 100%.

Em relação ao conselho de administração, a B3 obriga que ele inclua ao menos 3 membros e que 20% ou 2 deles (o que for maior no caso) sejam independentes.

Uma particularidade do Novo Mercado é que as companhias devem publicar todos os fatos relevantes e releases sobre resultados simultaneamente em português e inglês.

Após cada divulgação de resultados trimestrais, estas empresas têm até 5 dias úteis para realizar uma reuniões pública presencial ou à distância.

Além disso, é obrigatório para as integrantes desse segmento a implementação de setores de compliance e auditoria interna, e também de um comitê de auditoria.

O nível de Novo Mercado inclui mais de 180 empresas. Algumas delas são: 

  • Magazine Luiza (MGLU3)
  • Vale (VALE3)
  • Weg (WEGE3)
  • Marfrig (MRFG3)
  • B2W (BTOW3, controladora de Lojas Americanas e Submarino)
  • Embraer (EMBR3)
  • SBF (SBFG3, controlador de Centauro e ByTennis)
  • JBS (JBSS3, controlador de Swift, Seara e Friboi)
  • MRV Engenharia (MRVE3)

Bovespa Mais

O nível Bovespa Mais foi criado para ampliar o mercado de ações e facilitar a entrada de pequenas e médias empresas com boas práticas de governança.

Este segmento, assim como o Bovespa Mais Nível 2, oferece a possibilidade de listagem gradual para companhias com poder de captação relativamente menor.

As companhias deste nível podem entrar na B3 sem oferta e têm um prazo de até 7 anos para realizar sua primeira oferta pública (IPO).

Para entrar nesta categoria, as empresas não podem listar ações PN e as ações ON devem ter tag along de 100%.

Hoje, o Bovespa Mais lista 15 empresas menos conhecidas com alto nível de governança, como BBM Logística (BBML3), Inter Construtora (INNT3) e Nutriplant (NUTR3).

Bovespa Mais Nível 2

O Bovespa Mais Nível 2 é bastante semelhante ao Bovespa Mais, com a diferença de permitir também a circulação de ações PN.

Nesse caso, tanto as ações ON quanto PN devem garantir tag along de 100%, e as empresas também recebem prazo de 7 anos para lançar a oferta pública.

Atualmente, apenas 2 empresas compõem esse segmento de listagem da Bolsa: SmartFit (SMFT3) e Prática Klimaquip (PTCA11).

Comparativo entre os segmentos de listagem da Bolsa

Além dos fatores que explicamos acima, existem outras distinções entre cada um dos segmentos de listagem da Bolsa.

Ao todo, a B3 avalia 17 critérios de governança para classificar as empresas nos segmentos. 

Vários são processos burocráticos comuns a todos os níveis (exceto o básico).

Para facilitar a comparação, preparamos uma tabela com as principais diferenças entre as normas dos segmentos de listagem

Confira abaixo:


Bovespa MaisBovespa Mais Nível 2Novo MercadoNível 2Nível 1
Tipo de açãoSomente ONPN e ONSomente ONON e PN¹ON e PN
Free float (mínimo de ações em circulação)25% a partir do 7º ano de listagem25% a partir do 7º ano de listagem25%*25%25%
Tag along100% para ações ON100% para ações ON e PN100% para ações ON100% para ações ON e PN80% para ações ON
Setores de Auditoria Interna e ComplianceFacultativosFacultativosObrigatóriosFacultativosFacultativos
Composição do conselho de administraçãoMínimo de 3 membros, com mandato unificado de até 2 anosMínimo de 3 membros, com mandato unificado de até 2 anosMínimo de 3 membros, dos quais ao menos 20% ou 2 independentes (o que for maior), com mandato unificado de até 2 anosMínimo de 5 membros, dos quais ao menos 20% independentes, com mandato unificado de até 2 anosMínimo de 3 membros, com mandato unificado de até 2 anos
Publicação simultânea de informações em português e inglêsSem regra específicaSem regra específicaFatos relevantes, informações sobre proventos (aviso aosacionistas ou comunicado ao mercado) e press release deresultados
Sem regra específicaSem regra específica
Reunião pública anualFacultativaFacultativaObrigatória apresentação públicaObrigatória (presencial)Obrigatória (presencial)

Fonte: B3

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Qual o melhor segmento de listagem da Bolsa?

Qual o melhor segmento de listagem da Bolsa, ilustração

Falando estritamente sobre governança corporativa, o Novo Mercado é considerado padrão e referência para todas as empresas listadas na Bolsa.

Desde a criação do Novo Mercado, em 2002, suas especificações foram revisadas diversas vezes para acompanhar os avanços de governança no Brasil e no mercado internacional.

Em tese, as normas rígidas em relação a conselho, auditoria, compliance, tag along e prestação de contas tornam as empresas do Novo Mercado mais transparentes e dedicadas aos direitos dos acionistas.

Mais além, a governança corporativa é um dos critérios da metodologia ESG, um conjunto de práticas sustentáveis que vem ganhando cada vez mais peso no mercado global.

No entanto, é preciso ter em mente que a classificação leva em conta apenas fatores relativos à administração da companhia.

O nível elevado de governança corporativa favorece a confiança do investidor, mas não representa nenhuma garantia de lucros ou imunidade contra os riscos de mercado.

Também é possível que empresas listadas no segmento de Novo Mercado se envolvam em controvérsias ou escândalos, mesmo com todas as normas de transparência e fiscalização.

Em anos recentes, este foi o caso de companhias como JBS, Sabesp (SBSP3), Engie (EGIE3), Via Varejo (VVAR3) e CVC (CVCB3).

Portanto, os segmentos de listagem da Bolsa são bons sinalizadores de compromisso social e empresarial, mas estão longe de ser o principal fator a ser analisado na hora de investir.

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