O Bitcoin teve uma ascensão meteórica nos últimos meses, o que despertou novamente o interesse de milhares de investidores.
Por isso, chegou a hora de tirar todas as suas dúvidas sobre o assunto.
Não é exagero dizer que a tecnologia da informação revolucionou profundamente o mercado financeiro.
Pregões presenciais tornaram-se eletrônicos, big techs dominaram as Bolsas e novos instrumentos financeiros foram criados.
Dentre as grandes inovações financeiras da última década, talvez o Bitcoin seja a mais controversa e enigmática.
Altamente volátil e arriscada, a criptomoeda opera à margem de regulações e chegou a se valorizar 419% frente ao real e 303% ante o dólar em 2020.
Fato é que o Bitcoin divide opiniões entre investidores e especialistas.
Onde alguns enxergam um ativo sofisticado com chance de retornos estratosféricos, outros alertam para um risco à estabilidade do sistema financeiro e um território fértil para fraudes e operações ilegais.
A natureza do Bitcoin é complexa e pode gerar confusão até mesmo entre agentes experientes do mercado.
Pensando nisso, preparamos este guia completo sobre a moeda digital mais negociada do planeta. Confira!
O Bitcoin (BTC) é uma criptomoeda — isto é, uma moeda que não existe em formato físico e circula através de operações digitais criptografadas.
Ao contrário das moedas nacionais, o Bitcoin não é emitido ou regulado por governos.
Toda a movimentação ocorre de forma descentralizada, por meio de uma rede de computadores ao redor do mundo que valida as transações e produz novos Bitcoins.
Isso significa que as transações em BTC não precisam de intermédio dos bancos.
As transferências são feitas diretamente entre as pessoas, em um sistema que protege a privacidade dos agentes e mantém a transparência das operações.
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O software do Bitcoin foi publicado em 2009 por um usuário (ou grupo de usuários) sob o pseudônimo de Satoshi Nakamoto.
Até hoje, a verdadeira identidade de Nakamoto é desconhecida.
Segundo um artigo escrito por Nakamoto, a concepção do Bitcoin foi uma reação à crise financeira que solapou a economia global em 2008.
À época, o estouro de uma bolha imobiliária nos EUA levou à falência do tradicional banco Lehman Brothers e desencadeou um derretimento das Bolsas em todo o planeta.
A crise foi resultado de uma série de decisões inconsequentes por bancos, seguradoras e outras instituições financeiras, ao inundar o mercado de hipotecas de alto risco maquiadas como investimentos seguros e rentáveis.
Surgiram, então, iniciativas para reduzir o poder dos bancos e aumentar o controle dos cidadãos sobre o próprio dinheiro.
Daí veio a criação do Bitcoin, uma moeda projetada para circular sem qualquer interferência de governos centralizados ou instituições financeiras.
Embora a tecnologia avançada por trás do Bitcoin soe um pouco alienígena, o processo não é tão complexo quanto parece à primeira vista.
O princípio é simples: todas as transações em BTC que ocorrem no mundo são registradas em um único código, chamado blockchain.
Basicamente, o blockchain é um imenso livro-razão disponível publicamente na internet.
Quando alguém realiza uma transferência em BTC, as informações são criptografadas em um bloco e enviadas a uma rede descentralizada de usuários conhecidos como mineradores.
Utilizando computadores superpotentes, os mineradores disputam entre si para resolver problemas matemáticos complexos que validam a transação.
Ao fim do processo, o bloco é registrado no blockchain e o minerador recebe uma quantia em BTC.
Assim, os mineradores podem ser considerados os verdadeiros “reguladores” do BTC, mas não formam uma organização centralizada.
A ideia do processo é garantir a privacidade de todos os usuários envolvidos e a segurança das transações.
Para garantir a estabilidade, a recompensa que os mineradores recebem cai pela metade a cada 210 mil blocos solucionados, processo chamado de “halving”.
Após começar fixada em 50 BTC em 2009, o halving ocorreu três vezes (2012, 2016 e 2020) e atualmente está em 6,25 BTC por bloco.
A estimativa de Nakamoto é que o Bitcoin deixe de ser minerado em 2140, quando o sistema atingirá a capacidade máxima de 21 milhões de BTC em circulação no mundo.
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A grosso modo, o Bitcoin tem valor pelo mesmo motivo que qualquer outra moeda: porque as pessoas acreditam que sim.
Na década de 1930, os países iniciaram um processo de troca do padrão-ouro, que atrelava o valor da moeda a quantias fixas do metal dourado, pelo modelo fiduciário, em que as unidades monetárias não têm valor intrínseco e dependem da confiança da sociedade.
Portanto, assim como o real, dólar ou libra, o valor do Bitcoin é influenciado por forças de mercado conforme os agentes econômicos o adotam como moeda legítima.
A grande diferença é que, ao contrário das moedas nacionais, o Bitcoin não é regulado por um banco central.
Na ausência de autoridades para garantir um valor estável a longo prazo, aumenta a influência da especulação sobre a cotação do BTC.
Os principais fatores que determinam o preço de 1 BTC, como a maioria dos ativos, são as tradicionais forças de oferta e demanda pela moeda.
Pelo lado da oferta, a quantidade de BTC em circulação aumenta aproximadamente a cada dez minutos, à medida que os mineradores recebem recompensas por registrar transações.
O halving também influencia esse processo, diminuindo a quantidade de BTC recebida pelos mineradores ao longo dos anos.
Além disso, embora seja uma moeda digital, o Bitcoin possui custo de produção.
O principal insumo usado na emissão de BTC é a eletricidade, uma vez que exige computadores de altíssimo desempenho para solucionar os problemas matemáticos.
Por outro lado, a demanda por BTC cresce conforme lojas e prestadores de serviços decidem aceitá-lo como pagamento.
Existe, ainda, um outro fator que influencia o preço do BTC: a competição com outras criptomoedas.
O Bitcoin é a moeda digital de maior alcance no mundo, mas outras centenas surgiram desde a sua criação, como é o caso de Dash, Ethereum e Litecoin.
Atualmente, poucos países no mundo têm legislações que proíbem ou autorizam diretamente o uso do Bitcoin.
As transações costumam ocorrer em paralelo às moedas nacionais, com níveis de regulação variados.
No Brasil, o Banco Central não restringe o uso de Bitcoins, mas desestimula o seu uso citando “riscos operacionais”.
Ainda há poucas lojas de destaque por aqui que aceitam o BTC como pagamento.
Já nos EUA, existe uma regulação moderada do uso comercial de BTC, incluindo a tributação e exigência de medidas contra crimes financeiros.
Marcas como Dell, Microsoft e Subway já aceitam compras na criptomoeda em lojas específicas pelo país.
Desde que entrou em circulação, o Bitcoin tem alimentado um intenso debate sobre o impacto na economia mundial e o futuro das moedas digitais.
Por um lado, muitos usuários e especialistas exaltam o bitcoin como uma moeda rápida, sofisticada e com baixas tarifas.
Por outro, a ausência de regulação levanta dúvidas sobre a sua segurança e risco de fraudes.
Abaixo, listamos alguns argumentos a favor e contra o uso do Bitcoin.
Nos últimos anos, alertas para uma possível bolha de criptomoedas tornaram-se recorrentes no noticiário econômico.
Diante da alta volatilidade, moedas como Bitcoin e Ethereum deixaram de ser a aposta de investidores experientes e tornaram-se desejadas por cada vez mais pessoas comuns, atraídas principalmente pela possibilidade de alta valorização das criptomoedas.
Em dezembro de 2017, o BTC havia atingido a cotação recorde de US$ 19,5 mil, acumulando alta de 2.300% em 12 meses.
Porém, em menos de dois meses, a moeda despencou mais de 60% e atingiu US$ 8 mil em fevereiro de 2018.
A queda brusca deixou marcas no mercado e criou precedentes para cautela.
Após uma leve recuperação, o BTC operou majoritariamente em baixa pelos meses seguintes e chegou a afundar abaixo de US$ 3,2 mil em dezembro de 2018, menor cotação em mais de um ano.
A cautela, porém, não se sustentou por muito tempo, e a demanda por Bitcoin voltou a crescer.
Seis meses depois, o BTC havia saltado 287% para mais de US$ 12,4 mil.
O próximo grande tombo viria somente em março de 2020 — o pânico global com a pandemia derrubou o Bitcoin a menos de US$ 5 mil.
No entanto, a entrada massiva de fundos de investimento no mercado de Bitcoin e o anúncio da adoção da moeda pelo PayPal desencadeou o maior rali da criptomoeda de todos os tempos.
Após atingir seu menor valor em quase um ano, o BTC disparou mais de 300% e encerrou o ano cotado acima de US$ 29 mil.
Em janeiro de 2021, o Bitcoin já supera a marca histórica de US$ 41,5 mil.
Somente no primeiro mês de 2021, o BTC já vivenciou um rali, deslizamento e recuperação: a moeda abriu o ano próxima de US$ 29 mil, subiu mais de 40% em uma semana, a US$ 41,5 mil, e caiu 40% a US$ 29,8 mil após duas semanas.
Existe um grande debate sobre quantas bolhas o Bitcoin já experienciou nos últimos anos, mas o comportamento extremamente volátil da moeda e a falta de regulação dificultam a análise exata destes fenômenos.
Para 2021, as previsões de valorização do Bitcoin têm ampla variação, e ainda é difícil afirmar com segurança qual será o pico da moeda.
Fato é que, ao contrário de 2017, desta vez há poderosos investidores institucionais, como fundos de investimento, na ponta compradora do Bitcoin.
Outros investidores e empresas de peso também manifestaram seu interesse pela moeda, como é o caso da Tesla, que anunciou, no dia 8 de fevereiro, uma aquisição de US$ 1,5 bilhão em Bitcoin, levando o preço da criptomoeda a novas máximas históricas.
Como demonstramos no tópico anterior, o Bitcoin é um ativo extremamente arriscado, sujeito a intensa volatilidade e alto grau de especulação.
Se você tem experiência no mercado e quer investir em Bitcoin, as exchanges são corretoras especializadas que oferecem formas simples de compra.
Uma delas é o Elliot, primo da Warren, por meio do qual você consegue investir em criptomoedas como o Bitcoin.
Também é possível aplicar em fundos de criptomoedas, que rastreiam outras além do BTC.
Essa é uma das formas mais simples de se expor aos criptoativos, porque toda a estrutura de investimento segue o padrão com o qual você já está acostumado, na corretora que você já conhece.
Na Warren, trabalhamos com quatro fundos multimercados com exposição direta ao Bitcoin:
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Além disso, nosso Fundo Warren Omaha também tem uma posição na criptomoeda, como atesta Igor Cavaca, um dos responsáveis pela gestão do fundo.
“A discussão sobre a validade e sustentabilidade das criptomoedas ainda não está clara. No entanto, temos observado que no último ano elas atuaram como reserva de valor frente os ativos de risco, como ocorreu com o dólar e o ouro. Entendemos que, no atual momento, uma alocação em criptomoeda faz sentido, atuando como mais um fator de diversificação na carteira, tanto frente aos ativos de risco, quanto às moedas (real e dólar). Porém, aconselhamos o investimento de percentuais pequenos da carteira (máximo de 5%), dado a incerteza quanto a sua sustentabilidade no futuro e possíveis questões regulamentares que podem afetar seu preço”, afirma Cavaca.
Quer investir em Bitcoin? Com o perfil de investidor adequado ao risco e uma visão de longo prazo, a estratégia pode fazer sentido.