
Mesmo que o termo pareça distante, o IPCA está presente em quase tudo o que fazemos. Ele aparece no reajuste do aluguel, no aumento da conta de luz, no valor da cesta básica e até no desempenho dos seus investimentos.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo — o IPCA — é mais do que um número divulgado mensalmente pelo IBGE. É ele que mostra quanto os preços estão subindo (ou desacelerando) e, na prática, como o seu dinheiro ganha ou perde poder de compra ao longo do tempo.
Neste conteúdo, você vai entender o que é o IPCA, como ele é calculado, o que significa o IPCA acumulado, como consultar a tabela de 2025 e de que forma esse índice influencia a economia, os investimentos e suas decisões financeiras.
Indice
O IPCA é o índice oficial da inflação brasileira, calculado desde 1979 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ele mede a variação dos preços de uma cesta de produtos e serviços consumidos por famílias com renda entre 1 e 40 salários mínimos, residentes em 16 regiões metropolitanas do país.
Em outras palavras: o IPCA mede quanto o custo de vida está mudando para a maioria dos brasileiros. E isso faz dele o principal termômetro da economia — um indicador que resume, mês a mês, o comportamento dos preços e o impacto no bolso das famílias.
O Banco Central do Brasil (Bacen) utiliza o IPCA como base para definir se o país está dentro da meta de inflação. Quando o índice fica muito acima da meta, o Banco Central tende a elevar a taxa Selic para conter o consumo e desaquecer a economia. Quando o IPCA está controlado, a Selic pode cair, incentivando o crédito e os investimentos.
Além disso, o IPCA serve como referência para reajustes de salários, benefícios previdenciários, contratos de aluguel e tarifas públicas. Ou seja, ele afeta tanto a vida de quem consome quanto a de quem investe.
De acordo com o IBGE, o IPCA de setembro de 2025 registrou alta de 0,48%, revertendo a queda de 0,11% observada em agosto. Com isso, o índice acumula 3,64% no ano e 5,17% nos últimos 12 meses.
O principal vilão do mês foi o grupo Habitação, impactado pelo aumento de 10,31% na energia elétrica após o fim da bandeira verde. Também pesaram no índice os reajustes em aluguel residencial, planos de saúde e combustíveis.
Esses dados mostram que a inflação segue pressionada, ainda que em níveis menores do que os registrados no pico de 2022. Por isso, entender o IPCA ajuda a interpretar o cenário econômico e a planejar investimentos com base em dados reais, não em expectativas.
O IPCA é um retrato da variação média dos preços. Se o índice sobe, significa que, em média, os preços dos bens e serviços aumentaram. Se ele cai, quer dizer que o ritmo dos aumentos desacelerou, mas não necessariamente que os preços diminuíram.
Por isso, um IPCA “menor” não é o mesmo que deflação. O índice apenas indica a intensidade com que os preços estão variando. Em períodos de inflação controlada, o IPCA gira entre 3% e 4,5% ao ano, o que o governo considera saudável para o crescimento econômico.
Já quando o IPCA sobe demais — como ocorreu em 2015 e 2022, quando ultrapassou 10% — o poder de compra da população cai, e a economia entra em um ciclo de juros altos e crédito mais caro.
O cálculo do IPCA é feito com base em uma pesquisa contínua de preços, conduzida pelo IBGE em mais de 30 mil estabelecimentos comerciais e de serviços. Ao todo, são coletados cerca de 400 mil preços por mês, sempre referentes a pagamentos feitos à vista.
Esses valores são agrupados em nove grandes grupos de despesa:
Cada grupo tem um peso diferente na composição do índice, definido pela Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF). Ou seja, quanto mais uma categoria pesa no orçamento das famílias, maior é o impacto dela no IPCA.
O IBGE divulga o resultado do IPCA entre os dias 8 e 12 de cada mês — sempre referente ao mês anterior.
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O IPCA é influenciado por diversos fatores, internos e externos. Entre os principais estão:
O IPCA acumulado é a soma das variações mensais do índice em determinado período — geralmente 12 meses. Ele mostra o quanto os preços subiram de forma consolidada e serve como base para reajustes e projeções econômicas.
Em setembro de 2025:
Esses números indicam que, em média, o custo de vida do brasileiro subiu 5,17% no último ano.
O IPCA reflete uma média nacional, mas cada pessoa tem um índice de inflação próprio, determinado pelos seus hábitos de consumo. Uma família que gasta mais com alimentação e transporte, por exemplo, sente o impacto da inflação de maneira diferente de quem gasta mais com lazer e tecnologia.
O IBGE disponibiliza uma calculadora de inflação que permite estimar essa diferença. Ela mostra como o seu orçamento pessoal se compara à média nacional — uma ferramenta útil para ajustar metas financeiras e revisar o planejamento.
Calculadora do IPCA. Foto: IBGE.gov.br
Os resultados oficiais são publicados mensalmente no portal do IBGE (ibge.gov.br). Lá é possível consultar:
Além disso, o IBGE também divulga duas versões complementares:
Essas informações ajudam a antecipar tendências e entender o comportamento da inflação ao longo do tempo.
O IPCA e a taxa Selic caminham lado a lado. Quando o IPCA sobe acima da meta, o Banco Central tende a aumentar a Selic para desestimular o consumo e conter a inflação. Quando o IPCA recua, a Selic pode cair, incentivando o crédito e os investimentos.
Em 2025, o Brasil vive um momento de cautela: o IPCA mostra sinais de alta após meses de desaceleração, e o Banco Central adota um ritmo mais lento de corte de juros, mantendo a Selic próxima de 10,75% ao ano.
Essa relação direta entre os dois índices é o que torna o IPCA tão importante para quem investe.
O Tesouro IPCA+ é um título público emitido pelo Tesouro Nacional que paga uma taxa de juros fixa + a variação do IPCA. Isso significa que o rendimento real do investimento é sempre acima da inflação.
Em outubro de 2025, as taxas estavam entre as mais altas da década:
Essa é uma ‘janela rara’ no mercado: historicamente, apenas 30% dos dias de negociação registram taxas acima de IPCA + 7%.
Por isso, o IPCA+ é visto como um investimento de médio a longo prazo, ideal para objetivos como aposentadoria, educação dos filhos ou construção de patrimônio. Mas ele não é indicado para resgates de curto prazo, pois pode haver oscilação no valor de mercado do título antes do vencimento.
A inflação é o principal inimigo dos rendimentos no longo prazo. Mesmo com um bom desempenho nominal, se a inflação for alta, o ganho real pode desaparecer.
Exemplo: Se um investimento rende 9% ao ano e o IPCA é de 5%, o ganho real é de cerca de 3,8%. Por isso, investidores atentos acompanham o IPCA de perto e buscam equilibrar a carteira entre ativos prefixados, pós-fixados e atrelados à inflação.
O IPCA influencia:
A melhor forma de se proteger é diversificar. Inclua na carteira produtos que rendam acima da inflação, como:
O ideal é alinhar o prazo dos investimentos com seus objetivos. Títulos longos rendem mais, mas exigem paciência e um horizonte de tempo adequado.
O IPCA é um espelho do comportamento da economia brasileira. Ele mostra como os preços estão evoluindo e indica o poder de compra real do seu dinheiro.
Monitorar o IPCA ajuda você a:
Mesmo quando a inflação parece controlada, ela nunca deixa de existir. Por isso, acompanhar o IPCA é essencial para qualquer estratégia financeira — pessoal ou de investimento.
A inflação está presente em praticamente todas as decisões financeiras. Por isso, entender o IPCA é a melhor forma de saber se o seu dinheiro está rendendo de verdade.
Nesta seção, respondemos as dúvidas mais comuns sobre o tema, com base em dados do IBGE, Banco Central e Tesouro Direto.
Em setembro de 2025, o IPCA foi de 0,48%, segundo o IBGE. O índice voltou a subir após dois meses de desaceleração, puxado pela alta na energia elétrica e nos aluguéis.
A variação acumulada até setembro de 2025 é de 5,17%. Isso significa que, em média, os preços dos bens e serviços subiram 5,17% no período — uma leve alta em relação aos 12 meses anteriores, quando o acumulado girava em torno de 4,7%.
É a soma das variações mensais do índice em um período específico, geralmente 12 meses. Essa medida é usada para calcular reajustes salariais, contratos e tarifas públicas.
Também é a referência mais usada por investidores para medir o ganho real (descontada a inflação).
Sim. O IPCA é o indicador oficial da inflação no Brasil. Ele mostra a variação média dos preços para famílias urbanas com renda entre 1 e 40 salários mínimos.
Outros índices também medem inflação, como o INPC (para famílias de menor renda) e o IGP-M (usado em contratos de aluguel), mas o IPCA é o que serve de base para as metas de inflação do Banco Central.
O IBGE realiza a coleta e o cálculo desde 1979, com base em mais de 400 mil preços pesquisados por mês em 30 mil estabelecimentos de 16 regiões metropolitanas. Os resultados são divulgados sempre entre os dias 8 e 12 de cada mês, no portal oficial do instituto.
Esses três índices são calculados pelo IBGE e seguem a mesma metodologia, variando apenas no período de coleta e na forma de consolidação dos dados.
Em outubro de 2025, o Tesouro IPCA+ 2029 paga IPCA + 8,06% ao ano, segundo o Tesouro Direto. Essa é uma das maiores taxas da década e reflete o prêmio exigido pelo mercado diante das incertezas fiscais e da inflação acima da meta.
Quando o Banco Central aumenta a Selic, o crédito fica mais caro, o consumo desacelera e as empresas reduzem reajustes de preços. Esse movimento tende a conter a inflação ao longo dos meses seguintes. Por outro lado, uma Selic muito alta também encarece o custo da dívida pública e pode frear o crescimento econômico.
A melhor forma é incluir ativos indexados ao IPCA na carteira. Entre as principais opções estão:
Esses produtos ajudam a preservar o poder de compra e a reduzir o impacto da inflação sobre o patrimônio no longo prazo.
O IPCA é o índice central do sistema de metas de inflação adotado no Brasil desde 1999. É ele que o Banco Central observa para avaliar se a política monetária está cumprindo seu principal objetivo: manter a estabilidade dos preços.
Todos os anos, o Conselho Monetário Nacional (CMN) define uma meta de inflação, ou seja, o intervalo considerado saudável para o crescimento econômico, medido pelo IPCA.
Quando o índice se mantém dentro dessa faixa, o país sinaliza equilíbrio entre consumo, investimento e poder de compra. Mas quando o IPCA sobe demais, o Banco Central precisa agir, normalmente por meio de aumentos na taxa Selic, que encarecem o crédito e reduzem a demanda.
O contrário também ocorre: se a inflação ficar abaixo do esperado, o BC pode reduzir a Selic para estimular o consumo e evitar uma desaceleração econômica excessiva.
Essa dinâmica cria um ciclo de retroalimentação:
Em 2025, a meta oficial de inflação é de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo — ou seja, o IPCA pode variar entre 1,5% e 4,5% sem que o Banco Central precise justificar formalmente o descumprimento. Essas informações estão disponíveis no site do Banco Central do Brasil.
As metas de inflação baseadas no IPCA servem como parâmetro central da política econômica brasileira: ajudam a manter previsibilidade, orientam decisões de governo e oferecem ao investidor um referencial claro sobre o valor real do dinheiro no tempo.
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Entender o IPCA é o primeiro passo para investir com consciência. Mas transformar esse conhecimento em estratégia exige ferramentas que tornem a informação prática no dia a dia.
Na Warren, o IPCA é um dos pilares na construção de carteiras equilibradas e pensadas para o longo prazo. A plataforma oferece acesso digital a títulos públicos, fundos e previdência atrelados à inflação, sempre com transparência nas taxas e suporte humano para ajudar o investidor a tomar decisões informadas.
Com isso, acompanhar o IPCA deixa de ser apenas um hábito e se torna uma forma de proteger o patrimônio, planejar o futuro e entender o que realmente significa fazer o dinheiro trabalhar a favor do tempo.