Quais os desafios que a economia brasileira apresenta daqui pra frente? Para responder esta e outras perguntas, a Warren organizou um bate-papo especial em nosso canal do YouTube.
Convidamos Luiz Parreiras, gestor de fundos multimercados da Verde Asset Management, para debater com Eduardo Otero, nosso Head of Asset Allocation & Funds of Funds, e Carlos Macedo, especialista de Asset Allocation & Funds of Funds.
A transmissão da conversa aconteceu no último dia 8, mas neste artigo você pode revisitar 5 tópicos principais que Parreiras abordou na conversa.
Vamos lá?
Parreiras reflete sobre o cenário econômico global olhando para o mundo em diferentes fases. Há o caso da China, que conteve rapidamente o vírus e contornou a crise, tendo passado já por fases de recuperação, aceleração e desaceleração.
Em seguida, há a “turma” que liderou a iniciativa de vacinações mundo afora, como os EUA, onde a população já está largamente imunizada, permitindo a reabertura dos mercados.
Experimentando diferentes velocidades, em seguida vêm os demais países. Há o Japão, por exemplo, altamente desenvolvido mas com uma campanha de vacinação bastante atrasada, e os países emergentes, como o Brasil, em que cada um está vivendo uma situação peculiar.
De volta à perspectiva de diferentes fases, Parreiras ressalta que experiências como a da China nos mostram que o movimento natural pós-pandemia é uma sequência de recuperação, aceleração e acomodação.
As economias americana e europeia devem mostrar grande aceleração no curto prazo. A partir do terceiro ou do quarto trimestre deste ano, será observada então uma desaceleração, guardadas as especificidades que podem surgir localmente.
“Onde a estabilização irá chegar com qual velocidade será essa desaceleração? Depende das situações específicas de cada país”, aponta o gestor.
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Conforme Parreiras, a divulgação do PIB brasileiro para o 1° trimestre de 2021 confirmou uma certa pungência econômica já indicada em diversos dados micro, porém muito questionada no cenário macro.
Ainda que seja difícil estabelecer em qual onda do coronavírus o Brasil está, algumas cidades tiveram um segundo lockdown no início deste ano. O efeito deste novo isolamento trouxe uma certa lembrança das consequências de 2020, levando a um prognóstico mais pessimista.
2021, no entanto, é outro ano: não somente as pessoas, mas os setores de consumo mostram que passaram por grandes aprendizados.
A economia brasileira está num ritmo acelerado: tivemos estímulo fiscal e a liberação de mais auxílio emergencial, além de uma taxa de juros que ainda é estimulativa.
Mesmo que o Banco Central já tenha iniciado o movimento de aumentar a Selic, ela ainda está em patamares baixos e tomará um tempo considerável para de fato impactar a economia.
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Parreiras trouxe o viés da tecnologia e da digitalização como fortes segmentos para crescer nos próximos anos. “Estamos em um mundo onde tudo vai ser digitalizado. Tudo, absolutamente tudo”, aposta.
E, conforme o gestor, isso deve ocorrer em diversos segmentos. A dinâmica do varejo já acelerou com força na pandemia. A participação das redes sociais nos negócios ainda tem espaço para expandir e trazer novos serviços.
“E aí tem outros setores que ainda estão muito atrás quando pensamos nessa disrupção digital: saúde e educação”.
Em um país como o Brasil, há uma grande dificuldade nestes dois setores por deficiência do governo em ofertar esses serviços para a população. Assim, estes segmentos já estão sendo abraçados pela iniciativa privada.
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Ao refletir sobre os riscos para 2022, Parreiras descreveu dois cenários, levando em consideração o risco global e o risco local.
“Em um cenário em que as economias vão reabrindo, há um risco não-desprezível da inflação ser maior do que esperado e, com isso, as taxas de juros ficarem mais altas. Nesse caso, você se defende fazendo apostas de que a taxa de juros vai subir.”
Segundo Parreiras, o risco local está um pouco mais calmo, mas já esteve mais agudo e pode voltar a crescer. Trata-se do risco fiscal no longo prazo, que merece ainda mais atenção por conta de um ano eleitoral pela frente.
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Ainda pensando no futuro do cenário brasileiro, Parreiras pontua: “Hoje é difícil dizer exatamente o que as eleições trarão de impacto. Temos que ter um respeito saudável pelo imponderável”.
O ponto do gestor é que, embora já se desenhe um segundo turno entre os políticos Jair Bolsonaro e Lula, há também a importância de estar preparado para resultados imprevisíveis.
Neste sentido, Parreiras retomou o cenário americano, em que o candidato democrata eleito, Joe Biden, chegou a ser considerado carta fora do baralho e, como já sabemos, acabou tornando-se o presidente eleito.
O gestor da Verde Asset trouxe, também, o imponderável vivido em solo brasileiro em 2014. Na ocasião, houve a queda do avião que levou ao falecimento de Eduardo Campos, um candidato que despontava nas pesquisas. O fato mudou completamente o cenário eleitoral.
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