Se você chegou aqui, provavelmente é porque em algum momento foi impactado por alguma notícia envolvendo a sigla NFT.
Em janeiro, por exemplo, o jogador de futebol Neymar pagou cerca de R$ 6 milhões por dois desenhos de chimpanzés da coleção Bored Ape Yatch Club, comercializados como NFTs.
O cantor Justin Bieber também gostou das obras de arte e adquiriu um NFT da mesma coleção por aproximadamente R$ 6,9 milhões. O acervo dele já conta com 619 NFTs de 49 coleções diferentes.
Quer mais uma prova de que esse mercado está em franca expansão?
A Nike comprou, em dezembro de 2021, uma startup de NFTs. A empresa planeja lucrar com a venda de calçados virtuais.
Por mais estranho que possa parecer, essas operações seguem uma lógica antiga: a atribuição de valor a ativos certificadamente originais e exclusivos.
É justamente essa certificação que a tecnologia NFT proporciona.
Mas o que isso tem a ver com uma estratégia de investimento? Qual a relação das NFTs com as criptomoedas? Como criar e onde comprar NFTs? E, mais importante que tudo isso: o que é, afinal, um NFT?
Chegou a hora de descomplicar o universo dos NFTs. Neste artigo, você vai conhecer a resposta para cada uma dessas perguntas, de forma simples e objetiva.
Talvez você não tenha milhões de dólares para investir em obras de arte do segmento, mas reunimos aqui tudo que você precisa saber para se atualizar nessa área — e, quem sabe, dar os primeiros passos.
Vamos juntos? Boa leitura!
Indice
NFT é a sigla para non-fungible token, ou token não fungível, um ativo criado a partir da tecnologia blockchain que serve como identidade digital de um item. O NFT assegura a autenticidade daquele item, que é único. Ou seja, o ativo garante a posse de um bem exclusivo, que nenhuma outra pessoa tem.
Para compreender melhor, imagine a famosa pintura Mona Lisa. A obra original, pintada por Leonardo da Vinci, encontra-se no Museu do Louvre, em Paris.
Você pode comprar um poster com a imagem da “Gioconda” ou uma reprodução praticamente igual pintada a óleo, mas nenhuma dessas cópias chegará perto do valor da pintura original.
Tomando como exemplo o mundo da arte, o NFT pode servir para atestar a originalidade da obra digital — como os desenhos de macacos comprados por Neymar e Bieber — ou até mesmo física. Nesse caso, funcionaria como um documento de registro digital da obra.
O ativo também pode estar vinculado a uma música, cards de games, memes, projetos de designers, manuscritos e a uma infinidade de outros itens. Ao longo do artigo, reunimos alguns exemplos reais para você comparar.
Antes disso, vale dizer que o NFT em si não é um arquivo de computador, e sim um ativo que existe em uma blockchain.
Portanto, o NFT assemelha a uma criptomoeda, com algumas diferenças que explicaremos a seguir.
LEIA MAIS | Bitcoin: o seu guia para entender como funciona a criptomoeda
Ok, NFT é non-fungible token e a tradução disso é token não fungível. Como não são palavras tão comuns, é possível que você nem saiba o que elas significam.
Então, vamos por partes:
Cada NFT, portanto, é um token único, original e autêntico. Escasso por natureza.
Assim como as criptomoedas, os NFTs existem dentro do universo do blockchain, um banco de dados público e imutável, em uma rede descentralizada com regras preestabelecidas.
Além disso, os NFTs são negociados em criptomoedas.
Isto é, para comprar esse tipo de ativo, você precisa antes adquirir uma moeda digital (as moedas aceitas variam de acordo com o marketplace).
LEIA TAMBÉM | Muito além do Bitcoin: conheça as 10 maiores criptomoedas do mundo
A grande distinção é que as criptomoedas, como Bitcoin e Ethereum, são fungíveis. Isto é, não há diferença entre as unidades em circulação.
Já um NFT representa um bem que é único e não pode ser substituído por um igual.
Tanto as criptomoedas quanto os NFTs utilizam criptografia para a proteção dos investidores.
No entanto, os tokens não fungíveis apresentam desafios adicionais em relação à segurança, pela possibilidade de fraudes e comercialização de NFTs fakes (cópias apresentadas como se fossem os arquivos originais).
Em resumo, portanto, é comum observar NFTs e criptomoedas no mesmo debate porque os NFTs são cotados e negociados por meio das criptomoedas, e ambos utilizam o blockchain em suas operações.
Mas as semelhanças terminam por aí.
O mercado dos games é talvez o mais promissor para a exploração dos NFTs, e aquele em que os ativos mais fazem sentido do ponto de vista prático.
Estamos falando de uma opção de entretenimento que ocorre no ambiente virtual e que tem um enorme público ávido por exclusividade e diferenciação.
Imagine ser o único jogador de um game super popular com determinado personagem ou equipamento.
Isso pode representar uma vantagem competitiva no game e, mais do que isso, ser um imenso fator de diferenciação, porque nenhum outro jogador terá a feature que você adquiriu. A não ser que você venda o NFT.
Afinal, depois de criado o NFT, o desenvolvedor não pode alterar suas características, o que o torna um item raro, com potencial de revenda.
Ainda há desafios técnicos e de modelo de negócio para que isso seja difundido amplamente na indústria dos games, mas já há vários jogos feitos na blockchain em que os jogadores podem ganhar NFTs como premiação pelo seu desempenho.
Alguns exemplos são Axie Infinity, Farmers World e The Sandbox Game.
LEIA TAMBÉM | Fundos de criptomoedas: entenda como investir em cripto de forma simples
Qualquer pessoa pode criar um NFT. E você pode criá-lo a partir de qualquer coisa.
Tirou uma fotografia bonita de uma paisagem? Pode criar um NFT para atestar a originalidade do arquivo da imagem — para os mais velhos, seria o equivalente ao negativo da foto.
No entanto, saiba desde já que custa dinheiro para criar um NFT.
Estamos falando de, em média, US$ 70. Então, não recomendamos que você faça isso sem um plano realista para recuperar o investimento.
O passo a passo básico para criar um token não fungível é o seguinte:
Segundo a DappRadar, as vendas de NFTs movimentaram cerca de US$ 25 bilhões em 2021.
Um valor nada desprezível e que chama atenção de muita gente em busca de oportunidades para ganhar dinheiro.
De fato, qualquer um pode criar um NFT, mas isso só faz sentido financeiramente se o criador tiver sucesso em atribuir valor a algum item.
Se você compõe uma música em seu estúdio caseiro, por exemplo, a canção precisa primeiro se tornar popular para que o NFT do arquivo mp3 original valha bastante dinheiro.
Como cada NFT é único, apenas uma pessoa terá o ativo original, o que gera escassez.
Quando o item é desejado e escasso, naturalmente se torna muito caro.
Tudo isso ainda pode parecer bem confuso e sem sentido na sua rotina. Com a evolução do metaverso, porém, os NFTs tendem a se tornar cada vez mais comuns.
LEIA MAIS | Metaverso: o que é, de onde vem e do que se alimenta?
Por enquanto, comprar um NFT não é a coisa mais simples do mundo. Primeiro, você precisa de uma carteira digital de criptomoedas.
A MetaMask é a mais usada e permite interagir com a blockchain Ethereum.
Tendo saldo nessa carteira, basta acessar um marketplace especializado em operações de compra e venda de NFTs.
O maior e mais popular é o OpenSea, uma plataforma americana criada em 2017.
Lá, você navega por diversas coleções de NFTs, em categorias como arte, colecionáveis, nomes de domínios, música, fotografia e outros.
Outras opções são:
LEIA MAIS | Entenda o que é a mineração de criptomoedas
No fim de dezembro de 2021, o site Yahoo! Finance fez um levantamento e listou as 5 compras de NFTs mais caras do ano que estava se encerrando.
Veja quais foram:
O artista americano Mike Winkelmann, conhecido como Beeple, criou uma imagem virtual por dia de 2007 até janeiro de 2021, totalizando 5 mil obras de arte.
Em março de 2021, o NFT com a colagem de todas essas imagens foi vendido por incríveis US$ 69,3 milhões.
O mesmo Beeple figura também na segunda colocação da lista. Dessa vez, com uma obra híbrida (física e virtual), intitulada Human One.
A parte física é uma “escultura de vídeo cinética”. Ou melhor, quatro esculturas, com as imagens de figuras humanas caminhando com vestes de astronautas. A obra foi vendida por US$ 28,9 milhões.
CryptoPunks é uma coleção de personagens em pixel art, desenvolvidas pelo estúdio Larva Labs, composto por uma dupla de desenvolvedores canadenses.
Em 2017, foram criadas 10 mil imagens, que têm sido revendidas em coleções a preços bastante altos. O personagem de número 4156 foi vendido em 2021 por US$ 10,2 milhões.
Mais uma imagem de pixel art da coleção CryptoPunks. Essa foi vendida por US$ 7,67 milhões.
Fechando a lista trazida pelo Yahoo! Finance, temos mais um personagem da coleção criada pelo Larva Labs. A imagem CryptoPunk #7804 foi vendida por US$ 7,57 milhões.
Se você está cogitando comprar um NFT como investimento, antes de tudo é preciso saber que se trata de um investimento especulativo.
Vamos explicar melhor no tópico seguinte, ao abordar as desvantagens, mas essa característica também traz uma grande vantagem: não há limites para a rentabilidade potencial da revenda de um NFT.
Assim, o investidor que tem um bom palpite sobre a valorização de um ativo representado por um NFT pode ganhar bastante dinheiro.
Os CryptoPunks que apresentamos acima e hoje valem milhões, por exemplo, foram originalmente distribuídos de graça, podendo ser coletados por qualquer um que possuía uma carteira virtual na Ethereum.
Outro atrativo do NFT como investimento é o caráter lúdico. Diferentemente de outros ativos, os tokens não fungíveis podem estar vinculados a algum tipo de divertimento para o seu titular.
Colecionadores, por exemplo, encontram nos NFTs ao mesmo tempo um hobby e um ativo financeiro.
Por fim, podem compor uma estratégia de diversificação, expondo a carteira de investimentos a variáveis que outros ativos não contemplam.
LEIA MAIS | Memecoin: conheça as características deste tipo de criptomoeda
Repetindo: as NFTs são investimentos especulativos.
É muito difícil prever quais itens vão se valorizar e compensar o investimento feito. Em muitos casos, é uma aposta.
Fazendo novamente uma comparação com uma pintura tradicional, por mais bonito que seja um quadro, ele nunca será considerado uma opção de investimento ortodoxa.
E ainda há o grande problema da liquidez. Quando um investidor resolve revender uma NFT e lucrar com a valorização do ativo, pode demorar um bom tempo até encontrar um comprador.
Para finalizar, o investidor precisa ficar atento ao risco de fraudes, com NFTs vinculados a itens falsamente declarados originais.
LEIA MAIS | Altcoin: tudo que você precisa saber
A resposta depende bastante de qual é o seu perfil de investidor.
Os NFTs só são recomendáveis para os investidores de perfil arrojado, dispostos a correr mais riscos em troca de uma rentabilidade potencial maior.
Melhor ainda se tiver uma boa familiaridade com as novidades do mundo virtual. Estar por dentro dos games e memes da moda, por exemplo, pode ser bastante útil.
Mas, mesmo para esses, não é inteligente aplicar um percentual alto de seu patrimônio em tokens não fungíveis.
A dica é: invista um dinheiro que você está disposto a perder.
Mas é claro que a valorização dos NFTs não é modelada totalmente pelo acaso.
Há oportunidades — e a tendência é que surjam cada vez mais — que podem ser identificadas com critérios objetivos por quem compreende bem a dinâmica da cibercultura e do metaverso.
Quer falar com um dos nossos especialistas? Preencha o formulário abaixo que entraremos em contato:
Conteúdos recomendados para você: