As perspectivas para a Renda Fixa em 2022  

Com o final do ano batendo à nossa porta, muitas pessoas chegam e me perguntam: “E aí, Bruno? O que eu faço com meus investimentos em renda fixa?”.

Por isso, neste meu primeiro artigo na Warren Magazine, decidi elencar um pouco do que vimos em 2021 e o que esperamos para 2022. Assim, conseguimos refletir sobre como decisões aparentemente óbvias, na verdade, não são tão óbvias assim.

Com todo o nosso contexto atual, de taxa Selic e inflação subindo, pode parecer simples fazer certas escolhas quando o assunto é investimento em 2022. Mas para responder aos meus amigos – e a vocês também – é preciso ir um pouco mais além.

Vamos refletir um pouco sobre as várias melhores escolhas de 2021?

Este ano começou com a taxa Selic (nossa taxa básica de juros) nas mínimas históricas (meta em 2% ao ano). Este nível inédito teve como pano de fundo uma economia muito fraca e sob extrema incerteza por conta da pandemia.
Apesar de extremamente expansionista, o nível da taxa Selic à época não foi suficiente para evitar que a economia brasileira patinasse. Neste cenário, inúmeros investidores optaram por investimentos em títulos pré-fixados longos, ancorados no fato de que a economia não mostrava sinais de melhora.

No entanto, já no primeiro trimestre, vimos o início do ciclo de alta na nossa taxa de juros. Apesar de uma economia ainda em recuperação, a aceleração da inflação obrigou o Banco Central (Bacen) a iniciar o movimento rumo à normalidade dos juros. Este movimento foi necessário para reancorar as expectativas do mercado, que já começava a se preocupar com a aceleração da inflação. Com a mudança de cenário e a Selic subindo novamente, os títulos pós-fixados passaram a ser o foco dos investidores.

Na segunda metade do ano, o Bacen teve que aumentar o ritmo da subida de juros por um preocupante motivo: a inflação não estava dando trégua ao brasileiro.

Dúvidas sobre a condução do juro pelo Banco Central surgiram neste período, tendo o setor financeiro como principal crítico. O mercado chegou a cogitar taxas bem acima de 12% ao ano durante o período de estresse.
Isso para os ouvidos dos investidores parecia música: o famigerado 1% ao mês estava para voltar. Em paralelo, os títulos atrelados ao IPCA (inflação) voltaram com tudo nos portfólios. O medo do surto inflacionário era real.

Nesta breve análise de 2021, já deu para entender que o ano foi bem movimentado para o investidor de renda fixa. E assim também foi para quem tem a responsabilidade de construir portfólios de investimento. Apesar do mercado financeiro operar por inúmeros modelos e planilhas, a decisão final nunca abandonará a incerteza inerente ao futuro. E é aqui que a beleza aparece: não há resposta certa sobre como investir.

Otimizar uma carteira de investimentos está longe de ser apenas procurar os ativos mais rentáveis, como os títulos de renda fixa que pagam as maiores taxas. Compor uma carteira com os mais variados fatores de risco melhora a eficiência dos portfolios nos mais variados cenários, e é isso que o investidor deve buscar!

Afinal, por que um investidor não pode ter uma carteira com ativos pré-fixados, pós-fixados e indexados à inflação? A combinação dos ingredientes é que torna o portfólio uma arte.

Sobre o cenário para 2022, talvez por receio de prejudicar a retomada da economia, o Banco Central não conseguirá ser tão firme quanto o esperado pelo mercado. É importante lembrar que, embora o Bacen esteja subindo juros para controlar a inflação, ele não detém instrumentos para brigar contra qualquer tipo de inflação. Também, em cenários nos quais a estabilidade fiscal perde força, a instituição acaba perdendo poder de fogo. Em outras palavras, o Banco Central não detém todas as respostas.

Somando tudo isso, continuamos observando a subida de juros no curto prazo (primeiro semestre de 2022), mantendo a incógnita para o restante do ano. Aqui, uma pressão inflacionária além da já esperada tenderia a deixar o Bacen de mãos amarradas – surpresas na inflação não devem mudar o plano de voo da autoridade monetária, dada a economia estagnada. Com isso em vista, seguimos vendo oportunidades nos títulos indexados à inflação.

Por fim, é importante notarmos que a complexidade do cenário para 2022 vai exigir do investidor um acompanhamento sério e isento de seu portfólio. Seja pela questão eleitoral, seja pela retomada ou não da normalidade após a pandemia, o investidor deverá rever muitos conceitos no que diz respeito à renda fixa. 2022 promete.

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