Esse indicador apresenta a probabilidade de mudanças no cenário econômico impactarem negativamente no valor de ativos de empresas estrangeiras no país.
O risco Brasil, também chamado de risco-país, é um indicador econômico que orienta investidores (em especial estrangeiros) sobre o risco de negociar no Brasil.
Esse indicador apresenta a probabilidade de mudanças no cenário econômico impactarem negativamente no valor de ativos de empresas estrangeiras no país.
Especialmente empresas e investidores que pretendem negociar, empreender ou investir devem estar atentos ao risco-país. Porém, antes de tudo, é importante entender o que esse índice expressa.
Para isso, criamos esse artigo, explicando tudo o que você precisa entender sobre o risco Brasil. A seguir, você irá aprender sobre o que é esse índice, como ele é calculado e qual seu impacto na economia, na prática.
Nos próximos parágrafos, vamos falar sobre:
Boa Leitura!
Indice
Esse índice é frequentemente confundido com o EMBI+ (Emerging Markets Bond Index). No entanto, ele é apenas um dos aspectos considerados no cálculo do risco Brasil.
O conceito é amplo, e engloba diversas categorias de risco. Principalmente, os seguintes tipos de risco:
Como você pode ver, muitos desses fatores são qualitativos e, portanto, difíceis de expressar em um índice.
Por essa razão, foram desenvolvidas escalas específicas para medição dessas categorias, que você conhecerá mais à frente nesse artigo.
Quando elevado, o índice do risco Brasil “envia” uma mensagem aos investidores estrangeiros, de que aplicar dinheiro no país é uma operação arriscada.
Ou seja, não é recomendado investir naquele momento, pois a possibilidade de prejuízos e inadimplência é mais alta.
Assim, o governo precisa oferecer altas taxas de juros, procurando convencer investidores externos a aplicar no país. Isso é conhecido, em economia, como prêmio pelo risco.
Ao governo pagar juros mais altos, as contas públicas ficam prejudicadas. Com isso, cresce a possibilidade de que essa dívida não seja paga.
Por esse motivo, muitos investidores estrangeiros evitam comprar ativos em países de risco, mesmo com a perspectiva de juros maiores.
Além disso, o risco Brasil também impacta a IBOVESPA pois, quanto menor a chance de haver calote na dívida externa, mais saudável se torna o mercado acionário.
O índice de risco Brasil EMBI+ é divulgado semana a semana, e pode ser acompanhado através desse link.
O último dado, até a revisão desse artigo, é de 23/12/19, com índice em 212 bps pelo EMBI+ (pelo Ipeadata) e 103.10 bps pelo CDS (pelo World Government Bonds).
Durante o ano de 2019, esse indicador tem se mostrado estável. A variação ficou entre 207 bps (07/19) e 276 bps (05/19).
A seguir, veja um detalhamento do EMBI+ Risco Brasil no ano de 2019:
A unidade de medida utilizada é o ponto-base. Dez pontos-base equivalem a um décimo de 1%.
Os valores expressos mostram a diferença entre a taxa de retorno dos títulos de países emergentes e a oferecida por títulos do Tesouro Americano.
Ao acompanhar os dados históricos do risco Brasil, é possível identificar claramente períodos de crise ou incerteza política e econômica.
Nos últimos 11 anos, a maior alta do índice CDS foi em 2016, quando chegou a 494,94 pontos.
Já o aumento começa no final de 2015, período correspondente ao processo de impeachment da então presidente Dilma Rousseff.
Como é de se esperar, a incerteza sobre o futuro político e o cenário econômico no Brasil nesse período, representou riscos mais altos para investidores estrangeiros.
Enquanto isso, o período em que esse índice esteve mais baixo no período de 11 anos foi no início de 2008, atingindo o patamar de 62,16.
Veja o gráfico que acompanha a oscilação do risco Brasil pelo CDS, em um período de 11 anos:
Os resultados do risco-país, como mencionamos, é normalmente expresso em pontos-base, ou Basis Points (bps).
A cada 100 bps de risco, a taxa oferecida como prêmio pelo risco deve apresentar acréscimo de 1 ponto percentual.
Como base, são utilizados os papéis dos Estados Unidos, visto que são considerados os mais seguros do mundo.
Por exemplo, se o Brasil apresentasse hoje uma pontuação de 231 bps, significa que a taxa de juros deverá ser de 2,3 pontos percentuais acima do que é pago pelo governo norte-americano.
A seguir, você entenderá quais são e como funcionam as principais métricas de medição do risco Brasil, o EMBI+, o CDS e o Rating.
Essa é a abreviação do termo “Emerging Markets Bond Index Plus”, ou Índice de Títulos de Mercados Emergentes, em português. Seu cálculo vem sido realizado pelo Bando J.P. Morgan Chase desde dezembro de 1993.
A base utilizada diz respeito aos valores de negociações diárias em mercados secundários.
A partir desses dados, são comparados os juros dos títulos dos governos de países emergentes, com os emitidos pelo governo americano.
Como os títulos norte-americanos são considerados os mais seguros do mundo, a medida dessa diferença representa uma medida de risco. Ou seja, quanto maior o EMBI+, maior o risco do país.
O CDS, ou “Credit Default Swap” trata-se de um contrato bilateral, que permite a compra de um tipo de proteção contra calote do emissor.
Dessa maneira, atua como uma forma de seguro, contratado por investidores para reduzir o risco de determinados ativos.
Quanto maior o risco, maior será o prêmio ou custo do CDS. Portanto, ele funciona como um termômetro do risco Brasil.
Tanto o EMBI+ quanto o CDS são medidos em basis points.
O rating funciona como uma espécie de selo de qualidade, fornecendo uma opinião independente para os credores a respeito do risco-país.
Os Ratings Internacionais são publicados por diversas agências. As principais são: Standard & Poor’s, Moody’s e Fitch. Normalmente, são utilizadas como métricas:
Como reflete o cenário do país analisado no longo prazo, o rating costuma a exibir estabilidade maior do que outras medidas de risco-país.
A classificação segue os seguintes padrões:
Rating | Moody’s | S&P | Fitch |
Prime | Aaa | AAA | AAA |
Grau Elevado | Aa1 | AA+ | AA+ |
Grau Elevado | Aa2 | AA | AA |
Grau Elevado | Aa3 | AA- | AA- |
Grau Médio Elevado | A1 | A+ | A+ |
Grau Médio Elevado | A2 | A | A |
Grau Médio Elevado | A3 | A- | A- |
Grau Médio Baixo | Baa1 | BBB+ | BBB+ |
Grau Médio Baixo | Baa2 | BBB | BBB |
Grau Médio Baixo | Baa3 | BBB- | BBB- |
Grau de não-investimento | Ba1 | BB+ | BB+ |
Grau de não-investimento | Ba2 | BB | BB |
Grau de não-investimento | Ba3 | BB- | BB- |
Altamente Especulativo | B1 | B+ | B+ |
Altamente Especulativo | B2 | B | B |
Altamente Especulativo | B3 | B- | B- |
Risco Substancial | Caa1 | CCC+ | CCC |
Extremamente especulativo | Caa2 | CCC | |
Moratória com pequena expectativa de recuperação | Caa3 | CCC- | |
Moratória com pequena expectativa de recuperação | Ca | CC | |
Moratória com pequena expectativa de recuperação | C | ||
Moratória | C | D | DDD |
Moratória | DD | ||
Moratória | D |
Atualmente, o Brasil encontra-se com classificação Ba2 pela Moody’s, BB- pela S&P e BB- pela Fitch. Isso posiciona o país no grau de não-investimento.
O patamar histórico mais baixo do risco Brasil aconteceu em janeiro de 2013, quando o EMBI+ esteve em 136 bps (02/01/13, dados do Ipeadata).
Lembrando que, embora utilizem a mesma unidade de medida (bps), o EMBI+ e o CDS são medidas diferentes.
Em contrapartida, o valor mais alto do índice ocorreu em setembro de 2002, ficando em impressionantes 2.443 bps.
Os dados de todas as medições do EMBI+ podem ser encontrados no site do Ipeadata.
Também em 2013, o Brasil ocupava o terceiro lugar no ranking da A.T. Kearney. Esse foi o último ano antes do início da queda do país na lista.
Em ranking divulgado pela consultoria A.T. Kearney, estão listados os 25 países mais confiáveis para o investimento estrangeiro.
Pela primeira vez desde que o levantamento foi desenvolvido, em 1998, o Brasil não consta na lista publicada. Com isso, a publicação não traz nenhum país da América Latina.
Em 2012 e 2013, nosso país aparecia em terceiro lugar. A queda tem início em 2014 e se acelera nos quatro anos seguintes. Em 2018, aparece na última posição.
A seguir, confira o ranking dos 25 países mais confiáveis para investimento em 2019:
Posição no Ranking | País |
1 | Estados Unidos |
2 | Alemanha |
3 | Canadá |
4 | Reino Unido |
5 | França |
6 | Japão |
7 | China |
8 | Itália |
9 | Austrália |
10 | Cingapura |
11 | Espanha |
12 | Holanda |
13 | Suíça |
14 | Dinamarca |
15 | Suécia |
16 | Índia |
17 | Coreia do Sul |
18 | Bélgica |
19 | Nova Zelândia |
20 | Irlanda |
21 | Áustria |
22 | Taiwan |
23 | Finlândia |
24 | Noruega |
25 | México |
Esse ranking é elaborado a partir de pesquisas com 500 executivos de companhias líderes mundiais.
O cálculo é realizado com base em perguntas sobre a probabilidade que as empresas dos empresários pesquisados investirem diretamente em mercados específicos, ao longo dos três anos seguintes.
É interessante ressaltar: os países desenvolvidos ocupam, hoje, 22 das 25 posições nesse ranking, sendo que 14 deles estão localizados na Europa.
Em resumo: o risco Brasil é um índice que indica aos investidores estrangeiros o quão arriscado é aplicar dinheiro no país.
Quanto maior é o indicador, mais juros o governo deve oferecer como prêmio pelo investimento arriscado.
Investidores experientes dificilmente aplicarão seu capital em países que não possuem bom grau de investimento, isto é, notas acima de BBB- no Rating da Fitch, Baa3 para o da Moody’s e BBB- para o da S&P.
Também é importante entender a relação dos pontos-base apontados pela EMBI+ e pela CDM e a taxa de juros paga pelo país na dívida externa.
Quanto maior o risco para o investidor internacional, maiores os juros. Isso significa que a economia também se torna mais instável.
Dessa maneira, o risco Brasil é um índice que afeta todo o cenário econômico do país — até mesmo seus investimentos e poder de compra.
Portanto, aprender sobre o funcionamento do mercado de finanças e a estrutura econômica mundial é fundamental para aqueles que estão aprendendo a investir.
Quanto conhecimento você adquirir, melhores serão suas decisões de investimento, mais seguros e eficazes. Pensando nisso, separamos outros artigos que podem te interessar:
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