Em reunião finalizada nesta quarta-feira, o Banco Central do Brasil decidiu aumentar a taxa Selic em 0,5 pontos percentuais, a 13,25%.
Este é o décimo primeiro aumento consecutivo da taxa básica de juros da economia brasileira, em um ciclo de alta que se iniciou ainda em março do ano passado, quando a Selic ainda estava em 2%, o seu menor patamar histórico.
A mudança coloca a Selic no seu maior valor desde setembro de 2016, quando a taxa de juros era de 14,25%.
Mas por que o Banco Central segue elevando a taxa básica de juros da economia, e como isso impacta os seus investimentos?
Entenda os detalhes da decisão a seguir.
A decisão de política monetária anunciada pelo Banco Central era amplamente aguardada pelo mercado.
Em sua última decisão de política monetária, no dia 4 de maio, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, a 12,75% ao ano.
Na ata da reunião, o comitê antecipou um novo aumento de magnitude inferior na taxa Selic para o encontro de junho, sem indicar se este seria ou não o último movimento contracionista.
Na busca pelo controle da inflação, o Banco Central vem apertando a política monetária, mas o balanço de riscos segue altista, com pressão derivada principalmente do cenário internacional, com lockdowns na China e sanções contra a Rússia devido à guerra na Ucrânia que impactam os preços de commodities energéticas e agrícolas.
Em paralelo, recentemente vimos uma elevação no risco fiscal, diante da proximidade das eleições e tramitação no Congresso de projetos que podem elevar as despesas públicas.
Em seu comunicado, o Copom reforçou cada um dos riscos percebidos para a taxa básica de juros. “O Copom considera que, diante de suas projeções e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, é apropriado que o ciclo de aperto monetário continue avançando significativamente em território ainda mais contracionista. O Comitê enfatiza que irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, diz a nota enviada à imprensa.
De acordo com a nota do Copom, há previsão de um novo aumento da taxa Selic na próxima reunião do Copom, que deve ser igual (0,5 ponto percentual) ou menor.
“Para a próxima reunião, o Comitê antevê um novo ajuste, de igual ou menor magnitude. O Comitê nota que a crescente incerteza da atual conjuntura, aliada ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos ainda por serem observados, demanda cautela adicional em sua atuação. O Copom enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas, e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária”, afirma o comitê.
Consideramos que existe, portanto, uma alta probabilidade de continuidade no ciclo de alta de juros no Brasil.
Como a inflação vem se comportando recentemente no Brasil?
O IPCA do mês de maio subiu 0,47% e ficou abaixo da mediana das estimativas do mercado (0,60%), com alívio na inflação de combustíveis e alimentos, além da queda nas contas de energia.
Com o resultado, a inflação oficial acumulada de 12 meses é de 11,73%, abaixo dos 12,13% do mês anterior e da projeção do consenso de mercado, de 11,84%.
Fonte: IBGE
O índice de difusão, que mede o percentual de itens que subiram de preço, atingiu 72,41%, patamar ainda bastante alto, mas abaixo da leitura anterior, quando atingiu 78,25%.
Trata-se do menor resultado para o índice de difusão desde novembro de 2021.
No entanto, apesar dos dados abaixo do esperado e da Selic mais alta, o qualitativo permanece ruim: a média dos núcleos subiu novamente no acumulado de 12 meses, na casa de 9,61%, contra 9,25% da leitura de abril.
Apenas uma das 7 medidas de núcleo caiu levemente nesta leitura.
Considerando que não houve melhora significativa no balanço de risco global e que os núcleos de inflação no Brasil permanecem pressionados, a postura do Copom seguiu o planejado.
Diante da persistência das pressões inflacionárias globais, incertezas no arcabouço fiscal doméstico e probabilidade cada vez maior de recessão global, o cenário de curto prazo permanece bastante nebuloso.
As próximas decisões de política monetária dependerão principalmente de três fatores:
Como vimos, o cenário exposto pelo Copom é de um novo aumento na taxa básica de juros na próxima reunião, ocasião em que a Selic deve ir a 13,75% — ou a 13,50%, dependendo do comportamento dos fatores analisados pelo órgão.
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