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Se você já investe em renda fixa no Brasil, talvez tenha ouvido falar nos bonds. Esses títulos de dívida são a base do mercado financeiro global e representam uma das formas mais sólidas e tradicionais de investimento em países como os Estados Unidos.
Mas o que exatamente são bonds? E por que cada vez mais brasileiros estão incluindo esses papéis na carteira?
Neste artigo, você vai entender o que são bonds, como funcionam, quais os tipos existentes, como investir neles e o que considerar antes de aplicar.
Indice
“Bond” é o termo em inglês para título de dívida. Na prática, investir em um bond é emprestar dinheiro para quem o emitiu, seja um governo, uma empresa ou uma instituição pública. Em troca, o investidor recebe juros periódicos (os chamados cupons) e o valor investido de volta na data de vencimento.
Os bonds são considerados investimentos de renda fixa, porque pagam uma remuneração definida no momento da compra. O emissor usa esse capital para financiar projetos, pagar dívidas ou expandir operações, e o investidor recebe uma renda previsível pelo empréstimo.
A lógica é parecida com a das debêntures, no Brasil, ou dos títulos públicos, como o Tesouro Direto. A diferença é que, no caso dos bonds, o investimento é feito no exterior e geralmente está atrelado ao dólar, o que amplia as possibilidades de diversificação e proteção cambial.
Na prática, um bond funciona como um empréstimo com contrato e data certa para acabar.
De um lado está o investidor, que empresta o dinheiro. Do outro, o emissor, que pode ser um governo ou uma empresa. O acordo é simples: quem emite o título promete pagar juros em intervalos regulares e devolver o valor principal no vencimento.
Pense nos bonds como uma forma organizada de um empréstimo em larga escala. O investidor não está emprestando a uma pessoa, mas a uma instituição que precisa de capital para financiar projetos, expandir operações ou reestruturar dívidas. Em troca, recebe uma renda previsível e, ao fim do contrato, o valor que aplicou inicialmente.
Vamos a um exemplo:
Imagine que você compre um bond de US$ 1.000, com prazo de 2 anos e taxa fixa de 5% ao ano, com pagamentos de juros a cada seis meses.
Durante esse período, você vai receber US$ 25 em juros a cada semestre, o que dá um total de US$ 100 no fim dos dois anos. Quando o título vence, o emissor devolve os mesmos US$ 1.000 investidos no início.
Simples e previsível. Mas, assim como acontece com outros investimentos de renda fixa, o valor de um bond pode variar ao longo do tempo. Se as taxas de juros do mercado subirem, o preço dos bonds existentes tende a cair, afinal, novos títulos estarão pagando mais.
Se as taxas caírem, o contrário acontece: os bonds antigos passam a valer mais, já que oferecem rendimentos acima do mercado.
Essa dinâmica, conhecida como marcação a mercado, é a mesma que você encontra nos títulos públicos brasileiros, como o Tesouro Direto. Por isso, mesmo que a rentabilidade contratada seja fixa, o valor do título no mercado pode oscilar até o vencimento.
Para entender melhor, vale conhecer os principais termos que definem o funcionamento dos bonds:
Em outras palavras: enquanto o cupom mostra o juros nominal do título, o yield mostra o retorno real considerando as condições de mercado. É essa diferença que explica por que um mesmo bond pode ser vendido com preço diferente de seu valor original.
Outra característica importante é que os bonds podem ser vendidos antes do vencimento. Isso dá liquidez ao investimento e permite ajustar a carteira conforme os objetivos mudam — algo especialmente relevante em períodos de variação cambial ou mudança de juros globais.
De forma simples:
Essa flexibilidade é uma das razões pelas quais os bonds estão tão presentes nas carteiras de investidores institucionais e pessoas físicas ao redor do mundo. Eles combinam previsibilidade de renda, possibilidade de ganho no mercado secundário e acesso a emissores globais.
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O universo dos bonds é extenso e diversificado. Os principais tipos são:
Emitidos por governos nacionais, como os U.S. Treasuries — títulos do Tesouro dos Estados Unidos — considerados os mais seguros do mundo.
Há diferentes categorias:
Emitidos por agências do governo americano, como a Ginnie Mae (GNMA). Têm baixo risco de crédito, embora possam ser mais sensíveis a variações nas taxas de juros.
Emitidos por estados e cidades para financiar obras públicas. São isentos de imposto de renda federal nos EUA e, em alguns casos, também em nível estadual.
Emitidos por empresas privadas para captar recursos. Têm rendimento maior que os títulos públicos, mas também mais risco de crédito. Dentro desse grupo, há duas grandes categorias:
Emitidos fora do país de origem do emissor, em moeda estrangeira (geralmente dólar ou euro). São comuns para empresas brasileiras que captam recursos no exterior.
Investir em bonds é investir em renda fixa internacional, ou seja, títulos emitidos no exterior, normalmente em dólar. Isso permite que o investidor diversifique o portfólio, tenha exposição a economias mais estáveis e proteja parte do patrimônio contra a desvalorização do real.
Na prática, o investidor brasileiro pode acessar bonds de duas formas:
Empresas brasileiras também emitem bonds no exterior — como Petrobras, Vale, Embraer, Klabin e Rede D’Or — o que significa que é possível investir em companhias nacionais, mas sob regulação internacional.
Investir em bonds é uma forma de buscar estabilidade e diversificação dentro da carteira. Por serem títulos de renda fixa, eles oferecem previsibilidade de pagamentos, exposição internacional e a possibilidade de equilibrar o portfólio em diferentes moedas e prazos.
Os bonds pagam juros periódicos, chamados de cupons, que funcionam como uma fonte de renda constante. Essa característica é especialmente valorizada por quem busca previsibilidade no fluxo de caixa e um complemento estável ao rendimento de outros investimentos.
Incluir bonds na carteira é uma forma de reduzir a dependência de ativos brasileiros. A exposição a emissores de diferentes países e setores ajuda a equilibrar o risco e a aproveitar oportunidades em economias mais desenvolvidas e estáveis.
Como a maioria dos bonds é emitida em dólar, o investimento também serve como proteção natural contra a desvalorização do real. Em períodos de instabilidade local, ter parte da carteira em moeda forte pode ajudar a preservar o poder de compra e reduzir a volatilidade geral do portfólio.
Comparados a ações, os bonds tendem a oscilar menos. Essa menor variação de preços faz com que eles funcionem como um contrapeso dentro da carteira, suavizando os impactos de movimentos bruscos do mercado de renda variável.
Os bonds permitem investir em emissores de grande porte, como governos e multinacionais, que muitas vezes não estão disponíveis no mercado brasileiro. Isso amplia o leque de oportunidades e dá acesso a emissores reconhecidos pela solidez e histórico de pagamento.
Títulos públicos dos Estados Unidos e bonds classificados como investment grade são considerados de baixo risco de calote. Essa combinação de previsibilidade e qualidade de crédito faz dos bonds uma opção relevante para quem busca estabilidade e diversificação em moeda estrangeira.
Investir em bonds é unir estabilidade, renda previsível e diversificação global em uma única estratégia. Uma forma de equilibrar o portfólio com segurança, exposição internacional e proteção em moeda forte. Foto: Freepik
Apesar de serem mais previsíveis que ações, os bonds também estão sujeitos a riscos que precisam ser avaliados antes do investimento. Compreender esses fatores é essencial para tomar decisões alinhadas ao seu perfil e horizonte de tempo.
É o risco de o emissor não conseguir pagar os juros ou devolver o valor investido no vencimento. Quanto menor a qualidade de crédito de quem emite o título, maior o risco e, em contrapartida, maior o rendimento esperado.
Os preços dos bonds variam conforme as taxas de juros. Quando os juros sobem, o valor dos títulos tende a cair; quando os juros caem, o preço sobe. Essa relação inversa é importante, especialmente para quem pretende vender o título antes do vencimento.
Como a maior parte dos bonds é emitida em dólar, as variações no câmbio podem impactar o retorno final em reais. Em períodos de valorização do real, o rendimento convertido pode ser menor; em períodos de desvalorização, maior.
Nem todos os bonds têm negociação ativa no mercado secundário. Em alguns casos, pode ser mais difícil vender o título rapidamente sem abrir mão de parte do valor, o que exige planejamento e visão de longo prazo.
Quando o investidor recebe os cupons periódicos ou o valor principal de volta, pode precisar reinvestir esse dinheiro. Se as taxas de juros estiverem mais baixas, o novo investimento renderá menos, reduzindo o retorno total.
Os bonds com juros fixos podem perder valor real em cenários de inflação elevada. Se os preços subirem mais do que os rendimentos do título, o poder de compra do investidor é reduzido.
A avaliação do rating de crédito é essencial para entender o nível de risco de cada título. Bonds com notas entre AAA e BBB- são classificados como investment grade, o que indica baixo risco de inadimplência. Já os títulos abaixo dessa faixa são conhecidos como high yield, e oferecem maior retorno em troca de um risco mais elevado.
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A segurança depende de quem emite o título e da estrutura da aplicação.
Os Treasuries dos EUA, por exemplo, são considerados os ativos mais seguros do mundo, pois têm garantia do governo americano. Já os bonds corporativos variam conforme a saúde financeira da empresa emissora.
Investir em bonds não é isento de risco, mas pode ser uma estratégia dentro de uma carteira diversificada. Ao combiná-los com outros ativos — como ações, fundos imobiliários e títulos locais — o investidor reduz a volatilidade e amplia as fontes de rendimento.
A Lei nº 14.754/2023 trouxe novas regras para a tributação de investimentos no exterior feitos por pessoas físicas residentes no Brasil. Essa legislação passou a estabelecer critérios uniformes para quem aplica fora do país, incluindo investimentos em bonds.
No caso desses títulos, tanto os rendimentos periódicos (juros pagos em cupons) quanto os ganhos de capital (lucro obtido na venda do título) estão sujeitos à tributação no Brasil.
Não há faixa de isenção para pequenos valores. O investidor é responsável por acompanhar e registrar os resultados de forma correta, principalmente quando opera por meio de corretoras internacionais.
Cumprir essas obrigações fiscais é parte importante da estratégia de quem investe fora do país. Além de garantir conformidade com a Receita Federal, o controle adequado evita inconsistências na declaração e assegura que os ganhos obtidos com bonds sejam devidamente contabilizados dentro do planejamento financeiro.
Tanto os bonds quanto as debêntures são títulos de dívida: o investidor empresta dinheiro e recebe juros em troca. A diferença está em onde e como esse empréstimo acontece.
Característica | Bonds | Debêntures |
Mercado | Internacional | Nacional |
Moeda | Geralmente em dólar | Real |
Emissor | Empresas ou governos estrangeiros | Empresas brasileiras |
Regulação | Leis e agências internacionais | CVM e legislação brasileira |
Risco cambial | Sim | Não |
Acesso | Corretoras internacionais ou fundos globais | Corretoras brasileiras |
Tributação | 15% via carnê-leão (Lei 14.754/2023) | IR regressivo, de 22,5% a 15% conforme o prazo |
Enquanto as debêntures são mais adequadas para quem deseja investir em crédito privado no Brasil, os bonds funcionam como um acesso ao mercado global de renda fixa, permitindo diversificar o portfólio em moeda forte e com emissores internacionais.
Hoje, é possível investir em bonds de forma simples, sem precisar abrir conta fora do país.
Corretoras como a Warren oferecem acesso a fundos internacionais que aplicam em bonds de diferentes emissores e prazos.
As formas mais comuns de investir são:
Ao escolher o título, analise:
Em um cenário global de juros elevados, os bonds voltaram a ganhar destaque entre os investidores. Eles combinam rendimento real em dólar, estabilidade e diversificação internacional, que são três elementos essenciais para quem busca equilíbrio no portfólio.
A previsibilidade dos pagamentos de juros e o baixo nível de volatilidade tornam os bonds uma opção interessante para compor a parte mais estável da carteira. Além disso, a exposição a emissores internacionais e a moedas fortes, como o dólar, oferece uma camada extra de proteção em momentos de instabilidade econômica no Brasil.
No longo prazo, os bonds podem funcionar como uma fonte consistente de renda em moeda estrangeira, ajudando a gerar fluxo de caixa e a preservar o poder de compra do patrimônio.
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Os bonds são uma das formas mais tradicionais e seguras de investimento em renda fixa no mundo. Ao comprar um título, o investidor empresta recursos a governos ou empresas e, em troca, recebe juros de forma regular até o vencimento.
Os bonds representam uma estratégia de diversificação internacional. Eles ajudam a equilibrar riscos, proteger o patrimônio e ampliar o acesso a oportunidades fora do Brasil.
Antes de investir, vale avaliar seu perfil, objetivos e horizonte de tempo. E, acima de tudo, escolher uma plataforma que ofereça segurança, transparência e suporte especializado.
A Warren permite investir em renda fixa global de forma simples, digital e orientada. Se o seu objetivo é equilibrar risco e retorno, os bonds podem ser o próximo passo na construção de uma carteira global.