Tag along é um mecanismo que visa proteger o pequeno investidor em negociações nas quais há uma mudança no controle acionário de uma companhia negociada na Bolsa de Valores.
Esse assunto demanda uma atenção especial dos acionistas minoritários — como você, que compra e vende ações na Bolsa de Valores.
O objetivo é impedir que os pequenos investidores sofram prejuízos com a mudança de gestão e dos controladores das empresas.
Para isso, são estabelecidas porcentagens mínimas para essa proteção, e é exatamente disso que o tag along trata.
Você precisa saber o que é tag along nas ações para identificar esses mecanismos de segurança e tomar as melhores decisões em relação aos seus investimentos.
Em tradução livre, tag along significa “ir junto”.
Esse termo é utilizado porque o tag along é um mecanismo que obriga os compradores das ações majoritárias a oferecer, pelas ações dos investidores minoritários, um valor próximo do que foi pago aos majoritários.
Assim, os minoritários podem “ir junto” com os majoritários, vendendo suas ações a um preço semelhante, quando não idêntico.
Mas será que todas as empresas oferecem o tag along?
Afinal, quais são as porcentagens de proteção?
Para tirar essas e outras dúvidas sobre o tema, continue com a sua leitura e entenda:
Vamos entender melhor?
Indice
Tag along é um mecanismo da Bolsa de Valores que obriga o comprador das ações do então acionista majoritário a oferecer, aos acionistas minoritários, um valor muito próximo, ou até idêntico, ao valor pago aos majoritários. Assim, o pequeno investidor pode decidir se acompanha ou não o majoritário na venda das suas participações.
Via de regra, os acionistas majoritários precisam assegurar um mínimo de 80% do valor pago pelos ativos — essa porcentagem é chamada de tag along.
Essa prática faz parte da Lei das Empresas de Sociedade Anônima — Lei das S.A. O tag along foi criado para proteger os pequenos investidores caso aconteçam mudanças no controle da organização.
Porém, nem todas as empresas disponibilizam esse mecanismo de proteção. Segundo a Lei do tag along, o direito é obrigatório somente os investidores com ações ordinárias (ON).
Mas o mercado financeiro considera uma boa prática os casos em que a própria empresa decide estender essa garantia aos acionistas preferenciais, como é o caso do Banco Bradesco e a Gerdau, entre outros.
A governança corporativa é um conjunto de políticas e boas práticas. Ela foi criada para que as empresas pudessem garantir uma administração mais profissional, focando no seu crescimento e manutenção.
Os quatro pilares da governança corporativa são:
O tag along faz parte da transparência da governança corporativa, pois garante que todos os investidores fiquem cientes de mudanças significativas nas companhias. Esse é um aspecto que tende a aumentar a confiança dos investidores e o alinhamento entre majoritários e minoritários.
Basicamente, o tag along é uma garantia para os investidores minoritários que querem vender as ações caso ocorram mudanças que eles não concordam.
Como investidor, você não é obrigado a se manter acionista de companhias das quais você não concorda com a gestão, ou com o controlador das ações.
Imagine que você seja acionista de uma determinada empresa há dez anos. A decisão de investir levou em conta, além de uma ampla análise fundamentalista, uma investigação sobre os acionistas majoritários.
Então, de uma hora para outra, surge a notícia de que os acionistas majoritários estão saindo do negócio e vão vender suas ações. Nem sempre essas mudanças são vistas com bons olhos.
A troca no controle das ações pode causar volatilidade e, consequentemente, provocar queda no preço das ações e desvalorização da sua carteira.
É exatamente aí que entra o tag along. Ele obriga ao novo detentor majoritário a comprar as ações dos pequenos investidores que não queiram mais ser acionistas da companhia. Assim, esses investidores saem junto com os antigos majoritários.
No entanto, tudo precisa ser analisado.
Em alguns casos, pode ser a melhor decisão vender as ações sob a proteção do tag along. Mas isso não é regra. Há situações em que mesmo com essa proteção, vender não é a melhor alternativa.
Para saber em qual lado da estrada você está, é preciso avaliar históricos, perspectivas, riscos e outros fatores.
Para entender os benefícios do tag along, vamos a um caso real.
Em 2004, a Ambev alterou todo o seu controle acionário. Essa mudança gerou a fusão com a empresa Belga Interbrew, criando a InBev.
Após o anúncio oficial da mudança, as ações ordinárias da AmBev tiveram valorização de 10,35% nos dois primeiros pregões. Em contrapartida, os ativos preferenciais se desvalorizaram em 17,98%.
Com isso, você percebe que os ativos com a garantia do tag along tiveram alta, enquanto as ações preferenciais, sem essa proteção, apresentaram queda. Esta matéria da Folha, publicada no período, mostra o imbróglio que envolveu os acionistas.
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Há duas principais maneiras para saber o tag along de uma ação: pelo site da B3 e no site de Relações com Investidores (RI) da empresa em questão.
A política de tag along é baseada nos segmentos de listagem da Bolsa de Valores, na qual a empresa que pretende investir está categorizada.
No site da B3, você somente tem a informação sobre o segmento de listagem. A partir disso, basta pesquisar a porcentagem de tag along do segmento.
Pelo RI das empresas, basta colocar no Google: Nome da Empresa + relações com investidores. Por exemplo:
Assim, você vai encontrar o site de RI das empresas, com todos os detalhes sobre a governança.
Há, ainda, uma terceira maneira: analisando as empresas em portais que se dedicam à análise fundamentalista, reunindo os principais indicadores e informações dessas companhias.
Conforme explicado, somente as ações ordinárias são obrigadas a assegurar o tag along. Entretanto, isso não significa que as ações preferenciais não podem ter, porém elas não são obrigadas.
Afinal, quais empresas têm tag along? A verdade é que a grande maioria das empresas negociadas na Bolsa possuem um tag along aceitável. Uma minoria não conta com essa proteção. Normalmente, são empresas menores e com menos liquidez.
Quer saber mais? Confira alguns exemplos de tag along das empresas listadas na Bolsa de Valores.
A Petrobrás tem 100% de tag along nas suas ações ordinárias (ON) e também nas preferenciais (PN).
Isso significa que, se a Petrobras for privatizada, todos os acionistas minoritários estão protegidos contra possíveis desvalorizações.
Para investir na Petrobras no home broker da sua corretora, basta buscar pelo ticker:
O Banco Itaú está na listagem nível 1 da bolsa (falaremos sobre isso a seguir). Portanto, o tag along das ações ordinárias é 80%.
O itaú também disponibiliza essa garantia em suas ações preferenciais, também na porcentagem de 80%. O seu ticker na bolsa é:
Atualmente, a Ambev possui apenas ações ordinárias, e o tag along também é de 80%. Se você pretende investir, o ticker é ABEV3.
As Lojas Renner também possuem apenas ações ordinárias, com tag along máximo, de 100%.
Sim. De acordo com a Lei das S.A, há uma porcentagem mínima de tag along que as empresas devem oferecer.
Veja como funciona nas ações ordinárias e preferenciais.
Para atender a legislação, as companhias são obrigadas a oferecer, no mínimo, 80% de tag along.
E outras palavras, todas as empresas listadas na B3 com ações ordinárias garantem proteção de 80% de tag along aos investidores minoritários.
O tag along não é garantido por lei nas PNs. Então, aquelas que oferecem, não precisam seguir o mínimo de 80%.
Algumas dessas ações, quando têm tag along, podem ter porcentagem bem baixas. No entanto, como isso é encarado como um risco para os investidores, boa parte das companhias disponibilizam essa proteção nos mesmos valores das ações ordinárias.
Sim. Para o investidor minoritário, o tag along ideal é de 100%, porque isso garante que ele vai receber a mesma oferta que os acionistas majoritários receberam, em caso de mudança no controle da empresa.
Com isso, você fica 100% alinhado ao investidor majoritário e não corre o risco de ser deixado para trás quando — e se — o controle da companhia mudar de mãos.
Há pouco, nós explicamos conhecer o segmento de listagem da empresa é um dos caminhos para conhecer o tag along mínimo das ações dessa empresa.
Mas o que é isso?
Os segmentos de listagem são as classificações de governança. Esse é um sistema de classificação das empresas conforme as regras e políticas que elas seguem.
Quando você pesquisa por uma empresa no site da B3, terá acesso a uma tabela que informa o código da companhia na bolsa e o segmento.
Veja o exemplo da Lojas Renner, que está na listagem do Novo Mercado (NM):
Para facilitar a sua busca, fizemos uma tabela com os segmentos de listagem e os seus respectivos tag along. Consulte sempre que precisar!
Segmento de listagem | Tag along mínimo |
Nível 1 | 80% (para ações ON) |
Nível 2 | 100% (para ações ON e PN) |
Novo Mercado | 100% (para ON) |
Bovespa Mais Nível 2 | 100% (para ON) |
Bovespa Mais | 100% (para ON — PNs não permitidas) |
Tradicional | 80% (para ON) |
Aqui, vale lembrar que o segmento de listagem do Novo Mercado é o de maior governança. Isso significa que são as empresas que precisam seguir uma maior quantidade de regras, políticas e leis dos quatros pilares que citamos anteriormente.
Como vimos, o tag along é uma maneira de proteger os pequenos investidores de mudanças no controle das empresas, que possam causar prejuízo a esses minoritários.
Apesar de esse mecanismo não ser obrigatório em PNs, está cada vez mais raro encontrar companhias sem essa garantia, pois a falta dessa proteção pode ser vista como um risco e desvalorizar as ações.
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