Volatilidade nos investimentos: o que é, como aproveitar e se proteger

Publicado por
Redação Warren

A volatilidade é um dos termos mais comuns no mercado financeiro, principalmente nos investimentos de renda variável. Em linhas gerais, volatilidade é o nome dado às oscilações no preço de um ativo.

Essas variações podem ser tanto benéficas para a sua rentabilidade quanto prejudiciais às aplicações da sua carteira. 

Enquanto aqueles com perfil de investidor conservador são avessos à volatilidade, pois ela é sinônimo de incertezas, os arrojados buscam utilizá-la a seu favor para lucrar.

Saber o que é volatilidade é importante porque esse é um dos primeiros indicadores que precisa avaliar para decidir se um ativo está dentro dos seus objetivos ou não.

Afinal, ela interfere a segurança das aplicações e, consequentemente, a sua rentabilidade.

Você sabe como se proteger da volatilidade? E sabe por que ela é, normalmente, associada a maiores riscos?

Para tirar essa e outras dúvidas sobre o assunto, continue neste artigo e confira:

  • O que é volatilidade nos investimentos;
  • Volatilidade e risco: como se relacionam;
  • Cuidados com a volatilidade nos investimentos;
  • Ativos de maior volatilidade em 2019;
  • Volatilidade é vida?
  • Como aproveitar a volatilidade no mercado financeiro;
  • Diversificação como proteção contra a volatilidade.

Acompanhe!

O que é volatilidade nos investimentos

A volatilidade nos investimentos é o nome dado para a oscilação de preço dos ativos, sejam eles de renda fixa ou renda variável. Em geral, ela também é utilizada como uma medida de risco, porque, quanto mais volátil for uma aplicação, maior tende a ser o risco associado a ela.

Em geral, a volatilidade é analisada em relação a um Benchmark — índices utilizados como referência de desempenho dos investimentos, como o índice Ibovespa.

Os investimentos em renda fixa têm volatilidade menor quando comparados aos de renda variável. Esse fato se deve à forma de remuneração desses ativos e ao benchmark utilizado.

Os títulos públicos, por exemplo, têm rentabilidade pré e pós-fixada com rendimentos atrelados à taxa Selic, que é a taxa básica de juros. Porém, isso não quer dizer que eles não sofram variações, porque possuem marcação a mercado.

Já na renda variável, como as ações negociadas na Bolsa de Valores, mercado de opções e câmbio, a volatilidade é mais presente, porque a precificação desses ativos depende diretamente da oferta e demanda pelos papéis.

São milhares de fatores que podem influenciar o interesse dos investidores em comprar ou vender uma ação a determinado preço, desde os desempenhos da empresa até a política monetária do país, passando por questões difusas, como os rumos da economia nacional e internacional. 

Diante de tantos vetores e agentes financeiros atuando ao mesmo tempo, é natural que a renda variável seja mais volátil, portanto.

Volatilidade e risco: como se relacionam

Via de regra, os ativos que apresentam mais volatilidade são associados a maior risco de investimento. Isso acontece porque a linha de raciocínio utilizada no mercado financeiro é: 

  • Volatilidade = incerteza = risco.

Quanto maior o índice de oscilação e histórico de incertezas, maior tende a ser o risco do investimento.

No entanto, volatilidade não é sinônimo de risco, e sim um possível indicador. O risco nos investimentos é uma medida para a possibilidade uma aplicação não ter os resultados esperados.

Portanto, resumidamente, volatilidade e risco não são a mesma coisa, mas se relacionam, porque a volatilidade é um dos aspectos de risco.

Mas o que o investidor ganha aceitando essa volatilidade? 

No mercado financeiro, os maiores riscos tendem a ser recompensados com maiores possibilidades de rentabilidade.

Por isso que os investimentos em renda variável têm maior potencial de ganho quando comparados à renda fixa no longo prazo, pois há mais riscos e incertezas atreladas..

Vale lembrar, porém, que não se pode avaliar um investimento por um único fator. Afinal, há riscos que não estão atrelados à volatilidade, como o risco de liquidez e o de crédito.

Além disso, por mais que alguns ativos seja mais voláteis, como as ações, é possível  minimizar esses riscos, por meio da gestão de risco e diversificação.

Quer um exemplo? Companhias com bons históricos, líderes de mercado, que nunca deram prejuízo e têm um excelente histórico de geração de caixa mesmo durante as crises, por exemplo, podem ter volatilidade, mas não tantos potenciais de risco atrelados. 

Então a volatilidade é sempre algo ruim, já que aumenta as chances de perder ou não ganhar? Não. Há estratégias que visam ganhar com essas oscilações, como veremos a seguir.

LEIA MAIS | Os três pilares básicos para investir em renda variável

Cuidados com a volatilidade nos investimentos

A volatilidade é uma medida que pode variar para cima ou para baixo. Por isso, há cuidados que você precisa considerar.

Nem sempre a volatilidade é igual a risco, mas em determinadas situações ela se torna um grande perigo. Acompanhe para entender mais sobre o que estamos falando.

Volatilidade pode significar prejuízo no curto prazo

Investidores com estratégias de curto prazo tendem a se expor e ter mais impactos com a volatilidade.

Teoricamente, a volatilidade em curto prazo é ligada a maiores riscos, porque os ativos têm mais chances de sofrer impactos negativos.

Os investidores que buscam viver de renda, por exemplo, buscam maiores retornos em menor tempo e isso tem um “custo”, que são os riscos.

Conforme explicado, as oscilações podem ser tanto benéficas quanto prejudiciais. Portanto, em curto prazo, a volatilidade pode apresentar maior potencial de prejuízo, já que você não ganhará com a valorização, que tende a ocorrer de forma consistente em longo prazo.

Para exemplificar, suponhamos que um investimento tenha tido rentabilidade de 400% no período de cinco ano, com 80% de volatilidade. Parece bom?

Quando vamos entender esses resultados, percebemos que, nos dois primeiros meses, houve perdas e resultados negativos. Assim como diversos outros intervalos de curto prazo. Viu como os ganhos significativos nesse caso seriam a longo prazo? 

É isso que geralmente ocorre no mercado de ações. Por mais que alguns investidores consigam se beneficiar da volatilidade no curto prazo, a grande maioria perde dinheiro, como diversos estudos já apontaram. 

LEIA MAIS | Investir em ações no curto prazo: é possível ganhar dinheiro?

Para fundos de investimento, a volatilidade pode ser fatal

Os fundos de investimentos são compostos e sustentados por seus cotistas. Se os ativos que compõem o fundo apresentam uma volatilidade de queda considerável, esses investidores podem se assustar e pedir os seus resgates.

Esse é um cenário que pode acontecer mesmo que o gestor do fundo tenha estratégias para equilibrar essas perdas, ou tenha escolhido esses ativos em queda porque a longo prazo a perspectiva é de ganho.

Uma grande e repentina quantidade de pedidos de resgate dos aportes e rendimentos pode significar a morte do fundo. Isso acontece porque em situações extremas, a saída de importantes cotistas pode impossibilitar que o fundo continue operando, porque ele se vê obrigado a encerrar as posições com prejuízo. 

Também por isso, a educação financeira e o pensamento de longo prazo são tão essenciais quando falamos de mercado financeiro. 

Volatilidade precisa ser recompensada com risco

Você está lembrado que, no início deste artigo, falamos que os investimentos mais voláteis têm maior potencial de retorno. Os investidores precisam ser recompensados por essas incertezas.

Porém, também lembra que dissemos que isso não é regra? Pois então, nem sempre a rentabilidade dos ativos compensa a sua volatilidade. Esse é um ponto importante para considerar ao escolher os seus investimentos.

Como saber se a volatilidade compensa o investimento? Pelo índice de Sharpe.

O índice Sharpe é um indicador de performance que considerada o histórico de um ativo. Consiste em ponderar os ativos com menor volatilidade e riscos com aqueles que apresentam maiores oscilações.

Ativos de maior volatilidade em 2019

Vamos ver a volatilidade na prática?

Como dissemos, a volatilidade é mensurada a partir de benchmark, que são índices utilizados para referência de desempenho.

Em 2019, a volatilidade dos principais benchmarks foram:

  • Índice Ibovespa: 18%
  • CDI: 0%
  • Dólar: 11%
  • IFIX (índice dos fundos imobiliários): 4%
  • SMALL (índice de Small Caps): 16%

Para fins de comparação, vamos analisar o seguinte histórico de 2019: o Ibovespa apresentou volatilidade de 18% e rentabilidade de 32%.

No mesmo período, o IFIX teve 4% de volatilidade e 36% de rentabilidade. Ou seja, nesse período, o IFIX foi um investimento melhor para os investidores, já que entregou mais rentabilidade com menos risco.

Percebe como é importante considerar a oscilação de preço nos seus investimentos?

Afinal, volatilidade é vida?

Se você usa o Twitter e segue algumas personalidades da chamada Fintwitt, já deve ter lido a seguinte frase: “vol é vida!”. Mas será que a volatilidade é tudo isso, de fato? 

A resposta  é simples: depende. Os arrojados dizem que sim, porque isso pode abrir portas para oportunidades de maiores potenciais de ganho. Para os conservadores, não. Eles preferem ganhar menos a perder.

Saber se a volatilidade compensa é um dos maiores dilemas do mercado financeiro. Essa resposta depende de muitos fatores, mas os principais são: o seu perfil de investidor e os seus objetivos.

Como aproveitar a volatilidade no mercado financeiro

Há estratégias que tentam usar a volatilidade a favor para lucrar mais. Há mecanismos tanto de curto prazo quanto de longo prazo.

No curto prazo, uma prática comum de ser utilizada é se expor a ativos mais voláteis, tentando aproveitar essas variações. A captura dessas oscilações é a base do day trade, por exemplo. Para isso, no entanto, é necessário dedicar anos de estudo e se especializar para se transformar em um profissional do mercado financeiro.

No longo prazo, as estratégias são de comprar ativos e ficar muito tempo com eles. Às vezes, isso pode significar décadas, pensando em uma carteira previdenciária. A ideia é investir em empresas com valor e boas tendências de crescimento ao longo do tempo.

Pense na Apple em seu início, dentro de uma garagem pequena e bagunçada com as ideias de Steve Jobs. Aqueles investidores que viram valor e potencial no negócio, estão colhendo os frutos hoje. As ações multiplicaram de valor diversas vezes, gerando verdadeiras fortunas.

Também são exemplos de estratégias que aproveitam a volatilidade o value investing e o Buy and Hold.

O value investing é uma estratégia que utiliza dados da análise fundamentalista para tomar decisões. O objetivo é identificar empresas com boas tendências de crescimento e com bons indicadores.

Em linhas gerais, é um mecanismo para buscar empresas com preços abaixo do que realmente valem ou que tem perspectiva de valer e, assim, lucrar com o crescimento delas.

Já o buy and hold não aproveita a volatilidade propriamente dita, mas as oscilações de preço no longo prazo. Na verdade, ele ignora a volatilidade para ficar apenas com a rentabilidade. É uma estratégia que busca lucrar com a valorização a longo prazo. Você compra e segura as ações na sua carteira, para vender a um preço superior ao que você comprou depois de vários anos, ou então obtém uma renda passiva com os dividendos.

Diversificação como proteção contra a volatilidade

Diversificação é a melhor estratégia para se proteger contra a volatilidade. Alocar os seus aportes em diferentes produtos e com exposições diferentes ao risco pode proteger a sua carteira e aumentar as possibilidades de retorno.

Pense da seguinte maneira: você tem uma cesta e colocou todos os ovos nela. Agora imagine que você deixou a cesta cair. Todos os ovos quebraram, certo?

Agora, se os ovos estiverem divididos em outras cestas, você perderá somente uma porcentagem dos seus ovos.

O mesmo vale para a diversificação. Expor a sua carteira a diferentes ativos e níveis de exposições pode controlar os riscos, amortecer as perdas e aumentar os seus potenciais de ganho.

Como vimos, a volatilidade não é a mesma coisa que risco, mas pode estar relacionada a maiores chances de prejuízo. Os investidores arrojados utilizam essas oscilações a seu favor, já os conservadores são avessos à incerteza.

Então, para tomar as melhores decisões, nossa recomendação é sempre ter em mente o seu perfil de tolerância às variações, com objetivos de longo prazo e diversificação.

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