Dollar-cost averaging é uma estratégia em que o investidor aplica seu dinheiro em determinado ativo de forma periódica, sem condicionar o momento do aporte a outros fatores, como o preço.
A estratégia pode ser usada para investir em vários tipos de produtos financeiros, mas neste artigo vamos falar sobre o dollar-cost averaging na Bolsa de Valores.
A ideia é simples: com aportes regulares em vez de uma aplicação única e volumosa, o investidor se protege da alta volatilidade da Bolsa.
Mas será que a estratégia é capaz de produzir o efeito desejado?
Neste artigo, falaremos sobre:
Siga a leitura para saber mais.
Indice
Dollar-cost averaging (DCA) é uma estratégia de investimento que consiste em aportes a intervalos regulares. Em vez de uma grande aplicação em determinado ativo, o investidor divide o valor total em compras semanais, quinzenais ou mensais, aplicando sempre o mesmo valor.
Desse modo, ele adquire suas posições na Bolsa gradualmente e aproveita períodos de baixa para comprar uma quantidade de ações maior do que em outros aportes.
Afinal, se a quantia investida é sempre a mesma e o preço da ação muda, isso significa que o mesmo valor vai render a compra de um número diferente de ações a cada aporte.
Por suas características, o dollar-cost averaging se opõe a duas práticas:
No market timing, para alcançar o objetivo é preciso estar sempre atento aos preços das ações para atualizar suas posições, enquanto no DCA a variação natural dos preços não influencia as decisões de compra e venda.
Por esse motivo, o dollar-cost averaging é uma estratégia mais utilizada por investidores passivos, aqueles que não querem dedicar o próprio tempo com análises aprofundadas e desejam apenas uma exposição aos ativos escolhidos, porque acreditam na eficiência dos mercados.
Quer entender mais sobre a hipótese dos mercados eficientes? Confira o artigo de Jurandir Sell sobre as finanças modernas e a eficiências dos mercados.
O objetivo do dollar-cost averaging como estratégia de investimento é reduzir os efeitos da volatilidade do mercado na carteira de ações.
Afinal:
Um exemplo: um investidor que quer investir R$ 100 mil em uma ação. Em vez de aplicar tudo de uma vez, ele dividirá o dinheiro em 10 aportes de R$ 10 mil, ou 20 aportes de R$ 5 mil, enfim, qualquer divisão que preferir.
Mas se, com o passar do tempo, o preço da ação se valorizar, não teria sido melhor investir os R$ 100 mil de uma vez, quando as condições de compra estavam melhores?
Pode acontecer, sim, de a rentabilidade ser maior com outra estratégia, mas no momento do investimento não há garantia alguma.
E o objetivo do DCA não é obter a maior rentabilidade possível, e sim ter mais segurança e menos trabalho com as decisões de compra e venda de ativos.
Em muitos casos, o dollar-cost averaging não é uma escolha em detrimento ao lump sum, e sim a estratégia possível para investidores que estão dando os primeiros passos na Bolsa e ainda não têm um grande volume de capital para investir.
Para estes, o DCA é o caminho para adquirir ações aos poucos, dentro de suas possibilidades, com aportes mensais.
No futuro, terão acumulado uma boa quantidade de ações e se beneficiarão do crescimento do mercado.
Além disso, mesmo que fosse possível entender quais são os momentos de baixa dos mercados de forma antecipada, você não necessariamente teria mais sucesso no investimento, em comparação com o DCA.
Um estudo famoso conduzido por pesquisadores da Universidade de Yale deixa isso claro, como vemos no gráfico abaixo, que compara o Buy the Dip (aportes nas mínimas do mercado) com o DCA (aportes frequentes):
Note como os aportes frequentes são mais bem sucedidos nesta comparação com o S&P, já que o investidor acaba fazendo aportes recorrentes em ciclos de alta — enquanto o investidor que aposta no market timing estaria aguardando uma queda.
A partir do que explicamos acima, tenha em mente que há duas situações possíveis em que o dollar-cost averaging é utilizado.
Uma é quando já existe à disposição um valor total para investir em certo ativo, que será dividido em diversos aportes, com datas predefinidas.
A outra situação, que é mais comum entre os investidores que não querem se preocupar com o “timing” do mercado, é de reservar parte de sua renda para fazer aportes mensais — como se estivessem pagando uma previdência privada, por exemplo.
Essa é uma das melhores e mais recomendadas estratégias para quem está na fase de construção de patrimônio.
Aqui, para ficar mais fácil ilustrar como funciona o dollar-cost averaging, vamos usar um exemplo da primeira situação.
Então, imagine que em janeiro desse ano você tinha R$ 10 mil e resolveu investir nas ações das Lojas Renner (LREN3).
No dia 2 de janeiro de 2020, cada ação da empresa custava R$ 57,50. Se você tivesse investido todos os R$ 10 mil naquela data, teria comprado 174 ações.
Agora, imagine se você dividisse esse investimento em 10 aportes mensais. Ficaria assim:
Data do aporte | Quantidade aplicada | Preço da ação no dia | Quantidade de ações adquiridas |
2/1/2020 | R$ 1.000 | R$ 57,50 | 17,391 |
3/2/2020 | R$ 1.000 | R$ 57,45 | 17,406 |
2/3/2020 | R$ 1.000 | R$ 53 | 18,868 |
1/4/2020 | R$ 1.000 | R$ 32,25 | 31,008 |
4/5/2020 | R$ 1.000 | R$ 37,21 | 26,874 |
2/6/2020 | R$ 1.000 | R$ 42,13 | 23,736 |
1/7/2020 | R$ 1.000 | R$ 41,43 | 24,137 |
3/8/2020 | R$ 1.000 | R$ 40,82 | 24,498 |
1/9/2020 | R$ 1.000 | R$ 45,47 | 21,993 |
1/10/2020 | R$ 1.000 | R$ 40,73 | 24,552 |
Total de ações adquiridas: | 230,46 |
Com o dollar-cost averaging, portanto, seria possível comprar 230 ações, muito mais do que em um investimento único no início do ano.
Claro que devemos levar em conta um fator muito importante: o índice Ibovespa sofreu uma forte queda em março devido à pandemia causada pelo novo coronavírus.
Foi um evento imprevisível e atípico, mas não deixa de ser um argumento em favor do DCA como proteção à volatilidade, porque uma das premissas da estratégia é que a imprevisibilidade impera na renda variável.
LEIA MAIS: Investimento em renda variável: o que é e como funciona
Apostar em uma estratégia como o dollar-cost averaging pode ser um pouco contra-intuitivo, afinal, você deve ter ouvido, mais de uma vez, que o segredo para investir na Bolsa de Valores é comprar barato e vender caro.
Acontece que a prática é muito diferente da teoria — e às vezes inalcançável para o pequeno investidor.
Nem todos os investidores têm conhecimento e tempo suficiente para dedicar à gestão de uma carteira de ações diversificada, com preços alvos para cada um dos ativos e acompanhamento diário das cotações.
Para todos os casos de investidores que estão investindo na Bolsa como uma estratégia de construção de patrimônio com foco no longo prazo, o DCA não é a apenas a melhor opção — é a única ao alcance deles.
No longo prazo, a tendência é de alta nos preços das ações, o que é um ótimo argumento a favor do DCA.
Se você não pensa em resgatar os valores investidos em breve, uma boa estratégia pode ser aplicar o que você tem agora e usar o dollar-cost averaging para complementar com aportes mensais.
Mas atenção: se você investir todo o dinheiro em apenas uma empresa, seja de uma só vez, seja aos poucos, estará correndo riscos desnecessários por não seguir a premissa da diversificação.
Aposte preferencialmente diversas ações, de companhias de diferentes setores, para não sofrer prejuízo caso determinada companhia ou segmento atravesse uma forte crise.
Pelo critério da diversificação, o DCA é muito utilizado para investimentos em ETFs, fundos de índice que replicam o mercado.
Por meio de um único investimento, por exemplo, você pode se expor às mais de 60 ações que compõem o índice Ibovespa.
Se você quer usar o dollar-cost averaging como uma maneira de simplificar seus investimentos, diminuindo o número de decisões a serem tomadas, temos duas recomendações:
O DCA faz mais sentido para os investidores que acreditam que o preço da ação não importa ao investir para construir patrimônio.
Calma, já vamos explicar.
É claro que o preço é a principal variável, porque, se ele fosse estático, não faria sentido investir em ações.
Quando alguém afirma que “o preço não importa”, está querendo dizer que não é um fator tão relevante para a tomada de decisão.
Na análise fundamentalista de ações, investidores analisam indicadores como o Preço sobre Lucro (P/L), Preço sobre Valor Patrimonial (P/VPA), EV/Ebitda, entre outros que relacionam o preço da ação com outras métricas da empresa.
O objetivo é descobrir papéis “baratos”, ou seja, cujo preço é baixo se compararmos com o potencial de valorização do ativo.
Na análise técnica, é tudo sobre o preço: o investidor tenta identificar padrões na oscilação da cotação para antecipar os movimentos seguintes.
As duas análises, portanto, podem ser usadas com o intuito de descobrir o momento ideal para comprar ou vender uma ação, tentando entender quando seu preço está mais atrativo.
Com o dollar-cost averaging, a mentalidade é outra, porque, como você vai fazer aportes constantes, o foco não está nos preços, e sim nos fundamentos da empresa.
É aí que a análise fundamentalista volta à tona, mas sem olhar para o preço.
O foco passa a ser a geração de receita, a fidelidade dos clientes, a capacidade de crescimento, a perenidade do setor, a qualidade dos produtos, o baixo endividamento, o ROE, a consistência na geração de lucros e a distribuição de dividendos, entre tantos outros fatores.
Depois dessa análise aprofundada, o investidor decide — ou não — que a empresa tem um bom futuro pela frente e programa aportes regulares, seja qual for o preço.
Como explicamos, os critérios podem ser diversos (demonstrativos da companhia, perspectivas do mercado, intuição, etc.), o que importa é ter a convicção de que, no longo prazo, o negócio continuará crescendo e atraindo investidores.
Investidores que investem sem olhar para o preço acreditam na hipótese dos mercados eficientes, que afirma que os mercado financeiro é, na maior parte do tempo, eficiente para precificar os ativos e a sua geração de caixa futura.
Nestes casos, não haveria vantagem em procurar descontos ou barganhas no preço dos ativos, porque todas as informações já estariam incorporadas no próprio preço.
Se o investidor que opta pelo dollar-cost averaging não quer ou não consegue se dedicar a análises, a melhor maneira de se proteger é investindo em fundos de renda variável.
Eles são administrados de forma ativa, por uma equipe de especialistas e com muita inteligência de dados para alocar os recursos de forma a proporcionar performance e segurança.
Isso tudo sem que o investidor precise perder tempo escolhendo os melhores ativos do momento.
Na Warren, temos diversos fundos de ações à disposição:
Você pode utilizar a técnica de DCA em qualquer um desses fundos, e vai se beneficiar do fato de que eles não possuem taxa de administração e taxa de performance, ao contrário da imensa maioria dos fundos de renda variável à disposição em outras plataformas.
Usar a estratégia do dollar-cost averaging (DCA) na Bolsa de Valores é o oposto da prática conhecida como market timing, em que o investidor tenta prever os melhores momentos para comprar ou vender uma ação.
Quem pratica o market timing acredita que o preço de uma ação pode estar caro ou barato, enquanto a DCA está mais alinhada com a hipótese do mercado eficiente.
A hipótese baseia-se na ideia de que o próprio mercado já dita o preço ideal do ativo, pois todas as variáveis possíveis se manifestam por meio da oferta e demanda.
Segundo a teoria, o “valor justo” de uma ação é simplesmente sua cotação atual.
Nesse caso, ao fazer aportes regulares, o investidor não está pagando mais ou menos do que deveria pela ação, e sim o que ela vale de fato.
Essa é uma questão polêmica, que gera bastante divergência entre especialistas.
Mas uma coisa é certa: a consistência da estratégia no longo prazo é mais importante do que a análise de quaisquer indicadores.
Também é possível cravar que o dollar-cost-averaging é uma excelente estratégia de investimentos em ações, fundos de renda variável ou ETFs, para quem está na fase de construção do patrimônio com foco no longo prazo.
Quer investir com transparência? Conheça a Warren e comece agora.