IPO é a sigla em inglês para Initial Public Offering, frequentemente traduzida no Brasil como Oferta Pública Inicial. Na prática, esse é o nome dado à abertura de capital de uma empresa na Bolsa de Valores
Em geral, um IPO é realizado para que uma empresa capte recursos fatiando sua sociedade de forma pública pela primeira vez.
Para os IPOs acontecerem, no entanto, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) realiza uma avaliação criteriosa de todos os requisitos necessários para sua liberação. Ou seja, eles não são tão frequentes quanto algumas organizações e investidores desejariam.
Entre os investidores, participar de um IPO pode ser tentador, principalmente quando você olha algumas empresas que fizeram seu IPO há algumas décadas e percebe onde elas chegaram.
Mas será que realmente vale a pena investir em IPOs?
Neste artigo, vamos destrinchar todo o processo, para que você conheça não apenas as vantagens e desvantagens dos IPOs para as empresas, mas também aprenda a analisar esse investimento.
Vamos lá? Boa leitura!
Indice
Um IPO é a primeira oferta pública de ações de uma empresa. Ele acontece quando uma empresa, até então de capital fechado, decide ter suas ações negociadas na Bolsa. Para fazer o IPO, a empresa vende parte de sua propriedade do negócio, alterando sua composição societária em diferentes graduações, para permitir a entrada de investidores externos, sejam eles minoritários ou institucionais, como os fundos de investimento.
Para que o IPO seja considerada uma oferta pública, ele deve ser divulgado para o público em geral. As ações são negociadas na Bolsa de Valores, atendendo os requisitos da instrução 361 da CVM.
Antes de avançarmos sobre as particularidades de um IPO, vale a pena entender que existem, basicamente, duas maneiras de fazer uma oferta de ações: primária (IPO) e secundária (follow-on).
Oferta Pública Primária é exatamente a classificação do IPO, que nada mais é do que a estreia de uma empresa na Bolsa de Valores, por meio da oferta de ações. As ações são vendidas pela empresa e seus controladores aos primeiros acionistas públicos.
Nesse caso, já há um volume de ações da empresa em negociação e sofrendo variações em sua cotação, ou seja, se valorizando ou desvalorizando perante o mercado.
Quando a empresa coloca ações no mercado novamente, depois do IPO, considera-se uma oferta pública secundária.
Essas vendas de ações, quando acontecem, são chamadas no mercado de follow on.
Mas, afinal, qual o motivo de uma empresa realizar um IPO ou follow on?
Como veremos a seguir, existem diversas razões para essa estratégia.
Um IPO ou qualquer outra oferta pública de ações não é um processo simples. Ele exige uma série de procedimentos, análises documentais e aprovações dos órgãos competentes para que as ofertas sejam de fato realizadas.
Como outras decisões acionárias, o IPO depende de uma análise bastante estratégica por parte da empresa, considerando as vantagens e desvantagens para a companhia.
A seguir, vamos listar os principais motivos que levam uma empresa a realizar o seu IPIO. Na sequência, vamos descobrir os prós e contras dessa atitude.
Uma empresa que precisa investir em sua infraestrutura para escalar seu negócio ou tem projetos de expansão possui algumas opções no mercado, como buscar empréstimos junto aos bancos ou tentar crédito em programas governamentais.
Porém, quando essas soluções são consideradas inviáveis devido ao nicho de negócio ou estão em condições de contratação desfavoráveis, uma solução pode ser a oferta de suas ações em um IPO.
Nesse caso, o valor da venda das ações via direto para o caixa da companhia e é reinvestido nos seus projetos, gerando crescimento do negócio.
Caso haja interesses internos da troca de controle acionário, uma oferta pública também pode ser feita para que um acionista compre o volume de ações necessário para tornar-se majoritário.
Um IPO ou qualquer outra oferta pública de ações também pode ser realizada para que os donos da empresa, depois de anos de investimentos, possam obter lucro com a venda de ações.
Mas é claro que, para que uma empresa seja elegível para um IPO, ela deve ter sua saúde financeira em dia, o que implica na análise das contas e projeção de crescimento do negócio.
Quando citamos a obtenção de lucros por investimentos realizados no passado, estamos tratando de uma venda mais substancial por parte dos fundadores da companhia, por exemplo. Nesses casos, os antigos donos colocam no bolso a recompensa pelos riscos tomados lá atrás.
Agora que você entendeu o valor estratégico de realizar um IPO, chegou a hora de comentar sobre as vantagens e desvantagens relacionadas a um IPO. Vamos juntos?
Ao captar recursos com um IPO para reinvestir no negócio, uma empresa pode expandir sua área de atuação ou fatia do mercado, conquistando mais negócios e clientes.
Os efeitos de uma expansão estruturada, capitalizada e, principalmente, bem planejada, podem refletir no curto, médio e longo prazo. Dependendo de como o IPO for executado, as negociações podem chamar atenção para a marca, fortalecer suas ações no mercado de capitais e também a percepção de seus clientes. Tudo depende, é claro, de como os recursos adquiridos no IPO serão empregados pela companhia.
Além disso, abrir capital pode ser uma condição para a empresa acessar linhas diferentes de crédito e duelar com a concorrência. Neste caso, o IPO seria um vetor para mostrar o potencial da empresa.
Ao reter talentos no negócio ofertando ações de participação para seus funcionários, o que pode acontecer antes, durante ou depois de um IPO, a empresa pode aumentar o potencial de sucesso dos seus projetos e a sintonia entre o time.
Além disso, essa estratégia pode tornar os funcionários ainda mais engajados e impedir que o investimento realizado na capacitação e acréscimo de conhecimento dos seus colaboradores sejam aproveitados pela concorrência.
Com mais recursos, a empresa pode investir em sua eficiência operacional, comprar novas tecnologias, expandir sua atuação colocar em prática suas estratégias.
Além disso, um IPO tem a tendência de ser mais barato do que um eventual empréstimo nas instituições financeiras. A empresa vende suas ações e o capital entra diretamente no caixa: não há obrigação em devolver os valores, como ocorre nos empréstimos.
Essas são algumas das principais vantagens que as empresas observam ao abrir capital na Bolsa. Mas, qual o custo de todo esse processo? Quais os esforços precisam ser recompensados?
Se abrir o capital trouxesse apenas vantagens para as empresas, teríamos muito mais do que 400 empresas listadas na Bolsa de Valores aqui no Brasil, concorda?
Boa parte das desvantagens está relacionada ao custo e à burocracia para realizar um IPO, mas há outros pontos que merecem sua atenção.
Para qualquer IPO, é mandatório realizar um processo de validação na CVM que envolve documentações e adequações.
E, claro, sempre existe a possibilidade das ações não serem comercializadas conforme o planejado.
Então, vamos entender o que as empresas que vão fazer IPO precisam mapear como riscos do processo e também algumas consequências inevitáveis.
O IPO é considerado um caminho para obtenção de recursos que pode ser mais econômico do que um empréstimo convencional, mas é preciso considerar que seu processo de aprovação na CVM é dispendioso e, em alguns casos, moroso.
Significa que, se uma empresa precisa de capital para investir no curto prazo, essa pode não ser a alternativa mais acertada.
Aqui a burocracia não está relacionada a documentações ou etapas desnecessárias e, sim, ao elevado nível de complexidade.
Isso exige uma equipe especializada e dedicada ao processo, assim como a contratação de um ou mais bancos de investimento para auxiliarem na burocracia.
Ainda assim, não é incomum que aconteçam alguns percalços no caminho, que podem atrasar os planos do IPO.
Para que a CVM aprove o IPO ou qualquer um de seus follow ones, é obrigatório o registro da empresa na Bolsa de Valores ou mercado de balcão que fará a negociação, o que acrescenta mais uma etapa de formalização do processo.
Ainda que seja feito um valuation sobre o valor que as ações começarão as negociações na Bolsa de Valores, existe a imprevisibilidade do mercado, que impede que a empresa tenha certeza sobre o montante que irá arrecadar na prática, assim como sobre o futuro daqueles papéis.
Outro ponto inquestionável que um IPO pode causar é a mudança na forma como a gestão do negócio é executada. .
Para cada uma dessas possíveis desvantagens, porém, é possível traçar estratégias que mitiguem as consequências desagradáveis e tornem a abertura de capital mais interessante.
Agora que o ponto de vista do empresário está claro, podemos voltar nossas considerações ao que importa para você, investidor.
Afinal de contas, vale a pena investir em IPO?
De forma geral, essa é uma estratégia difícil até mesmo para seguidores de Warren Buffett e os amantes da análise fundamentalista do mercado de ações.
Um IPO pode ser a oportunidade ideal para comprar uma ação e segurar tempo suficiente para que ela mais que dobre de valor, no tradicional buy and hold que Warren Buffett tanto valoriza.
Mas, depois de toda essa introdução que fizemos sobre o IPO na perspectiva da empresa, fica claro perceber que, antes de ser vantajoso para o futuro acionista, seu objetivo principal é que seja uma solução para o negócio.
Além disso, no processo de divulgação de um IPO, a empresa informa qual será o valor inicial das ofertas, mas nem sempre o investidor consegue adquirir as ações nesse lote de preço.
O mais comum é que grandes compradores e fundos façam negociações maiores e, não sobre tanto para os investidores individuais.
Isso vale principalmente para os IPOs mais esperados, de empresas famosas. Já os IPOs de negócios desconhecidos são menos concorridos, mas, ao mesmo tempo, em alguns casos, oferecem riscos maiores.
De maneira prática, essa análise deve ser feita de forma individual e com foco no longo prazo. Aqui na Warren, não sugerimos o investimento diretamente em renda variável para intervalos menores de três anos, por exemplo.
Mas, para quem olha o preço das ações e se preocupa em comprar barato, os IPOs podem ser uma armadilha. Em geral, as empresas tendem a abrir seu capital no momento que for mais favorável para elas — e não para você.
A ideia é abrir capital em um momento de valorização, quando a empresa vai efetivamente lucrar com isso.
O value investing, por exemplo, prega que você deve investir em boas empresas a preços descontados, o que raramente é o caso dos IPOs.
Além disso, a legislação obriga a divulgação de resultados apenas de alguns anos anteriores, e não o histórico completo da empresa. Assim, você não sabe se a empresa é financeiramente saudável há uma década ou passou a gerar bons resultados apenas recentemente.
Por isso, vale a pena redobrar o cuidado com o investimento.
Uma Oferta Pública Inicial muda completamente o contrato social de uma empresa, não é mesmo?
Por esse motivo, há um passo a passo complexo, que envolve outras entidades e uma série de aprovações que vão garantir que o negócio não tenha irregularidades.
Ainda assim, de acordo com a instrução CVM 361, um IPO pode ser interrompido mesmo depois de iniciado caso irregularidades sejam identificadas em sua documentação.
Nesses casos, a empresa tem um prazo para fazer as adequações ou é feito o cancelamento da oferta pública inicial das ações.
Mas, antes que chegue a esse ponto, outras etapas são necessárias para dar início ao IPO. Vamos entender quais são elas?
A decisão de realizar um IPO precisa ser tomada depois de muita análise do mercado, perspectivas do negócio e até mesmo, da economia.
É preciso considerar as oportunidades de crescimento, alternativas para as demandas de crédito atuais e se o tempo necessário para a oficialização do IPO vai ser um impedimento para que seus resultados sejam efetivos para o negócio.
Essas duas etapas acontecem quase simultaneamente, afinal, para entrar na Bolsa de Valores, é preciso ter um pedido de validação à CVM e, essa, por sua vez, só emitirá sua autorização depois que a empresa apresentar seu registro na Bolsa de Valores.
Para a autorização da CVM, uma série de documentos e processos precisam ser validados, como a escolha do banco de investimentos que participará dos processos, formas de comunicação pública do prospecto de oferta, etc.
Com a aprovação do prospecto do IPO pela CVM, ele pode ser divulgado de forma pública nos canais regulamentados e outros de valor estratégico para o negócio, como a imprensa.
Nesse ponto, existem alguns prazos que devem transcorrer conforme a instrução da CVM. Assim, a cronologia vai funcionar da seguinte maneira:
No prospecto, devem conter informações sobre a empresa e as ações a serem ofertadas no IPO.
Ele tem um caráter técnico, o que dificulta um pouco a análise por investidores menos experientes.
Porém, para administradoras de fundos e outras empresas que investem em ações ou em fundo de renda variável, os prospectos trazem informações essenciais que podem ajudar na identificação do seu potencial de valorização.
Quer entender mais sobre esse conteúdo técnico? Assine a Warren Pills e fique sempre informado de forma leve e descontraída.
Depois de analisar o prospecto, fundos e investidores podem fazer reservas de ações antes do IPO, indicando quanto pagariam por cada ação e o volume que gostariam de adquirir.
Finalizando essa etapa, é feito o book building. Nele, os investidores que solicitaram ações indicando preços mais vantajosos na negociação têm suas compras contempladas no dia do IPO.
Ou seja, ofertas com valores maiores ou iguais ao preço mínimo da ação têm preferência e ajudam a calibrar sua precificação para o restante a ser negociado no dia oficial do IPO.
No dia do IPO, as ações da empresa entram em negociação, o que gera muita expectativa para os acionistas e o mercado.
Ao final do IPO, os valores de captação são divulgados, o que ajuda a fortalecer a imagem da empresa no mercado.
Sempre que pensamos nos IPO, lembramos das cenas repassadas em noticiários das empresas mais famosas, não é mesmo?
Esses eventos de oferta pública inicial de grandes negócios, também chamados de Hot IPOs, atraem atenção e, por isso, o marketing das empresas trabalha intensamente para esse momento.
E, aqui no Brasil, como anda nosso histórico?
Em 2016, tivemos apenas um IPO na Bolsa de Valores aqui no Brasil. A Alliar, empresa da área de serviços hospitalares, análises e diagnósticos, fez sua primeira oferta pública de ações no dia 28 de outubro.
Já em 2017, foram 10 IPOs brasileiros, mostrando uma recuperação dos anos anteriores de crise. Foram eles:
Nesse ano, o PIB brasileiro cresceu, dando sinais de recuperação depois de uma das piores recessões da história. Já no mercado de ações, vivíamos o começo do bull market, que teve início em meados de 2015 e 2016.
Em 2018, novamente, o número de IPO (e de Follow On) foi pequeno, sendo que as ofertas iniciais foram:
O cenário geopolítico de incertezas entre China e Estados Unidos afetou as bolsas em todos os países e, em território nacional, tensões e expectativas com a troca presidencial também mantiveram o volume de IPOs baixo.
No ano passado, a B3 viveu mais uma vez alguns IPOs de empresas que estão presentes de forma bem acentuada na vida dos brasileiros.
Seus IPOs foram:
O ano de 2019 foi marcado por uma valorização expressiva do índice Ibovespa, que subiu mais de 30% e chegou pela primeira vez aos 100 mil pontos. Para surfar esse otimismo com a Bolsa de Valores brasileira, mais empresas realizaram seus IPOs.
O número de IPOs em 2020 certamente terá efeitos da pandemia do novo Coronavírus e a crise econômica que se estabeleceu.
Porém, as ofertas públicas iniciais realizadas, até o momento, foram:
O ano de 2020 é um case a ser analisado, afinal, um processo para autorização de IPO pode levar mais de um ano na CVM e qualquer uma das empresas que tenha iniciado essa trajetória em 2019 não poderia imaginar os revezes que o mercado sofreria com a pandemia, não é mesmo?
Isso explica, também, porque houve uma corrida para inscrição de IPOs na CVM recentemente.
Entre as empresas que estão com processo de IPO protocolado junto à CVM e à B3, podemos citar a Melnick Even, Pet Center, Lavvi, Pague Menos, Farma e Havan.
Para participar de Ofertas Públicas Iniciais, o investidor precisa ser cliente de uma corretora ou banco que esteja participando da oferta.
Ainda assim, resta o dilema de escolher as ações certas para compor sua carteira de renda variável, certo?
Se esse é o seu perfil de investidor, você pode optar pelos fundos de ações da Warren, conduzidos pelos nossos gestores, que contam com isenção da taxa de administração e da taxa de performance.
Atualmente, temos quatro fundos de ações:
Neles, você não precisa se preocupar em analisar o prospecto das ações, acompanhar divulgações de IPOs e demais ações que um investidor deve estar atento.
Eles foram pensados para quem deseja obter o melhor da renda variável — retorno maior no longo prazo —, sem precisar se dedicar de forma aprofundada à escolha dos ativos.
É um meio para que você faça o seu dinheiro render de forma inteligente.
Vale lembrar, no entanto, que você também pode comprar ações, fundos imobiliários e ETFs diretamente no Warren 3.0, que já está disponível para todos os clientes.
Se você gostou deste artigo, talvez também se interesse por: