A temporada de resultados do 2º trimestre de 2022 das empresas brasileiras passa a ganhar tração esta semana, com os balanços de Vale e Petrobras na quinta-feira, que representam juntas cerca de 27% do Ibovespa.
Em paralelo, nos EUA estamos mais próximos do final do período de resultados.
Lá fora, os balanços têm decepcionado, o que vem desencadeando uma onda de revisões nas estimativas de lucro, além de downgrades nas recomendações.
Por aqui, segue a preocupação com a deterioração nas margens das companhias, diante da inflação elevada e maiores despesas com juros de instrumentos de dívida.
No entanto, como o Brasil saiu na frente no ciclo de alta de juros em relação aos demais países emergentes, principalmente na comparação com os desenvolvidos, é possível que o pior já tenha passado em termos de revisões negativas.
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No cenário doméstico, exportadoras de commodities e empresas do setor financeiro devem permanecer entre os destaques.
Dentre as empresas produtoras de commodities, os setores de óleo e gás e de papel e celulose devem permanecer entre os destaques, reportando resultados recordes, enquanto as mineradoras, siderúrgicas e empresas do agro provavelmente recuarão em relação aos trimestres anteriores, porém com resultados ainda acima da média.
Vale lembrar que esse é o trimestre da guerra e embora o preço das commodities tenha recuado recentemente, isso não deve se refletir na maior parte nos resultados atuais, e sim no 3T22.
Olhando para o setor financeiro, por mais que se espere uma piora na inadimplência e um crescimento mais baixo para o mercado de capitais diante do cenário macro desafiador, os valuations seguem bastante atrativos e os grandes bancos têm conseguido manter a rentabilidade em patamares elevados, com destaque para o Banco do Brasil, que vem conseguindo diminuir o gap em relação aos demais players privados de forma acelerada.
O cenário também é positivo para as seguradoras, com aumento de prêmios emitidos, menores níveis de sinistralidade e maiores taxas de juros, que favorecem o resultado financeiro.
Por outro lado, empresas cíclicas e/ou muito endividadas continuarão sofrendo
Setores mais cíclicos como varejo e imobiliário seguem pressionados por conta da inflação, que aliada à baixa capacidade de repasse em alguns casos, pode comprometer as margens bruta e ebitda.
No “bottom line”, o crescimento das despesas de juros, diante de uma Selic mais elevada, deve impactar em maior ou menor escala o resultado das empresas, dependendo do grau de endividamento e da sua composição.
Vale ressaltar que a intensidade e influência de fatores macro como juros e inflação depende muito da atividade fim da empresa avaliada. Eu comento sobre esse tema em maiores detalhes aqui: Como a inflação impacta as empresas da bolsa?
No overall, acreditamos que a bolsa atualmente (julho-2022) encontra-se em patamares de preço bastante atrativos para o investidor que almeja retornos de longo prazo.
O curto prazo, no entanto, é desafiador, com elevação do risco fiscal, incertezas políticas diante da proximidade das eleições, inflação elevada e juros altos, sem perspectiva de reversão de ciclo até o final deste ano.
Em outras palavras, mais do que nunca, para investir em ações diretamente, você precisa ser extremamente seletivo(a).
O momento pede bastante diligência, mas são inúmeras as oportunidades.
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