A evolução do mercado financeiro no Brasil: uma análise da revolução 1.0

Publicado por
Layon Dalcanali

Proponho uma boa conversa, franca e direta, sobre a minha passagem pelas transformações do mercado financeiro: de uma cultura que parecia inabalável, passada de geração para geração, a um modelo alinhado e transparente com o cliente.

Vou compartilhar as minhas vivências em três importantes momentos da revolução do mercado financeiro no Brasil: revolução 1.0, revolução 2.0 e revolução 3.0.

Hoje, vou falar sobre a revolução 1.0. Continue acompanhando minha coluna mensal para evoluirmos nesse diálogo.

Vamos lá?

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A revolução 1.0 do mercado financeiro

Eram meados dos anos 90 quando minha avó, Emma Dalcanali, dizia: “lugar de dinheiro é na poupança!”. E de fato, ela estava certa. Certa para época em que ela vivia.

Aquela geração passava por um período totalmente diferente do que temos hoje. Os bancos eram sinônimos de proteção, inclusive monetária, o que passava a sensação de segurança ao apostar nesse tipo de investimento.

Na época, a poupança ainda tinha uma certa eficiência. Vejamos:

Em janeiro de 94, antes da criação do real, a inflação registrava 41,31% e a correção da poupança no mesmo mês era de 41,94% (0,5% + TR de 41,44%). Ou seja, batia 0,53% de rentabilidade real acima da inflação.

Se olharmos esses mesmos indicadores hoje, enquanto vivemos uma “estabilidade econômica”, em março de 2022, tivemos uma inflação de 1,62% no mês, contra uma rentabilidade da poupança de 0,5971%.

Fazendo o cálculo, perceberemos que a perda do valor de compra foi de praticamente -1% no mês, bem diferente do cenário de 94, onde a poupança ainda protegia o investimento das elevadas taxas de inflação.

Esse breve comparativo é o suficiente para que vejamos a evolução do mercado financeiro: o que era razoavelmente bom, hoje se torna um grande risco. Não necessariamente pela sua segurança, mas pela qualidade do produto, já que seu rendimento faz os clientes deste investimento perderem dinheiro para a inflação anualmente.

Os bancos operam no primeiro modelo do mercado financeiro: a revolução 1.0. De fato, foi um período importante na história. Afinal, com essa revolução aprendemos e evoluímos. Mas, pelo visto, nem todo mundo conseguiu sair desse modelo e progredir, não é?

A revolução 1.0 é um modelo antigo de investimento, sendo considerado ultrapassado e conflitado. Com base em uma oferta mono bandeira (que só vende produtos próprios), na qual o investidor assume o papel de fornecedor, o banco capta dinheiro barato para emprestar caro. 

É uma prática comum. Porém, no papel de investidor, é importante entender esse contexto, pois dificilmente seus objetivos de vida estarão alinhados aos do seu gerente, que possui metas e é comissionado pela venda de produtos, sejam eles bons ou ruins. 

A crítica aqui não é ao profissional do banco, okay? É ao modelo ao qual ele também está submetido.

Ainda hoje, os bancos detém 90% de todas as aplicações financeiras do país. A porcentagem é preocupante, dado o contexto que apresentei acima.

Para você ter uma ideia, nos Estados Unidos, apenas 5% está investido em bancos. O restante do capital é aplicado em corretoras de investimento independentes. Um comportamento semelhante é percebido também em outros países desenvolvidos. 

É claro, muita coisa já evoluiu desde os anos 90. Já passamos pelo modelo 2.0 e hoje estamos caminhando para o modelo 3.0. A jornada ainda é longa, mas no que depender da Warren, ela será acelerada.

No próximo artigo, falaremos, então, sobre a revolução 2.0. Um modelo mais evoluído, mas ainda longe de ser transparente, justo e alinhado com os clientes.

Nos vemos em breve!

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Layon Dalcanali