Vale a pena investir nas ações do Banco do Brasil?

Publicado por
Frederico Nobre

Você já se perguntou se vale a pena investir nas ações do Banco do Brasil (BBAS3)?

Fundado em 1808, o Banco do Brasil (BBAS3) foi a primeira instituição bancária do país e a primeira companhia brasileira listada em bolsa, em 1906. 

Atualmente, além da área bancária, o banco atua nos segmentos de investimentos, gestão de recursos, seguros, previdência, capitalização e meios de pagamento.

Não há dúvidas de que o Banco do Brasil está entre as empresas mais tradicionais listadas na bolsa de valores: é difícil encontrar algum brasileiro que não conheça o banco.

Mas não basta simplesmente conhecer. Para investir no Banco do Brasil, você precisa analisar em detalhes os fundamentos da empresa, por meio de uma análise fundamentalista.

É ela que vai apontar se a ação é uma boa oportunidade de investimento, ou não.

Neste artigo, nós destrinchamos os principais destaques para quem está planejando investir na empresa.

Você vai entender como o Banco do Brasil gera receita, vai conhecer a composição de suas carteiras de crédito e vai entender se os preços estão atrativos no momento.

Ao fim do artigo, você poderá ter acesso à nossa visão detalhada — se recomendamos o investimento, ou não — e também poderá conhecer o nosso preço-alvo para o ativo.

Vamos juntos? Boa leitura!

Quem é o Banco do Brasil?

O Banco do Brasil, listado na bolsa de valores pelo código BBAS3, é, desde 2006, uma sociedade de economia mista, controlada pela União, que detém 50% da participação. 

A empresa é listada no Novo Mercado, com 49,6% das ações em free float (0,4% em tesouraria). 

Como pontos de destaque da estrutura societária, a empresa possui 854 mil investidores pessoas físicas, ante o total de 869 mil investidores, e nenhum deles detém mais de 5% das ações. 

Além disso, 44,5% das suas ações em free float são detidas por estrangeiros. 

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Como o Banco do Brasil gera receita?

A seguir, vamos analisar as diferentes fontes de receita do Banco do Brasil.

Acompanhe:

1. Receitas de intermediação financeira

Como instituição financeira, a maior parte da receita do Banco do Brasil advém da intermediação financeira. 

Ou seja, das atividades de captação e aplicação de recursos, especialmente de operações de crédito, que contemplam empréstimos, títulos e financiamentos.

A receita também é oriunda de operações com títulos e valores mobiliários, arrendamento mercantil, câmbio, venda e transferência de ativos financeiros e aplicações compulsórias.

Como essas operações implicam em riscos ao Banco do Brasil, a incorrência é remunerada pela diferença entre a taxa de captação e a taxa das aplicações realizadas pelo banco.

2. Receitas de prestação de serviços

Na prestação de serviços, podemos citar diversos segmentos:

  • Segmento bancário: abrange depósitos, operações de crédito e prestação de serviços aos mercados de varejo, atacado e governo
  • Segmento de investimentos: engloba a intermediação e distribuição de dívidas no mercado primário e secundário e participações societárias, além da prestação de serviços de assessoria
  • Segmento de gestão de recursos: contempla as operações envolvendo a compra, venda e custódia de títulos e valores mobiliários, administração de carteiras e administração de fundos, remuneradas por comissões e taxas de administração
  • Segmento de seguros, previdência e capitalização: atuação através da BB Seguridade (BBSE3), controlada pelo Banco do Brasil (66% do capital social)
  • Segmento de meios de pagamento: prestação de serviços de captura, transmissão, processamento e liquidação financeira de transações

3. Receita de tarifas bancárias

Por fim, o banco gera receita a partir da cobrança de tarifas bancárias de serviços, por exemplo, no fornecimento de segunda via de cartões, saques, transferências por meio de TEDs e DOCs e anuidade do cartão de crédito.

No entanto, essa fonte de receita vem se tornando cada vez mais escassa

Um dos fatores responsáveis por isso é a disseminação das transações via Pix no Brasil, isentas de taxas, sem limitações de horário e instantâneas, que acabam sendo preferidas por muitos correntistas  em detrimento de TEDs e DOCs.

Além disso, a expansão dos bancos digitais, com políticas de tarifa zero para a maior parte dos serviços bancários também levou à queda das receitas de serviços – não pela redução das tarifas dos grandes bancos em resposta, o que não ocorreu, mas pela preferência do consumidor por serviços isentos das tradicionais cobranças.

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Composição da carteira de crédito do Banco do Brasil

Quando falamos na composição da carteira de crédito, pessoas físicas (PF) tendem a ser clientes mais arriscados, porém mais rentáveis para o banco, enquanto clientes pessoas jurídicas (PJ) tendem a ser mais resilientes e menos rentáveis para o banco. 

Boa parte da exposição do Banco do Brasil ao segmento de PF está associada a empréstimos para o setor do agronegócio, um setor no qual o Brasil possui vantagens competitivas e que representa uma importante parcela do PIB do país. 

O cliente PF tende a ser mais volátil em relação às taxas de juros de mercado, uma vez que há uma re-precificação mais frequente sob as suas condições de crédito. 

Apesar disso, o banco consegue arbitrar um spread maior em nível individual a partir da sua eficiência operacional. 

Por outro lado, o cliente pessoa jurídica, principalmente de grande porte, tende a ser mais resiliente.

Isso porque o banco possui um histórico de informação que permite calcular melhor o nível de crédito, além de criar um relacionamento e soluções personalizadas que sejam lucrativas, levando em consideração o tamanho, a área de atuação e o histórico de crédito deste cliente.

Carteira Pessoa Física (PF)

O Banco mantém-se historicamente como o principal agente financeiro do agronegócio no país, contribuindo de forma expressiva para o atendimento da demanda de crédito do segmento. 

Conforme dados do Banco Central do Brasil (SFN), o BB detinha, em fevereiro de 2022, 53,4% de participação nos financiamentos destinados ao setor.

No 1T22, 94,3% dos clientes tomadores de crédito possuíam relacionamento há pelo menos cinco anos

Considerando a carteira orgânica, as operações de CDC (consignado, salário e empréstimo pessoal), alcançaram R$ 145,8 bilhões em março/22. 

Deste montante, 88,8% foram realizados com Servidores Públicos e Aposentados e Pensionistas do INSS. 

A carteira de crédito consignado cresceu 12,1% no ano e tem quase sua totalidade (98,0%) composta por operações com servidores públicos e aposentados/pensionistas, o que contribui para a baixa Inadimplência acima de 90 dias.

A maioria das operações de crédito consignado contratadas no Banco do Brasil no 1T22 tem prazo superior a 60 meses (81,3%). 

O perfil dessa carteira permite o alongamento do prazo e gera fidelização e oportunidade de oferta de outros produtos no decorrer desse período. 

Carteira de Pessoa Jurídica (PJ)

A carteira PJ é composta principalmente por grandes empresas (40%), segmento de empresas com faturamento bruto anual superior a R$ 200 milhões. 

A carteira de grandes empresas encerrou março de 2022 com saldo de R$ 175,4 bilhões (+4,5% no trimestre e +18,6% no ano).

Além disso, 35% da carteira PJ é composta pelo segmento micro, pequenas e médias empresas (MPME), aquelas com faturamento bruto anual de até R$ 200 milhões

A carteira MPME encerrou março de 2022 com saldo de R$ 92,4 bilhões (+1,0% no trimestre e +14,0% no ano). 

Do saldo dessa carteira, 93,6% estão aplicados junto aos correntistas com tempo de relacionamento superior a dois anos

O segmento “governo” da carteira PJ do Banco do Brasil se destina ao apoio dos estados, o Distrito Federal e os municípios em suas demandas, no financiamento de programas de investimento voltados à melhoria da qualidade e transparência da gestão pública, mobilidade urbana, saúde, educação e segurança pública.

Carteira do Agronegócio

A Carteira total de agronegócios do banco (PF + PJ) é razoavelmente diversificada. 

No entanto, com o aumento da inflação e do preço das commodities, os 4 maiores itens, que representavam aproximadamente 47% do gasto total em dezembro de 2019, cresceram e passaram a representar aproximadamente 58% do total em Março de 2022, fazendo com que a carteira ficasse 11% mais concentrada em apenas 4 itens. 

Ao longo deste período, carne, máquinas e implementos e a soja cresceram em média 53%; enquanto o milho cresceu 107%, ainda que permaneça sendo o menor gasto em termos absolutos.

Historicamente, a maior parte da Carteira de crédito do agronegócio está concentrada em clientes de médio e grande porte, o que reduz o risco de inadimplência e permite ao banco se adequar e ofertar crédito de maneira personalizada, resiliente e duradoura para este tipo de cliente. 

Além disso, em março de 2022, 64% da carteira PJ de Agro estava composta de créditos com Rating AA, enquanto a carteira PF de agro era composta por ~80% de créditos do mesmo Rating.

Rentabilidade do setor em queda

No contexto do mercado de capitais, é fato que os “bancões”, em geral, não conseguem oferecer o mesmo nível de serviço de investimentos que as corretoras e plataformas de investimento para o cliente pessoa física.

 Principalmente nos segmentos varejo (média de R$ 12 mil investidos) e varejo alta renda (média de R$ 112 mil investidos) os “bancões” não conseguem mais competir.

Os gerentes de bancos normalmente têm metas agressivas para vender produtos ruins para os clientes, como títulos de capitalização, além de planos de previdência e fundos de investimento que cobram taxas muito altas.

Mas o mercado de capitais não é o único problema para os bancões. 

Desde que surgiram os bancos digitais, com tarifa zero, os grandes players também sofrem enorme pressão do lado da receita de prestação de serviços.

O ambiente mais competitivo impacta diretamente a rentabilidade das grandes instituições, que provavelmente não devem retornar aos patamares do início dos anos 2000.

Múltiplos mais baixos

É consenso que o mercado mudou consideravelmente para os grandes bancos brasileiros. 

O que está em discussão é o quanto mudou e de que forma isso vai impactar os lucros esperados para o futuro

Olhando apenas para as receitas de serviços bancários tradicionais, parece claro que a tendência é de queda nos próximos anos. 

Ao mesmo tempo, os “bancões” podem segurar as despesas e reduzir o número de agências.

De todo modo, o mercado já precifica uma redução no crescimento e na rentabilidade futura dos grandes bancos, o que justifica múltiplos mais baixos em relação às médias históricas do setor.

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Valuation do Banco do Brasil: desconto exagerado?

O indicador P/E (Price/Earnings) ou Preço/Lucro avalia o valor de uma empresa em relação ao seu lucro por ação (EPS – earnings per share). 

Uma alta relação P/E pode significar que as ações de uma empresa estão supervalorizadas, ou então que os investidores esperam altas taxas de crescimento no futuro.

Quando este indicador está mais baixo, há indícios de que o papel está descontado (ou “barato”). 

No caso do Banco do Brasil, a relação Preço/Lucro esperado para os próximos 12 meses encontra-se ao redor de 3,6x.

Considerando um dividend payout de 35% a 40% e a manutenção desses patamares de lucro, o investimento em Banco do Brasil se pagaria apenas em dividendos nos próximos 9 a 10 anos.

Preço/Valor patrimonial (P/VP) do Banco do Brasil

O indicador P/B (Price to Book) ou P/VPA (Preço sobre valor patrimonial por ação) é dado pela divisão do valor de mercado da companhia pelo seu patrimônio líquido.

No caso do Banco do Brasil, o valor contábil do patrimônio líquido está significativamente abaixo do valor de mercado. 

A empresa é negociada atualmente a cerca de 0,6x o seu valor contábil, um desconto extremamente significativo em relação aos patamares históricos.

Return on Equity (ROE) do Banco do Brasil

O ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) é dado pela divisão do lucro líquido pelo patrimônio líquido de uma empresa. 

Demonstra, portanto, se a companhia está se utilizando dos bens que detém de forma eficiente na geração de lucro, já que o patrimônio de uma empresa serve justamente para esse fim. 

Dessa forma, quanto maior for o indicador, a princípio, melhor é a gestão do patrimônio.

Analisando o ROE esperado do Banco do Brasil para os próximos 12 meses, acreditamos que atualmente o mercado esteja subestimando a capacidade do banco de gerar retornos para os seus acionistas. 

Dividend Yield (DY) do Banco do Brasil

O dividend yield, ou rendimento de dividendos, é uma estimativa do retorno apenas de dividendos de um investimento em ações. 

Diante do desconto atual excessivo perante seus pares, Banco do Brasil deve se destacar em 2022 e, possivelmente, em 2023 como o melhor pagador de dividendos do setor, com dividend yield próximo de dois dígitos.

Vale a pena investir em Banco do Brasil?

Diante de todas as informações que analisamos aqui, será que vale a pena investir nas ações do Banco do Brasil?

Nós utilizamos duas metodologias diferentes de valuation para chegar a uma conclusão, que você pode acessar por meio do relatório completo, na nossa página da Warren Analisa.

Lá, reunimos os conteúdos do time de Análise, incluindo os relatórios sobre as empresas. Você pode acessar o conteúdo sobre Banco do Brasil, conforme a imagem abaixo.

No relatório completo, você tem acesso gratuitamente a todo o nosso estudo de caso, com mais de 45 páginas.

É lá que detalhamos a estratégia de investimento recomendada para Banco do Brasil (BBAS3), incluindo o preço alvo que trabalhamos para o ativo.

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