Juro real negativo: o que é e como se proteger  

O juro real negativo ocorre quando você empresta o seu dinheiro, mas, no momento de receber o montante de volta, acaba conseguindo consumir menos do que no dia do empréstimo.

Ou seja: você acaba pagando para que a outra pessoa, banco ou instituição, fique com o seu dinheiro por aquele período.

Parece confuso? Nós explicamos!

O juro real negativo é uma consequência das taxas de juros nas suas mínimas históricas e do efeito da inflação ao longo do tempo.

Fruto do excesso de dinheiro no mercado financeiro, essa prática já é conhecida pelos europeus e japoneses, por exemplo, mas agora também está chegando ao Brasil, com as sucessivas reduções da taxa básica de juros da economia, a Selic.

O resultado prático é que muitos investidores se veem inclinados a migrar da renda fixa para a renda variável, aceitando correr mais riscos para remunerar o seu dinheiro.

Neste artigo, mostraremos, com detalhes, como o juro real negativo ocorre na prática — e o que você pode fazer para se proteger desse fenômeno. Continue conosco para aprender tudo sobre o assunto!

O que é juro real negativo

O que é Juro Real Negativo, ilustração

Juro real negativo significa fazer uma aplicação financeira e acabar tendo um retorno negativo, quando atualizado pela inflação.

Quer entender melhor? Primeiramente, vamos começar pelo que é juro real. 

Juro real é o nome dado para a taxa de juros de um investimento, depois de descontar a inflação do período. 

Em outras palavras, são os juros nominais (juros que são divulgados quando você faz um investimento ou pega um empréstimo) já com a inflação descontada.

Sendo assim, os juros reais negativos ocorrem quando uma taxa de juros é menor que a inflação que será descontada dela. 

Ou seja, seu rendimento é negativo se comparado ao preço dos produtos e serviços naquele período, representando uma perda no poder de compra.

Já houve um tempo em que apenas cogitar a possibilidade de juros reais no Brasil já seria capaz de provocar uma crise financeira nacional. Atualmente, no entanto, esse tema é abertamente discutido pelo Banco Central. 

Vamos descobrir por que isso acontece?

Juro real negativo no Brasil

Juro real negativo no Brasil, ilustração

Com o recente corte da Taxa Selic, sigla para Sistema Especial de Liquidação de Custódia, de 3% para 2,25% ao ano, sendo a oitava redução consecutiva, nós entramos para o seleto grupo de países com rendimento negativo.

O Banco Central divulgou também que se reunirá novamente em Agosto para decidir se manterá a taxa ou fará um novo corte, dessa vez menos brusco do que o 0,75 ponto percentual de junho. 

Assim, ficamos com rendimento real negativo em 0,78% ao ano, em conformidade com ranking divulgado pelo Money You e pela Infinity Asset. 

Foi levada em consideração a inflação de 3,05% projetada para os próximos doze meses. Dessa maneira, o Brasil passa a ocupar a posição de 14° país com menor juro real do mundo, entre as 40 economias mais relevantes.

A seguir, vamos detalhar algumas das aplicações financeiras que estão vivendo o momento de juro real negativo no Brasil. 

Tesouro Selic

O investimento afetado de forma mais direta pela redução da Selic é o próprio Tesouro Selic, que tem, como o nome sugere, sua taxa de juros atrelada à Selic. São títulos emitidos pelo Tesouro Nacional e negociados no Tesouro Direto

Entre as principais características do Tesouro Selic, estão a segurança e a boa liquidez, o que já o difere da poupança.

Além disso, ele rende 100% da Selic, deixando para trás sua “concorrente”, que não tem a mesma performance e que, anualmente, vem perdendo em valorização anual até para o IPCA, ou seja: a inflação. 

Mesmo que neste ano o retorno do Tesouro Selic possa ser negativo, ele não pode ser considerado um vilão dos investimentos, porque é uma das alternativas mais seguras do mercado e tem liquidez garantida, o que significa que ele é uma ótima opção para reserva de emergência.

Poupança

Outro investimento que tem rentabilidade atrelada à Selic e que sofre muito o corte na taxa de juros é a poupança, que rende 70% da taxa Selic, de acordo com as regras atuais. Em 2019, seu rendimento foi de 4,34%.

Quem tem seu dinheiro aplicado na Poupança invariavelmente acaba percebendo um juro real negativo, porque perde para a inflação. Embora isso não tenha ocorrido em todos os últimos anos, pode se transformar em uma tendência com a Selic na sua mínima histórica.  

Fundos DI

Investimentos atrelados ao CDI, sigla para Certificado de Depósito Interbancário, como é popularmente conhecido, também sofrem com a queda da Selic. 

O CDI pode ser descrito como uma taxa de juros referente aos empréstimos de curtíssimo prazo realizados entre as instituições financeiras, como os bancos. 

Ele tem um valor muito próximo à Selic: enquanto a Selic é a taxa de juros que os bancos pagam para realizar empréstimos, o CDI é o valor que eles recebem pelos empréstimos realizados.

Por isso, o CDI é um dos principais indexadores, indicadores e benchmarks do mercado financeiro. Você certamente mede o desempenho dos fundos de renda fixa como um percentual do CDI, por exemplo.

Além disso, esse valor é usado como indexador em títulos como Letras de Crédito Imobiliário (LCI), Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI), Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) e Debêntures, entre outros.

ASSISTA | Renda Fixa com rentabilidade negativa? | Warren Responde

Países com juro real negativo

Países com juro real negativo, ilustração

Como vimos, o Brasil não é a única nação na qual os investidores precisam lidar com o juro real negativo. Nos países desenvolvidos, essa é uma regra há alguns anos. 

Os destaques são países como Taiwan, com -3%, que ocupa o primeiro lugar, seguido dos EUA, com  -2,73% e da Polônia, com -2,72%. 

O cenário internacional vem passando por modificações nesse sentido desde a crise financeira de 2008. Na prática, os Governos e as autoridades monetárias injetaram muitos recursos para facilitar o acesso ao dinheiro e dar um fôlego para a economia, que passou por uma grave crise. 

Como resultado, houve excesso de dinheiro para alocação, o que começou a criar esse cenário de juro real negativo e, até, de taxas de juros negativas.

O Japão, por exemplo, foi um dos pioneiros, e adotou a taxa de juro 0 em 2000, antes mesmo da crise internacional. 

Assim, enquanto o Brasil está descobrindo e se adaptando a esse cenário no qual a renda fixa não é tão rentável, em outros países essa realidade já é vivenciada há mais tempo.

Nesses países, a taxa de juros em níveis baixos é utilizada não apenas porque há excesso de dinheiro em circulação, mas também para incentivar que as pessoas invistam o seu dinheiro na economia real, aplicando em ativos como as ações, que são partes de empresas.

Mas, então, qual a lógica de emprestar dinheiro e ter retorno negativo? 

Uma das razões para se comprar um título com taxa de juros negativa é o próprio custo de manter o dinheiro na conta-corrente, que muitas vezes é maior. Na Europa, por exemplo, os bancos cobram altas taxas para manutenção de contas paradas.

Outra razão que pode ser apontada é o medo de as taxas caírem ainda mais. Nesse caso, você seria “obrigado” a pagar muito mais pelo empréstimo, para não deixar dinheiro parado na conta. 

LEIA MAIS: Os três pilares básicos para investir em renda variável

Como se proteger do juro real negativo

Como se proteger do juro real negativo, ilustração

Agora que você já sabe o que significa o juro real negativo, chegou a hora de entender como se proteger contra isso.

Há alguns anos, era relativamente fácil obter retornos superiores a 10% ao ano com renda fixa no Brasil, já que a taxa Selic chegou a 14,25% em 2016. 

Hoje, esse cenário é inimaginável.

Para obter lucros maiores em um momento de baixo rendimento na renda fixa, a renda variável acaba sendo uma das únicas opções: é preciso tomar mais risco.

Mesmo na renda fixa, os retornos maiores ocorrem para quem aceita mais riscos, como crédito privado, no qual você empresta seu dinheiro às empresas, e não ao governo. 

Para facilitar a sua jornada na busca por mais risco, listamos um passo a passo para você aprender como se livrar do juro real negativo.

Conheça seu perfil de investidor

É essencial, antes de começar a investir, que você tenha ciência sobre si mesmo. 

Sua aptidão ou aversão ao risco, seu patrimônio, quanto é possível arriscar, sobre quais investimentos você já tem domínio e quais ainda precisa aprender. A boa notícia é que você já consegue dar esse passo inicial assim que abrir sua conta em uma corretora.

No Brasil, todas as corretoras são obrigadas a aplicar um teste de perfil de investidor, o suitability

Em português, o suitability pode ser traduzido como a verificação da adequação do produto ao cliente

Seu principal objetivo é capturar informações sobre o investidor para conhecer quais os tipos de risco ele está disposto assumir.

Dessa forma, a corretora consegue adaptar seus produtos ao perfil do seu cliente, disponibilizando para ele operações específicas ao seu perfil, o que visa minimizar também decepções futuras. 

Nesse contexto a CVM (Comissão de Valores Imobiliários), em sua instrução 539, de 2013, tornou esse teste obrigatório, para proteger o capital dos investidores.

O investidor coloca todos os seus dados no suitability, com a descrição do período que pretende manter os investimentos, preferências quanto aos riscos, formação acadêmica, experiência profissional, entre outros. 

Em geral, esse teste pode gerar um dos três perfis de investidor: 

  • Conservador: baixa tolerância ao risco;
  • Moderado: média tolerância ao risco;
  • Agressivo: alta tolerância ao risco.

Além da tolerância ao risco, os perfis variam de acordo com a experiência que o investidor já possui, sendo o conservador aquele que prioriza a segurança do seu dinheiro em primeiro lugar e tem aversão completa a perder dinheiro.

Já o moderado, mesmo que busque também segurança para seu dinheiro, procura rentabilidade acima da média, assumindo assim certos riscos e diversificando sua carteira de investimentos entre produtos de renda fixa e variável.

Por fim, o agressivo tem amplo conhecimento de mercado, entende os riscos e aceita corrê-los. Geralmente, aplica mais da metade de seu capital na renda variável. O equilíbrio emocional deles faz muita diferença para lidar com os altos e baixos no dia a dia.

Estude as opções do mercado financeiro

Existem alternativas viáveis a todos os perfis de investidor. De acordo com sua evolução no mundo dos investimentos, seu teste de perfil pode (e deve) ser refeito para que a própria corretora possa oferecer produtos coerentes com sua situação atual.

Nem todos os investimentos com bom rendimento são necessariamente tão arriscados. Aqui, vale citar, como exemplo, aqueles que garantem rendimento mínimo acima da inflação, porque são indexados ao IPCA ou IPCA+, que é a correção na inflação e mais uma taxa de juros pré-estabelecida.

Outra opção que você precisa obrigatoriamente considerar são as ações, seja diretamente o através de fundos de ações. Ações são pequenas parcelas das empresas, negociadas na Bolsa para que elas consigam captar dinheiro no mercado. 

Em geral, as menores empresas reinvestem os lucros no próprio crescimento, agregando valor ao acionista, enquanto as maiores, que já têm mais estabilidade e maturidade, distribuem dividendos os lucros para seus acionistas em forma de dividendos.

Já os ETFs (Exchange Traded Funds ou Fundos de Índice) são fundos que irão refletir o desempenho de um determinado índice escolhido pelo seu gestor. 

Eles também são negociadas na bolsa de valores e são considerados uma ótima ferramenta para gestão passiva do patrimônio, quando você não precisa ficar ativamente comprando ou vendendo ações. Basta acompanhar o desempenho do índice de referência.

Como eles têm diversos ativos, é possível garantir uma diversificação de investimentos sem que o acionista precise comprar cada ação ou papel de forma separada. Com uma única ordem de compra, você pode ter acesso a mais de 500 ativos, por exemplo, como é o caso do IVVB11, que replica o índice S&P 500.

Aumente sua exposição ao risco

No mercado financeiro, os riscos estão atrelados à rentabilidade. Quanto maior o risco, maior o potencial de retorno. Não há ganho sem risco. 

Por isso, mesmo quem tem perfil conservador, precisa considerar a exposição à renda variável, se tiver objetivos de longo prazo.

No longo prazo, como dez, quinze ou trinta anos, as ações tendem a performar melhor do que qualquer outro ativo. Por isso, a renda variável é sempre recomendada pra prazos mais longos, e nunca para prazos mais curtos. Embora também seja possível ganhar dinheiro com ações no curto prazo, os riscos são muito maiores.

Assim, o conhecimento sobre ativos de renda variável é o maior diferencial que você pode obter. Entenda o mercado de ações, estude as empresas, analise os balanços, descubra como elas ganhem dinheiro e como são precificadas, para encontrar oportunidades nesse segmento.

Investir em small caps, por exemplo, pode ser uma boa aposta para maior valorização de suas ações, uma vez que ações de empresas podem ter um crescimento exponencial ao longo do tempo.

Agora, se você não se sente preparado para escolher as próprias ações neste momento, sempre há a opção de delegar essa tarefa para gestores especialistas do mercado, investindo através dos fundos.

Neste caso, não há opção melhor para você do que a Warren.

Diversificando seus investimentos na Warren

Diversifique seus investimentos na Warren, ilustração

A Warren tem excelentes opções de fundos de investimento para a diversificação da sua carteira. Seja em Renda Fixa ou Renda Variável, possibilidades são o que não faltam. 

Aqui, você encontra vários fundos nacionais e internacionais, de renda fixa ou variável, com excelente gestão e análise de risco para entregar a melhor relação entre risco e retorno aos cotistas. 

Além disso, nossos fundos não contam com taxa de administração ou taxa de corretagem, motivo pelo qual investir com a Warren é, em média, três vezes mais barato do que nas outras corretoras.

Veja algumas opções a seguir:

Fundo Warren Ações BR

O Fundo Warren Ações BR é um fundo de ações diversificado, com uma estratégia de investir em empresas grandes, pequenas e boas pagadoras de dividendos. 

A meta desse fundo é superar o índice Ibovespa, índice que representa a variação média das empresas mais negociadas na Bolsa. 

Além de conseguir superar o índice com consistência, o fundo tem excelente liquidez, caso você queira ou precise vender. O dinheiro fica disponível na sua conta em até dois dias úteis após o resgate.

Fundo Warren Ações USA

Esse fundo garante diversificação global aos seus investimentos, uma vez que conta com mais de 500 empresas americanas em seu portfólio, por seguir o índice de referência S&P 500. 

Por meio desse fundo, você consegue se expor a empresas globais muito conhecidas, que fazem parte do seu dia a dia, como Amazon, Netflix, Disney, Facebook e Nike, entre outras.

Uma das características desse fundo de ações americanas é a neutralização do efeito do dólar. O que significa que a valorização das empresas e seus papéis te faz ganhar, independente da cotação do dólar. 

A meta desse fundo é superar a S&P 500, índice que representa a variação das 500 maiores empresas listadas na bolsa de Nova York (NYSE). Esse fundo também conta com excelente liquidez, de dois dias úteis para resgate do recurso investido.

Essas são duas das melhores maneiras para você se proteger do juro real negativo com o auxílio dos especialistas da Warren.

Como vimos, os juros nesse patamar acabam forçando uma movimentação no mercado financeiro e exigindo que investidores busquem aplicações mais rentáveis — e de mais risco — para aumentar o patrimônio. 

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