Pensar em aposentadoria, se imaginar aos 70 anos, entender que a vida que você leva hoje vai impactar a vida que você vai ter lá na frente…
Provavelmente você já se deparou com essas questões, certo? Ou ao menos já ouviu de alguém que deveria se preocupar mais com o futuro — quem nunca foi confrontado com a clássica pergunta “O que você vai fazer da sua vida”?
Mas se pensar num futuro que vá muito além das próximas semanas era (ou ainda é) uma dificuldade para você, saiba que não está sozinho.
Segundo uma pesquisa realizada pela Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), nosso cérebro não consegue pensar no longo prazo com facilidade.
Isso porque, quando tomamos decisões que nos envolvem, ativamos uma região do cérebro chamada córtex pré-frontal mediano (MPFC). Quando pensamos em outras pessoas, por outro lado, essa região é pouco ativada.
Mas qual a relação dessa informação com pensar no longo prazo?
Acontece que, quanto mais tempo você tentar imaginar sua vida, menos o seu MPFC será ativado.
Basicamente, o seu cérebro age como se o seu “eu do futuro” fosse alguém que você não conhece muito bem, alguém com quem você não se importa, tornando mais difícil pensar no longo prazo.
Mas o eu do futuro importa, sim, e muito — e a vida financeira dele também!
Para entender melhor esse assunto e como nossas finanças podem ser afetadas pela dificuldade de pensar no longo prazo, conversamos com a executiva de contas Betina Lopes de Mello, que não consegue se planejar e gostaria de reverter essa situação, e com o professor Jurandir Sell Macedo, doutor em finanças comportamentais.
Continue a leitura e descubra algumas dicas do que pode ser feito para driblar esse mecanismo do cérebro e aprender a investir no futuro.
Indice
A resposta para este tipo de comportamento pode estar fortemente associada à forma como nosso cérebro evoluiu.
Enquanto espécie, costumávamos viver pouco tempo, no máximo 30 anos. Logo, não fazia muito sentido pensar onde estaríamos em dez ou 15 anos.
Mas a expectativa de vida vem aumentando cada vez mais (em lugares como o Japão, por exemplo, ela já beira os 80 anos). Só que o nosso cérebro não evoluiu na mesma velocidade, e por isso segue sendo difícil pensar no longo prazo.
Quando trazemos esse debate para o campo das finanças é ainda mais importante entender quais os efeitos de não conseguirmos driblar o pensamento do curto prazo para nos planejarmos à distância.
Para ilustrar como funciona nosso cérebro nessas situações, o professor, economista e doutor em finanças comportamentais Jurandir Sell Macedo dá um exemplo:
“Assim que entro em sala de aula, eu pergunto aos alunos se eles preferem viajar a Nova York hoje com hospedagem em um hotel três estrelas, viagem de classe econômica e tendo 80 dólares por dia para gastar, ou se preferem esperar quatro anos, viajar de classe executiva, ter hotel cinco estrelas disponível e gastar 200 dólares por dia. 80% dos alunos prefere a primeira opção.”
O professor garante, no entanto, que o cenário muda quando ele faz uma pequena alteração na narrativa.
“Se eu coloco a opção mais barata para um prazo de quatro anos e a opção mais cara para oito, por exemplo, muitos mudam de ideia. Cerca de 70% preferem esperar os oito anos. Isso porque, guardada a distância, conseguem perceber que a segunda opção é muito mais vantajosa, embora demore mais a acontecer”.
Mas por que isso ocorre? Por que, afinal, é tão difícil tomar decisões racionais quando o assunto é a forma como consumimos?
É essa resposta que busca encontrar a área acadêmica das finanças comportamentais, que estuda os comportamentos envolvidos no ato da compra para além da ilusão de que somos sempre racionais neste momento.
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Aos 32 anos, a executiva de contas Betina Lopes de Mello gostaria de se planejar financeiramente no longo prazo, mas não consegue. “Meu planejamento, na verdade, não existe”, relata.
Apesar de não ter dívidas a pagar, ela comenta que não consegue poupar dinheiro. “E eu sei que conseguiria, é só falta de organização. Às vezes prefiro curtir o momento presente”, reflete.
Conforme explica o professor Jurandir, de fato, não ter dívidas não significa que a pessoa consegue poupar. Além disso, é muito comum que, ao ganhar mais, a pessoa se permita gastar mais também, como uma forma de recompensa por estar trabalhando mais.
É por isso que o fenômeno acontece independentemente da classe econômica do indivíduo.
“Existem pessoas que não conseguem investir no futuro em todas as faixas etárias e de renda. Às vezes, a pessoa ganha muito bem, mas também gasta muito”.
Segundo um relatório sobre educação financeira divulgado pelo Banco Central, assim como Betina, 56% dos brasileiros admitem não ter nenhum tipo de orçamento doméstico e 69% não poupou nenhuma parte da renda recebida nos últimos 12 meses.
O que a executiva de contas acredita ser apenas desorganização de sua parte, no entanto, pode ter outras respostas.
Numa breve conversa, ela relata que, desde criança, escutava dos pais o receio em relação aos investimentos. “Achavam que era sinônimo de risco”, relembra. Essa é, segundo o professor Jurandir, a primeira ideia que vem à cabeça dos brasileiros quando pensam em poupar.
Mas para além desses motivos, ele elenca outros que também estão diretamente ligados à dificuldade de poupar no longo prazo, como a relação com o consumo: “O brasileiro acha que guardar é esconder o que tem. Por isso, se sente mal”.
Além disso, associamos o consumo a “ter voz”. “A gente consome, muitas vezes, para pertencer a determinado grupo”, explica o pesquisador. E não é só isso, já que, culturalmente, também temos a tendência de expressar generosidade através do consumo.
Logo, é evidente a dificuldade que temos de pensar no longo prazo.
Quanto a curtir o momento presente, outro motivo apontado por Betina para a dificuldade de pensar no longo prazo financeiramente, Jurandir orienta:
“Não é deixar de aproveitar o presente. Se você tirar todos os supérfluos, a vida fica muito chata. O que deve ser feito, no entanto, é descobrir novas formas de curtir sem atrelar, necessariamente, esses momentos de lazer ao consumo. O contato com a natureza é uma boa opção”, pondera.
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São vários os problemas que podemos ter se não pensarmos financeiramente no longo prazo.
O principal deles é que imprevistos acontecem — e quando eles acontecem, se você não possui uma reserva de emergência, as chances de precisar se endividar são muito maiores.
“Muitas pessoas acham que a reserva é ter um cartão de crédito não utilizado na gaveta”, afirma Jurandir.
Mas existem outros motivos que deveriam nos fazer acender o sinal de alerta e realmente tentar pensar no futuro, como:
A aposentadoria, ou independência financeira, como costumamos chamar por aqui, é justamente uma preocupação de Betina de Mello: “Sou PJ [modelo de contratação Pessoa Jurídica] e gostaria de me organizar para ficar mais tranquila, já que a aposentadoria parece tão distante”, relata.
Para evitar esse tipo de problema, o professor Jurandir recomenda que, independentemente da modalidade de trabalho, a pessoa sempre contribua para o INSS. E destaca:
“Realizamos uma pesquisa com jornalistas que ganhavam, em média, cinco mil reais. Descobrimos que eles não pagavam INSS ou pagavam o valor relativo a um salário mínimo. Mas e se acontece algum acidente? O trabalhador e a família irão sofrer com uma queda brusca de renda”, reflete.
Nesses casos, muitas vezes a solução é recorrer a um empréstimo, o que pode ser muito prejudicial por conta dos altos juros cobrados no mercado.
Outro fator que precisa ser levado em conta é que, além da própria aposentadoria e da preocupação com o futuro dos filhos, pensar nos pais também é algo importante.
“Muitos pais das gerações passadas ‘abriram muito a mão’ e não cuidaram das finanças. Certamente, vão precisar contar com a ajuda dos filhos que têm a idade de Betina”, pondera o professor.
O que fazer, então, para pensar no longo prazo?
Se biologicamente nosso cérebro não contribui para o desenvolvimento de um planejamento financeiro a longo prazo, como aponta a pesquisa da UCLA, precisamos pensar em formas de fazer isso acontecer.
Aos 32 anos, Betina ainda manifesta a vontade de começar a poupar. Embora o recomendado seja iniciar mais cedo, isso é absolutamente possível — antes tarde do que mais tarde, certo?
“Mesmo que ache difícil, ainda gostaria de criar essa cultura de ter um planejamento para um futuro mais tranquilo”, ela afirma.
Segundo Jurandir, o primeiro passo para construir uma saúde financeira, especialmente para o futuro, deve ser construir uma reserva para imprevistos, para depois começar a pensar na aposentadoria.
Para este que seria o segundo objetivo de investimento, o especialista reforça que, quanto mais tempo a pessoa demorar para começar a poupar, mais ela vai precisar investir na sua independência financeira.
“Se uma pessoa começa a poupar com 25 anos, precisa guardar 10% da sua renda ao longo da vida para viver dos investimentos na aposentadoria. Se começa aos 32, são 17%. Então, é preciso se organizar e começar o quanto antes”, resume.
Já sobre a ausência de educação financeira e o desejo de que isso fosse diferente por parte da família e da escola, vontade especificada por Betina, o professor concorda, mas acrescenta: “Nem sempre é possível realizar a disciplina na escola. Por isso, para ensinar as crianças, nada melhor do que o exemplo”.
Outra dica do professor Jurandir, desta vez destinada especialmente às mulheres, é: invistam!
“É impressionante como ainda se tem a ideia de que dinheiro e investimento é coisa de homem. Na bolsa de valores, temos 4 milhões de homens para 1 milhão de mulheres. Elas precisam tomar as rédeas do dinheiro”.
Por fim, Jurandir ressalta também a importância de buscar corretoras que simplifiquem os investimentos para iniciar o planejamento no longo prazo.
E essa é uma das nossas missões aqui na Warren: facilitar seus investimentos para ajudar você a alcançar os seus sonhos e objetivos de vida.
Com base no seu perfil de investidor, no prazo dos seus objetivos e na quantia que você tem para investir em cada um deles, selecionamos os melhores produtos e cuidamos dos seus investimentos para você.
Assim, fica muito mais tranquilo pensar no longo prazo e ter um planejamento financeiro adequado à sua realidade.
Preparado para atingir a independência financeira com a Warren? Abra sua conta e comece agora mesmo!
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