Provavelmente você sabe o que é IPCA e percebe como ele afeta o seu dia a dia, mesmo que não consiga explicar, em um primeiro momento, o significado dessa sigla, o que ela representa e como ela funciona na prática.
Se você está começando a investir agora, precisa saber da importância de entender os indicadores econômicos e saber identificar como eles influenciam seus resultados e afetam suas decisões. Um deles é o IPCA, que influencia a sua vida tanto como consumidor quanto como investidor.
A seguir, vamos explicar melhor diversos pontos que você precisa entender sobre o assunto para que acompanhe melhor os impactos que esse índice causa tanto na sua rotina quanto no seu planejamento para investimentos.
Boa leitura!
Indice
IPCA é a sigla para Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo. Ele existe desde 1979 e é calculado todos os meses pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O objetivo dele é facilitar a identificação da oscilação dos preços no mercado, de acordo com uma avaliação mensal de categorias como:
Vale destacar que o Banco Central (Bacen) o considera como o índice oficial para a inflação. É por meio dele que se avalia se as metas de inflação — estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) — foram alcançadas pelo Governo Federal.
Dessa forma, dependendo do resultado do IPCA em determinado período, pode ocorrer a manutenção, a diminuição ou a elevação da taxa básica de juros do Brasil, ou seja, a Selic.
O IPCA também é o índice considerado como o principal parâmetro para o reajuste do salário mínimo anualmente.
Se o IPCA apresentar um índice menor que o do mês anterior, isso quer dizer que os preços subiram, mas menos do que no período que antecede o atual. Isso significa que a variação mensal para menos não pode ser considerada como uma deflação e nem que o valor dos produtos e serviços no mercado diminuíram.
Por outro lado, se ele sobe, é sinal de que os serviços e os produtos voltados para o consumo terão um reajuste de valor para cima, ou seja, isso quer dizer que os preços sofreram inflação.
O IBGE realiza uma pesquisa de preços com domicílios, prestadores de serviço, estabelecimentos comerciais e fornecedoras de serviços públicos (como as concessionárias de energia elétrica e água). Esse processo é feito todos os meses e é a partir daí que se faz o cálculo do IPCA.
Com o levantamento, identificam-se os preços que são, de fato, cobrados aos consumidores para pagamentos realizados à vista. Para isso, consideram-se as categorias e os subgrupos de produtos e serviços citados anteriormente, sendo que cada um deles tem um peso diferente no cálculo.
De acordo com a variação do IPCA, que acontece todos os meses, os preços dos produtos podem sofrer algum reajuste. Ao longo do tempo, essas alterações acabam funcionando como uma bola de neve. Porém, o que causa esse aumento?
O principal fator está relacionado à lei da oferta e demanda. Assim, se algum produto ou serviço passa por uma procura muito alta (demanda), mas a disponibilidade (oferta) dele no mercado é mais baixa, o preço sobe (e vice-versa).
Se considerarmos que o cálculo do IPCA é feito com base em uma lista com, aproximadamente, 350 itens de diversas categorias distintas, percebemos que a variação pode acontecer em decorrência de:
Além desses, tem alguns outros pontos de grande influência sobre o índice do IPCA. Explicamos os mais importantes nos tópicos a seguir.
Quando o governo precisa captar recursos, ele adota uma série de medidas. Uma delas é a impressão de papel-moeda. O aumento na circulação de dinheiro no mercado leva a um aumento do consumo e, com isso, a elevação dos preços dos produtos e serviços. Isso faz com que a inflação suba e, devido a isso, o IPCA também seja mais alto.
Em geral, o IPCA acumulado do ano é utilizado pelas empresas na hora de fazer o planejamento para o próximo ano fiscal. Assim, se o ano apresentou uma inflação elevada, a tendência é a de que as organizações implementem um aumento nos preços no próximo período.
Quando a economia fica parada (sofre inércia), isso pode ser um indicativo de que os próximos períodos podem trazer um aumento da inflação. Com isso, a tendência é a de que as empresas reajustem os preços (para cima) de forma preventiva.
Apesar de estar ligado à inflação no país, o aumento do IPCA também pode ser causado em decorrência de situações externas. Se os insumos importados sofrem um aumento, por exemplo, podem ocorrer duas situações:
Em ambos os casos, o aumento é repassado para os consumidores, o que se traduz em alta na inflação.
Agora que você já sabe o que é o IPCA e como ele funciona, é o momento de entender como ele se relaciona com outros índices. Conhecer essas relações é a melhor maneira de direcionar o seu dinheiro com sabedoria e evitar as perdas que a inflação pode causar — e que têm um peso ainda maior quando pensamos no longo prazo.
O Comitê de Política Monetária (Copom) realiza análises a fim de entender se o governo alcançou as metas de inflação. De acordo com o desempenho avaliado, o órgão do Bacen pode manter, abaixar ou elevar a taxa básica de juros, ou seja, a Selic.
É ela que define qual será a taxa de juros paga pelos títulos públicos oferecidos ao mercado. Ao mesmo tempo, a Selic é utilizada para ajudar a controlar o IPCA e, consequentemente, a inflação.
IGPM é a sigla para Índice Geral de Preços ao Mercado. Consiste em um indicador econômico que tem a mesma finalidade do IPCA. Isso significa que ele também é usado para monitorar a variação que ocorre nos preços praticados no mercado para os consumidores finais.
O cálculo é feito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e é usada principalmente para calcular a variação dos preços dos aluguéis. Como ele está ligado ao IPCA, a tendência é de que sempre haja algum aumento, por menor que seja.
Esse é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e, assim como o IPCA, é determinado pelo IBGE, com base em cálculos feitos todos os meses. Todavia, ele considera apenas a variação de preços para família com ganhos de até cinco salários mínimos. Em outras palavras, o público tem um poder aquisitivo menor.
O IPCA tem relação com os seus investimentos financeiros. Sempre que você for calcular a rentabilidade de algum título, especialmente os de longo prazo, deve subtrair tanto os impostos quanto as possíveis taxas ligadas a ele. Assim, consegue-se chegar aos ganhos líquidos.
Todavia, a inflação também deve entrar nessa conta, uma vez que ela está ligada à perda do poder de compra ao longo do tempo (fazendo com que o dinheiro se desvalorize). Após subtrair o índice, você chega à rentabilidade real.
Caso o resultado seja negativo, é sinal de que você terá “prejuízo” financeiro, uma vez que o dinheiro valerá menos no mercado ao término do prazo contratado na hora de adquirir o título.
Dito isso, vale a pena destacar que existem algumas opções de investimentos que estão atrelados ao IPCA e, portanto, independentemente do prazo, vai ajudar a manter o seu dinheiro protegido da inflação. A seguir, explicamos quais são e como funcionam.
Não é segredo para investidores que a poupança não é a melhor opção do mercado para deixar o dinheiro guardado. Dependendo da rentabilidade dela em determinadas épocas, é provável que os ganhos sejam inferiores ao IPCA, o que representaria um prejuízo para a sua carteira.
Você pode apostar em títulos do Tesouro Direto, como o Tesouro IPCA+ e Tesouro IPCA+ com juros semestrais. Ambos são diretamente atrelados ao índice e, devido a isso, têm os rendimentos calculados a partir do índice da inflação na data da compra.
Além disso, eles também pagam uma taxa predefinida, que é conhecida no momento da contratação. Dessa forma, no momento do resgate, você terá o dinheiro protegido da inflação e ainda com uma rentabilidade a mais.
Os fundos de investimento são formados por grupos de investidores, que têm cotas equivalentes aos valores investidos. A gestão do capital é feita pelo chamado gestor de fundos, que cobra uma taxa referente ao serviço.
Em geral, são um investimento de baixo risco e atende a perfis mais conservadores. Há casos em que eles seguem índices econômicos e sempre buscarão alocar os recursos em títulos que estão acima do CDI.
O Fundos de Investimentos Imobiliários (FII) direciona os investimentos para imóveis comerciais, pagando um aluguel para os investidores, de acordo com a cota aportada no fundo.
Eles estão ligados ao IGP-M, de modo geral, uma vez que os aluguéis são corrigidos no mercado com base nesse índice. Portanto, eles são uma ótima opção para manter seus ganhos acima da inflação.
As Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) são títulos emitidos por bancos, com o objetivo de oferecer crédito para o segmento imobiliário, como o nome sugere. A rentabilidade é calculada com base no CDI, índice que fica bem próximo da Selic.
Já as Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) funcionam de maneira semelhante às LCIs. Entretanto, elas direcionam os recursos para o setor agrícola e de pecuária. É possível encontrar esse título no mercado que oferece uma rentabilidade ligada ao IPCA + uma taxa prefixada.
A escolha dos investimentos financeiros deve ser feita de forma bem criteriosa, considerando todas as opções disponíveis no mercado e fazendo um estudo mais aprofundado sobre os rendimentos que os títulos oferecem para a sua carteira.
Parte do trabalho desse estudo envolve o acompanhamento de indicadores econômicos importantes para o Brasil, como é o caso do IPCA. A partir daí, consegue-se entender melhor como a inflação pode comprometer parte dos seus ganhos e fazer o seu dinheiro perder poder de compra ao longo do tempo.
Quando você entende o que é IPCA e como funciona a alteração de preços no mercado, pode usar melhor esse indicador a seu favor para encontrar investimentos mais favoráveis para o seu objetivo de proteger o seu patrimônio.
Ainda que os indicadores macroeconômicos não apresentem taxas altas e satisfatórias, os investimentos ligados a ele são importantes, especialmente se estamos falando de longo prazo. Afinal, imagine chegar na sua aposentadoria e descobrir que os seus aportes não valem o mesmo que hoje? Isso representaria uma perda substancial para o seu patrimônio.
Agora que você sabe o que é IPCA e como ele funciona no mercado, pode acompanhar as variações bem de perto e entender como elas afetam os preços praticados no mercado e quais decisões de investimentos podem ser tomadas ao longo do tempo a fim de garantir que o seu patrimônio continue crescendo.
As suas dúvidas sobre o assunto foram esclarecidas? Então, aproveite para ler e aprender um pouco mais sobre: