A dor de não respeitar seu perfil de risco  

Já reforçamos algumas vezes aqui no blog o quanto é importante você saber qual é o seu perfil de investidor antes de investir. Em meio à crise do novo coronavírus, se torna ainda mais necessário que o investidor tenha consciência do seu perfil de risco para atravessar este período sem perder a tranquilidade. E este é o assunto deste texto.

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A crise causada pela pandemia do Covid-19 é o que pode ser chamado de Cisne Negro do mercado, um evento imprevisível de forte impacto econômico.

Nosso especialista em investimentos, Keiji Hinohara, CFP®, explica que a alta volatilidade que os mercados têm apresentado no curto prazo acabou “desmascarando” alguns investidores que se diziam arrojados. E provavelmente a onda positiva que a Bolsa brasileira estava vivendo antes do coronavírus pode ter contribuído para isso.

O fantasma do otimismo 

O fantasma do otimismo em relação ao seu perfil de risco. Ilustração

Os últimos meses de 2019 foram espetaculares para o Ibovespa, que renovou suas máximas sucessivamente, chegando a atingir seu recorde com 119.593 pontos, no dia 24 de janeiro de 2020.

“Viemos de um cenário em que muitos ativos se comportaram bem e muitos investidores estavam se aproveitando disso. O mercado acabou alocando muito em risco, aproveitando esse otimismo”, apontou.

Ocorre que, com essa alegria toda do mercado, alguns investidores que não possuíam exatamente o perfil adequado para renda variável acabaram migrando alguns investimentos para estes produtos e agora estão abalados com os índices apresentando quedas tão bruscas.

FOMO e suitability

FOMO e suitability, ilustração

Existe um fenômeno chamado FOMO, que é o Fear Of Missing Out ou, em português ‘Medo de Ficar de Fora’. E Hinohara apontou que talvez o anseio de perder a ‘onda de otimismo’ tenha incentivado muitos investidores a migrarem seus investimentos.

‘’O cenário de altas recorrentes das bolsas somado aos cortes da Selic no período pré-covid-19, fez com que boa parte do investidor brasileiro errasse no que chamamos de sizing, ou dimensionamento de carteira. Isto se deu através da elevação do percentual de ativos de renda variável e multimercado do portfólio. Este movimento acabou descalibrando a exposição ao risco destas carteiras e, consequentemente, aumentando sua janela de observação e finalmente o perfil do investidor’’, pontua Hinohara.

Entretanto, é exatamente para evitar que isso aconteça que exista o suitability, uma análise capaz de identificar quais são as suas características e tolerância a riscos quando o assunto é investimento.

É uma norma da CVM que corretoras apliquem o suitability em sua base de clientes antes de qualquer investimento. Basicamente, ele consiste em uma série de perguntas, como o período em que você deseja manter os seus aportes, idade, situação financeira, conhecimento do mercado e objetivos, por exemplo.

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O que estamos querendo apontar aqui é que é preciso priorizar o seu perfil de risco sempre, independente dos momentos de altas incríveis. Pois, não é possível prever quando irão surgir os “cisnes negros do mercado” e como isso pode impactar na sua tranquilidade de investir.

Hinohara lembra que tolerância ao risco é diferente de percepção de risco: a tolerância é uma constante presente na vida de todo investidor, enquanto a percepção é mais facilmente influenciada pelo desempenho de curto prazo anterior. 

Excepcionalmente, tomamos como exemplo a euforia de parte dos investidores ao adicionar risco às suas carteiras para, meses depois sentir absoluta desconfiança ou até pânico ao fazer o mesmo movimento no cenário atual. Enquanto que outra parcela de investidores vê o cenário como uma oportunidade de reforçar a mesma posição de risco na carteira. 

“Neste caso, fica evidente que o investidor outrora eufórico e atualmente desconfiado ou em pânico tem tolerância ao risco diferente do investidor que vê o cenário atual como uma oportunidade. Logo, a percepção de risco muda frequentemente dadas as circunstâncias, porém a tolerância a risco, esta sim, é inerente a cada perfil de investidor’’, explica.

Nossa orientação sobre este momento permanece a mesma: mantenha a sua estratégia inicial. Não devemos jogar fora investimentos pensados no longo prazo por conta do impacto de curto prazo que estamos vendo. 

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O que o investidor deve buscar sempre e, em especial em momentos como este, é ter paciência. Afinal, o cenário ainda é de incertezas e, enquanto ainda estiverem surgindo novos casos, a volatilidade deve continuar. Panerai reforça que é preciso se manter tranquilo neste momento mas, também, entender a seriedade de uma pandemia como a que estamos vivendo

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