Análise fundamentalista: um guia para você aprender

Publicado por
Redação Warren

Favorita dos maiores investidores da história, como Warren Buffett e Benjamin Graham, a análise fundamentalista reúne um conjunto de estratégias que permitem avaliar a saúde financeira de uma empresa.

Mais do que isso: ela é uma das principais aliadas dos investidores que focam no longo prazo e compram ações na Bolsa de Valores com a mentalidade de sócio.

Imagine que o dono da padaria na esquina da sua rua ofereça uma sociedade para você. Se você tiver o dinheiro necessário, o que analisará para decidir se vale a pena investir?

Provavelmente você vai estudar o ponto, observar o fluxo de clientes, provar os produtos, conferir dados financeiros de geração de caixa, lucro e endividamento, além de calcular a rentabilidade do negócio.

É o básico, concorda?

Pois é isso que a análise fundamentalista se propõe: descobrir se vale a pena investir em uma empresa, com base em diversos dados e indicadores relacionados à empresa, ao mercado e ao segmento no qual ela está inserida.

Mas como aplicar a análise fundamentalista na prática?

Neste artigo, você vai conhecer os princípios da análise fundamentalista para guiar os seus estudos. Juntos, vamos aprender:

  • O que é análise fundamentalista
  • Histórico da análise fundamentalista
  • Princípios da análise fundamentalista
  • Por que usar a análise fundamentalista?
  • Principais características da análise fundamentalista
  • Como a análise fundamentalista funciona?
  • Como fazer análise fundamentalista de uma ação?
  • Quando comprar ou vender um ativo pela análise fundamentalista?
  • Diferença entre análise fundamentalista e análise técnica

Vamos juntos?

O que é análise fundamentalista?

A análise fundamentalista reúne um conjunto de técnicas e abordagens que buscam investigar uma empresa para descobrir se vale a pena investir.

Em geral, ela leva em consideração informações divulgadas pelas próprias empresas, como geração de lucro, número de clientes, crescimento da receita, entre centenas de outros dados.

Essas informações são acrescentadas do contexto macroeconômico, do panorama do setor em que a companhia atua e do histórico da organização. Desse modo, é possível traçar cenários e fazer previsões.

Outro objetivo da análise fundamentalista é determinar o o valor intrínseco de determinado ativo e comparar ao preço pelo qual ele é negociado.

Que tal uma analogia para entender melhor como a análise fundamentalista funciona?

Pense, por exemplo, nas investigações criminais. Os policiais avaliam a cena do crime e conferem o cenário, coletando e analisando provas e evidências, além dos relatos de testemunhas.

Trata-se exatamente disso: uma investigação profunda. Na análise fundamentalista, não é diferente. O que muda é o elemento de estudo e as técnicas utilizadas. Mas o objetivo, no fundo, é o mesmo: reunir o máximo de informações possíveis para destrinchar um assunto e tomar a melhor decisão.

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Histórico da análise fundamentalista

O criador da análise fundamentalista foi o célebre economista, estudioso e investidor americano Benjamin Graham. Ele é considerado o precursor por acreditar que o preço da ação deve refletir a perspectiva de performance da empresa no futuro.

Falando em termos simplificados, o objetivo de Graham era identificar os indicadores de sucesso futuro para saber quais ações tinham maior potencial de valorização.

Basicamente, sua proposta era encontrar as pistas certas para ter retorno no médio e longo prazo. Portanto, fica claro que a avaliação fundamentalista tem como foco a estratégia do holder, não do trader, ok?

A partir de sua análise, Graham encontrava ações de companhias subvalorizadas, mas com perspectivas de melhoria. Ou seja, ele achava as melhores oportunidades do mercado.

Para reforçar o conceito e começar a explicar a análise fundamentalista, é preciso entender que um dos principais objetivos é definir o valor justo para os ativos de uma companhia.

Esse objetivo é alcançado a partir da verificação da sua capacidade de gerar lucros futuros. Vamos entender melhor?

Princípios da análise fundamentalista

Para entender a análise fundamentalista, é necessário compreender suas diferentes etapas e conceitos, que formam os princípios:

  • Estudo dos demonstrativos financeiros: compreende a análise de dados qualitativos e quantitativos da companhia;
  • Cálculos e estimativas: envolvem a realização de projeções para o médio e o longo prazo, a partir dos dados coletados;
  • Comparação com outros ativos: foca em uma referência, para comparar a empresa aos seus pares;
  • Tomada de decisão: ocorre depois dos dados coletados e da análise realizada.

Dentro desse cenário, ainda é necessário entender o que é valor intrínseco, um conceito muito utilizado por quem faz valuation dos ativos em busca de oportunidades.

O pressuposto desses investidores é simples: o preço no mercado de ações não reflete necessariamente o valor real do ativo.

Eles consideram que o valor intrínseco é o verdadeiro, e não o preço de tela, pelo qual a empresa é negociada.

Por exemplo: digamos que determinada ação está sendo negociada a R$ 20. Ao fazer a análise fundamentalista e o valuation, você descobre que o preço verdadeiro, para os valores que você projetou, seria de R$ 25. Esse é o valor intrínseco.

Neste caso, poderia ser uma boa ideia comprar a ação com foco no longo prazo, porque você compraria a empresa com um desconto em relação ao valor real.

No futuro, se as suas projeções se confirmarem e a ação atingir o valor que você calculou, irá atingir um ganho de R$ 5 por papel comprado.

Aqui, é importante reforçar um dos principais pressupostos dessa abordagem: o mercado de ações vai refletir os fundamentos da empresa no longo prazo.

Por isso, ao encontrar o valor intrínseco, você reúne mais elementos para saber se vale a pena adquirir uma ação ou até mesmo vendê-la.

Vale lembrar, porém, que você nunca saberá se a sua estimativa está correta nem quanto tempo vai demorar para o preço do ativo chegar ao valor intrínseco.

Trata-se de um exercício de projeção e uma das abordagens possíveis para embasar a sua tomada de decisão. Note que não existe uma regra, nem uma única maneira de lucrar com a venda e compra de ações.

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Por que usar a análise fundamentalista?

A análise fundamentalista é recomendada para quem deseja investir na Bolsa de Valores com foco no longo prazo.

Neste caso, o objetivo é montar uma carteira de ações para construir e solidificar seu patrimônio. É o famoso buy and hold, no qual você compra as ações e carrega por muito tempo.

Para definir quais empresas comprar, os investidores de longo prazo buscam respostas para algumas perguntas, como:

  • Como está o faturamento da empresa?
  • Como está sua lucratividade?
  • A empresa é rentável?
  • Qual é a participação da companhia no seu segmento?
  • Ela é forte o suficiente para vencer os concorrentes?
  • A empresa tem vantagens competitivas?
  • Como está a capacidade do negócio de honrar seus compromissos financeiros?

Todas essas perguntas ajudam a entender se comprar aqueles ativos é uma boa ideia.

Por isso, a análise fundamentalista é uma das mais indicadas para os investimentos em renda variável.

Principais características da análise fundamentalista

Diante dos propósitos da análise fundamentalista, chegamos às suas principais características. Elas são:

  • Destrinchar a saúde financeira da empresa;
  • Descobrir se a empresa tem vantagens competitivas e perspectiva de crescimento;
  • Estudar as perspectivas do setor em que a empresa atua e quais são os aspectos referentes à economia;
  • Analisar como a gestão da empresa é realizada em comparação com a concorrência e os resultados financeiros obtidos;
  • Fazer o valuation da empresa para definir seu valor justo, a fim de refletir a situação atual da companhia e as expectativas futuras.

Como a análise fundamentalista funciona?

Como vimos, o objetivo principal da análise fundamentalista é compreender o desempenho e o comportamento de determinada companhia.

Em geral, esse processo ocorre pela análise de indicadores financeiros, os balanços e os resultados a companhia, além de dados do setor, da economia e do mercado.

Essas informações são verificadas porque definem o valor intrínseco do ativo. Com isso, o valor da companhia é avaliado, em vez do preço de suas ações. Dentro desse contexto, os fatores analisados são:

Fatores microeconômicos

O foco são as variáveis diretamente relacionadas à empresa ou ao seu setor de atuação. Aqui, os fatores são divididos em duas análises:

  • Histórica: contempla o desempenho financeiro, o Balanço Patrimonial (BP), o Demonstrativo de Resultados do Exercício (DRE) e o Demonstrativo do Fluxo de Caixa (DFC);
  • Qualitativa: abrange gestão, reputação e reconhecimento.

Esses agentes podem ser divididos em 3 principais critérios. Veja!

Gestão da empresa

Conhecer a capacidade de administração dos gestores da companhia é essencial para avaliar a empresa, porque determina como suas decisões são tomadas. A partir do histórico, é possível verificar como foi a entrega dos resultados ao longo do tempo.

Insumos e bens de produção

Idealmente, os preços de compra dos insumos deve ser o menor possível, porque isso significa que a margem de lucro operacional tende a ser maior. Portanto, o potencial de valorização também tende a ser. O cuidado é com a qualidade, já que prejuízos na satisfação dos clientes levam à perda de resultados.

Análise da concorrência

O segmento de atuação também é relevante. Por isso, a análise fundamentalista fica mais completa quando verificada a performance da empresa perante a concorrência. Desse modo, é possível definir qual é a melhor e avaliar as estratégias de benchmarking para melhoria dos resultados.

Fatores macroeconômicos

Esses fatores se referem à economia geral. São ameaças e oportunidades, que podem ajudar ou atrapalhar o desempenho da empresa na bolsa de valores. Entre as variáveis consideradas estão:

  • Nível de atividade: engloba Produto Interno Bruto (PIB) do país, emprego e renda;
  • Inflação: a inflação contempla o poder de compra e os preços do ativo;
  • Taxa de câmbio: refere-se à competitividade no mercado global;
  • Taxa de juros: abrange o crescimento no mercado.

Dentro desses fatores, os destaques são:

Taxa de juros

A taxa básica de juros da economia, a Selic, impacta o desempenho das empresas devido à alavancagem operacional. Nesse caso, recursos são captados no mercado com uma determinada taxa de juros. O dinheiro é empregado em projetos que prometem alta rentabilidade.

Por outro lado, há organizações que funcionam apenas com caixa líquido. Elas ignoram a alavancagem operacional, porque têm dinheiro sobrando. Esse capital é empregado no mercado de juros. Com isso, em tese, são prejudicadas com a baixa da taxa e beneficiadas com a alta.

Inflação

A perda do poder de compra da moeda é outro fator relevante para os investimentos.

A inflação tende a afetar as empresas de diferentes maneiras. Um exemplo são as companhias de energia elétrica. Os contratos do setor são reajustados de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA. Portanto, há garantia de reajuste nos ganhos,

Além disso, o consumo de energia tende a permanecer o mesmo, inclusive em períodos de crise. Esse é mais um fator que mostra por que essas companhias tendem a ter bons resultados e apresentar resiliência no longo prazo.

Por outro lado, as empresas de consumo podem sofrer com a alta da inflação. Como o poder de compra das famílias diminui, pode haver queda no consumo, o que impacta a geração de caixa dessas empresas.

Nível de desemprego

O aumento da taxa de desocupação é um dos fatores mais relevantes para avaliar a saúde de uma economia. A explicação é simples: quanto maior for esse índice, menor será o consumo. Desse modo, o resultado das empresas tende a diminuir e outras variáveis também são impactadas, como a própria inflação.

Fatores setoriais

O panorama do segmento de atuação da empresa também é relevante para a análise fundamentalista. Entre os fatores a serem considerados estão:

  • Tamanho e faturamento: são avaliados de acordo com a relação histórica e per capita;
  • Capacidade instalada: abrange os diferenciais competitivos;
  • Tecnologia: envolve importação e exportação;
  • Novos produtos: analisa barreiras de entrada e possível inserção de competidores no mercado.

Perceba que essas análises podem ser divididas em fundamentos quantitativos e qualitativos. Os primeiros são aqueles expressados em termos numéricos. Um exemplo é o faturamento. Os segundos, por outro lado, estão relacionados a aspectos impossíveis de serem mensurados por meio de dados, como a reputação ou o reconhecimento da marca no mercado.

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Como fazer análise fundamentalista de uma ação?

Chegamos à parte prática!

Você já entendeu o que precisa considerar na sua avaliação e está na hora de colocar esse conhecimento em prática. Então, arregace as mangas e vamos lá! Veja o que fazer, segundo as etapas que mostraremos abaixo.

Defina a abordagem da análise fundamentalista a ser utilizada

Existem duas grandes possibilidades de aplicação da análise fundamentalista: top down e bottom up. Basicamente, uma é o inverso da outra.

A primeira avalia dos fatores macroeconômicos para os microeconômicos e a segunda faz o contrário.

No caso do top down, você analisa os seguintes elementos, da forma indicada:

  • Ambiente macroeconômico, isto é, nível de atividade, inflação e taxas de juros e de câmbio;
  • Panorama setorial, ou seja, tamanho e faturamento, capacidade instalada, tecnologia e novos produtos;
  • Análise da empresa, a partir do desempenho histórico dos quesitos econômico-financeiros.

Para começar, avalie os indicadores econômicos que impactam a companhia e entenda como isso acontece. Por exemplo, entenda como a taxa de câmbio influencia os resultados da companhia. Depois, destrinche para os aspectos mais diretos que influenciam o negócio.

Entenda as metodologias da análise fundamentalista

A análise fundamentalista também pode ocorrer de maneira horizontal ou vertical, dentro da demonstração de resultados de uma empresa.

A primeira é aquela que avalia a evolução dos balanços e dados da companhia com o passar do tempo. Ela tem como objetivo avaliar a variação percentual das contas presentes no DRE considerando um intervalo de tempo. 

Desse modo, é possível identificar se houve melhoria ou piora dos indicadores. Por suas características, a análise horizontal indica tendências futuras.

Já a análise vertical, por sua vez, compara a relação entre dois campos do balanço patrimonial.

Um exemplo é comparar o lucro líquido e a receita líquida ao longo de três anos. Outro exemplo é entender quais produtos têm maior participação sobre a geração de caixa da empresa. Ou entender quais despesas têm maior influência sobre os custos.

Avalie os indicadores mais importantes

Os indicadores mais importantes para a tomada de decisão são divulgados pelas próprias empresas. Por lei, elas são obrigadas a divulgar as informações operacionais a cada trimestre.

Por isso, é importante acompanhar os resultados para conferir:

  • Balanço Patrimonial – BP;
  • Demonstrativo de Resultados do Exercício – DRE;
  • Demonstrativo de Fluxo de Caixa – DFC.

Os dados descritos nesses relatórios ajudarão a avaliar o comportamento da companhia, seu potencial de valorização, valor intrínseco, entre outras informações relevantes.

Dentro desse contexto, alguns dos principais indicadores obtidos nos demonstrativos ou através deles, são:

Índice preço/lucro (P/L)

Mostra quanto o mercado aceita pagar pelos lucros de uma empresa. Ele faz isso comparando a relação entre preço e lucro, conforme a seguinte fórmula:

P/L = preço da ação / lucro por ação

O P/L pode ser analisado de diferentes maneiras pelos investidores. Uma empresa com P/L baixo, em geral, está sendo “punida” pelo mercado, que está desconfiado da sua capacidade de geração de caixa. Já uma empresa com P/L alto, em geral, é uma empresa para a qual o mercado espera um alto crescimento.

Vale lembrar, no entanto, que nenhum indicador pode ser analisado de forma isolada.

Preço/valor patrimonial (P/VPA)

Sinaliza quanto o investidor está disposto a pagar pelo valor patrimonial da empresa. A fórmula é:

P/VPA = preço da ação / valor patrimonial da ação

Para encontrar o VPA, basta fazer o seguinte cálculo:

VPA = patrimônio líquido / número total de ações

EBITDA

O EBITDA é conhecido também como LAJIDA, ou seja, Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização. É um dos indicadores mais importantes, porque avalia o desempenho operacional da companhia, mostrando a capacidade de gerar caixa a partir da sua atividade-fim, sem considerar impostos e juros com endividamento, por exemplo.

Dividend Yield (DY)

Mostra quanto a empresa pagou em dividendos nos últimos 12 meses, considerando as cotações atuais. O cálculo é feito da seguinte maneira:

DY = dividendos pagos nos 12 meses anteriores / preço da ação

Return on Equity (ROE)

Consiste no retorno sobre o patrimônio líquido. É um indicador que mostra a eficiência da companhia e capacidade de gerar caixa a partir de recursos próprios, ou seja, se ela é capaz de crescer com o capital já disponível.

Por suas características, o ROE mensura a eficiência da gestão empresarial. Sua fórmula é caracterizada por:

ROE = lucro líquido / patrimônio líquido do período contábil anterior

Return on Assets (ROA)

É o retorno sobre ativos, que mede se a empresa é capaz de gerar lucro com eles. Esse é outro indicador que avalia a capacidade da gestão, mas mostra se o negócio é rentável. O cálculo deve ser feito da seguinte forma:

ROA = (lucro líquido / ativo total) x 100

Margem bruta

Mensura o percentual de lucro por venda realizada. Analisa a capacidade de lucratividade e rentabilidade da companhia. Lembre-se de que o primeiro indicador assinala o ganho da empresa em relação à atividade desenvolvida. Por sua vez, o segundo analisa o potencial de retorno de determinado investimento. A fórmula da margem bruta é:

Margem bruta = (lucro bruto / receita total) x 100

Margem líquida

Avalia o percentual de lucro líquido da companhia quando comparado ao seu faturamento líquido total. Esse indicador faz parte do índice de rentabilidade e assinala a situação financeira do negócio. Por isso, é usado como margem de segurança para o investidor nos períodos de crise. Para calculá-lo, basta fazer:

Margem líquida = (lucro líquido após os impostos / receita total) x 100

Endividamento

Tem o propósito de entender como está a saúde financeira da companhia. Vale a pena compará-lo a outras empresas. A fórmula é:

Endividamento = dívida líquida / patrimônio líquido

Índice de endividamento geral

É usado na análise fundamentalista para mensurar o percentual de endividamento da organização em comparação com o total de ativos. Em outras palavras, avalia quanto dos ativos totais da empresa são financiados por meio de terceiros. O cálculo é feito assim:

Endividamento geral = (capital de terceiros x ativos totais) x 100

Índice Beta

É um indicador que mostra se o investimento é mais ou menos volátil do que a média do mercado geral. Assim, é possível saber como o preço do ativo se movimenta. No Brasil, o benchmark costuma ser o Ibovespa, índice da bolsa de valores brasileira, a B3. A fórmula é:

Beta = covariância entre o ret. do ativo e do mercado / variância do ret. do mercado

Conheça os métodos de valuation mais usados

Dentro da análise fundamentalista, o valuation também costuma fazer parte do processo, embora não seja uma regra.

Neste caso, existem alguns modelos de valuation mais populares para descobrir o valor intrínseco dos ativos.

Fluxo de Caixa Descontado (FCD)

O modelo de Fluxo de Caixa Descontado é a metodologia mais completa, porque permite visualizar receitas, margens, custos, endividamentos e investimentos. Também ajuda a ter clareza sobre os fatores que influenciam a companhia, o que leva ao preço justo do ativo.

Modelo de Gordon

O Modelo de Gordon é um pouco mais limitado, e utiliza como base a estimativa de pagamento futuros de dividendos, a partir de dados históricos. É mais usado para precificar companhias consideradas maduras e com taxas de crescimento estáveis.

Comparação de múltiplos

A comparação de múltiplos tem o objetivo de avaliar se a empresa ou o ativo está valorizado, quando comparado aos pares. Essa é uma forma de compreender o valor dos indicadores e dos dados calculados e coletados sobre a companhia. Por isso, ajuda nas tomadas de decisão.

Considere os indicadores econômicos

Já os indicadores econômicos estão relacionados à macroeconomia e não são usados de forma direta na análise fundamentalista. No entanto, ajudam a entender o cenário da empresa. Os principais são:

  • Decisões do Federal Reserve Board (FED), ou seja, o Banco Central dos Estados Unidos. Um dos principais impactos se refere à taxa de juros americana;
  • Livro Bege do FED, que apresenta a situação econômica dos Estados Unidos. É divulgada oito vezes ao ano e informa a taxa de juros local e a política monetária do país;
  • Payroll, que é divulgado a cada primeira sexta-feira de cada mês para mostrar a saúde financeira dos Estados Unidos;
  • PIB, que mostra a soma de todos os bens e serviços produzidos. No Brasil, é apresentado pelo IBGE a cada três meses;
  • Ata do Comitê de Política Monetária (COPOM), que define a taxa básica de juros da economia, a Selic, em reuniões que ocorrem a cada 45 dias;
  • Índice de Atividade Econômica do Banco Central do Brasil (IBC-Br), que é divulgado todos os meses e é considerado uma prévia do PIB;
  • Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mensura a inflação oficial do País;
  • Taxa Selic, que serve de base para as operações financeiras no Brasil;
  • Variação do dólar, que impacta as decisões estratégicas das empresas no mercado financeiro. Também impacta o preço de produtos e serviços.

Explore o conceito de value investing

O value investing é uma estratégia para selecionar as ações na hora de investir na bolsa de valores. O chamado investimento em valor prioriza os ativos com preço abaixo do valuation em determinado momento.

Ao comprar uma ação com base nesse conceito, você garante a margem de segurança. Assim, tem uma proteção maior caso a companhia tenha problemas, por exemplo, ao reduzir seu crescimento ou a margem de lucratividade.

Quando comprar ou vender um ativo pela análise fundamentalista?

Embora não exista uma receita de bolo para descobrir se é hora de vender uma ação, há algumas estratégias que os investidores costumam seguir para tomar essas decisões.

Em geral, há duas perguntas principais:

  • A empresa tem fundamentos positivos?
  • O preço do ativo tem desconto sobre seu valor intrínseco?

O segundo questionamento costuma ter uma relevância maior, especialmente se você fizer investimentos de valor baixo, porém regulares. Por outro lado, para decidir o momento da venda, é mais difícil.

Nesse caso, a decisão deve ser tomada em 4 principais situações. Elas são:

A ação atingiu seu valuation

Se a empresa chegou no patamar do valor intrínseco, significa que o preço do ativo chegou ao valor justo calculado. Neste caso, quem é adepto do valuation não vê mais margem de segurança ou potencial de valorização.

Assim, ou você revê os cálculos e cria outras projeções, ou começa a pensar em vender a ação, caso tome como regra não investir em empresas acima do valor considerado justo.

Vale lembrar, no entanto, que há muitas empresas que negociam há anos acima dos valores considerados “justos”, porque, na prática, os investidores estão colocando no preço uma enorme capacidade de crescimento e criação de receitas novas.

Os fundamentos da companhia pioraram

Acontece devido a fatores internos e externos. É preciso fazer uma análise aprofundada para ter certeza de que houve a deterioração. Para isso, é essencial acompanhar a evolução dos indicadores da empresa a cada trimestre.

A avaliação da empresa estava errada

É possível cometer erros na análise fundamentalista. Além disso, novas informações ou uma mudança de estratégia também pode alterar os resultados. Nesse caso, faça novos cálculos e veja como a companhia está em relação ao seu planejamento de longo prazo.

Uma oportunidade mais atraente surgiu

Comercializar um ativo para adquirir outro mais interessante e com melhor potencial é uma boa oportunidade. É preciso fazer uma análise correta para garantir o investimento inteligente do seu dinheiro. 

Diferença entre análise fundamentalista e análise técnica

Enquanto a análise fundamentalista analisa os dados financeiros sobre a empresa e busca entender se a companhia é um bom investimento no longo prazo, a análise técnica olha apenas a variação do preço da ação ao longo do tempo.

Também conhecida como análise gráfica, ela tem o objetivo de identificar tendências e padrões. Por isso, costuma ser utilizada no curto prazo, principalmente por traders.

Mas vale lembrar que tanto a análise fundamentalista como a análise técnica podem ser utilizadas no mercado de ações, dependendo do perfil de cada investidor.

Em alguns casos, inclusive, são metodologias que podem ser até complementares.

A seguir, abordamos as principais diferenças:

Análise fundamentalista

O foco é a análise de variáveis micro e macroeconômicas, sempre visando ao longo prazo. Por ter um horizonte mais largo, é mais usada por pessoas de perfil conservador ou moderado. Seu principal objetivo é identificar boas oportunidades e formar uma carteira de ações e carregar os ativos por bastante tempo, investindo com a mentalidade de sócio.

Análise técnica

Para os entusiastas da análise gráfica, ela pode indicar a tendência de comportamento dos preços para os próximos minutos, dias ou semanas.

Em geral, a análise técnica é focada no curto prazo, mudando a cada minuto.

Por isso, ela é mais utilizada por traders, que têm perfil arrojado. O principal objetivo é comprar um ativo para vender por um valor mais alto no curto prazo, na especulação.

Apesar de serem diversas, você pode usar as duas abordagens para complementar a sua análise. No caso da fundamentalista, os gráficos podem ajudar a confirmar se um preço está subvalorizado, para indicar a compra.

E aí, gostou de conhecer um pouco sobre a análise fundamentalista?

Como você viu, trata-se de um universo bastante extenso, em que o aprendizado é constante. Na prática, investidores que focam na análise fundamentalista estão sempre estudando e aprendendo para aperfeiçoar a tomada de decisão.

Agora que você entendeu como a análise fundamentalista funciona, que tal entender mais sobre o mercado financeiro? Aproveite e veja este guia simplificado sobre como investir na bolsa de valores.

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Publicado por
Redação Warren