Se você já investe em renda fixa, mas quer aumentar o potencial de retorno sem abrir mão da previsibilidade, vale conhecer as debêntures.
Esses títulos vêm ganhando espaço entre investidores que buscam rentabilidade acima dos CDBs e LCIs, mas com atenção redobrada aos riscos e oportunidades de cada emissão.
Entre elas, as debêntures incentivadas se destacam: são isentas de Imposto de Renda para pessoas físicas e costumam financiar projetos de infraestrutura, como energia, transporte e saneamento, setores fundamentais para o crescimento do país.
Por serem investimentos que envolvem análise de crédito, prazos longos e diferentes garantias, é comum que façam parte de fundos e carteiras geridos profissionalmente, onde uma equipe especializada cuida da seleção e da diversificação dos papéis. Essa gestão ajuda o investidor a aproveitar melhor as oportunidades e reduzir riscos em um mercado que exige acompanhamento constante.
Nos próximos tópicos, você vai entender como funcionam as debêntures, quais são seus tipos, formas de emissão, garantias, tributação e riscos, além de aprender como investir de forma segura e estratégica.
Indice
As debêntures são títulos de renda fixa corporativa emitidos por empresas (geralmente sociedades anônimas) que precisam captar recursos no mercado para financiar projetos, ampliar operações ou refinanciar dívidas.
Em outras palavras, é uma forma de empréstimo privado: o investidor compra o título, empresta dinheiro à empresa emissora e, em troca, tem o direito de receber juros periódicos e o valor principal de volta no vencimento.
Como o emissor é uma companhia — e não um banco ou o governo —, as debêntures se enquadram na categoria de títulos de crédito privado. A emissão é regida pela Lei nº 6.404/76 (Lei das Sociedades Anônimas) e fiscalizada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que garante transparência nas regras de emissão e nas informações aos investidores.
Esses títulos também podem ser registrados e negociados na B3, o que permite acompanhar o preço de mercado e realizar a compra ou venda antes do vencimento, se houver interesse e liquidez disponível.
De modo geral, as debêntures funcionam como um canal direto entre investidores e empresas, oferecendo retornos que costumam ser superiores aos de outros produtos de renda fixa, como CDBs e Tesouro Direto, em troca de um risco maior, já que não contam com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC).
O funcionamento das debêntures é parecido com o de um empréstimo.
A empresa define as condições da emissão, como o prazo, o valor a ser captado, a taxa de juros, as garantias e a forma de pagamento. Depois disso, os investidores interessados compram os títulos e passam a receber a rentabilidade acordada.
Durante o período de aplicação, o investidor recebe juros de forma periódica, que podem ser pagos semestralmente, anualmente ou apenas no vencimento. No fim do prazo, ele recebe de volta o valor principal investido.
Os prazos variam conforme o objetivo da empresa, mas costumam ser de médio a longo prazo, geralmente entre dois e dez anos, podendo ser maiores em algumas emissões.
A rentabilidade de uma debênture pode seguir três modalidades principais:
A escolha entre cada tipo depende do cenário econômico e da estratégia de quem investe. De modo geral, quanto maior o risco de crédito da empresa, maior tende a ser o retorno oferecido.
A liquidez também deve ser considerada. O mercado secundário permite a venda de debêntures antes do vencimento, mas a negociação pode ser limitada. Por isso, esse é um investimento mais indicado para quem planeja manter o título até o final do prazo.
Ainda assim, há emissões com boa liquidez no mercado. Através de uma seleção criteriosa — especialmente em fundos e carteiras administradas — é possível priorizar debêntures de emissores mais negociados, o que aumenta as chances de venda antecipada e proporciona maior flexibilidade ao investidor, sem abrir mão do potencial de retorno no longo prazo.
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As debêntures podem ser emitidas de duas maneiras, que determinam como os investidores são identificados e como o registro dos títulos é feito.
Nas debêntures nominativas, o nome de cada investidor aparece registrado diretamente na escritura de emissão, o documento que formaliza a emissão e estabelece as condições do investimento.
Esse formato permite identificar quem são os titulares dos títulos, mas exige um controle mais manual por parte da empresa emissora.
Nas debêntures escriturais, os registros são feitos e mantidos por uma instituição financeira autorizada pela CVM, normalmente também registrada na B3, que atua como custodiante dos papéis.
Nesse caso, o investidor não precisa ter o título físico nem seu nome constando na escritura, pois toda a movimentação, como compra, venda ou resgate, é controlada eletronicamente.
Esse modelo é hoje o mais comum no mercado, por oferecer mais segurança, agilidade e transparência. Além de reduzir riscos operacionais, facilita o controle das posições e a negociação dos títulos no mercado secundário.
A segurança das debêntures depende de quem emite o título e das garantias previstas na emissão.
Ao contrário de investimentos bancários como CDB, LCI ou LCA, as debêntures não têm cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Isso significa que, se a empresa emissora enfrentar dificuldades financeiras ou vier a falir, o investidor pode não receber integralmente o valor investido.
Por isso, entender as garantias contratuais é essencial antes de investir. Elas estão descritas na escritura de emissão, documento que define o que será oferecido como segurança ao investidor.
Além das garantias, é importante observar o rating de crédito, uma classificação de risco atribuída por agências especializadas, como Fitch Ratings, Moody’s e S&P Global.
Essas notas indicam a capacidade da empresa de honrar seus compromissos financeiros. Quanto melhor a avaliação, menor o risco percebido e, consequentemente, menor a taxa de juros oferecida.
As debêntures podem se diferenciar pelo tipo de remuneração, pelas garantias oferecidas e pela forma de participação do investidor no negócio. Essa diversidade permite que cada emissão se adapte à estratégia e ao perfil de risco de quem investe.
A seguir, conheça os principais tipos existentes no mercado:
São as mais comuns. O investidor empresta recursos à empresa e, em troca, recebe uma remuneração em dinheiro no vencimento, calculada conforme as condições estabelecidas no momento da aplicação.
O pagamento é sempre feito em reais e não há conversão em ações.
Nessa modalidade, o título pode ser transformado em ações da empresa emissora, de forma total ou parcial. Com isso, o investidor pode se tornar acionista, participando dos resultados e valorização da companhia no mercado.
A conversão é opcional e ocorre dentro das condições e prazos definidos na escritura de emissão.
São semelhantes às conversíveis, mas a conversão pode ser feita em ações de outra empresa, e não necessariamente da emissora original. Esse tipo de debênture é menos comum, mas pode ser usado por grupos empresariais ou holdings que possuem diferentes companhias sob o mesmo controle.
As debêntures incentivadas foram criadas pela Lei nº 12.431/2011 e têm como objetivo estimular o investimento em projetos de infraestrutura, como transporte, energia e saneamento. Elas são emitidas por empresas que atuam nesses setores e contam com isenção de Imposto de Renda e IOF para pessoas físicas, o que aumenta sua atratividade.
Além do benefício fiscal, essas debêntures contribuem diretamente para o desenvolvimento econômico do país, canalizando recursos para obras e serviços essenciais.
Nesse formato, o investidor recebe juros e uma participação nos lucros da empresa emissora, de acordo com critérios estabelecidos no contrato. Elas podem ser interessantes para quem busca rentabilidade adicional associada ao desempenho da companhia.
As debêntures perpétuas não têm prazo de vencimento. O investidor recebe juros de forma contínua, mas o valor principal não é devolvido.
Esse tipo é usado por empresas que desejam captar recursos de longo prazo sem comprometer o caixa com o resgate do investimento.
A rentabilidade das debêntures está diretamente ligada ao desempenho e à credibilidade da empresa emissora, além do tipo de título e do indexador utilizado. Como o risco é maior do que o de títulos públicos, a remuneração tende a ser mais atrativa.
É uma relação simples: quanto maior o risco, maior o retorno potencial.
A tributação das debêntures varia conforme o tipo de emissão:
Essa diferença tributária é um dos motivos que tornam as debêntures incentivadas tão procuradas entre investidores que buscam melhor rentabilidade na renda fixa.
Antes de investir, é essencial entender os riscos envolvidos nesse tipo de aplicação.
Por envolverem maior risco que outros produtos de renda fixa, as debêntures são mais indicadas para investidores de perfil moderado ou arrojado, que podem manter o investimento por prazos mais longos.
Critério | CDB | Debênture |
Emissor | Bancos | Empresas |
Tipo de título | Crédito bancário | Crédito corporativo |
Garantia | FGC (até R$ 250 mil) | Sem FGC |
Rentabilidade | Menor | Potencialmente maior |
Risco | Baixo | Médio/alto |
Liquidez | Alta | Limitada |
Tributação | IR regressivo | IR regressivo / isenção (incentivadas) |
Em resumo: enquanto o CDB financia bancos, a debênture financia empresas e oferece retornos mais altos justamente pelo risco adicional.
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Investir em debêntures exige atenção a alguns pontos essenciais. Antes de aplicar, é importante analisar quem está emitindo o título, quais são as garantias envolvidas e se o investimento combina com o seu perfil e horizonte de tempo.
O primeiro passo é entender quem está por trás da emissão. Avalie o histórico da empresa, o setor em que ela atua e sua classificação de crédito (rating). Essas informações ajudam a medir o nível de risco do investimento.
Empresas com boa reputação e notas de crédito mais altas costumam oferecer menor risco, mas também pagam juros mais baixos.
Verifique também o tipo de garantia associada à emissão. As debêntures podem ter garantia real, flutuante, quirografária ou subordinada, e cada uma oferece um nível diferente de proteção ao investidor.
Quanto mais sólida for a garantia, maior tende a ser a segurança do investimento.
Por serem investimentos de médio e longo prazo, as debêntures se encaixam melhor em perfis moderados e arrojados. É importante avaliar por quanto tempo você pode deixar o dinheiro investido e se está confortável com o nível de risco.
Existem duas formas principais de aplicar em debêntures, e a escolha depende do seu nível de conhecimento e do tempo que você deseja dedicar à gestão dos investimentos.
A compra pode ser feita no mercado primário, no momento da emissão, ou no mercado secundário, quando o título já está em circulação.
Essa alternativa exige que o investidor acompanhe o mercado, avalie o risco de crédito de cada empresa e entenda as condições de cada emissão, o que pode ser mais complexo para quem não tem familiaridade com o tema.
Nos fundos de debêntures, o investimento é coletivo: diversos papéis compõem uma única carteira, gerida por profissionais que cuidam da seleção, da diversificação e do monitoramento dos títulos.
Já as carteiras administradas funcionam como uma versão personalizada dessa gestão, adaptando a composição dos investimentos ao seu perfil e aos seus objetivos financeiros.
Na Warren, você pode investir em fundos e carteiras administradas que incluem debêntures dentro de uma estratégia de diversificação inteligente, que combina análise profissional, gestão ativa e controle de risco, garantindo mais tranquilidade e eficiência para o seu dinheiro.
Outro ponto importante é a seleção da liquidez. Ao investir por meio de fundos ou carteiras administradas, a equipe gestora pode priorizar papéis com maior volume de negociação, equilibrando retorno e flexibilidade, algo difícil de alcançar em uma escolha individual de títulos.
As debêntures são investimentos com prazo definido, determinado no momento da emissão. Por isso, o resgate normalmente acontece apenas no vencimento do título, quando o investidor recebe o valor investido mais os juros acordados.
O resgate antecipado só é possível por meio da venda do título no mercado secundário. Nesse caso, o preço de venda pode variar conforme as condições do mercado e as taxas de juros do momento, o que pode gerar ganho ou perda em relação ao valor original.
Algumas emissões permitem converter o título em ações da empresa, desde que se trate de uma debênture conversível. Essa opção é definida desde o início do investimento e pode ser interessante para quem quer participar dos resultados da companhia no futuro.
Por ter prazos mais longos e menor liquidez, a debênture é um investimento indicado para quem planeja o longo prazo e busca rentabilidade maior dentro da renda fixa.
Antes de investir, vale alinhar o prazo da aplicação aos seus objetivos financeiros, garantindo que o recurso não seja necessário antes do vencimento.
As debêntures são uma boa alternativa para quem quer diversificar a renda fixa e buscar rendimentos mais altos do que os oferecidos por produtos tradicionais, como CDBs, LCIs e Tesouro Direto.
Elas funcionam como uma forma de emprestar dinheiro a empresas em troca de juros, ajudando a financiar o crescimento do setor produtivo e, ao mesmo tempo, ampliando as oportunidades de retorno para o investidor.
É importante ter clareza de que as debêntures não contam com a proteção do FGC e que o rendimento depende da capacidade da empresa de honrar seus compromissos. Por isso, é essencial avaliar o emissor, as garantias e o prazo da aplicação antes de investir.
As debêntures incentivadas merecem atenção especial: além de financiarem projetos de infraestrutura, são isentas de Imposto de Renda para pessoas físicas, o que torna o rendimento líquido ainda mais atrativo para quem busca boa rentabilidade com segurança e previsibilidade.
Embora muitas debêntures sejam voltadas ao longo prazo, é possível equilibrar prazos e liquidez por meio de uma seleção diversificada de emissores. Com a curadoria certa, o investidor tem acesso a papéis com boa negociação no mercado, mantendo liberdade para ajustar a carteira sempre que necessário.
De modo geral, vale a pena investir em debêntures se você tem um horizonte de médio a longo prazo, entende os riscos envolvidos e quer diversificar sua carteira com títulos de empresas sólidas. Elas podem ser um bom complemento dentro de uma estratégia de renda fixa mais robusta, equilibrando potencial de retorno e estabilidade.
As debêntures são uma das formas mais diretas de investir no crescimento das empresas brasileiras. Ao comprar esse tipo de título, você apoia o desenvolvimento econômico e, em troca, pode receber rendimentos atrativos no longo prazo.
Por serem investimentos corporativos, exigem mais atenção à análise do emissor e ao prazo de vencimento, mas podem trazer retornos consistentes quando inseridas de forma equilibrada em uma carteira diversificada.
Na Warren, você pode investir em debêntures, fundos de crédito privado e outras opções de renda fixa com total transparência, sem taxas escondidas e de acordo com o seu perfil. Com orientação profissional e uma estratégia ajustada aos seus objetivos, é possível construir uma carteira sólida, diversificada e rentável.