O CDI é uma das siglas mais citadas no mercado financeiro brasileiro. Ele aparece quando falamos de CDBs, LCIs, LCAs, fundos DI, carteiras de renda fixa, contas digitais e até simulações de juros. E não é por acaso: o CDI reflete o custo do dinheiro entre instituições financeiras e se tornou uma das principais referências para quem investe.
Mesmo quem nunca aplicou em renda fixa já se deparou com expressões como “100% do CDI” ou “120% do CDI”. Mas, no dia a dia, o que isso realmente representa? Como esse número é calculado? Por que ele se movimenta tanto? E por que o CDI segue tão relevante mesmo após décadas de uso no sistema financeiro?
Neste artigo, você encontra tudo — absolutamente tudo — que importa saber sobre CDI: definição, funcionamento, histórico, relação com a Selic e com a poupança, impacto nos investimentos e como utilizá-lo na sua estratégia dentro da Warren.
Indice
O CDI (Certificado de Depósito Interbancário) é um título emitido pelos bancos para empréstimos de curtíssimo prazo entre instituições financeiras. Esses empréstimos acontecem porque, por uma regra do Banco Central, todo banco precisa encerrar o dia com saldo positivo. Se faltar dinheiro no caixa, ele pega emprestado de outra instituição — e paga juros por isso.
Esses juros formam a taxa DI, também chamada de taxa CDI. Ela é calculada diariamente, de acordo com as condições reais do mercado.
Mas o CDI não é apenas uma taxa técnica entre bancos. Ele acabou se tornando um indicador que:
Por isso, entender o CDI é praticamente um pré-requisito para quem quer investir com segurança e clareza.
A importância do CDI vai muito além de aparecer na rentabilidade de CDBs e fundos DI. Esse indicador cumpre funções essenciais no sistema financeiro brasileiro.
O CDI mostra quanto uma instituição precisa pagar para se financiar no curtíssimo prazo. É uma medida concreta do custo de manter a liquidez diária. Isso afeta todo o sistema de crédito: o que encarece ou barateia para bancos se reflete nos produtos oferecidos ao público.
Além disso, esse custo funciona como um parâmetro diário para operações financeiras mais complexas, incluindo contratos corporativos e negociações entre grandes instituições. Por ser atualizado todos os dias, o CDI ajuda o mercado a reagir rapidamente a mudanças no cenário econômico.
Grande parte das aplicações de renda fixa usa o CDI como referência. CDBs pós-fixados, LCIs, LCAs e fundos DI ajustam sua rentabilidade diariamente de acordo com esse índice. Esse padrão facilita comparações entre produtos e objetivos diferentes.
A ampla adoção do CDI também reduz ruídos no processo de escolha: investidores podem avaliar desempenho relativo entre alternativas distintas usando uma mesma referência. Isso ajuda a criar uma “linguagem comum” no mercado e torna a análise de carteiras mais simples.
O CDI é uma quase uma réplica da taxa Selic, taxa básica de juros do Brasil. Enquanto o CDI for semelhante à Selic (entre 0,1% e 0,2% de diferença), a economia é considerada ‘estável’. Quando o CDI abre uma maior diferença, indica um desequilíbrio, ativando um série de alertas no Banco Central, que monitora a situação de perto.
Essa proximidade também é um sinal de que os bancos estão confiando no sistema e têm disposição para emprestar uns aos outros, mantendo a fluidez das operações interbancárias. Por isso, analisar o CDI ajuda a entender como anda a saúde financeira do mercado.
Enquanto a Selic é uma meta revisada a cada 45 dias, o CDI é o reflexo “ao vivo” do mercado. Por isso, ele é usado para decisões de curto prazo e para avaliar o impacto imediato de mudanças no cenário econômico.
Esse comportamento diário permite ajustes rápidos em estratégias de renda fixa, já que a reação à política monetária acontece no mesmo dia. Assim, o CDI funciona como um ponto de leitura imediata do ambiente econômico.
A taxa DI afeta não apenas investimentos, mas financiamentos, operações de crédito corporativo, negociações entre instituições e até estruturas de hedge utilizadas por empresas.
Além disso, muitos bancos usam variações da taxa DI para precificar seus próprios produtos, o que influencia tanto clientes pessoa física quanto empresas. Isso torna o CDI um componente central de decisões financeiras em diversas camadas do mercado.
Em resumo: o CDI é importante porque ajuda a manter o sistema funcionando e permite que investidores interpretem os movimentos do mercado com mais precisão. Ele conecta o comportamento dos juros ao dia a dia das aplicações financeiras, tornando decisões mais consistentes e alinhadas ao cenário econômico.
LEIA TAMBÉM | Qual é o melhor investimento de renda fixa? Descubra agora
O cálculo do CDI é feito pela B3, a Bolsa de Valores brasileira, com base nas operações interbancárias registradas todos os dias. Esse processo garante que o índice represente o custo real do dinheiro no mercado e acompanhe as condições de liquidez do sistema financeiro. O processo segue estes passos:
Os bancos fazem seus empréstimos diários com garantia em títulos públicos. Cada operação tem uma taxa, um valor e um prazo (overnight).
Além disso, todas essas transações são obrigatoriamente registradas na B3, o que cria um ambiente organizado, seguro e padronizado. Isso evita distorções e assegura que as taxas reflitam, de fato, o comportamento do mercado.
A B3 reúne todas essas informações e calcula a taxa média ponderada, considerando o volume negociado.
Esse cálculo ponderado é importante porque evita que operações muito pequenas distorçam o resultado. A metodologia privilegia os negócios de maior valor, que representam melhor a dinâmica entre instituições financeiras.
O resultado é divulgado como taxa DI diária, que é usada como parâmetro para o mercado.
A atualização ocorre todos os dias úteis, e essa informação passa a orientar imediatamente produtos de renda fixa, operações de crédito e ajustes de fundos. O mercado inteiro acompanha essa divulgação, já que ela funciona como um “termômetro diário” dos juros.
Como o CDI é diário, ele se acumula ao longo dos 252 dias úteis, formando a taxa anual usada para comparar investimentos.
Esse acúmulo diário faz com que produtos pós-fixados respondam muito rapidamente às mudanças na economia. Ao final de cada período, o acumulado do CDI serve como referência para avaliar o desempenho de fundos, CDBs e outras aplicações.
Esse método garante que o CDI reflita fielmente o comportamento do mercado interbancário, funcionando como um indicador transparente e confiável de curto prazo.
Em novembro de 2025:
A diferença tradicional de 0,1 ponto percentual aparece porque o CDI representa um risco ainda menor do que emprestar dinheiro diretamente ao governo — uma vez que os bancos utilizam títulos públicos como garantia.
Esse nível elevado segue o ciclo de combate à inflação, iniciado em 2021 e estendido pelos anos seguintes.
A evolução do CDI ao longo da última década mostra como o Brasil alterna ciclos de juros altos e baixos. No período mais recente, o CDI acompanhou o movimento da Selic e subiu conforme as pressões inflacionárias aumentaram.
Veja uma linha do tempo resumida:
| Ano | CDI anual aproximado |
| 2011 | 11,59% |
| 2012 | 8,40% |
| 2013 | 8,06% |
| 2014 | 10,81% |
| 2015 | 13,24% |
| 2016 | 14% |
| 2017 | 9,93% |
| 2018 | 6,42% |
| 2019 | 5,96% |
| 2020 | 2,75% |
| 2021 | 4,42% |
| 2022 | ~10,65% |
| 2023–2024 | patamar elevado, acompanhando a Selic |
| 2025 (até nov.) | 14,9% |
Esse histórico ajuda a entender por que produtos atrelados ao CDI podem ter desempenho muito diferente conforme o ciclo econômico.
O CDI está diretamente ligado à Selic, e essa relação é quase perfeita. Isso ocorre por fatores estruturais:
A Selic define o custo mínimo para empréstimos no país. A cada 45 dias, o Copom se reúne — sempre em dois dias, normalmente terça e quarta — para decidir a nova taxa que valerá até o próximo encontro. Nessas reuniões, além de anunciar a Selic, o Comitê também indica a probabilidade de manter, elevar ou reduzir os juros no ciclo seguinte, o que já orienta as expectativas do mercado.
Um paralelo interessante está nos Estados Unidos: o Federal Reserve também divulga suas decisões de juros em reuniões periódicas. Quando os calendários coincidem, temos a chamada “super quarta” (dia em que o FED e o Copom anunciam suas taxas quase simultaneamente). Como os juros norte-americanos têm enorme influência global, as decisões do FED acabam impactando o cenário brasileiro, que por sua vez define a Selic no mesmo dia.
Os bancos só emprestam dinheiro entre si por uma taxa ligeiramente inferior à Selic. Se fosse maior, ninguém emprestaria a outros bancos; se fosse menor demais, haveria desequilíbrio.
Em resumo:
O CDI funciona, na prática, como uma Selic diária implementada pelo mercado.
A poupança tem regras próprias de rendimento:
Quando a Selic > 8,5% ao ano (como em 2025):
Quando a Selic ≤ 8,5% ao ano:
Na prática, os produtos pós-fixados atrelados ao CDI quase sempre apresentam desempenho superior ao da poupança. Isso acontece porque:
Por isso, comparar rentabilidades usando o CDI ajuda a identificar alternativas mais eficientes.
Render 100% do CDI significa acompanhar exatamente o desempenho do índice no período. Por exemplo, se o CDI está acumulado em 14,9% ao ano, um produto de 100% do CDI também entregará 14,9% ao ano (antes de impostos).
Outros percentuais:
Produtos que oferecem 110% ou 120% do CDI geralmente têm características específicas, como menor porte do emissor, prazos maiores ou menor liquidez.
LEIA TAMBÉM | Tipos de renda fixa: veja quais são, compare vantagens e escolha
O CDI afeta tanto o desempenho quanto a estratégia de quem investe. Ele funciona como uma referência para entender como os juros se movimentam e como esses movimentos chegam até a rentabilidade final dos produtos de renda fixa. Além disso, o índice ajuda a organizar expectativas e a comparar alternativas de maneira objetiva.
CDBs, LCIs, LCAs e fundos DI seguem o CDI. Quando o CDI sobe, esses produtos melhoram; quando cai, rendem menos.
Essa dinâmica torna a renda fixa pós-fixada mais sensível às decisões de política monetária, já que qualquer alteração na Selic acaba refletindo na taxa DI. Por isso, produtos atrelados ao CDI são ideais para momentos em que o investidor busca acompanhar o comportamento dos juros com precisão.
O CDI virou uma linguagem comum no mercado. Dizer que um título rendeu 110% do CDI facilita a comparação entre alternativas.
Com essa padronização, fica mais fácil identificar quais produtos têm desempenho mais consistente ou mais adequado ao perfil e ao objetivo. O uso do CDI elimina ruídos e dá ao investidor uma visão mais clara da relação entre risco, prazo e retorno.
Quanto maior o percentual do CDI oferecido por um investimento, maior costuma ser o risco ou a carência envolvida.
Isso acontece porque emissores menores, prazos maiores ou baixa liquidez exigem uma taxa mais compensadora. Assim, o CDI também serve como sinalizador de risco: percentuais mais altos geralmente sugerem mais exposição, enquanto percentuais próximos de 100% tendem a representar alternativas mais conservadoras.
Investimentos atrelados ao CDI normalmente compõem a parte mais estável de uma carteira. Por isso, costumam aparecer em objetivos de curto e médio prazo.
Essa previsibilidade permite equilibrar a carteira, especialmente quando o investidor combina ativos pós-fixados com títulos prefixados ou indexados à inflação. O CDI funciona, assim, como um pilar de segurança dentro da estratégia.

O histórico do CDI mostra como os ciclos de alta e baixa dos juros influenciam o desempenho da renda fixa e ajudam a explicar o comportamento dos investimentos ao longo dos anos. Foto: Shutterstock
Investir com base no CDI oferece clareza e previsibilidade, especialmente para quem busca estabilidade na renda fixa. Mas, como qualquer referência de mercado, ele também tem limites e comportamentos que mudam conforme o ciclo econômico. Entender esses pontos ajuda a tomar decisões mais equilibradas.
O CDI serve como base para diversos investimentos e aparece tanto em produtos simples quanto em estruturas mais sofisticadas. Ele funciona como referência de rentabilidade, como parâmetro de risco e como forma de acompanhar o comportamento dos juros no curto prazo. Os mais comuns são:
Emitido por bancos e disponível em versões pós-fixadas (CDI), prefixadas ou híbridas. Tem proteção do FGC e costuma ser a porta de entrada para quem busca renda fixa.
É um dos instrumentos mais flexíveis, com opções de liquidez diária, prazos mais longos e percentuais variados do CDI. Isso permite ajustar a escolha ao objetivo e ao prazo da estratégia, mantendo previsibilidade no rendimento.
As LCI e LCA financiam setores estratégicos e são isentos de IR para pessoas físicas. Usam o CDI como parâmetro em muitos produtos pós-fixados.
Por serem títulos vinculados ao crédito imobiliário e ao agronegócio, oferecem boa relação entre retorno e segurança, especialmente em cenários de juros altos. Além disso, também contam com garantia do FGC, o que amplia a atratividade.
Buscam acompanhar de perto a variação do CDI. São acessíveis, diversificados e ideais para objetivos de menor prazo ou caixa.
A gestão profissional e a composição com títulos públicos tornam esses fundos uma alternativa prática para quem busca rendimento alinhado ao CDI sem precisar escolher papéis individuais. Eles costumam ser usados como parte da reserva ou como apoio à liquidez.
Algumas debêntures incentivadas utilizam o CDI como referência. As Letras de Câmbio funcionam de forma semelhante aos CDBs, mas são emitidas por financeiras e, de maneira geral, têm valores iniciais mais altos, muitas vezes a partir de R$ 50 mil ou R$ 100 mil. Por isso, acabam sendo menos conhecidas e menos acessíveis ao investidor iniciante.
Debêntures atreladas ao CDI podem aparecer em carteiras mais sofisticadas, oferecendo retornos competitivos e exposição ao crédito privado. Já as Letras de Câmbio costumam oferecer percentuais mais altos do CDI por envolverem emissores menores, o que exige atenção ao risco do emissor e compatibilidade com o perfil do investidor.
Na Warren, você investe com planejamento e clareza, sem precisar escolher produtos isolados sem contexto. O CDI aparece na plataforma de duas maneiras:
Tudo isso dentro de um modelo que prioriza experiência, transparência e decisões bem estruturadas.
LEIA MAIS | A taxa Selic e a inflação: descomplicamos tudo que você precisa saber
Mesmo depois de décadas, o CDI segue como um dos principais indicadores da economia brasileira. Ele mostra o custo real do dinheiro, reflete a política monetária e orienta boa parte das decisões de renda fixa.
Com o CDI em 14,9% ao ano (novembro de 2025) e a Selic em 15%, o momento atual reforça sua relevância. Entender como o CDI funciona é entender como os juros se movem, como o crédito se ajusta e como o seu dinheiro pode ter bom desempenho com mais previsibilidade.