O PIB é o indicador econômico mais importante de qualquer país. Ele representa o valor de todos os bens e serviços produzidos pela nação e serve como um medidor da atividade econômica.
Em 2020, o impacto da pandemia do novo coronavírus causou uma queda de 3,5% no PIB mundial, segundo estimativa do Fundo Monetário Internacional (FMI).
No Brasil, o PIB do ano passado foi de R$ 7,4 trilhões, de acordo com o IBGE. Este valor corresponde a um tombo de 4,1% em relação a 2019 e é um sinal de recessão econômica.
Mas o que esses dados significam, na prática? Como é feito o cálculo do PIB?
Neste artigo, você vai conhecer mais sobre este indicador e entender melhor o cenário atual da economia brasileira.
Conhecer em detalhes esse indicador é essencial para qualquer investidor com investimentos em renda fixa ou renda variável, que se preocupa com os rumos da economia.
Vamos entender?
Indice
A sigla PIB significa “Produto Interno Bruto” e corresponde à soma do valor de todos os bens finais produzidos dentro de um país, estado ou município. Ele costuma ser representado por ano e também por trimestre.
Ao contrário do que muitos acreditam, o PIB não representa todo o dinheiro ou riqueza que existe em um país.
Na verdade, ele é uma medida de fluxo econômico, isto é, daquilo que foi produzido e vendido em uma determinada economia.
O PIB é um indicador tão relevante que é frequentemente citado no noticiário como “atividade econômica” ou simplesmente “economia”.
Quando o PIB de um país sobe, isto indica que ele está produzindo mais e recebendo mais investimentos.
No Brasil, o PIB oficial é calculado pelo IBGE, mas existem outros medidores de atividade econômica.
Alguns exemplos são o IBC-Br (publicado pelo Banco Central), também chamado de “prévia do PIB”, e o Monitor da Atividade Econômica da FGV.
Cada país divulga seu PIB em sua própria moeda nacional.
Algumas entidades, como o FMI e o Banco Mundial, são responsáveis por calcular o PIB global e a comparação dos PIBs nacionais expressados em dólar.
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O cálculo do PIB envolve o valor de todos os bens e serviços finais produzidos por uma economia pelo preço do produto aos consumidores.
Isto significa que a conta do PIB não inclui os preços de insumos, taxas ou bens intermediários, pois considera-se que estes custos estão incluídos no valor final de venda.
Além disso, o PIB leva em conta somente os bens e serviços produzidos internamente.
As exportações e compras feitas por estrangeiros são adicionadas à conta, mas não o consumo de produtos fabricados no exterior.
Vale destacar que uma parcela considerável do PIB pode ser movimentada pela economia informal — isto é, não declarada ao governo —, que é difícil de ser mensurada.
No Brasil, a contribuição informal ao PIB é estimada com base em dados de emprego e renda.
Existem duas formas principais de expressar o indicador: o PIB nominal, com base em valores correntes, e o PIB real, baseado em valores constantes.
Essa diferença serve para evitar distorções no cálculo do PIB causadas pela inflação.
Quando o PIB cresce, a alta pode ser causada pelo aumento da produção ou por um encarecimento dos bens e serviços.
Assim, o PIB real é um indicador mais adequado para comparar a atividade econômica de um ano para outro, desconsiderando a variação de preços.
O IBGE calcula o PIB real do Brasil tendo os preços de 1995 (início da série histórica) como referência.
Já o PIB nominal é útil para comparar a atividade econômica de vários países em um dado momento, desconsiderando as diferenças de custo de vida e flutuações do câmbio.
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O PIB brasileiro foi de R$ 7,4 trilhões (US$ 1,42 trilhões) em 2020, uma queda de 4,1% em relação ao ano anterior.
Os principais estados contribuidores para o PIB brasileiro são:
Um levantamento preliminar da agência Austin Rating coloca o PIB do Brasil como 12º maior do planeta em 2020, sendo ultrapassado por Canadá, Coreia do Sul e Rússia.
No ano anterior, o Brasil ocupava o 9º lugar no ranking das economias mundiais e era o único país da América Latina entre os dez maiores PIBs do planeta.
O relatório da Austin Rating prevê ainda que o país pode recuar ao 14º lugar no ranking em 2021, perdendo espaço para Austrália e Espanha.
As três maiores economias globais hoje são:
Desde o início da série histórica em 1996, o Brasil registrou quatro anos de retração do PIB: 2009 (-0,2%), 2015 (-3,5%), 2016 (-3,3%) e 2020 (-4,1%).
Entre a primeira década dos anos 2000 e o início dos anos 2010, o Brasil viveu um período de forte crescimento econômico.
Alguns fatores que impulsionaram a expansão econômica foram o cenário externo favorável, o ciclo de industrialização da China e as políticas públicas de incentivo fiscal e transferência de renda.
Em 2009, repercutindo os efeitos da crise global iniciada no ano anterior, o PIB brasileiro registrou sua primeira queda (0,2%) desde o impeachment de Fernando Collor, em 1992 (-0,5%).
Contudo, o país consolidou sua retomada econômica e o PIB avançou 7,5% em 2010, a maior alta da série histórica atual.
Já em 2015, quando as tensões políticas se intensificaram em torno da crise fiscal e resultaram no impeachment da presidente Dilma Rousseff, o PIB afundou 3,5% e despencou mais 3,3% no ano seguinte.
A recuperação teve início em 2017, quando o PIB registrou alta de 1,0%. Contribuíram para a retomada o aumento do consumo, as exportações do agronegócio, os cortes na taxa Selic e a liberação dos saques de contas inativas do FGTS.
O crescimento se sustentou em ritmo suave pelos anos seguintes, limitado pela instabilidade política e pelas medidas de ajuste das contas públicas.
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Segundo o IBGE, o recuo de 4,1% do PIB em 2020 foi o mais acentuado dos últimos 30 anos e o terceiro pior da história, interrompendo uma série de três anos de crescimento.
A pandemia da Covid-19 agravou o cenário econômico brasileiro já fragilizado e aprofundou o desemprego e a crise fiscal no país.
O consumo das famílias, um dos principais motores da atividade econômica, caiu 5,5% em relação a 2019.
As despesas com consumo do governo recuaram 4,7%, reflexo da pauta econômica de ajuste fiscal.
Excluindo gastos contra a pandemia — grande parte em transferência de renda e fundos garantidores —, os investimentos do governo caíram mais de 20% em 2020.
Em termos de atividade econômica, o setor de serviços — que representa mais de 70% da contribuição ao PIB brasileiro — sofreu retração recorde de 4,5% e foi o principal responsável pelo tombo da economia.
Os serviços foram os principais prejudicados por medidas de distanciamento social e pelo atraso na vacinação contra o coronavírus.
Dentro deste segmento, o grupo mais impactado foi o de Outras Atividades de Serviços (-12,1%), composto primariamente por negócios presenciais como hotéis, educação e alimentação fora de casa.
Como estas atividades tendem a gerar aglomerações pela sua própria natureza, foram as maiores afetadas pelas restrições contra a Covid.
As linhas de crédito e pacotes de estímulo aprovados pelo governo federal não foram suficientes para evitar a forte queda do setor.
No setor industrial, a queda total do PIB foi de 3,5%. O resultado foi o pior em cinco anos, desde a retração de 4,6% registrada em 2016.
Neste grupo, teve destaque a forte baixa do ramo de Construção (-7,0%).
As Indústrias de Transformação (-4,3%) também sofreram um grande baque, provocado pelo recuo na fabricação de veículos e do menor volume produzido em vestuário e metalurgia.
Por outro lado, a alta recorde na extração de petróleo bruto e os ganhos em produção de gás natural ajudaram a limitar as perdas em volume de minério de ferro e manter o segmento da Indústria Extrativista no positivo, com avanço de 1,3%.
Já o agronegócio foi na contramão dos outros setores e registrou alta de 2,0% em 2020.
A principal atividade exportadora do Brasil quebrou recordes de produção, saldo e volume embarcado.
A atividade agropecuária limitou parcialmente o deslizamento do PIB, favorecida por ganhos de produtividade, desvalorização do real e retomada gradual da demanda externa.
Apesar deste impulso do agro, a crise atingiu o país antes da recuperação das quedas de 2015 e 2016 e a economia ainda não retornou ao patamar pré-pandemia.
O PIB brasileiro encontra-se hoje 1,2% abaixo do último trimestre de 2019, e 4,4% menor do que o ápice da atividade econômica no primeiro trimestre de 2014.
Para 2021, a expectativa é que o Brasil volte a crescer moderadamente, mas não o bastante para recuperar o país completamente das perdas da pandemia.
O FMI prevê uma alta de 3,6% do PIB brasileiro neste ano e 2,6% em 2022.
Já o mercado financeiro enxerga um cenário menos otimista, com avanço de 3,2% em 2021 e 2,3% no ano que vem, segundo o Relatório Focus do Banco Central.
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O PIB per capita (em latim, “por cabeça”) é calculado através da divisão do PIB pelo número de habitantes de um país.
Este dado representa o quanto cada indivíduo na economia receberia se o PIB fosse distribuído igualmente.
O cálculo do PIB per capita é baseado no PIB nominal ajustado pela Paridade de Poder de Compra (PPC), um modelo estatístico que busca evitar distorções do poder aquisitivo de cada país causadas por variações na taxa de câmbio.
A PPC facilita a conversão do PIB de vários países para a mesma moeda considerando o custo de vida local e as variações internas de preços, uma vez que a taxa de câmbio é resultado de comércio exterior e especulação e não afeta todos os produtos igualmente.
Assim, enquanto o PIB representa o crescimento de uma economia, o PIB per capita pode ser considerado um medidor de desenvolvimento econômico.
Ele indica se o aumento da atividade em uma economia está se refletindo em um maior poder de compra da população.
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Em razão da desigualdade social histórica, concentração de renda e alta taxa de desemprego, o Brasil apresenta uma grande discrepância nas comparações globais entre PIB e PIB per capita.
Em 2020, o PIB per capita brasileiro despencou 4,8% em 2020 e chegou a R$ 35.172, resultando na maior queda em 25 anos.
De acordo com um estudo da FGV, o Brasil mantém em 2020 a 12ª posição em PIB per capita entre as 14 maiores economias do planeta.
O PIB per capita brasileiro corresponde a cerca de 25% do norte-americano e está à frente apenas da Índia e Indonésia.
No entanto, considerando todos os países do mundo, a posição brasileira cai consideravelmente neste ranking.
Segundo estimativa do Fundo Monetário Internacional, o Brasil ocupa hoje o 83º lugar em PIB per capita e fica atrás de nações com PIB muito menor, como Suriname, Bósnia e Herzegovina e Cazaquistão.
Já o Banco Mundial posiciona o Brasil ainda mais abaixo no ranking. Por esta projeção, o país tem o 85º maior PIB per capita do mundo e perde para Gabão, Líbia e Barbados.
De acordo com esta estimativa, o PIB per capita brasileiro chega a ser menor que a média mundial, enquanto 73 países se encontram acima da média.
Neste artigo, você entendeu a relevância do PIB como um indicador de desempenho da economia brasileira.
Agora, você poderá acompanhar o noticiário econômico que trata do assunto com mais propriedade para tomar suas decisões de investimento.
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