A primeira semana de agosto foi um verdadeiro teste de resiliência para o mercado.
Nos Estados Unidos, a política externa de Washington deu uma guinada inesperada com as tarifas de Trump no Brasil, enquanto o Federal Reserve, dividido, sinalizava cautela diante de dados de inflação ainda resistentes.
No Brasil, apesar do desemprego atingir seu menor nível histórico, o Copom surpreendeu ao manter uma postura dura, forçando o mercado a recalcular suas apostas para o futuro dos juros.
Continue a leitura para entender como esses movimentos afetaram de Wall Street a Brasília e o que esperar daqui para frente.
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Donald Trump voltou a ser protagonista na cena econômica global ao anunciar uma nova leva de tarifas, agora mirando a Índia, após já ter imposto alíquotas elevadas ao Brasil.
No caso brasileiro, a tarifa saltou de uma das mais baixas para a mais alta entre os países listados, excluindo a China. Mesmo com a retórica inflamada, a justificativa econômica para essa decisão é frágil: os Estados Unidos têm superávit comercial com o Brasil, o que reforça a tese de motivações políticas por trás da medida.
Ainda no exterior, os dados de inflação nos EUA surpreenderam ligeiramente para cima, com o PCE, índice preferido do Fed, mostrando resiliência, especialmente no setor de serviços.
Apesar disso, o payroll divulgado na sexta-feira veio muito abaixo do esperado, com revisões negativas relevantes. O mercado interpretou esse conjunto de dados como sinal de desaceleração, o que reforçou apostas em cortes de juros já a partir da reunião de setembro.
Dois membros do Fed votaram por cortes imediatos, mostrando divisões internas no comitê.
No Brasil, o anúncio de tarifas dos EUA gerou preocupações sobre o impacto no comércio exterior. Apesar de uma lista de exceções que cobre cerca de 36% das exportações brasileiras, incluindo suco de laranja, petróleo e produtos da Embraer e Suzano, cerca de um quarto das exportações ainda será afetado.
A reação das empresas incluiu a antecipação de embarques pelos principais portos do país, com o Porto de Santos registrando aumento de atividade.
Em meio a esse cenário, o mercado de trabalho brasileiro surpreendeu positivamente: a taxa de desemprego caiu para 5,8%, o menor nível desde 2012, impulsionando consumo e pressionando a inflação de serviços.
O Copom, no entanto, manteve os juros em 15% e adotou um tom duro no comunicado, sinalizando que cortes estão distantes. O objetivo é evitar que o mercado antecipe reduções de juros, o que comprometeria a eficácia da política monetária.
A temporada de resultados do 2T25 segue movimentada. Gerdau apresentou desempenho sólido, sustentada pela operação nos EUA, que hoje responde por mais de 60% do seu EBITDA.
A empresa é a favorita no setor de siderurgia, apesar da cautela com o cenário interno, fortemente afetado pela penetração do aço chinês.
CSN e CSN Mineração enfrentam desafios distintos: a primeira com problemas de alavancagem e vendas de ativos; a segunda, com desempenho financeiro sólido, mas avaliação pouco atrativa.
A Vale, por sua vez, teve um trimestre positivo, com boa recuperação nos metais básicos e possibilidade de dividendos extraordinários, sustentada pelos preços do minério de ferro.
No setor de telecomunicações, Vivo e TIM seguiram com bom desempenho no segmento móvel. A Vivo se destaca pelo crescimento consistente e menor risco, sendo hoje a preferida para alocação no setor.
A TIM, embora com bons resultados no pós-pago, enfrenta dificuldades no segmento fixo.
A curva de juros brasileira teve pouca variação após a reunião do Copom, diferentemente dos EUA, onde os dados mais fracos movimentaram fortemente as Treasuries.
Os prefixados continuam girando entre 13,50% e 13,80%, enquanto o câmbio manteve-se estável em torno de R$ 5,54. O Ibovespa recuou levemente e encerrou a semana nos 132.400 pontos.
A semana promete novas pistas sobre a atividade econômica. Na terça-feira, serão divulgados os PMIs no Brasil e nos EUA. Na quinta, o IGP-DI pode trazer novos sinais sobre a inflação doméstica.
E na sexta-feira, saem os pedidos de seguro-desemprego nos EUA, acompanhados de perto pelo mercado.
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