Entender como funcionam as ações preferenciais é essencial para quem decide investir na Bolsa de Valores com foco no longo prazo.
Identificadas pelo número 4 ao fim do código, as ações preferenciais (PN) dão preferência na distribuição de dividendos aos seus acionistas.
Por isso, elas acabam sendo muito procuradas por quem deseja viver de dividendos e está disposto a construir uma renda passiva por meio do investimento em renda variável.
Mas até que ponto investir em ações preferenciais vale a pena? Quais são os cuidados que você precisa tomar?
É isso que você vai entender neste artigo.
Vamos juntos?
Indice
As ações preferenciais (PN) são aquelas que dão a preferência na distribuição de dividendos aos seus acionistas. Elas são caracterizadas no código da empresa por conter o número 4 após a sigla, como PETR4, que é a Ação Preferencial Nominativa da Petrobras. Além disso, essas ações têm a característica da exigibilidade, na qual a empresa pode, a qualquer momento comprar novamente a ação do acionista.
Em conjunto com as ações ordinárias (ON), as ações preferenciais compõem os tipos de ações mais comuns na bolsa. Enquanto as ações PN são identificadas pelo dígito 4, as ações ON são diferenciadas pelo dígito 3. No caso de Petrobras, a ação ON da empresa é a PETR3.
Não é uma regra, mas, geralmente, as ações preferenciais têm maior liquidez em relação às ordinárias. No caso da Petrobras, que usamos de exemplo, os dois tipos de ação são encontrados com facilidade na bolsa sendo negociados em grandes volumes.
A liquidez é importante porque indica a velocidade na qual você consegue transformar o seu investimento em dinheiro, de fato. Na prática, ela mostra o volume de ações negociado diariamente — quanto maior esse número, maior a liquidez.
Ela pode ter um grande peso na hora de optar por um papel ou outro. Via de regra, quanto maior a liquidez, melhor para os investidores, porque menores são os riscos de que eles não consigam vender o papel em caso de necessidade.
Agora, para os pequenos investidores, a liquidez da grande maioria dos papéis acaba sendo suficiente.
Entre as empresas listadas na Bolsa de Valores, é comum encontrar empresas com ações preferenciais (PN) e ações ordinárias (ON), mas boa parte delas tem apenas ações ordinárias.
Há duas diferenças principais quando falamos em ações preferenciais e ações ordinárias:
Vamos entender melhor?
As ações ordinárias são as mais comuns. Quando se fala de “ação” de forma ampla, é delas que estamos falando. Elas dão direito aos votos nas assembleias, quando se detém uma quantidade relevante de papéis desse tipo de determinada empresa.
Também é possível, quando você é um acionista relevante de ações ordinárias, participar da indicação dos administradores da empresa ou aprovar ou rejeitar a construção de uma nova unidade, por exemplo.
Ou seja, as ações ordinárias dão maior poder de decisão aos acionistas. Por isso, elas são mais procuradas por quem investe em ações com foco no longo prazo e deseja se tornar realmente um sócio da companhia. Como veremos à frente, essas são as mesmas ações dos controladores.
Já nas ações preferenciais, além da sua preferência no recebimento de dividendos, esse favoritismo se mantém também no recebimento de juros sobre capital próprio (JCPs).
Além disso, também não podemos deixar de citar a prioridade na restituição do capital investido em caso de falência ou liquidação da empresa, seja qual for o motivo.
Nesses casos, só há poder de voto em casos específicos, como o registro de prejuízos frequentes por parte da empresa e a não distribuição de dividendos por três anos. Nesse contexto, a legislação prevê que quem possui ações preferenciais, os preferencialistas, tenham direito ao voto.
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Essas ações têm, de fato, preferência na hora do recebimento de dividendos. Mas, na prática, isso não é tão discrepante como pode parecer na teoria. As ações ordinárias também recebem dividendos e o percentual não costuma fazer tanta diferença, quando comparamos ao valor pago pela ação.
Geralmente, os acionistas das ações preferenciais recebem dividendos 10% maiores do que as ações ordinárias.
Inclusive, os preços de ações preferenciais costumam ser mais altos do que o preço das ordinárias em decorrência dessa diferença.
Mas, claro, isso não é uma regra e a diferença de preços entre as ações dependem de diversos fatores.
Sendo assim, não é o ideal que a escolha do tipo de papel no qual você irá investir seja feita com base nesse único ponto.
Como veremos a seguir, há riscos relacionados às ações preferenciais que você precisa conhecer antes de investir.
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As ações preferenciais têm, em suas características, alguns riscos específicos, diferentes das ações ordinárias.
Isso não as classifica como piores ou melhores, mas modifica a visão que o investidor pode ter dentre elas, para saber onde é melhor alocar o seu dinheiro em caso de objetivos diversos de investimentos.
Tag along é um mecanismo de proteção ao pequeno acionista, minoritário, frente a grandes transações financeiras das empresas das quais ele tem ações ordinárias.
Ele estabelece o valor mínimo que os novos controladores deverão oferecer pelas ações dos acionistas minoritários, em caso de troca no comando da empresa.
O mínimo estabelecido pela Lei das Sociedades Anônimas é de 80% nas ações ON. Isso significa que, em caso de venda da empresa ou mudança dos controladores, os acionistas minoritários precisam receber, por lei, uma oferta pelas suas ações de no mínimo 80% do valor pago pelas ações dos controladores.
Isso permite que os minoritários estejam alinhados aos controladores e evita que eles sejam “abandonados” quando uma empresa tem mudanças de controle.
Por lei, esse direito é de no mínimo 80% para todas as ações ordinárias, mas ele não é garantido nas ações preferenciais.
A extensão do tag along para as ações preferenciais vai depender do estatuto da empresa. Atualmente, boa parte delas já oferece, nas ações preferenciais, os mesmos direitos das ações ordinárias.
Mas há exemplos recentes que merecem a sua atenção.
Em 2004, por exemplo, houve mudança de controle da AmBev para a Interbrew, criando assim a InBev.
As suas ações ordinárias tiveram ganho acumulado de 10,35% nos dois pregões consecutivos à transação e já vinham de um acúmulo de 36,6% nos pregões anteriores devido os rumores dessa venda que, de fato, se consolidou.
Enquanto isso, as ações preferenciais, que já acumulavam queda de 17,98% em dois pregões consecutivos, subiram apenas 7,4% com a transação.
Na ocasião, apenas os donos de ações ordinárias receberam o prêmio pela venda, seguindo a legislação.
Isso provocou bastante polêmica à época e, mais recentemente, em 2013, a empresa unificou todas as suas ações em apenas ordinárias, extinguindo as preferenciais.
Como as ações preferenciais não têm direito ao voto, mesmo que essa restrição possa ultrapassar 50% do total de ações emitidas, elas acabam se distanciando do poder de tomada de decisões.
Como citado, não cabe aos preferencialistas a indicação para os cargos administrativos ou o voto nas reuniões de acionistas.
Embora, muito provavelmente, você não vá participar de assembleias na prática, esse distanciamento o coloca mais na posição de financiador da empresa, do que efetivamente um sócio e parceiro.
Você acaba mais longe dos controladores, porque as ações que eles possuem não são as mesmas que você.
É por isso que há um ditado comum entre os investidores: “sócio é ON”. Isso indica que aqueles que olham para as ações com mentalidade de sócio e visão de longo prazo são mais propensos a comprar ações ON, do que ações PN.
Ao entrar em contato com a Bolsa de Valores, você irá se deparar com os códigos de ações pelos quais as empresas são negociadas. Se sua estratégia é vender as ações quando ela atingirem uma maior valorização ou o recebimento de dividendos é seu maior foco aqui e, com isso, você opta por comprar ações preferenciais, lembre-se de procurar o código 4 no final da sigla dos ativos.
As mesmas empresas podem ter ações tanto preferenciais, quanto ordinárias. por isso é importante se atentar à numeração final. Entre elas, algumas das mais negociadas na bolsa de valores são:
O passo a passo para a compra de ações preferenciais é o mesmo para a compra de quaisquer ações na bolsa.
A primeira etapa é abrir uma conta em uma corretora de valores. Assim que a conta for aberta, você fará um questionário que visa saber o quão consciente e experiente você é quanto ao mercado financeiro.
Esse teste, o suitability, é obrigatório e questiona sobre conhecimento técnico e prático sobre investimentos, mercado, Bolsa e assuntos correlatos. Após as respostas, a corretora trará sua resposta de perfil de investidor, que pode ser conservador, moderado ou arrojado.
A partir disso, investimentos que não estiverem dentro do seu perfil serão avisados previamente para que você assine um termo de consentimento.
Assim, com a conta aberta e perfil pronto, é só transferir o dinheiro que deseja investir para a corretora e escolher as ações preferenciais que sejam mais adequadas à sua estratégia de investimento.
Aqui, vale lembrar que a sua carteira de ações deve ser composta por diferentes ativos, buscando uma diversificação no mercado. Da mesma maneira, é importante que o seu portfólio seja formado por ativos de diversas categorias, o que garante proteção e aumenta o seu potencial de retorno.
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