CDI é a sigla Certificado de Depósito Interbancário, um título de curtíssimo prazo emitido pelos bancos.
Mas não é por isso que o CDI é um dos principais indicadores do mercado financeiro, e sim porque ele serve como referência para diversos investimentos de renda fixa.
Para citar alguns exemplos: Certificado de Depósito Bancário (CDB), Letra de Crédito Imobiliário (LCI), Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) e fundos de Renda Fixa costumam ter sua rentabilidade associada ao CDI.
No mercado, há investimentos que pagam 80%, 90%, 100%, 110%, 120% do CDI e até mais.
Mas você sabe como o CDI é calculado e quanto ele rende? Afinal, o que significa 100% do CDI? Por que é importante conhecer o valor do CDI ao investir?
Chegou a hora de descomplicar o CDI por completo.
Neste artigo, vamos explicar por que o CDI é uma das sopas de letrinhas mais comentadas quando o assunto é investimento.
Reunimos absolutamente tudo que você precisa saber sobre o CDI a seguir. Boa leitura!
Indice
O CDI (Certificado de Depósito Interbancário) é um indicador muito utilizado no mercado financeiro, porque serve como referência para investimentos de renda fixa.
Criado na década de 1980, o CDI funciona como uma taxa de operação entre bancos, usada para aumentar a liquidez de uma instituição financeira.
Afinal, os bancos são obrigados por uma resolução do Banco Central a manter o caixa positivo ao final do dia.
Para isso ocorrer, muitas vezes, as instituições precisam emprestar dinheiro entre si.
O valor cobrado nesses empréstimos chama-se taxa DI – também conhecida como taxa CDI, que tem valorização diária.
A garantia dos empréstimos são títulos públicos.
Na prática, o CDI representa quanto os bancos recebem, em juros, pelo empréstimo a outras instituições financeiras.
Agora que você entendeu a origem do CDI e qual sua aplicação na prática no mercado financeiro, vamos entender como ele é calculado e por que afeta tanto os seus investimentos.
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O valor do CDI equivale ao valor médio das taxas de juros praticadas entre os bancos nas operações diárias de empréstimo.
Essa conta fica a cargo da Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos Privados (Cetip), organização sem fins lucrativos que atua registrando as operações realizadas entre os bancos.
Para consultas diárias, o índice pode ser conferido na B3, a Bolsa de Valores do Brasil, diretamente no site oficial.
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O CDI está atrelado à Selic – a taxa básica de juros da economia brasileira. A Selic é definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, a cada 45 dias, e é utilizada principalmente como uma ferramenta de controle inflacionário.
Falando em termos simplificados:, quando a inflação está em alta, como agora, o CDI também acompanha essa elevação, porque a Selic cresce, a fim de conter a inflação.
Essa lógica é simples de entender: com juros mais altos, o acesso a crédito fica mais caro e a circulação de dinheiro diminui, o que freia o aumento de preços.
Se a inflação cair, a tendência é que a Selic e CDI também sofram uma baixa. Pela mesma lógica anterior.
Com juros mais baixos, o consumo é estimulado e o acesso a crédito é facilitado, o que tende a impulsionar a economia rumo ao crescimento.
Quer ler mais sobre o tema? Confira nosso artigo completo: A taxa Selic e a inflação: descomplicamos tudo que você precisa saber
Existe outra explicação muito simples para o fato de a Selic e o CDI terem valores muito aproximados.
Se a Selic fosse maior que o CDI, seria mais interessante para os bancos emprestar dinheiro para o Governo Federal, do que para outras instituições financeiras.
Isso poderia desequilibrar o sistema bancário. Até por conta dessa situação, os títulos públicos são a garantia dos empréstimos interbancários.
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O CDI – Certificado de Depósito Interbancário é um dos principais indexadores usados no mercado financeiro para remunerar investimentos feitos em renda fixa.
É muito comum ler, por exemplo, que determinada aplicação rende 90%, 100% ou 110% do CDI.
Isso ocorre principalmente com investimentos pós-fixados, em que o rendimento será atrelado ao indicador.
Você não sabe quanto o investimento vai render em valores absolutos, mas sabe qual é o percentual do CDI que a aplicação vai entregar.
Isso ocorre porque ninguém no mercado financeiro tem controle sobre o CDI, de forma que é impossível prever, com meses ou anos de antecedência, qual será o valor da taxa.
Quem faz isso acaba assumindo mais riscos, ao investir em aplicações prefixadas.
No investimento prefixado, você sabe exatamente quanto a aplicação vai render. Por exemplo: 10% ao ano. Mas, se, por algum motivo, o CDI acabar sendo elevado acima disso, você ficará em desvantagem.
De forma mais prática, é possível resumir que, quando a Selic aumenta, o CDI também aumenta, tornando, em tese, os investimentos em renda fixa mais lucrativos.
Mas qualquer cálculo de rentabilidade precisa considerar, também, a inflação.
Apenas depois de descontar a inflação do seu rendimento, você terá o retorno real da aplicação.
Se um investimento rende 7%, mas a inflação é de 10%, você acabou tendo seu poder de compra reduzido.
É por isso que, sozinho, o número do CDI não diz tudo, e cabe aos investidores entender todo o contexto do investimento antes de aplicar.
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Em 2021, o acumulado do CDI foi de 4,42%. Vale lembrar que começamos o ano passado com a taxa Selic em 2%, e encerramos com a taxa na casa dos 9,75%.
Já o valor do CDI hoje é de 10,65% ao ano, o que o deixa bem próximo da taxa Selic, que está em 10,75% ao ano.
No acumulado dos últimos 12 meses, o CDI atinge 5,77%. Vale lembrar que os números são referentes ao mês de março de 2022, quando este artigo foi ao ar.
É muito comum ouvir ou ler que o rendimento de uma operação será de 100% do CDI.
Na prática, significa que o seu rendimento será idêntico ao CDI no período.
Ou seja: o investimento que vale 100% do CDI, na prática, rende a integralidade do indicador.
Já um investimento, por exemplo, que rende 50% do CDI, vai entregar metade do rendimento total do indicador.
Em 2021, como vimos, o CDI fechou em 4,42%. Portanto, um investimento de R$ 100 mil a 100% do CDI rendeu, no final do ano, R$ 4.420,00, por exemplo.
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Os principais investimentos atrelados ao CDI são títulos e fundos de renda fixa pós-fixados.
Veremos alguns deles a seguir:
O Certificado de Depósito Bancário (CDB) é um título emitido pelos bancos para financiar suas atividades.
A rentabilidade varia entre a modalidade prefixada, pós-fixada e híbrida.
Muito comuns no mercado financeiro, por conta da popularização e do alcance dado pelos bancos, os CDBs estão entre os títulos mais difundidos, quando falamos em aplicações que podem ser atreladas ao CDI.
Quando você investe em um CDB, está, na prática, emprestando dinheiro para o banco utilizá-lo em suas atividades. Em troca, você recebe um retorno (juros) na data estipulada.
Também emitido pelos bancos, a LCI tem o objetivo de financiar as atividades do setor imobiliário.
Quando você investe, o banco utiliza o dinheiro para financiar atividades desse setor, que é considerado estratégico para o crescimento do país.
As LCIs também podem ter rentabilidade prefixada, pós-fixada ou híbrida. Em geral, estão atreladas ao CDI.
Muito semelhante a LCI, a LCA tem um objetivo diferente: em vez de financiar o setor imobiliário, o objetivo é captar recursos para as atividades do agronegócio brasileiro, outro setor considerado muito relevante para a economia do país.
Como são aplicações praticamente “gêmeas”, as regras são muito similares.
Embora seja muito importante para os investimentos de renda fixa, o CDI não é o único indicador ao qual você deve ficar de olho.
Antes de falar dos principais indexadores, no entanto, é importante entender o que eles são.
Tratam-se de taxas de reajustes, utilizadas com três principais objetivos:
Por exemplo: a precificação de produtos, ajustes do salário mínimo e o aumento do preço dos aluguéis são fatores guiados pelos indexadores.
O IPCA é a sigla para Índice de Preços ao Consumidor Amplo. Esse é o índice oficial da inflação no país.
O IBGE realiza uma pesquisa mensal, com base em famílias com renda entre um e quarenta salários mínimos.
Além disso, os participantes devem residir nas principais áreas metropolitanas do Brasil.
Os dados coletados são baseados em uma cesta de produtos, separados por categoria. Cada categoria tem um peso diferente no resultado do IPCA.
Dessa forma, o cálculo da média das variações entre os preços em relação ao mês anterior, indica a inflação do período.
Os produtos que compõem a cesta e o peso deles para o cálculo do IPCA são:
Como vimos, a taxa Selic é considerada a taxa básica de juros do país. A sigla Selic significa Sistema Especial de Liquidação e Custódia.
É um software que o Banco Central utiliza para controlar todas as emissões e operações realizadas em títulos federais.
Com base nos juros associados a esses ativos, uma média diária é calculada — a Selic Overnight. Essa é utilizada como base para o CDI.
A taxa Selic Meta, por sua vez, é controlada pelo Copom, sendo definida nas reuniões que acontecem a cada 45 dias.
Dessa forma, esse indexador representa o percentual de juros que o Banco Central julga adequado para o controle da inflação.
A Selic é utilizada como referência para as demais tarifas relacionadas ao empréstimo de dinheiro.
Portanto, além de ter uma relação próxima com a taxa DI, a Selic é um dos principais indexadores para a economia brasileira.
A sigla IGPM significa Índice Geral de Preços do Mercado. Assim como o IPCA, esse é um indexador que visa medir a inflação no país.
Uma das principais diferenças está na instituição que realiza a coleta de dados. Nesse caso, a tarefa fica a cargo da FGV (Fundação Getúlio Vargas).
A metodologia de cálculo também é bastante diferente. Ela é composta da seguinte forma:
Quer saber quanto rendeu o CDI nos últimos anos?
Confira a tabela que separamos com o rendimento anual do CDI:
Ano | Rendimento do CDI |
2011 | 11,59% |
2012 | 8,4% |
2013 | 8,06% |
2014 | 10,81% |
2015 | 13,24% |
2016 | 14% |
2017 | 9,93% |
2018 | 6,42% |
2019 | 5,96% |
2020 | 2,75% |
2021 | 4,42% |
Esperamos que, com este guia, você tenha tirado as suas principais dúvidas sobre o CDI, esse indicador tão relevante para o mundo dos investimentos.
Agora, quando você ouvir que determinada aplicação rende 100% do CDI, vai saber exatamente do que se trata.
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