O dividend yield é um indicador que revela quanto uma empresa distribui em dividendos em relação ao preço de suas ações. Dentro da análise fundamentalista, ele é parte essencial do vocabulário de investidores, em especial aqueles que focam em carteiras para viver de renda.
Dado em formato de percentual, o dividend yield revela quanto uma empresa distribui em lucros por ação aos seus acionistas.
Receber dividendos é ótimo, certo? Mas é necessário se aprofundar sobre esse indicador para entender quando ele realmente é positivo e como usá-lo de forma assertiva para os seus objetivos.
Você precisa entender que escolher empresas na Bolsa de Valores apenas de olho no dividend yield é cometer um erro.
Pouco adianta, por exemplo, investir olhando para o dividend yield de forma estática, sem analisar o histórico para descobrir se a empresa é, de fato, uma boa pagadora de dividendos ao longo do tempo.
Mais do que isso: nem sempre a distribuição de dividendos é necessariamente a melhor estratégia para uma empresa de crescimento, motivo pelo qual quem investe para o longo prazo talvez não deva dar tanta atenção ao indicador.
Vamos entender na prática como isso acontece? Continue neste artigo e entenda:
Vamos juntos?
Indice
Dividend yield (DY) é um indicador que relaciona o preço das ações e os dividendos pagos por uma empresa. Em poucas palavras, esse é um indicador que mostra o retorno em dividendos que foi pago aos acionistas. Quanto maior o percentual, maior a proporção de dividendos pagos pela empresa, em relação ao valor de suas ações.
No português, o DY pode ser traduzido como rendimento de dividendos, e esse não é um indicador utilizado somente em ações, mas também outros ativos que pagam proventos, como os fundos imobiliários (aluguéis).
Portanto, a lógica é a seguinte:
Os dividendos são uma distribuição de lucros da empresa listada na Bolsa para os seus acionistas. Quando você compra ações, passa a ser um dos donos da companhia, logo, adquire o direito de receber uma parte proporcional dos lucros, quando eles são distribuídos.
Esses proventos são pagos justamente para remunerar os acionistas e distribuir o lucro da empresa.
Porém, nem todas fazem essa distribuição. Empresas que dão prejuízo, por exemplo, não têm lucros a distribuir.
No Brasil, praticamente todas as empresas que geram lucro distribuem um percentual para os acionistas. No exterior, porém, há empresas que preferem reinvestir todos os lucros no negócio ou recomprar ações, o que também gera valor ao acionista porque aumenta a sua participação na empresa.
Em geral, os dividendos são pagos por companhias consolidadas e que são líderes nos seus setores.
Nestes casos, muitas vezes a empresa já não tem mais como crescer de forma orgânica. Companhias de grande porte, por exemplo, com receita recorrente e lucros constantes, podem ter dificuldade para aumentar o seu Market Share.
Como estratégia para contornar esse amadurecimento, elas optam por distribuir um percentual maior dos lucros, em vez de reinvestir no negócio.
A porcentagem que você receberá é influenciada por dois fatores: o percentual que a empresa distribui e a sua participação na empresa, ou seja, quantas ações da empresa você possui.
Também há uma relação inversa na proporção entre o dividend yield e o preço das ações.
Por isso, as empresas também utilizam os dividendos como recurso para atrair investidores.
Quando as ações estão sendo negociadas a preços baixos, há empresas que aumentam a distribuição de dividendos e, consequentemente, o percentual de dividend yield, para atrair investidores.
Essa é uma maneira de convencer o investidor a aportar em uma companhia com poucas perspectivas de crescimento dos lucros, por exemplo.
Como qualquer indicador, é preciso muito cuidado ao analisar o dividend yield. Enxergar apenas o DY de forma isolada não é uma boa ideia, até porque, muitas vezes, um DY alto pode ser reflexo de ações em queda, enquanto um DY baixo pode ser explicado pela valorização dos papéis.
Por isso, é fundamental analisar a distribuição de dividendos do ponto de vista histórico, dentro do contexto de cada companhia e também da composição da sua carteira.
Mas, antes de aprofundar nessas questões, vamos entender como calcular esse indicador.
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Agora que você já sabe o que é dividend yield, vamos aprender como calcular o dividend yield.
A fórmula do dividend yield é:
Dividend yield = dividendos pagos por ação / valor unitário da ação x 100
Normalmente, as empresas mostram o resultado do cálculo considerando os dividendos pagos nos últimos 12 meses, mas com a cotação atual das ações.
Vamos conferir, na prática, alguns dividend yields de empresas da B3?
Para o cálculo, como visto na fórmula, precisamos levantar os proventos pagos por cada ação e o valor de cada papel.
Vamos lá?
A Itaúsa é a holding do Banco Itaú, ou seja, é a gestora matriz do grupo. Em setembro de 2020, a cotação de uma ação ordinária da Itaúsa estava em R$ 10,34, e o dividendo pago por ação foi de R$ 0,50.
Logo, temos:
DY = 0,5494/10,34 x 100
DY = 0,0531 x 100
DY = 5,31%
Isso quer dizer que. nos últimos 12 meses, os acionistas receberam 5,31% em dividendos por cada ação da Itaúsa na carteira.
A Engie é uma das maiores empresas brasileiras que atuam no setor de energia e saneamento básico. Em setembro de 2020, o preço de uma ação ON da Engie era de R$ 42,11, e o dividendo por ação era de R$ 2,3594.
Logo, temos,
DY = 2,3594/42,11 x 100
DY = 0,05602 x 100
DY = 5,60%
Nos últimos 12 meses, a Engie distribuiu 5,60% do valor de suas ações em dividendos.
A Vale é uma das mineradoras mais importantes do mundo e uma das maiores produtoras de minério do planeta.
Também em setembro de 2020, o preço de uma ação estava cotado em R$ 61,69, e os dividendos pagos por ação eram de R$ 1,4144.
Logo, temos:
DY = 1,4144/61,69 x 100
DY = 0,02292 x 100
DY = 2,29%
Nos últimos 12 meses, a mineradora Vale entregou 2,29% do valor de sua ação em dividendos aos seus acionistas.
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A importância do dividend yield está, principalmente, no longo prazo e na trajetória histórica. Avaliando esse indicador fundamentalista com o passar dos anos, o investidor pode ter mais clareza se a empresa é uma boa pagadora de dividendos, ou não.
O dividend yield é um indicador muito importante para os investidores que montam carteiras focadas em distribuição de proventos, que têm a ambição de viver de dividendos, por exemplo.
Para esses investidores, o DY mostra quais ações são, em tese, mais eficientes para a sua carteira, para que ele tenha mais assertividade nas alocações.
Afinal, empresas que pagam bons dividendos somente em momentos de queda podem não ser um bom negócio para carteiras que focam em receber proventos de forma constante e crescente.
Vale lembrar, ainda, que os dividendos saem do caixa da empresa. Por isso, eles são automaticamente descontados do valor da ação. A diferença é que os valores, em vez de ficarem em posse da empresa, são repassados aos acionistas. Automaticamente, a ação se desvaloriza, porque ela deixa de ter esse valor em caixa.
É importante entender, também, que o dividend yield não pode ser analisado de forma isolada. Você precisa entender o contexto da empresa, qual o seu momento atual — crescimento ou amadurecimento —, quais suas perspectivas de crescimento e de que forma a distribuição de lucros pode afetar no longo prazo.
Você precisa levar em consideração tudo isso no momento de analisar o DY para escolher os ativos da sua carteira focada em viver de renda.
Payout é um indicador que revela a porcentagem do lucro líquido que a empresa distribui aos acionistas. Essa distribuição pode ser tanto em dividendo quanto em juros sobre capital próprio.
O payout é uma porcentagem definida de acordo com o Estatuto da companhia. Geralmente, as empresas consolidadas e financeiramente maduras costumam ter um pay out maior do que aquelas que ainda estão em crescimento.
Isso acontece porque as empresas em busca de consolidação ainda utilizam parte de seus lucros para expandir os negócios e como recurso para os seus projetos.
A Cemig, por exemplo, tem um payout de 43,51%. Ou seja, quase metade de seu lucro líquido é distribuído aos acionistas.
Mas o que o payout tem a ver com o dividend yield?
O payout é o indicador que define o dividend yield.
Se o payout sofre redução, o DY também sofrerá, isso porque o payout é a proporção do lucro que será distribuído.
Portanto, quanto maior o payout, maior é o percentual do lucro distribuído aos acionistas. Quanto menor o payout, menor será a distribuição relativa de lucros.
Assim, o payout é o indicador mais simples para quem deseja entender, de forma rápida, se uma empresa distribui uma quantia relevante dos lucros, ou não.
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Como explicamos, nenhum indicador deve ser avaliado de maneira isolada. O dividend yield, assim como o payout e outros indicadores, são apenas uma parte do todo. Esse todo é a análise fundamentalista completa da companhia.
Nem sempre um DY alto reflete que a empresa tem um bom histórico de pagamento de dividendos. Pode ser exatamente o contrário.
Além de levantar outros dados, é imprescindível olhar o histórico da companhia. As respostas mais importantes para a sua carteira sempre estão no longo prazo.
Portanto, não se prenda em somente um indicador fundamentalista, seja ele qual for. Não baseie as suas decisões em índices e cotações do momento. Olhe sempre para o longo prazo e com uma perspectiva de se tornar sócio da empresa por muitos anos.
Vale lembrar, ainda, que o DY também é um indicador que oscila por diversas razões, como mudança do payout, valorização ou queda no valor das ações das empresas.
Ou seja: como a renda variável, ele oscila. Não há garantias de que um dividend yield alto, hoje, será mantido no futuro.
Por isso, uma carteira rentável e vitoriosa em proventos depende da diversificação e da análise do momento em que a empresa está.
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