FED sinaliza cortes, Bolsa renova máxima e Brasil desacelera  

A semana foi marcada pelo discurso mais brando do Fed em Jackson Hole, que reforçou expectativas de cortes de juros nos EUA, enquanto o Ibovespa renovou máximas e o dólar perdeu força. No Brasil, a atividade mostra sinais de desaceleração e o governo anunciou medidas para apoiar empresas afetadas pelo tarifário americano. Continue a leitura para entender o que pode impactar seus investimentos nos próximos dias.

Cenário global: Fed mais brando e Trump pressionando

No exterior, o mercado segue acompanhando as tensões geopolíticas entre Rússia e Ucrânia, agora com Donald Trump tentando se posicionar como mediador. As negociações, porém, não avançaram, e o ex-presidente voltou a falar em sanções à Rússia, mantendo a incerteza sobre o conflito.

O destaque da semana ficou por conta da ata do Federal Reserve e do discurso de Jerome Powell no tradicional encontro de Jackson Hole. Apesar de divergências internas, a sinalização foi considerada mais branda, reforçando a expectativa de que os cortes de juros comecem já em setembro, com ritmo mais acelerado em 2025. Esse tom mais suave levou os mercados a precificarem dois cortes de 0,25 ponto ainda neste ano.

A reação foi imediata: o S&P renovou máximas históricas, o ouro manteve sua trajetória positiva, e o petróleo e o minério de ferro tiveram pequenas altas — este último beneficiado pela paralisação de um projeto da Rio Tinto, o que favorece empresas brasileiras como Vale e CSN. Já o dólar perdeu força frente a moedas emergentes, com o real se fortalecendo especialmente após o discurso do Fed.

Brasil: economia perdendo fôlego

Por aqui, o governo anunciou um plano de apoio a setores afetados pelo tarifário dos Estados Unidos, com crédito adicional do BNDES e taxas subsidiadas abaixo da Selic. A contrapartida exigida é a manutenção de empregos pelas empresas beneficiadas, e o Congresso ainda precisa aprovar a exclusão desses gastos das regras fiscais.

Na atividade, o IBC-Br recuou 0,7% em maio, acumulando quatro meses de desaceleração. Mesmo assim, o PIB do segundo trimestre deve mostrar crescimento modesto, de 0,3%, segundo dados já sinalizados. O setor agropecuário puxou o desempenho para baixo, enquanto outros segmentos mostraram resiliência. A projeção de crescimento para 2025 segue em queda no Boletim Focus, passando de 2,21% para 2,18%.

Temporada de resultados: margens pressionadas

Com a temporada de balanços encerrada, o retrato foi de um trimestre misto. Embora a receita tenha crescido, o aumento dos custos reduziu as margens das companhias. Setores ligados ao consumo doméstico, como varejo, vestuário e construção civil, tiveram desempenho acima do esperado. Já exportadoras foram prejudicadas pela valorização do real e pelos preços internacionais mais baixos de commodities.

Na visão do time de investimentos, o cenário reforça uma postura mais cautelosa com a Bolsa, privilegiando maior caixa e proteções nas carteiras. A expectativa é de que as margens corporativas sigam pressionadas nos próximos trimestres.

Agenda da semana

A semana começa com o IPCA-15 no Brasil e a confiança do consumidor nos EUA. Na quarta-feira (28), sai o IGP-M, e na quinta (29), o PCE, indicador de inflação preferido do Fed, deve dar novo fôlego às apostas sobre os próximos passos da política monetária americana.

Quer entender como esses movimentos podem afetar seus investimentos? Fale com um de nossos assessores.