Confira o capítulo anterior sobre a Jornada da Warren.
Recapitulando aqui, já contei sobre o processo de pesquisa, as primeiras ideias e até a contratação de freelas.
No texto de hoje, vou falar sobre a força-tarefa que fizemos para apresentar a Warren na Finovate e depois na Collision, ambas grandes feiras de inovação que ocorrem anualmente nos Estados Unidos.
Além disso, vou contar para vocês como surgiu a ideia do nome Warren — que muitos questionam se é uma homenagem ao Warren Buffett.
Indice
Nos inscrevemos nas duas e, em ambas, na segunda etapa, seria necessário apresentar um protótipo rodando. Essa era a meta e seguíamos enfiados nas quantidades infinitas de desenhos que criavam a jornada do usuário, a arquitetura de tecnologia e as telas da home.
As primeiras versões eram desenhadas em Google Slides para facilitar o acesso online de todos. A beleza era o menos importante agora, o mais importante era discutir onde cada coisa se encaixaria.
Abaixo, trouxe um dos exemplos de desenho da primeira home do site da Warren. Com as setas discutindo o local da chamada, foto no fundo e que tipo de botão de call to action colocaríamos.
Foi dessa home que acabou surgindo a ideia de transformar o botão “Who are you?” em um chatbot. A plataforma já tinha um nome de pessoa (falo sobre o nome logo na sequência), então ficou óbvio que ela tinha que falar com os potenciais clientes como uma pessoa em um chat descontraído.
Isso foi em 2014 e, na época, não existiam grandes discussões sobre chatbots, mas pesquisando, chegamos ao CleverBot, que virou nosso benchmark.
Antes de continuar, me deixe explicar sobre como surgiu o nome Warren.
Eu não queria que a empresa tivesse um nome pomposo, como Future Wealth Management ou qualquer coisa do tipo. Investir é super importante, então por que precisa ser chato e complicado?
Investir pode ser agradável, acolhedor e, por mais que a plataforma fosse ter uma grande experiência online, eu acredito profundamente que pessoas se conectam com pessoas quando querem investir. Principalmente quando a missão se torna muito séria, como construir um patrimônio para o longo prazo.
O nome precisava passar essa pessoalidade e nada mais pessoal do que a plataforma ter um nome de pessoa. Pensei em algumas alternativas como Alfred a Timothy e Isis a Beth, mas nada fazia aparecer aquela sensação de “é esse!”.
Até que um dia eu tinha saído do trabalho em NY de bicicleta (sim, eu ainda estava na outra corretora) e resolvi fazer um trajeto diferente do que costumava fazer. Acabei passando sem querer por uma rua chamada Warren: a Warren Street.
O “é esse” surgiu imediatamente. Ali estava batizada a Warren, que é um nome comum nos EUA. Não tanto quanto um João no Brasil, mas quase lá. Em um outro capítulo, vou contar sobre nossas dúvidas com relação ao nome Warren no Brasil.
Claro que, logo após o nome ser definido, surgiu o link com o Warren Buffet, e então acabou virando uma homenagem ao acaso ao maior investidor de todos os tempos.
Adoraria dizer que a inspiração foi o Buffet, mas a verdade cruel é que a inspiração foi uma rua que é até sem graça para a maioria dos moradores da cidade e sem dúvida passa batida por qualquer turista.
Pra mim virou a rua mais linda do mundo (ando dizendo por aqui que o escritório da Warren em NY será na Warren Street) e o legal é que vários clientes da Warren quando visitam NY tiram fotos da Warren Street e nos mandam.
Se a COVID permitir, em 2021 faremos um Tour por NY. Vamos falar de investimentos, visitar as bolsas, algumas fintechs e estará no tour uma passada na Warren Street. Vai ser demais!
Com o nome batizado, paguei US$ 49,90 no 99designs.com para termos um logo e surgiram várias ideias.
Algumas bem toscas, como essa:
Outras divertidas, mas ainda toscas, como essa:
Depois, acabaram chegando as primeiras versões com o “W” estilizado dentro do balãozinho como se o Warren estivesse falando.
E por votação unânime a escolhida acabou sendo essa:
Quando viemos ao Brasil, encontramos um designer especializado em logos e ele deixou a versão americana muito mais legal, mas a base seguiu sendo o nome, um balãozinho e o “W” estilizado.
Com isso, a primeira etapa estava resolvida: já tínhamos um nome e já sabíamos que a jornada com o usuário aconteceria através de um papo online descontraído e guiado pelo Warren.
Precisávamos, agora, da segunda etapa, ao final do papo com o Warren, qual seria a próxima ação do usuário na plataforma?
Um dos grandes problemas de investir é que essa é uma tarefa difícil demais! Você entra no banco ou na corretora e recebe um cardápio chinês com 500 opções de pratos. Se você sabe ler mandarim ou se tiverem fotos dos pratos, você está salvo. Caso contrário, escolher os produtos certos e definir os pesos certos é quase impossível.
Pra melhorar essa experiência, precisávamos mudar a tomada de decisão.
Ao invés do usuário ter que escolher entre investir em um fundo, um título público ou uma ação, ele escolheria o motivo.
Afinal… para que você quer investir? Quer investir para o longo prazo, construindo um patrimônio para aposentadoria? Quer investir para o curto prazo, montando uma reserva de emergência? Quer acumular um valor para mandar os filhos pra faculdade quando eles crescerem? Quer empreender abrindo um café?
São os objetivos, os sonhos de cada um. Muito mais fácil ter um objetivo do que saber se é melhor investir em um fundo high yield ou tesouro pré-fixado.
Além disso, uma coisa sempre me incomodou na indústria de investimentos: as pessoas recebem um carimbo na testa de conservador ou de arrojado e, em cima disso, serão indicados os produtos de investimento.
Essa é uma forma totalmente errada de investir, pois uma pessoa pode ser arrojada e ter um objetivo de curto prazo e, neste caso, o ideal são produtos sem risco e com rapidez no resgate, da mesma forma que uma pessoa conservadora pode ter um objetivo de longo prazo e neste caso o ideal são produtos com um pouco mais de pimenta, na renda variável.
Por isso, a etapa seguinte seria o Warren perguntando qual seria o objetivo do investimento.
Os objetivos de investimento que todas pessoas precisam ter são dois: reserva de emergência e aposentadoria.
A reserva é como o porquinho de moedas a ser quebrado em momentos de apuros, ou seja, um dinheiro de curto prazo.
E a aposentadoria é aquele plano de longo prazo para acumular uma grana o suficiente pra viver dos rendimentos dela.
Começamos o nosso protótipo com a possibilidade de construir esses dois objetivos, mas na metade do caminho (quando vimos que não daria tempo) abortamos um deles.
Estava ficando muito legal, o Warren pegava pela mão na construção do objetivo, dando uma sugestão de valor e indicando quanto investir, mas precisava entregar o portfólio e isso estava sendo uma missão bem complicada.
Nós queríamos colocar o usuário na frente da construção do seu portfólio e aprendendo passo a passo o que estava acontecendo, mas complicamos tanto o processo que, quando recebemos a notícia que tínhamos passado para a etapa seguinte na Finovate e precisaríamos mostrar o protótipo funcionando, bem… não tínhamos o protótipo funcionando.
Tentamos prometer o protótipo funcionando até o dia da feira, mas os americanos, com razão, não costumam dar trégua. Ou você cumpre as regras ou você está fora. Então estávamos fora de uma das feiras, mas ainda com a possibilidade de participarmos da segunda.
Voltamos aos desenhos e reduzimos a complicação pela metade. O exercício do desapego de ideias é complicado na primeira vez, mas depois que se aprende, é a melhor coisa. Dali pra frente, começamos a adotar a política do “patinete”, que quer dizer sempre construir a primeira versão de qualquer coisa de forma leve, fácil e funcional.
É a missão do Design Sprint. Você não constrói uma roda para depois construir o carro, pois só com a roda você não chega a lugar algum. Você constrói o patinete. Ele não é completo, mas já serve pra levar você do ponto A ao ponto B. Depois você vai aprimorando o patinete.
Um tempo depois, chegou o email dizendo que estávamos na segunda fase da Collision e que precisávamos fazer a apresentação do protótipo. Fizemos, passamos e lá iríamos nós para Las Vegas!
Descartar ideias nas primeiras versões foi importante, mas não chega nem perto do que aconteceu quando construímos a versão oficial do Warren para rodar no Brasil. Vou contar isso, junto com a própria decisão de ir pro Brasil, no próximo capítulo.
Continue a leitura e confira o capítulo #8 da Jornada da Warren.