O número de mulheres em posições de liderança nas empresas brasileiras vem avançando nos últimos anos, mas a equidade de gênero ainda não é uma realidade nas áreas mais estratégicas das companhias do país. Há inúmeras pesquisas que mostram a situação do cenário sob diferentes aspectos, e o consenso entre todas elas mostra que há muito a ser feito.
Um desses estudos, feito pelo Ministério da Economia, mostra que as mulheres estão em 42,4% das funções de gerência, 27,3% de superintendência e 13,9% de diretoria. Uma grande controvérsia quando se analisa os dados do IBGE, que dizem que elas dedicam mais tempo aos estudos do que os homens.
A falta da equidade de gênero não ocorre apenas no Brasil, mas também em mercados mais desenvolvidos. Nos Estados Unidos, podemos olhar para a Bolsa: das empresas que estavam no índice S&P 500 até o final de 2019, apenas 6,2% possuem mulheres como CEO.
– A grande chave para mudar isso não está na mão de quem busca destaque no seu ambiente trabalho. E sim, na mão das empresas, do departamento de RH e das lideranças que buscam profissionais para estarem à frente das suas equipes – diz Kelly Gusmão, CPO da Warren.
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Mesmo em minoria no destaque das companhias, as mulheres que chegam lá estão dando cada vez mais motivos para se estabelecerem nessas posições. De acordo com uma pesquisa da consultoria McKinsey, se todos os países avançassem na promoção de equidade de gênero em suas economias, o PIB mundial poderia crescer US$ 12 trilhões. Em um cenário ideal de equidade, o ganho poderia ser de US$ 28 trilhões.
No mercado financeiro, por exemplo, há números animadores surgindo.
De acordo com o Goldman Sachs, do início da pandemia até o fim de março, os fundos liderados por mulheres superaram os seus índices de referência em 50 pontos base, enquanto os fundos geridos por homens tiveram desempenho inferior ao do seu benchmark em 20 pontos base. Ou, em claro português, foram muito superiores.
– O mercado financeiro ainda é um dos segmentos mais fechados às mulheres. Acreditamos que fechar a lacuna de gênero pode parecer esmagador em certo ponto, mas todo líder – homem e mulher – pode fazer a diferença em ações pequenas, mas tangíveis, e significativas todos os dias. Sendo assim, dados incríveis, como o do Goldman Sachs, irão aparecer cada vez mais.
O fundo Warren Equals, que faz parte da iniciativa que leva o mesmo nome, é outro reflexo de como as mulheres em cargos de destaque podem indicar ótimos resultados. Desde o seu lançamento, em março de 2020, atingiu uma performance de 12,09%, contra 6,67% do Ibovespa (principal índice da bolsa de valores no Brasil).
O fundo de ações diversifica sua carteiras entre ações de empresas, nacionais ou estrangeiras, que promovem políticas de equidade de gênero. Para uma ação entrar na carteira do fundo, é necessário que a ação esteja no Bloomberg Gender Equality Index (Índice Bloomberg de Equidade de Gênero). Entre as empresas listadas estão Magazine Luiza, Coca-Cola, Natura e muitas outras.
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Quando alguém fala em mercado financeiro, provavelmente a imagem que vem à cabeça da maioria das pessoas é um homem branco e engravatado. Um pensamento que reflete muito como as coisas funcionam em grande parte das instituições. E até na Warren, até um tempo atrás.
– A Warren começou a crescer muito rápido e, quando vimos, tínhamos pouquíssimas mulheres no quadro de liderança da empresa. Uma das minhas missões, como CPO, é mudar a nossa realidade – afirma Kelly.
Desde março deste ano, quando foi lançada a iniciativa Warren Equals, o time de Recursos Humanos atua com foco para diminuir a diferença de gênero nas equipes e, também, entre os líderes da empresa.
– Nós tínhamos apenas 20% de mulheres à frente das nossas squads em março. Hoje, chegamos ao 27%. É uma evolução, mas ainda estamos longe da nossa meta, que é 50/50, mesmo objetivo para o quadro geral de colaboradores. Os nossos esforços são diários. Temos dezenas de vagas abertas e o nosso time de recrutamento está buscando por profissionais mulheres que estejam dispostas a mudar o mercado de investimentos no país junto com a gente – ressalta.
Além disso, a Warren implementou uma série de medidas, como a licença maternidade e paternidade estendida e a revisão de salários para promover a equidade salarial entre gêneros.
– A gente acompanha as métricas de equidade semanalmente por aqui e fazemos questão de divulgar os dados demográficos da empresa para todos os colaboradores, todos os meses – finaliza kelly.
O Warren Equals é um conjunto de iniciativas (tanto externas quanto internas) para levar mais equidade e diversidade para o cenário de investimentos no país. A Kelly conta todos os detalhes no vídeo que pode assistir clicando aqui.