O Índice de Sharpe é um dos indicadores mais úteis para quem deseja comparar fundos de investimento.
Basicamente, o Índice de Sharpe avalia a rentabilidade de um investimento em relação ao risco da aplicação financeira.
Por isso, esse indicador é muito utilizado para saber se o retorno é interessante em diferentes tipos de fundos de investimento.
Fazendo uma analogia, esse indicador direciona suas decisões com foco na construção e na consolidação do seu patrimônio.
Como disse o pai da evolução na qualidade, William Edwards Deming:
“Não se gerencia o que não se mede, não se mede o que não se define, não se define o que não se entende, e não há sucesso no que não se gerencia”.
É a mesma ideia do ditado de Lewis Carrol: “Se você não sabe aonde quer ir, qualquer caminho serve”.
É claro que esse não é seu objetivo ao investir seu capital, certo?
Seja qual for o seu propósito, os indicadores vão sinalizar se a estratégia está dando certo e, mais do que isso, vão permitir que você tome uma decisão racional, que faça sentido para a sua estratégia.
Neste artigo, você vai entender por que o Índice de Sharpe é tão útil aos investidores.
Boa leitura!
Indice
O Índice de Sharpe — também chamado de Sharpe Ratio — mensura a relação entre retorno e risco de um investimento. Por meio de seu resultado, você descobre se há vantagem entre determinado fundo de investimento na comparação com os ativos livres de risco.
Em outras palavras, o Índice de Sharpe destaca qual alternativa tende a trazer a melhor remuneração com o menor risco possível.
Essa resposta é descoberta pelo paralelo entre retorno e volatilidade da carteira.
Vamos entender melhor?
O Índice de Sharpe foi criado pelo Nobel de Economia em 1990, William Sharpe.
Por ser matemático e estatístico, ele ficava intrigado com os investidores que costumam olhar apenas a rentabilidade das aplicações financeiras.
Diante desse cenário, ele gerou uma fórmula que permite responder: “Qual é o investimento com o maior retorno e o menor risco possível?”
A partir dessa mudança de visão, os investidores podem deixar a análise mais completa e se aprofundarem na avaliação e na comparação entre as aplicações.
Por que fazer isso? Existem dois motivos básicos e relevantes:
Somente quando você considera esses dois fatores, toma uma decisão verdadeiramente inteligente para o seu portfólio.
Na comparação entre dois fundos que tiveram o mesmo retorno, por exemplo, o melhor será aquele que correu menos risco.
Da mesma forma, nem sempre um fundo que gerou um retorno maior é melhor do que outro — ele pode simplesmente ter corrido mais risco e, por isso, é natural que tenha uma rentabilidade superior.
Por ser matemático, William Sharpe bolou a uma fórmula matemática que permite chegar ao resultado esperado. O cálculo é feito da seguinte forma:
IS = (Ri – Rf) / (σi)
Veja o que cada item significa:
Apesar de parecer complicada, essa fórmula é bastante simples.
Basicamente, ela consiste em retorno menos taxa livre de risco dividido pela volatilidade.
Para ter mais precisão, é importante usar o Índice de Sharpe para analisar períodos mais longos de determinada aplicação financeira.
O recomendado é que o prazo considerado seja de 12 meses ou mais. Além disso, quanto maior for o resultado obtido, mais vantajosa é a aplicação financeira.
Por suas características, o ideal é que o Sharpe Ratio seja utilizado sempre para comparar um ativo com outro.
A partir da resposta, é possível chegar a algumas conclusões importantes na rotina de um investidor:
Perceba que o Sharpe Ratio elevado sinaliza que o rendimento de uma aplicação financeira foi obtido com poucos riscos.
Por sua vez, se o resultado for baixo, sinaliza que muitos riscos foram corridos para alcançar determinado retorno.
A partir disso, começa a ficar claro por que o indicador é utilizado para análise de fundos de investimento e carteira.
Você identifica quais são as melhores opções para o seu perfil de investidor, descobre como está a estratégia da equipe gestora do fundo e também avalia sua capacidade de gerenciamento.
Além do indicador comum, existe uma fórmula variante. Ela apenas acrescenta a volatilidade do ativo livre de risco.
Ela foi adaptada para medir o resultado de uma arbitragem entre uma posição vendida e uma comprada no fundo.
Enquanto isso, o Índice de Sharpe tradicional avalia a estratégia de investimento zero, ou seja, o rendimento da arbitragem entre uma referência — benchmark — e o fundo analisado.
A fórmula do indicador generalizado é:
ISg = (Ri -Rf) / (σi – σf)
A única diferença é o σf, que representa risco do ativo livre de risco.
Para entender esse indicador, o ideal é entender o que são investimentos livres de risco e por que a volatilidade é uma medida de risco.
Como explicado, as aplicações financeiras com risco zero ou próximo a esse valor são aquelas usadas na fórmula do Índice de Sharpe.
Por quê? Primeiro, porque esses são ativos bastante conservadores e são os mais seguros do mercado financeiro de determinado país.
Além disso, eles são usados como referência, porque os investidores nunca optariam por um título que pague menos do que eles.
Portanto, se a rentabilidade for tão baixa que chega a ser menor do que um investimento livre de risco, é melhor optar pelo segundo.
No caso do Brasil, os ativos com risco próximo a zero são os investimentos de renda fixa.
Entre os principais, estão os títulos públicos, como o Tesouro Selic.
Em seguida, é preciso entender a volatilidade como medida de risco. Como ela indica quanto o preço dos ativos oscila em um intervalo de tempo, ela serve como uma referência de risco.
Apesar desse impacto ser mais visível na renda variável, ele também está presente na renda fixa.
Com esse conhecimento, é possível compreender melhor o funcionamento do Sharpe Ratio.
Por exemplo: você deseja saber qual é o resultado desse indicador para um fundo de renda variável específico.
Para isso, você precisa saber de três dados:
A partir disso, basta inserir os valores na fórmula. O cuidado com esse processo é comparar sempre ativos semelhantes ou com características iguais.
Veja o seguinte exemplo: ao avaliar o fundo X, você tem a taxa de livre de risco de 10%, o retorno do fundo de 15% e a volatilidade anual de 10%.
Nesse caso, o resultado seria:
IS = (0,15 – 0,10) / 0,10 = 0,5
Isso significa que cada 1 ponto de risco corrido com o fundo X levou a um retorno de 0,5 ponto de remuneração acima do que foi recebida em um investimento livre de risco.
Na prática, o que acontece é que o rendimento aumentou, porque o risco também foi elevado.
Por sua vez, a segunda análise é do fundo Y. Ele tem uma taxa livre de risco de 10%, retorno anual de 15% e uma volatilidade de 50%.
Perceba que os dois primeiros dados são iguais, o que muda é a oscilação do investimento. Assim, temos:
IS = (0,15 – 0,10) / 0,50 = 0,1
Portanto, cada 1 ponto de risco corrido com o fundo Y gerou um rendimento de 0,1 ponto de remuneração acima da recebida por um investimento livre de risco.
Na comparação, o fundo Y é pior para você, porque seu retorno é mais arriscado, devido à volatilidade.
Por outro lado, se você ignorar o Índice Sharpe, pode considerar que os dois trarão a mesma remuneração.
Dessa forma, você faria uma escolha sem analisar todos os elementos, o que pode não ser p melhor para a sua vida financeira.
Como explicamos, o uso mais comum para o Índice de Sharpe é na comparação entre dois ou mais fundos. Por isso, ele é indispensável no momento de tomar uma decisão de investimento.
Ainda assim, existem alguns detalhes importantes que para utilizar o Sharpe Ratio de modo mais adequado.
Confira as dicas:
Pode parecer estranho, mas nem sempre os fundos têm ativos relacionados. Isso acontece com a modalidade multimercado.
Quando esse for o caso, saiba que esse fundo ou a carteira analisada pode apresentar uma volatilidade menor.
Isso acontece porque a falta de correlação dos títulos faz com que o rendimento de um compense o prejuízo de outro e vice-versa.
Já ficou claro que, quanto mais elevado for o resultado da fórmula, melhor é o investimento analisado, certo?
Mas qual seria um número apropriado para um bom Índice de Sharpe? Infelizmente, não há uma resposta única.
De maneira geral, é possível dizer que o Sharpe acima de 0,5 é positivo e o investimento merece ser analisado. Ainda assim, o ideal é fazer comparações mais completas para tomar sua decisão.
Por mais que pareça contraditório, o Índice de Sharpe nunca vai dizer qual é o melhor investimento. O que ele indica é uma escolha que talvez faça mais sentido para a sua estratégia.
Nesse momento, é essencial considerar o seu perfil de risco e os objetivos para os seus investimentos. Assim, você chega à melhor conclusão para o seu caso.
LEIA MAIS | A dor de não respeitar seu perfil de risco
O Sharpe Ratio oferece uma indicação do que pode acontecer no futuro. Ainda assim, ele nunca traz certezas — e é fundamental que isso fique claro, ok?
Ainda que seja um bom indicador e tenha alta recomendação de uso, a realidade pode ser diferente da expectativa.
Uma pequena alteração no cenário econômico, por exemplo, pode causar modificações que impactam o retorno dos ativos.
Por isso, mais importante do que tudo que vimos até aqui é compreender essas 4 máximas sobre o Índice Sharpe:
Como falamos desde o começo, o Índice de Sharpe serve para comparar fundos e carteiras.
Como o indicador analisa se a expectativa de retorno é derivada da qualidade do investimento ou de seu excesso de risco, ele é indicado para fundos e carteiras, que contêm vários ativos.
Para entender melhor, vamos usar os exemplos dos fundos de ações americanas e brasileiras da Warren.
O Fundo Warren Ações USA busca bater o indicador S&P 500, que inclui as 500 maiores companhias do mercado americano.
Para os brasileiros, é a oportunidade de diversificar sua carteira, ao mesmo tempo que investe em empresas sólidas.
Apesar disso, existe risco porque a volatilidade é grande e situações imprevistas do mercado podem impactar a remuneração.
Segundo dados de junho de 2020, que avaliam de julho de 2019 ao final do mesmo mês de 2020, o maior retorno obtido foi 12,09% ao mês.
Foram 18 meses acima do S&P 500 e apenas 11 abaixo desse indicador. A volatilidade anualizada foi de 29,56%.
O drawdown máximo — ou seja, a queda máxima em relação ao pico do ativo — foi de 53,09%.
Desde o início, o Índice de Sharpe foi de 2,20.
Por outro lado, o Fundo Warren Ações Brasil busca superar o Índice Ibovespa.
As aplicações são feitas em ações de empresas que são sólidas, boas pagadoras de dividendos e também em small caps com possibilidade de crescimento.
O risco também é alto e, no período considerado, o maior retorno mensal foi de 10,53%. A volatilidade anualizada foi de 29,56% e o drawdown máximo foi de –77,63%.
Os resultados ficaram 18 meses acima do Ibovespa e o Sharpe Ratio foi de 0,62.
Como você pôde perceber, ambas as alternativas são boas e recomendadas conforme esse indicador.
Afinal, elas estão acima de 0,5 e, no caso das ações americanas, chega a ultrapassar 2.
Outro ponto positivo é que, em nenhum deles, há taxa de administração.
Desse modo, quando você investe e baseia suas decisões no Índice de Sharpe, tem uma chance maior de acertar na sua escolha. Por essa ótica, os dois fundos de investimento analisados valeriam o estudo.
A seguir, montamos uma tabela para você comparar o Índice de Sharpe dos fundos da Warren, com dados até setembro de 2020:
Fundo | Índice de Sharpe |
Warren Crédito Privado | 10,07 |
Warren Omaha Multimercado | -0,62 |
Warren Ações BR | 0,62 |
Warren Ações USA | 2,20 |
Warren Equals | 0,73 |
Warren Green | 0,09 |
Esse material vai ser útil para que você compare o rendimento dos fundos de acordo com a estratégia e o perfil de risco de cada um deles.
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