Guia explicado: entenda a diferença entre juros simples e juros compostos  

Entender a diferença entre juros simples e juros compostos é fundamental para quem está dando os primeiros passos no mercado financeiro e quer tomar as melhores decisões nos seus investimentos.

Em linhas gerais, o juro é o rendimento recebido por quem empresta dinheiro, com um prazo determinado e com taxas preestabelecidas.

A taxa Selic, por exemplo, é a taxa básica de juros, que serve como referência para todos os agentes financeiros que emprestam dinheiro no mercado.

É com base nessa taxa que os bancos definem o valor dos seus serviços de empréstimo e do rotativo do cartão de crédito, por exemplo. 

Nos investimentos, os juros compostos são mecanismos valiosos para a sua rentabilidade a longo prazo, por um motivo simples: eles representam uma bola de neve positiva para a sua carteira, jogando a favor do seu dinheiro com o passar dos anos.

Por outro lado, para as suas dívidas, os juros compostos são um verdadeiro pesadelo.

Boa leitura!

O que são juros?

Antes de entender qual é a diferença entre juros simples e juros compostos, vamos começar pelo começo. Afinal, o que são juros?

Quando alguém aluga uma casa, o que ela ganha com isso? O valor do aluguel, certo? Ao emprestar dinheiro, o que o banco ganha? Juros. Quando você investe em um CDB, por exemplo, está, na prática, emprestando dinheiro para o banco. 

E o que você ganha? Juros.

Juros são os valores de remuneração pagos a quem emprestou dinheiro, seja uma pessoa física ou pessoa jurídica. Eles geralmente são representados por meio de uma taxa percentual, que incide sobre o montante total emprestado (ou investido).

E essas taxas, como são acordadas?

Normalmente, as instituições financeiras já tem as suas taxas de juros definidas, porém, elas ajustam esses valores de acordo com a taxa Selic, que é a taxa básica de juros da economia, definida a cada 45 dias pelo Copom.

Dependendo das condições do contrato, como prazo, risco da operação e valor do empréstimo, as taxas de juros podem variar.

Em alguns investimentos de renda fixa, como o Tesouro Prefixado, há uma taxa fixa de juros anuais, que é mostrada no momento da sua aplicação. 

Assim, você sabe exatamente quanto receberá se deixar o seu dinheiro aplicado até a data estipulada para vencimento.

É por isso que, em cenários de quedas de juros, a renda fixa tende a ser menos atrativa: a redução da taxa básica de juros afeta a rentabilidade de todas as aplicações em renda fixa.

Dessa forma, os olhos dos investidores para os investimentos em renda variável, onde os riscos são maiores, mas as possibilidades de retorno no longo prazo também.

Há dois tipos de juros: os simples e os compostos. Eles se diferem bastante na forma como são calculados.

Vamos entender qual é a diferença entre juros simples e juros compostos?

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Diferença entre juros simples e juros compostos

De maneira geral, a diferença entre os juros simples e os juros compostos é a maneira como são calculados e como eles podem aumentar com o tempo. Nos juros simples, a taxa de juros incide sempre sobre o valor inicial. Nos juros compostos, a taxa de juros incide sempre sobre o valor anterior, o que acaba criando um montante muito mais expressivo.

Vamos entender?

Juros simples

Juros simples são uma taxa de juros cobrada do valor inicial do seu empréstimo, investimento, transação feita no cartão de crédito ou uma dívida, por exemplo. Ou seja: esse tipo de juro é acrescido sempre sobre o valor inicial.

Essa é a maneira simples de remunerar e “pagar” quem está disponibilizando crédito ou emprestando dinheiro. e é muito comum em serviços mais básicos ou informais, em que não há toda uma estrutura das instituições financeiras por trás. 

Os juros simples também são chamados de lineares, pois eles não se alteram conforme as parcelas do acordo são pagas.

Saber como calcular os juros simples é fácil. Basta você multiplicar o valor total do investimento ou empréstimo pela taxa de juros. Depois, acrescer esse valor no total do montante. 

Como o valor mensal de juros não muda, nem em termos percentuais, nem financeiros, o cálculo é simples.

Veja um exemplo para entender:

Suponha que você tenha feito um empréstimo no valor de R$ 6.000, com juros simples de 4% ao mês.

  • O cálculo fica: R$ 6.000 x 0,04 = R$ 240 de acréscimo ao mês.

Caso o seu empréstimo seja pago em 10 parcelas, basta multiplicar R$ 240 por 10. Ou seja, o valor total do seu contrato será de R$ 8.400.

Vale lembrar que você não precisa fazer essa conta sempre que for fechar um contrato com juros, porque essas condições sempre devem estar claras nos termos. 

Se não estiverem, não tem escapatória: é preciso recorrer à calculadora ou até, nos casos dos juros compostos, calculadoras de juros online que facilitam a vida de quem não é especialista em matemática financeira.

Juros compostos

Juros compostos são as taxas de juros nas quais os valores são acrescidos ao montante acumulado nas parcelas anteriores, e não ao montante inicial. Em linhas gerais, é o cálculo de juros sobre juros.

Isso quer dizer que, a cada mês, os juros compostos serão calculados considerando: 

  • O valor inicial da transação + rendimento acumulado do mês anterior + taxa de juros.

Assim, quanto maior o tempo de contrato ou da aplicação, maior será o seu rendimento mensal, ou a sua dívida, porque os juros compostos têm crescimento exponencial.

Isso significa que, nos investimentos, você ganhará mais a cada mês (considerando um cenário apenas positivo), mas, nas dívidas, pagará mais a cada mês. 

Vamos entender melhor como isso funciona na prática? 

O efeito dos juros compostos nas suas dívidas

Veja o efeito dos juros compostos nas suas dívidas, ilustração

Você precisa correr dos juros compostos quando eles estão relacionados às suas dívidas. Como eles são exponenciais, quanto mais tempo você levar para pagar, maior será o seu valor devido e maior o efeito da bola de neve sobre o valor total.

Um exemplo claro disso, e que deixa muitas pessoas endividadas, é o rotativo do cartão de crédito.

O rotativo nada mais é do que um crédito que o banco oferece quando você não consegue pagar o valor total da sua fatura. Parece bom, certo? Mas não é. 

Quando você utiliza esse crédito, além de pagar o saldo da sua fatura, precisa arcar com juros sobre o valor que não pagou.

O grande perigo é que esses juros são os compostos, ou seja: a cada parcela da sua fatura, você pagará mais caro. Assim que muitas pessoas se afundam em areias movediças de juros intermináveis.

O efeito dos juros compostos nos seus investimentos

Tristeza de uns, felicidade de outros. Nos investimentos, os juros compostos são muito bem-vindos.

Aqui, a bola de neve é positiva, porque é você quem está emprestando dinheiro, e não tomando. Portanto, é o investidor quem recebe os juros sobre juros.

Por serem atualizados todos os dias, em alguns casos, os juros compostos tendem a aumentar os seus rendimentos dos investimentos no longo prazo, quando o dinheiro efetivamente começa a trabalhar por você.

Mas quais investimentos pagam juros compostos? Todos os produtos de renda fixa remuneram os investidores com juros compostos, assim como na renda variável. 

Os principais são:

  • Ações
  • Fundos de investimento
  • CDB (Certificado de Depósito Bancário)
  • Tesouro Selic ou Tesouro IPCA
  • LCI (Letras de Crédito Imobiliário)
  • LCA (Letras de Crédito do Agronegócio)

No CDB, por exemplo, é uma troca: uma mão lava a outra. Você empresta dinheiro para o banco e o banco paga você com juros compostos. Da mesma forma que ele cobrará quando você pegar dinheiro emprestado.

Vamos a um exemplo para que você entenda como os juros compostos podem aumentar os seus ganhos.

Suponha que você tenha feito um aporte de R$ 50.000, com vencimento em 12 meses e com taxa de juros de 1% ao mês. Além disso, você se organizou e todos os meses aplicou R$ 1.000.

No final dos 12 meses, você terá R$ 69.023,70 de total acumulando, sendo R$ 62.000 dos seus aportes e R$ 7.023,70 de juros. Ou seja, você ganhou mais de R$ 7 mil sem fazer nada.

Agora, imagine investimentos de médio e longo prazo. Vamos fazer uma simulação?

Suponha que você tenha feito um aporte inicial de R$ 50.000 na sua carteira de investimentos diversificada, sem fazer aportes mensais, e consegue um retorno de 7% ao ano.

Montamos uma tabela para você entender o potencial dos juros compostos no longo prazo, considerando esse cenário de R$ 50.000 investidos inicialmente.

AnosJuros acumuladosRendimento total
1R$ 3.499,93R$ 53.499,93
2R$ 7.244,84R$ 57.244,84
5R$ 20.127,16R$ 70.127,16
10R$ 48.356,49R$ 98.356,49
15R$ 87.949,60R$ 137.949,60
20R$ 143.480,97R$ 193.480,97
25R$ 221.366,63R$ 271.366,63


Perceba que o potencial dos juros compostos é realmente exponencial. No longo prazo, você recebe muito mais em juros do que investiu inicialmente, e essa proporção não aumenta de forma linear. 

Esse é o grande segredo do investimento de longo prazo: você coloca os juros compostos ao seu favor. No gráfico abaixo, mostramos quanto do valor final é representado pelo investimento inicial, e quanto é influência dos juros, de acordo com cada ano:

Rendimento dos juros, gráfico

Outra estratégia utilizada para gerar lucro baseado na lógica dos juros compostos são as aplicações na Bolsa de Valores, principalmente quando os dividendos das ações são utilizados para comprar novas ações.

Dessa forma, você aumenta os ativos da sua carteira e tende a aumentar os lucros no longo prazo.

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Comparativo juros simples e juros compostos

Para que você consulte sempre que precisar e nunca mais fique confuso com a diferença entre juros simples e juros compostos, fizemos uma tabela comparativa:

Juros simplesJuros compostos
Cobrado sempre sobre o valor inicial do seu investimento, ou empréstimoCobrado sobre o valor acumulado do investimento, ou empréstimo
Forma fixa de cobrançaForma exponencial de cobrança
Crescimento estável e linearQuanto mais parcelas, maior o crescimento dos juros
Fórmula simples: juros = capital x taxa x tempoFórmula um pouco mais complexa: montante = valor principal (1+ taxa de juros) número de parcelas ou de meses

Como usar os juros compostos a seu favor

Apesar de um perigo para as suas dívidas, os juros compostos podem trabalhar ao seu favor nos investimentos.

Para que você consiga tirar bons rendimentos dessa forma de remuneração, é importante pensar em dois principais pontos: diversificação e objetivos de longo prazo.

Diversificação

Além de proteger a sua carteira das oscilações do mercado, a diversificação tende a aumentar a sua remuneração no longo prazo.

Pense o seguinte: se uma pessoa que trabalha em uma empresa, ela tem uma fonte de renda. Se ela passa a trabalhar em duas empresas, terá duas fontes de renda.

Agora, suponha que esse mesmo funcionário trabalhe com uma remuneração variável, de acordo com comissões. No emprego A, as vendas não foram muito bem em determinado mês, masn no emprego B, ele teve bons rendimentos. Um compensou o outro.

O mesmo vale para a diversificação. Quando você faz aportes em diferentes produtos, consegue diluir os riscos e amortecer as quedas.

Mesmo que você tenha o perfil de investidor conservador, é importante diversificar o seu portfólio, incluindo até ativos de renda variável, desde que o foco seja no longo prazo.

É aí que entra o grande diferencial dos fundos de investimento. Com apenas uma aplicação, você diversifica o seu patrimônio em diferentes classes de ativos, e ainda ganha a expertise dos gestores na alocação e rebalanceamento do portfólio, no caso da Warren.

Objetivos a longo prazo

Quanto mais tempo o seu dinheiro ficar aplicado, maior será o seu rendimento com os juros compostos. Ou seja, se você mira em objetivos de longo prazo, tende a ter um valor acumulado maior.

Além disso, oscilações do mercado podem ser amortecidas pelo tempo. Não é raro encontrar, por exemplo, ativos que têm comportamentos negativos durante dois a três meses, ou até anos, mas que depois se recuperam — principalmente na renda variável.

É exatamente por possibilitar maiores ganhos no longo prazo que os juros compostos são considerados uma fórmula mágica para fazer o seu dinheiro trabalhar por você.

Como vimos, a principal diferença entre juros simples e juros compostos reside no fato de que, nos juros simples, a taxa incide sempre sobre o valor inicial; nos juros compostos, sempre sobre o valor acumulado.

Portanto, os juros compostos são terríveis para quem pega dinheiro emprestado, mas não excelentes para quem empresta — ou investe.

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