O brasileiro tem à sua disposição cada vez mais oportunidades de diversificar seu patrimônio.
Uma delas é a dolarização.
No entanto, investir no exterior ainda é sinônimo de muitas dúvidas e desconfiança por parte do investidor que busca se informar sobre o assunto.
Este artigo buscará esclarecer você a respeito de alguns mitos e verdades que estão por trás da dolarização do patrimônio.
Esperamos que, ao fim deste artigo, você entenda se esta estratégia para seus investimentos faz sentido para seu patrimônio.
Vamos lá?
Indice
Antes de nos aprofundarmos nos mitos e verdades da dolarização, é importante ter em mente o que é a dolarização do patrimônio.
A dolarização do patrimônio é a prática de migrar parte dos seus investimentos para a moeda estadunidense.
Isso significa que você pode deixar de investir em apenas ativos locais, como a renda fixa e a bolsa brasileira, e passa a ter mais oportunidades para investir no mercado internacional, como os títulos do Tesouro Americano (treasuries), ações de empresas globais, ETFs, entre outros.
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Infelizmente, investir, mesmo localmente, traz para os brasileiros muitas incertezas.
Além disso, com um passado recente de inflação muito alta e trocas constantes de moeda e de política monetária, confiar em uma estratégia de investimentos não é tarefa fácil.
Nosso papel aqui é mostrar, quando o assunto é dolarização do patrimônio, os mitos que talvez você já tenha ouvido sobre o tema.
Migrar o patrimônio para o dólar pode, em um primeiro momento, parecer uma estratégia restrita ao investidor com maior poder aquisitivo.
E esse entendimento tem, sim, um pouco de verdade.
Algumas opções de investimento internacional são exclusivas a pessoas com grandes patrimônios, muito por conta dos custos envolvidos e da operação em geral.
Mas a realidade mostra que existem oportunidades para todos os tamanhos de patrimônio.
Cabe a você encontrar qual a melhor alternativa, estudar seus custos e entender se faz sentido para seus objetivos financeiros.
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Este é outro mito com um fundo de verdade.
É inegável que seu patrimônio estará diversificado se você investi-lo em diferentes classes de renda fixa e renda variável. Mas somente até um determinado nível.
Mesmo você investindo em diferentes classes de ativo, seus investimentos estarão correlacionados entre si: todos dependem dos rumos da economia brasileira.
Além disso, sob um olhar ainda mais abrangente, o Brasil não representa hoje 1% das ações negociadas no mundo, enquanto os EUA representam mais de 60%.
Por isso, os investidores vêem no mercado americano e na dolarização do patrimônio formas de diversificar seus investimentos e diminuir os riscos de investir em apenas um país.
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A economia americana é a maior do mundo. Esse título é reconhecido desde meados de 1890.
Poderíamos ficar horas e horas listando as diferenças entre a economia dos EUA e a do Brasil, mas este não é o foco do artigo.
O que você precisa saber é que, por muito menores que sejam, também existem riscos de investir nos EUA.
O país ostenta o dólar, a moeda mais forte do mundo, e inúmeras economias dependem direta ou indiretamente dos rumos da economia americana.
Mesmo assim, os EUA não estão livres de crises, sejam elas políticas, associadas ao mercado internacional ou à variação cambial.
A depender da classe de ativo que você investir, será necessário um maior apetite ao risco, independente de estar investindo na maior economia do mundo ou não.
Então, existe risco ao investir nos EUA? Sim.
Ele é menor em comparação a outros países? Sim, mas tenha sempre em mente que ele existe.
Acreditar que os investimentos em dólar são sempre mais rentáveis do que os investimentos no Brasil pode acabar sendo uma armadilha para a tomada de decisão do investidor.
Para os investimentos internacionais, vale o mesmo cuidado que você toma para investir nos ativos locais.
Estude sempre as opções do mercado para investir nos ativos que fazem mais sentido para o seu perfil de risco e objetivos financeiros — e, claro, tenham maior potencial de ganho.
Lembre-se: apesar da economia americana ser mais estável e segura para investir, a performance da sua carteira vai depender das suas escolhas de investimento.
Investir em ativos internacionais pode sim demandar um maior grau de complexidade.
Afinal, a tributação, a plataforma e os meios utilizados para investir no exterior costumam ser diferentes das utilizadas para investimentos locais.
Ainda assim, também é verdade que hoje as instituições financeiras estão buscando cada vez mais facilitar o processo para o investidor.
Por isso, a dificuldade de se investir no exterior passou a ser um mito, tendo em vista que atualmente você pode contar com a ajuda de um especialista ou corretora que possua a estrutura necessária para investimentos internacionais.
Antes de tomar qualquer decisão sobre dolarizar ou não seu patrimônio, busque analisar se essa estratégia está alinhada com seus objetivos financeiros e perfil de risco.
Abaixo, apresentaremos a você algumas verdades por trás da dolarização.
Entre as vantagens de dolarizar seu patrimônio, está o fato de que você estará expondo seu patrimônio numa moeda que é referência internacional.
Estamos falando de uma moeda que existe desde meados de 1776. São mais de 200 anos de diferença para o real brasileiro, criado em 1994.
Além disso, o dólar é uma moeda aceita em muitos países e amplamente utilizado para transações comerciais internacionais. Muitos produtos, como as commodities, são negociados em dólar.
A moeda também é frequentemente utilizada em empréstimos e financiamentos internacionais. Você possivelmente já ouviu falar da dívida externa do Brasil, por exemplo, que é cotada em dólar.
Por conta de sua solidez global, a moeda norte-americana é considerada uma reserva de valor para muitos países.
Cerca de 60% das reservas globais estão alocadas em dólar atualmente — no Brasil, o número sobe para 80%.
Investir em dólar é uma estratégia que alguns investidores buscam adotar para se proteger da inflação local ou da desvalorização do real.
As oscilações do dólar, sejam elas para cima ou para baixo, afetam a dinâmica de preços no Brasil e de diversos outros países.
Lembre-se: estamos falando da maior economia do mundo cuja moeda é amplamente utilizada para transações comerciais internacionais — conforme o tópico anterior.
Ao valorizar, os produtos precificados em dólar costumam ficar mais caros para o Brasil e o preço é repassado para o consumidor final.
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Você leu que nem mesmo investir nos Estados Unidos livra a sua carteira dos riscos. E isso é verdade.
Mas também é verdade que os EUA são a maior economia do mundo.
Se o país entrar numa crise financeira sem precedentes, é bem provável que o resto do mundo também sinta seus efeitos devido ao papel central dos norte-americanos na economia global.
Saindo um pouco das suposições e considerando que os riscos de investir nos EUA são menores do que investir no Brasil, por exemplo, é importante lembrar que dolarizar parte do seu patrimônio deixará seu dinheiro diretamente atrelado à maior economia do mundo.
Parte do seu patrimônio será migrado para o dólar, uma moeda mais forte que o real em uma economia mais sólida e segura que a do Brasil.
A dolarização pode ser uma forma de você se proteger de crises financeiras e eventuais desvalorizações da moeda brasileira.
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Dolarizar o patrimônio pode também ser visto como uma quebra de fronteiras.
Estamos falando de uma moeda que é referência internacional, ampliando as oportunidades de investimento para os brasileiros.
O mercado brasileiro não representa hoje 1% dos ativos globais.
Somente no mercado de ETFs, os Exchange Traded Funds, a diferença é clara.
Os EUA possuem hoje mais de 3 mil ETFs listados em bolsa. A B3, bolsa brasileira, tem cerca de apenas cem.
A dolarização do patrimônio exige que você inclua no seu planejamento financeiro um planejamento tributário para evitar problemas legais.
Um bom planejamento pode ajudar você a maximizar seus ganhos e aproveitar muito bem os benefícios fiscais que existem.
Atualmente, algumas opções de investimento e acordos entre países oportunizam ao investidor benefícios na hora de pagar os impostos envolvidos na operação.
Sendo assim, consultar um especialista pode ser um caminho essencial para o seu patrimônio.