As experiências que me incentivaram a criar uma empresa melhor para todas as mulheres  

O dia de hoje é importante para mim e para todas as mulheres que lutam por equidade de gênero. Uma data para relembrarmos nossas conquistas, mas também reforçarmos o caminho que temos pela frente.

Enquanto mulher que ocupa o cargo de Chief People Officer da Warren me sinto responsável por tornar todos os espaços cada vez melhores e mais seguros para as minhas “irmãs”.

Neste conteúdo, vou compartilhar algumas das iniciativas da Warren voltadas às mulheres. Mas, antes, vou contar algumas experiências pessoais marcantes que influenciaram essas iniciativas.

Vamos juntas? 

Eu lembro direitinho da primeira vez que pisei na corretora onde eu iria trabalhar, em Nova Iorque. Aquele trading floor gigante, um montão de mesas e muita gritaria — exatamente como no filme O lobo de Wall Street.

E toda pessoa que entra no mercado financeiro de NY tem o seu momento de debutante, sua grande estreia. Fazia uma semana que eu estava na empresa e perguntaram se eu rasparia o cabelo por dez mil dólares.

É uma prática comum, fazem esse tipo de coisa com todos os calouros. Lembro de ver uma pessoa tomando um enorme galão de leite sem parar e outra comendo uma barata morta em troca de dinheiro.

Eu recusei a oferta. Na época eu ainda não era budista, então desapegar do cabelo não era tão tranquilo para mim. Mas na verdade, não era sobre o cabelo, e sim sobre avaliar o território e descobrir qual estratégia eu iria adotar pra sobreviver lá dentro. 

Independentemente da oferta que fizeram para mim, achei aquele momento todo muito curioso e fiquei me questionando sobre as coisas às quais as pessoas se submetem.

Nesse caso, havia oferta de dinheiro. Mas será que fizeram só pelo dinheiro mesmo? Ou também porque, ao apoiarem a proposta, se sentiriam fazendo parte, pertencendo a aquele grupo?

Estar num ambiente que submete você a algo que você não está a fim não é nada agradável. E quando você é mulher, a submissão que esperam de você pode ser ainda pior.

Vou te contar outra história.

Fazia mais ou menos um mês que eu já estava na empresa. Durante um happy hour, um colega perguntou qual era o meu preço.

Eu achei que ele estava falando sobre algum trade que a gente tinha feito na mesa de operações naquele dia, por isso eu questionei “de qual operação você está falando?”.

Ele respondeu que queria saber o preço que custava para sair comigo. Assim que entendi, respondi que eu não tinha um preço. Eu não estava à venda.

Então ele começou a apontar para diversas pessoas e dizer que cada uma delas tinha um preço, sugerindo que eu também definisse o meu “ainda mais você, como mulher, para vencer no mercado financeiro, é melhor pensar no seu preço”.

Senti muita raiva e vontade de chorar. Lembro da sensação de me sentir invadida, suja. 

Mas entendi que o que ele estava dizendo não tinha relação comigo, era algo sobre ele e refletia o ambiente tóxico que ele vivia e já estava acostumado.

Eu, ao contrário, não queria fazer parte da manutenção daquele contexto.

Essa situação abriu os meus olhos e me fez decidir que a partir daquele momento eu faria de tudo para provar que ele estava errado. Eu não concordo que as pessoas precisam ter um preço — nem para crescer no mercado financeiro e em lugar nenhum.

Passei também por situações de competição entre mulheres, tive duas colegas de trabalho que faziam apostas sobre o dia em que eu iria me demitir, e me passavam informações erradas para me prejudicar.

Eram outros tempos, nesse ponto eu acredito que já evoluímos muito. Não percebo mais essa competição, acredito que hoje as mulheres se apoiam mais, praticam mais a sororidade, se veem mais como irmãs.

Mas foram tempos difíceis, desenvolvi ansiedade e depressão, e na época não tinha grana pra fazer terapia com a frequência necessária. 

Enfim, foram experiências muito ruins — citei algumas dentre tantas — mas é com essa bagagem que fundei a Warren e é isso tudo que me faz lembrar todos os dias do meu papel aqui dentro: possibilitar um ambiente acolhedor, seguro e que desenvolva todas as pessoas — em especial, as mulheres.

Hoje, as mulheres ocupam 30% das posições do time da Warren. 24% delas em cargos de liderança.

Está longe de ser o cenário que visualizamos ser o ideal, por isso, vamos continuar trabalhando para evoluir.

Vou compartilhar algumas iniciativas que caminham nesse sentido.

Warren Equals

Em 2020, lançamos o Warren Equals, um conjunto de iniciativas com foco em equidade de gênero dentro da empresa, para aproximar as mulheres do mercado financeiro, que depois, transformou-se num fundo de investimentos, reunindo empresas do Brasil e do mundo que possuem políticas de equidade, mulheres em cargos de liderança, marca pro-mulher, diretrizes de equiparação salarial entre homens e mulheres e muito mais.

O fundo está completando dois anos! Você pode conferir os resultados dele aqui.

E neste mês de março, dois anos após o lançamento do fundo, temos uma novidade: a Warren Shop — nossa loja de produtos Warren, até então acessível somente para pessoas colaboradoras — agora será lançada para todo o Brasil com a coleção Equals.

A Warren Shop não tem fins lucrativos. Todos os produtos são a preço de custo, acrescentamos 5% no valor dos produtos para reverter em ações sociais. O percentual extra arrecadado vai para instituições ligadas a causas de mulheres. A Warren não lucra com a venda de nenhum produto da shop, esse não é o objetivo!

O lançamento oficial vai ocorrer ainda no mês de março, então, acompanhe as minhas redes e as redes da Warren para saber os detalhes.

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Warren Progresso

Interseccionalidade. Você já ouviu esse termo? Mulheres são repetidamente atingidas pelo cruzamento e sobreposição de gênero, raça e classe. Dito isso, nossas ações precisam trazer para perto também as mulheres negras e mulheres negras trans.

Para isso, além do olhar atento do time de Seleção em todas as vagas que são abertas, lançamos em fevereiro de 2022 uma edição exclusiva do Warren Progresso para mulheres negras.

Recebemos 584 inscrições em um mês! As seis selecionadas vão entrar no time no dia 11 de abril de 2022 e terão sua carga horária dividida entre períodos de treinamento e de mão na massa.

Mulheres gestantes são muito bem-vindas

A gestação jamais será um fator de eliminação de candidatas. O mercado de investimentos, assim como qualquer outro, precisa acolher mulheres também nessa fase da vida. Em 2021, contratamos uma colaboradora no sexto mês de gestação. Que venham mais gravidinhas para a Warren!

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Auxílio creche

Esse benefício foi lançado em 2021 e possibilita que todas as mulheres com filhos de até 7 anos recebam auxílio mensal de até R$450 (um benefício dado também aos colaboradores homens que se tornam pais).

Contribuir com a estabilidade financeira da família (muitas vezes, sustentada pela mãe) é importante para a segurança da estrutura familiar.

Ah, e todos os nossos escritórios estão abertos para acolher colaboradoras com  filhos não só durante o período de amamentação, mas sempre que quiserem. Eu mesma já levei minhas crianças ao escritório diversas vezes, e elas adoram!

Além dessas iniciativas, no dia a dia temos uma troca muito rica e interessante entre mulheres.

Temos um grupo exclusivo com mais de 200 mulheres para conversar sobre tudo, trocar informações, marcarmos encontros…percebo que a gente é muito unida, vejo mulheres se elogiando, se apoiando, pedindo dicas. Mesmo durante o período de isolamento, dá pra perceber que isso se mantém também no meio digital.

Sinto que estamos construindo um time de mulheres empoderadas, que são e dão suporte umas para as outras — e isso tem muita força.

Obrigada, minhas irmãs.

Let’s go, girls!

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