Ter uma reserva de emergência é o primeiro passo em direção à sua independência financeira.
A reserva de emergência é aquela parcela do seu patrimônio que você guarda e torce para não precisar usar. Ela é destinada a gastos urgentes e emergenciais — como o próprio nome indica.
Por mais otimista que você seja ao projetar seu futuro, jamais abra mão de ter uma quantia guardada com segurança e disponibilidade imediata.
É verdade que a realidade de boa parte dos brasileiros dificulta a criação dessa reserva. Quando sobra um dinheiro no fim do mês, não é fácil abrir mão de um mimo para si ou para a família.
Acontece que, assim como os pequenos luxos aos quais nos permitimos de vez em quanto, a reserva de emergência também impacta nossa qualidade de vida.
A reserva proporciona a tranquilidade de se sentir preparado para lidar com os eventos adversos que podem surgir. Sem ela, ficamos vulneráveis aos imprevistos que só podem ser solucionados com dinheiro — o que pode ser muito angustiante.
Mas, afinal, quanto poupar para a reserva de emergência? Como fazer esse cálculo? Onde investir?
Neste artigo, vamos descomplicar o tema de uma vez por todas, com um passo a passo simplificado com tudo que você precisa saber.
Vamos juntos? Boa leitura!
Indice
Reserva de emergência é um dinheiro aplicado em um investimento seguro e com alta liquidez, pronto para ser resgatado rapidamente em situações de necessidade. Em vez de ter uma destinação específica, como bancar uma viagem, essa quantia fica disponível para eventos imprevisíveis, como uma emergência médica ou desemprego.
É como a tradicional figura do dinheiro que fica guardado embaixo do colchão para quando precisar.
Mas nada de seguir essa ideia: esqueça a reserva em papel e aplique o dinheiro em um ativo que o proteja da inflação — e das traças.
Quando falamos em reserva de emergência, há duas dúvidas que se sobressaem às demais: onde aplicar o dinheiro e quanto dinheiro guardar?
Vamos começar respondendo à segunda.
Há duas lógicas que recomendamos seguir para fazer o cálculo da reserva de emergência. Acompanhe:
O método mais tradicional para calcular a reserva de emergência é multiplicar a sua renda mensal por um determinado número de meses.
Esse número representa o período no qual você conseguiria manter o padrão de vida atual apenas com a reserva de emergência, sem atrasar as contas.
E quantos meses considerar para o cálculo? A resposta depende das particularidades de cada um. Recomendamos que não seja menor do que 3, sendo o ideal entre 6 a 12 meses.
Uma pessoa que sustenta uma família, por exemplo, talvez precise de uma reserva de emergência maior do que a de um jovem que, em caso de necessidade, pode voltar a morar com os pais e parar de pagar aluguel.
Problemas de saúde, animais de estimação e parcelas de financiamento são outros fatores que puxam o número para cima.
Outro fator que deve ser levado em consideração, nesse momento, é a estabilidade da sua profissão e a facilidade que você possui de gerar renda.
Imagine que você seja demitido amanhã. O quão fácil seria se realocar no mercado de trabalho com a mesma renda?
Essa resposta também interfere no cálculo do período que você deve considerar ao calcular a reserva de emergência.
Veja um exemplo a seguir, considerando uma pessoa com renda mensal de R$ 4 mil, e os cenários possíveis:
Número de meses | Cálculo | Reserva de emergência |
3 | R$ 4.000 x 3 | R$ 12.000 |
4 | R$ 4.000 x 4 | R$ 16.000 |
5 | R$ 4.000 x 5 | R$ 20.000 |
6 | R$ 4.000 x 6 | R$ 24.000 |
7 | R$ 4.000 x 7 | R$ 28.000 |
8 | R$ 4.000 x 8 | R$ 32.000 |
9 | R$ 4.000 x 9 | R$ 36.000 |
10 | R$ 4.000 x 10 | R$ 40.000 |
11 | R$ 4.000 x 11 | R$ 44.000 |
12 | R$ 4.000 x 12 | R$ 48.000 |
Outra possibilidade para calcular a sua reserva de emergência é fazer um cálculo bem parecido com o anterior, com uma única diferença: em vez de multiplicar o número de meses pela renda mensal, multiplica-se pelo custo de vida.
Essa conta faz mais sentido nos casos em que há bastante diferença entre a renda mensal de uma pessoa e seu custo de vida.
Imagine que a mesma pessoa do exemplo anterior, que possui uma renda mensal de R$ 4 mil, precise de uma média de R$ 3 mil para passar o mês.
Essa pessoa não precisa considerar o excedente de R$ 1 mil no cálculo da reserva de emergência — afinal, se perdesse o emprego, por exemplo, a tendência seria manter ou reduzir o custo de vida, e não aumentá-lo.
O cálculo é o mesmo do método anterior, mudando apenas o valor-base. Veja:
Número de meses | Cálculo | Reserva de emergência |
3 | R$ 3.000 x 3 | R$ 9.000 |
4 | R$ 3.000 x 4 | R$ 12.000 |
5 | R$ 3.000 x 5 | R$ 15.000 |
6 | R$ 3.000 x 6 | R$ 18.000 |
7 | R$ 3.000 x 7 | R$ 21.000 |
8 | R$ 3.000 x 8 | R$ 24.000 |
9 | R$ 3.000 x 9 | R$ 27.000 |
10 | R$ 3.000 x 10 | R$ 30.000 |
11 | R$ 3.000 x 11 | R$ 33.000 |
12 | R$ 3.000 x 12 | R$ 36.000 |
Vale reforçar que os dois métodos apresentados para calcular a reserva de emergência são baseados em uma situação hipotética na qual você perde todas suas fontes de renda.
Mas o dinheiro também pode se tornar necessário em outras situações, como uma despesa médica ou a manutenção inadiável na sua casa, como veremos em exemplos ao longo do artigo.
Desse modo, você pode acrescentar um valor adicional ao cálculo dos meses considerando outras hipóteses além do desemprego.
Mas, como o desemprego ou a falta de renda costumam ser os cenários mais graves enfrentados em relação à sua saúde financeira, faz sentido tomá-los como base.
Mesmo que você use o dinheiro da reserva de emergência em outras demandas urgentes, ter o valor da sua renda ou do seu custo de vida como ponto de partida faz sentido.
Se você quer saber como montar uma reserva de emergência, é porque provavelmente ainda não possui uma.
Como esse recurso não será levantado da noite para o dia, o essencial é se organizar. Confira um passo a passo:
Vamos a um exemplo bem prático?
Imagine que você calculou que precisa de uma reserva de emergência de R$ 18 mil, e já tem R$ 4 mil guardados.
Você precisa levantar, portanto, R$ 14 mil para completar a quantia calculada.
Se você economizar R$ 500 por mês, em 24 meses terá levantado R$ 12 mil. Supondo que deposite na reserva R$ 1 mil de cada 13º salário do período, chegará aos R$ 18 mil ao fim do período de dois anos.
Até que a reserva de emergência esteja totalmente formada, o ideal é que ela seja a prioridade entre os seus investimentos.
Afinal, temos que partir do princípio de que esse dinheiro pode ser necessário no curto prazo, em oposição a objetivos de longo prazo, como viver de renda.
Agora, se você possui dívidas com juros altos, que comprometem sua capacidade de poupar e investir, é melhor quitá-las antes de formar a sua reserva de emergência.
Isso vale para crédito rotativo do cartão de crédito ou cheque especial, por exemplo, que rapidamente se transformam em uma bola de neve e fazem você pagar mais juros do que o dinheiro que efetivamente foi usado.
Por outro lado, se a dívida está bem administrada e não provoca um rombo no seu orçamento, ela pode continuar sendo paga aos poucos, ao mesmo tempo que você guarda dinheiro para emergências e eventos imprevisíveis.
É o caso do financiamento imobiliário, uma dívida grande que costuma ser fatiada em parcelas pequenas a serem pagas ao longo de vários anos.
Nesse exemplo, você pode começar a amortizar a dívida depois de formar a sua reserva de emergência.
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Escolher onde aplicar o dinheiro da reserva de emergência passa por entender suas características mais importantes: segurança e liquidez.
Mas o que isso quer dizer na prática?
Como o nome diz, o dinheiro da reserva é destinado a emergências, que são situações excepcionais e imprevisíveis.
Não se pode correr o risco de perder esse dinheiro, portanto.
Assim, por mais que alguns investimentos de renda variável tenham risco moderado, não aplique o dinheiro da reserva neles. O foco deve ser os investimentos de renda fixa, com o menor risco possível, como veremos a seguir.
Liquidez é a velocidade em que determinado investimento pode ser convertido em dinheiro.
Um produto financeiro com alta liquidez pode ser resgatado em um curto espaço de tempo, já um ativo de baixa liquidez pode demorar dias, meses ou até anos para se converter em dinheiro na sua conta.
Para uma reserva de emergência, o ideal é ter liquidez imediata, isto é, a possibilidade de resgatar o dinheiro no mesmo instante em que a necessidade se apresenta, ou, no máximo, no dia seguinte.
A rentabilidade nunca vai deixar de ser um fator relevante ao considerar as opções de investimento.
No caso da reserva de emergência, porém, os critérios anteriores — segurança e liquidez — são mais importantes.
Então, a lógica é selecionar as opções mais seguras e com maior liquidez, para só então avaliar quanto cada uma delas vai render.
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Agora que você conhece os principais critérios para investir a reserva de emergência, vamos apresentar as principais opções que atendem aos critérios citados.
Confira, abaixo, algumas opções de onde deixar a reserva de emergência:
O Tesouro Selic é uma das categorias de investimento do Tesouro Direto.
São títulos da dívida pública que têm como características a liquidez diária e rentabilidade atrelada à taxa Selic.
Os títulos do Tesouro Selic são pós-fixados, isto é, variam junto com a atualização da Selic. Se a taxa aumentar, a rentabilidade do investimento cresce junto.
CDB quer dizer Certificado de Depósito Bancário. Quando você aplica seu dinheiro em um, é como se estivesse emprestando dinheiro a um banco.
Os CDBs, que figuram na lista de investimentos mais seguros do mercado, estão disponíveis em uma ampla oferta, de modo que o investidor encontra facilmente opções com diferentes graus de liquidez.
Ainda que as opções mais rentáveis não sirvam para reserva de emergência (porque quanto maior a rentabilidade, menor a liquidez), o CDB pode ser uma boa opção para formar a sua.
Depois de apresentar algumas opções para investir o dinheiro da reserva de emergência, vamos alertar sobre os investimentos que não servem para essa finalidade.
Embora ainda seja muito usada como reserva de emergência pelos brasileiros, a poupança está longe de ser a melhor opção.
Por quê?
Primeiro, porque rende abaixo da inflação, ou seja, o investidor o dinheiro deixado na poupança perde valor.
Além disso, sua rentabilidade não é diária: os valores só são atualizados a cada 30 dias.
Ou seja, não faz sentido investir na poupança, seja qual for o seu objetivo.
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A conta corrente é a melhor opção para movimentar o dinheiro no dia a dia, pagando as contas mensais e as compras no supermercado, entre outras situações.
Mas o dinheiro que sobra da sua renda, que não precisará ser usado para pagar as despesas ordinárias, deve ser depositado em outro lugar.
Isso porque a conta corrente padrão não rende. Na maioria dos casos, é até o contrário, pois o banco cobra uma taxa mensal do correntista.
Existem vários fundos e títulos de renda fixa que são totalmente seguros e cuja rentabilidade é garantida. Mas nem todos têm liquidez imediata.
Alguns até permitem que você resgate seu dinheiro a qualquer momento, mas com um desconto na rentabilidade.
Ou pagam o preço de mercado no resgate antecipado, que pode ter caído desde o aporte no ativo, porque, em geral, são ativos de maior risco.
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Fundo imobiliário, ações, ETF, criptomoeda… esses são apenas alguns exemplos de investimentos de renda variável que podem ser ótimos em uma estratégia de investimento a longo prazo.
Mas esse definitivamente não é o caso da reserva de emergência. Aqui, a prioridade é a garantia de que o seu dinheiro terá a mesma proteção caso você precise resgatar daqui a uma semana, um mês ou um ano.
A renda variável, portanto, precisa ser descartada quando pensamos em investimentos seguros e que talvez precisem ser acessados no curto prazo.
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Formada a sua reserva de emergência, quando usá-la? A verdade é que, quando a necessidade surgir, você vai saber identificar.
Com a reserva, você terá condições de enfrentar os problemas que aparecem sem precisar correr atrás de um empréstimo urgente, endividando-se com altas taxas de juros.
A seguir, veja algumas das situações que podem ser resolvidas — ou pelo menos amenizadas — com a reserva de emergência:
Vale lembrar que, idealmente, assim que você utilizar parte do valor da reserva, já deve direcionar sua atenção para restabelecer a totalidade.
Essa segurança de que sempre haverá uma reserva de emergência em caso de necessidade permite que você viva sua vida com mais bem-estar financeiro, e também olhe para outras modalidades de investimento com segurança.
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Como vimos, se você não possui reserva de emergência, recomendamos que a criação de uma seja a prioridade entre os seus investimentos.
Você até pode depositar parte do dinheiro que sobrou no mês em outro investimento, com um objetivo distinto, como uma viagem nas próximas férias.
Apenas tenha em mente que a reserva é uma proteção contra a sua vulnerabilidade em relação aos eventos adversos e imprevisíveis da vida.
Então, quanto antes tiver essa segurança, melhor.
Uma vez completa a reserva de emergência, aí sim é o momento de focar nos seus demais objetivos.
Quer estudar no exterior? Tem um casamento planejado? Pretende viajar nas próximas férias? O filho nasceu e você quer investir para o futuro? Já começou a planejar a sua aposentadoria?
Investindo na Warren, você pode criar uma carteira de investimento diferente para cada um desses objetivos, personalizada de acordo com as necessidades de cada meta.
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