Economia e política estiveram em pauta no primeiro Warren Institutional Day, realizado no dia 28, no Grand Hyatt Hotel, em São Paulo.
Promovido pela Warren Rena, frente institucional da Warren, o evento reuniu importantes nomes da economia e da política, em painéis mediados pelos especialistas da casa, Andrea Angelo, Erich Decat, Felipe Salto e Sérgio Goldenstein.
A abertura do evento foi feita pelo CEO da Warren, Tito Gusmão, pelo Chief Investment Officer da Warren Asset Management, Celson Placido, e pelo Chief Institutional Officer da Warren Rena, Luis Pauli.
Abaixo, você confere os destaques de cada painel.
Indice
Um dos nomes mais aguardados do evento, Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central trouxe para o debate os rumos Selic e o cenário da inflação.
Questionado sobre o resultado da última reunião do Copom, que deu início ao ciclo de corte da taxa Selic, Campos Neto afirmou que não esperava surpresa, considerando a reunião anterior, em junho.
“Meu voto foi de minerva no primeiro Copom e nesse Copom foi exatamente igual. Eu me assustei que as pessoas se assustaram [pelos 5×4].”
Sobre a possibilidade de o governo não entregar o resultado primário em 2024, que indica se os níveis de gastos orçamentários do Estado são compatíveis com a arrecadação, Campos Neto indica que o Banco Central pode reagir.
“A resposta depende de como isso vai afetar o câmbio, a inflação corrente, as expectativas de inflação à frente”, explica.
Sobre o cenário global, Campos Neto observa que o momento pede atenção no debate sobre uma possível desaceleração da economia americana, que acontece em meio à divulgação de medidas para mitigar dados negativos sobre a China.
Segundo ele, existe um receio de uma desaceleração mais coordenada nas economias globais, especialmente quando se observa o crescimento dos EUA baseado em aumento do gasto fiscal – o que, em sua visão, deve levar a uma “desaceleração encomendada” de sua economia, ao passo que China e também Europa apresentaram problemas de crescimento nas últimas semanas.
O segundo painel foi conduzido pelos ex-Secretários de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Marcos Lisboa e José Roberto Mendonça de Barros.
Mendonça de Barros abriu o evento, analisando que a principal responsabilidade do Governo nesse momento é retomar um crescimento sustentável e inclusivo, em que a taxa de expansão não necessariamente seja alta, mas persistente, e que melhore a qualidade de vida da população.
Nesse sentido, ele acredita que a sociedade já percebeu que a inflação alta é uma detratora do crescimento econômico.
“Não existe, hoje, espaço para um governo populista, que libere gasto e traga de volta a inflação”, analisou.
Ele também elogiou as reformas Trabalhista e Tributária, além da independência do Banco Central (BC).
Encerrado o segundo painel do dia, José Roberto Mendonça de Barros e Marcos Lisboa falaram sobre perspectivas e agenda futura para o Brasil, tanto em relação ao crescimento econômico quanto em relação à política monetária e fiscal, no curto e longo prazo.
Enquanto Mendonça de Barros sustenta uma visão mais positiva, acreditando que este é o ‘turning point’ – o ponto de virada – para o Brasil ter mais otimismo o ano que vem e continuar numa toada positiva, Marcos Lisboa acredita que não adianta fazer ajuste fiscal sem olhar os gastos, pois há muitas políticas pautadas nas receitas e não há reformas microeconômicas que estão sendo feitas, o que pode levar a um crescimento não sustentável, ou seja, é preciso falar novamente de reformas administrativas e seguir uma agenda econômica.
No entanto, ambos concordaram que a reforma tributária representa um ganho de produtividade enorme para as empresas.
Outro ponto abordado por Lisboa foi a necessidade de o governo federal ter um olhar voltado para os investimentos em infraestrutura.
“Infraestrutura é algo que prejudica o investimento de longo prazo no Brasil. Essa é uma agenda em que a gente tem perdido oportunidades. São investimentos de dé cadas (…) A gente fica nesse ciclo de baixo investimento em infraestrutura, o que prejudica a atividade de todos (os setores): agronegócio, energia, etc.”
O secretário executivo do Ministério do Planejamento, Gustavo Guimarães, conduziu o terceiro painel do dia, abordando importantes tópicos sobre Política Fiscal e Orçamento, como regras fiscais, taxa de juros, projeção de dívidas e reforma tributária.
De acordo com Guimarães, nos últimos anos, o Brasil tem surpreendido positivamente em suas estimativas de PIB.
“Se considerarmos o Focus como um ‘proxy’ de mercado, houve uma aproximação. Costumamos dizer que o governo é otimista e pragmático. Esse pragmatismo, apesar de todos os ruídos, tem se mostrado efetivo. As projeções de mercado têm convergido mais para o otimismo do que o contrário”, analisou.
Para ele, o principal desafio agora é continuar desenvolvendo a agenda de produtividade no país.
“Tivemos várias medidas que auxiliaram nesse avanço, como a própria reforma tributária, e ações do Banco Central, como o Drex, Pix e Pix Parcelado, por exemplo.
Quando olhamos para essa agenda, vemos que o sistema de pagamentos brasileiro é, se não o melhor, um dos melhores do mundo”, disse.
O executivo acredita que essa movimentação resulta em melhora de produtividade para a economia brasileira, inclusive para a população mais carente.
Outro ponto abordado por Guimarães foi a criação do Conselho de Acompanhamento e Monitoramento de Riscos Fiscais e Judiciais, em janeiro deste ano, para evitar novos precatórios e atuar na “causa”, não na “consequência”.
“O Ministério do Planejamento tem uma cadeira no Conselho e acreditamos fortemente que esse é um órgão que será bastante importante para o Brasil”.
O ex-Ministro das Cidades e atual Secretário de Governo e Relações Institucionais do Estado de São Paulo, Gilberto Kassab, encerrou o primeiro Warren Institutional Day com o painel “Governabilidade e Perspectivas da Agenda Econômica”, em que discutiu as consequências da reforma tributária para o Estado e temas mais amplos, como a questão das offshores e da tributação de fundos exclusivos.
“De tudo o que tenho visto [sobre offshores e fundos exclusivos], acredito que será aprovado nas duas casas”, disse.
Sobre a reforma tributária, Kassab analisou que o Governo de São Paulo e grandes empresários temiam prejuízos com relação ao que viria a ser aprovado no Congresso.
“O Tarcísio [de Freitas, governador de São Paulo], agiu de uma maneira diferente, muito mais nacionalizada e bastante compreensiva”, destacou.
Para Kassab, existe grande confiança nas propostas aprovadas pela Câmara, mas há preocupação com o texto que será aprovado no Senado.
Kassab traz suas perspectivas para as próximas eleições, a partir do entendimento de que o país segue polarizado.
“O país ainda está polarizado, em especial nas grandes cidades. Difícil a grande cidade superar esse embate, pode surgir uma terceira via, uma quarta via, mas em geral teremos nas próximas eleições a direita vs a esquerda.”
No entanto, acredita que “a eleição municipal não é definidora para 2026 […] o eleitor vota de um jeito na municipal e de outro na estadual e nacional”.
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