A expressão all time high pode ser traduzida como topo histórico e é um bom resumo do que os investidores da Bolsa de Valores brasileira presenciaram nos últimos dias.
O índice Ibovespa, principal indicador do mercado de renda variável no país, atingiu sua máxima histórica nesta semana, superando pela primeira vez a marca dos 131 mil pontos.
O mercado presenciou uma sequência de oito altas seguidas, a maior desde 2018, e deixou diversos investidores eufóricos.
Mas você sabe o que está por trás desse movimento?
Neste artigo, vamos explicar, de forma breve, os motivos pelos quais a Bolsa chegou ao topo histórico — e também vamos abordar algumas razões que continuam deixando parte dos investidores otimistas para os próximos meses.
Vamos juntos? Boa leitura!
Indice
Se você está habituado a acompanhar o noticiário relacionado à Bolsa de Valores, sabe que dificilmente um índice que representa as principais ações brasileiras se movimenta com base em um único evento.
A direção do índice é sempre um somatório das forças compradoras e vendedoras.
No fim do dia, cada investidor, seja ele profissional, amador ou institucional, tem os seus motivos para comprar e vender determinadas ações, e o índice é o resultado do humor geral do mercado.
Essa é uma explicação simples para um movimento que, como você deve imaginar, é muito mais complexo.
Antes de avançar para explicar alguns dos principais motivos que estão por trás do otimismo que levou a Bolsa ao topo histórico, vale observar a trajetória do Ibovespa em 2021:
Como você pode ver, iniciamos o ano nos 118 mil pontos e ultrapassamos os 130 mil pontos pela primeira vez nesta semana.
A seguir, separamos os destaques que levaram a Bolsa a esse patamar, de acordo com o CIO da Warren, Celson Placido.
Por mais que você invista com foco no longo prazo, é impossível desvincular totalmente os rumos do índice Ibovespa no curto prazo do cenário político.
Isso porque a agenda econômica do governo federal impacta diretamente o ambiente de negócios ao qual as empresas listadas na Bolsa estão submetidas, além de afetar o interesse estrangeiro por investimentos no Brasil.
Recentemente, a notícia que destravou a agenda econômica foi a aprovação do orçamento para 2021.
“A gente tem, desde abril, a aprovação do orçamento, que já deveria ter sido aprovado no final do ano passado. Isso melhorou, porque aí você tira o orçamento da frente e pode pautar outras prioridades. E a gente está vendo agora o andamento das reformas, tanto a administrativa como a tributária”, explica Celson, com a ressalva de que é cético com a aprovação da reforma tributária neste momento.
Outro ponto da agenda política que garantiu otimismo aos investidores foi o avanço do texto sobre a Medida Provisória (MP) envolvendo a privatização da Eletrobras, uma das maiores companhias de energia do país.
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Recentemente, foram divulgados alguns indicadores que deixaram o mercado otimista com a recuperação econômica do país após a forte recessão registrada em 2020.
O principal deles é o PIB, que mede a riqueza produzida no país. De acordo com o IBGE, o PIB avançou 1,2% nos primeiros três meses de 2021, número bem acima do esperado pelo mercado, que projetava alta na casa dos 0,7%.
Na prática, o Brasil retornou ao patamar pós pandemia, anulando as perdas que ocorreram ao longo de 2020.
“A gente está vendo um crescimento do PIB bem acima das expectativas, como também as vendas no varejo foram divulgadas acima das expectativas. Os indicadores econômicos estão mostrando números melhores”, explica Celson.
Para 2021, a previsão dos economistas ouvidos pelo Boletim Focus, do Banco Central, é de alta de 4,36% no indicador.
A previsão divulgada na última segunda-feira (7) trouxe a sétima alta seguida na projeção. Isso indica que o humor do mercado está melhorando, com sinais mais fortes de retomada em diversos setores.
O crescimento do PIB costuma ser visto com ótimos olhos no cenário macro em geral, porque significa que as empresas estão investindo mais e gerando mais empregos, o que aquece o consumo e cria um ciclo virtuoso, com cenário otimista para as empresas.
Mas a retomada também traz boas notícias do ponto de vista fiscal, como veremos a seguir.
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“Com a melhora do PIB, o que acontece: você tem uma maior arrecadação por parte do governo, e com isso você reduz o risco fiscal. Porque, com o governo arrecadando mais, em vez de o indicador dívida/PIB atingir 100%, ele pode ficar na casa dos 85%”, detalha Celson.
Na prática, o crescimento coloca mais dinheiro nos cofres do governo e alivia o temor do mercado financeiro em relação às contas públicas do país, já que um alto endividamento poderia colocar em risco a capacidade do governo em honrar seus compromissos.
“Mesmo com a renovação do auxílio emergencial, com a recuperação da atividade econômica, que a gente já viu no primeiro trimestre, você tem uma maior arrecadação, o que gera uma expectativa positiva para os agentes e para vários ativos ligados ao mercado doméstico. Isso fez a bolsa renovar as máximas”, conclui Celson.
Esses são alguns dos principais pontos que levaram otimismo ao mercado financeiro nas últimas semanas.
Além deles, também é possível destacar a condução do processo de vacinação, com expectativas de que alguns estados efetivamente imunizem toda a população adulta no início do segundo semestre, a pressão da inflação, que leva investidores para a Bolsa em busca de retorno real e o boom das commodities observado recentemente, que beneficia muitas empresas listadas.
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Com a Bolsa de Valores na máxima histórica, é momento de comprar?
Essa é uma das principais perguntas que os investidores se fazem neste momento. A resposta, no entanto, não costuma mudar em relação a outros cenários: tudo depende do seu perfil de investidor e da estratégia de alocação do seu portfólio.
“A renda variável, quando a gente olha o Ibovespa, que é o principal índice da bolsa brasileira, ele tem uma rentabilidade média nos últimos 20 anos, de quase 10% ao ano”, lembra Celson.
Com isso, ele argumenta que, mesmo que os juros venham a subir na próxima reunião do Copom, a renda variável continuará sendo atraente.
“Mesmo com elevação na taxa Selic na próxima semana, no dia 16 de junho, subindo entre 0,75% e 1% — eu acredito mais em 0,75% — a gente vai pra 4,25%. Pode terminar o ano em 6%, o que ainda significa juros baixos em termos reais. Mesmo assim, olhando no longo prazo, renda variável mostra-se um investimento interessante buscando o longo prazo”, explica.
Essa dúvida sobre investir ou não em renda variável acaba tendo solução simples quando você investe de forma recorrente, com aportes mensais, focado na construção de patrimônio.
“Por mais que as pessoas nos perguntem ‘mas o Ibovespa em 130 mil pontos está na máxima histórica, vale a pena investir?’ eu diria que, primeiro, em relação ao seu perfil de risco, a partir do moderado, você tem que ter renda variável”, sustenta Celson.
“Os juros permanecerão baixos, e aí falamos em juros reais, que é a sua aplicação menos a inflação, e existem oportunidades de investimento. Então eu diria, para quem faz aportes mensais e tem perfil de risco a partir do moderado: sim, você precisa ter um percentual em renda variável”, sentencia.
“E assim vai ser. Porque a busca por retorno é a busca por retorno real, e este retorno real está no investimento em renda variável, nas ações”, conclui.
Em resumo, a decisão de investir ou não em renda variável depende menos da trajetória do índice Ibovespa, e mais do seu perfil de investidor e dos seus objetivos de curto, médio e longo prazo.
Se você tem objetivos de longo prazo, faz sentido ter parte do patrimônio alocado em renda variável.
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