Será que é possível identificar uma mudança de tendência na bolsa de valores?  

Quem não conhece alguém que fez alguns investimentos em renda variável e acabou perdendo dinheiro? 

Aliás, julgando pelo comportamento da nossa bolsa nos últimos meses, muito provavelmente essa pessoa é você mesma que está lendo este texto.

Na era das redes sociais, estamos atolados de conteúdos motivacionais com imagens do Warren Buffett e outros investidores de sucesso que já passaram por Wall Street — ou até mesmo grandes investidores brasileiros, experientes na nossa bolsa. 

Frases como “compre ao som dos canhões e venda ao som dos violinos” são muito famosas por retratarem os momentos ideais de compra e venda do mercado. 

Traduzindo essa frase em específico, ela se refere em comprar ações no mercado quando o mundo está em pânico e vender ações quando o mundo está em festa. 

Olhando para a bolsa, diríamos que, quando as manchetes sobre o mercado estão muito negativas, pode ser um sinal de que deveríamos estar comprando. Quando estão muito positivas, isso pode indicar que o movimento de alta está chegando no final.

Mas por que essas hipóteses ganharam popularidade? 

Porque quase sempre elas realmente se confirmam. A bolsa de valores nada mais é do que a expectativa dos investidores sobre os ativos negociados ali. 

Ou seja, por ser uma expectativa, quase sempre ela se adianta aos fatos – por já ter se movimentado enquanto as pessoas esperavam aquilo acontecer. Daí, quando acontece, é sinal de que o movimento já passou, normalmente.

Outra frase bem conhecida e com o mesmo mote é a seguinte: “Sobe no boato e cai no fato.” Ela é o retrato perfeito do que falei acima sobre as expectativas de mercado.

Bom, agora que você já está familiarizado com algumas gírias que guiam o dia a dia do mercado, que tal sermos um pouco mais específicos? Que tal aguçar a sua percepção em relação a esses movimentos na bolsa, para que os seus investimentos sejam feitos com ainda mais informação e embasamento?

Existem maneiras de identificar que o mercado está mais propenso a subir — e é sobre elas que falarei na sequência. 

Antes de entrar no assunto, aquele aviso básico: propensão nunca é uma certeza. Quando o assunto é renda variável, desconfie bastante de quem te der certezas. Ou a pessoa está errada ou ela tem más intenções.

Fique de olho no pensamento de manada

Como comentei acima, as manchetes na imprensa tendem a dizer muito sobre o sentimento da população investidora diante do mercado. 

Preços sobem e descem de acordo com o consenso público em relação ao que é “caro” ou “barato”. O momento mais próximo de ideal de investir é quando a grande massa ainda não se posicionou. 

Ou seja, quando todos estiverem muito preocupados, talvez seja o momento de compra, visto que a expectativa pessimista já afetou o preço do ativo em questão.

Mas não perca de vista a análise profissional do mercado

Como o fator que citei acima não passa de um fator psicológico, devemos buscar algo mais confiável, como a análise de profissionais do mercado. 

De forma macro, existem duas formas de analisar ações: análise fundamentalista e análise técnica. Vou explicar resumidamente o papel de cada uma delas.

De olho nos fundamentos da empresa

Na análise fundamentalista, o grande ponto é a saúde da empresa em si. Em outras palavras, é analisado o negócio, seu lucro, suas margens, dívidas, e muito mais. 

Através dessas análises, podemos chegar em indicadores como o P/L, conhecido como preço/lucro das ações. Como já diz a fórmula, ele é calculado dividindo o valor de mercado da empresa (ou o preço unitário de uma ação) pelo lucro líquido daquela ação (ou o lucro por ação). 

Matematicamente falando, este indicador diz, hipoteticamente, em quantos anos você receberá seu investimento de volta. 

Por exemplo, um P/L de 2 resultaria em dois anos para você receber de volta o investimento. Assim, quanto menor, melhor (não sendo negativo, claro). Esse indicador é só um exemplo, pois existem vários outros que compõem a análise fundamentalista, como EV/EBITDA, P/VP, entre outros.

Aqui vale um adendo: um dado isolado não é capaz de informar se uma ação está barata. 

A melhor forma de enxergar isso é avaliando um indicador de forma histórica. Vamos a um exemplo: imagine uma empresa que normalmente tem seu P/L em 10. 

Quando olhamos historicamente, ele costuma variar de 5 até 15. Se no patamar atual o P/L estiver em 5, o que isso quer dizer? Que a ação daquela empresa vai subir? Não! 

Quer dizer que é muito mais fácil subir do que continuar caindo. Tudo isso baseado no fator histórico de preço e seu indicador daquela ação.

Lembra quando comentei que o preço de um papel pode ter a ver com o sentimento dos investidores diante do mercado? Às vezes, o pessimismo é tão grande que o mercado continua caindo mesmo já estando barato. Algumas ações inclusive passam a ter valor de mercado inferior ao que tem de dinheiro em caixa.

Examinando o comportamento do mercado

Agora, existe algum jeito de identificar um timing favorável? Seria ótimo se pudéssemos enxergar uma mudança de opinião dos investidores diante do mercado, não seria? 

É isso que a análise técnica faz: ela mostra o comportamento do mercado diante de um ativo específico.

Dentro desse tipo de análise, existe toda uma estrutura chamada de figuras de reversão, que são analogias a formações nos gráficos de preço, sinalizando que podemos estar presenciando uma troca de tendência, como a tendência de baixa para tendência de alta.

Alguns exemplos: ombro-cabeça-ombro, fundo duplo, ombro-cabeça-ombro invertido…

Na análise técnica, tudo se baseia na forma que os preços vêm se movimentando, no jeito que aparecem no gráfico. Um grande ponto a favor da análise técnica é que ela inclui todas as opiniões do mercado, já que todos negociam no mesmo lugar. 

Quem não sabe nada, quem sabe muito, quem analisou o negócio, quem não analisou… O que importa é o consenso — e como podemos aproveitá-lo.

Mas e o mercado brasileiro, como vai?

Com a situação de mercado atual, nós vemos o Ibovespa em queda há uns 6 meses, sem dar sinais de que pretende se recuperar. 

Será que não existe sinal? Por enquanto, em 2022, não tivemos a renovação da mínima de 2021. Isso demonstra que o pessimismo não se renovou – podendo ter chegado ao seu limite. 

A questão é: o otimismo vai chegar? 

Graficamente falando, isso começa a ganhar força se vermos topos anteriores (regiões de máxima de preço) sendo rompidos para cima.

Provavelmente isso é informação demais, eu sei. O intuito do texto é dizer somente uma coisa: com as técnicas corretas, é possível identificar a propensão de alguns rumos da bolsa. 

Se esse tipo de assunto interessa a você, deixo um convite especial: na Warren, temos o canal Warren Analisa, onde o nosso time de análise compartilha a sua sabedoria de mercado para você. 

Lá no canal, você pode também acompanhar a minha sala ao vivo, onde diariamente compartilho minha tela e mostro a análise que faço ao operar na bolsa brasileira. Te vejo por lá!

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