Sucessão patrimonial: qual a melhor hora para começar a pensar?  

Para muitas famílias, possuir patrimônio não é algo necessariamente novo. A cultura vivenciada até aqui carrega um peso gigante de crescimento patrimonial via terras, ou seja, compra de terrenos, casa de moradia, casa de veraneio e por aí vai.

Afinal quem nunca ouviu de alguém próximo que “investir em terrenos pode ser uma boa quando a região onde ele está se valoriza”, não é mesmo?

É muito comum famílias obterem um grande patrimônio imobilizado, com terrenos, casas, apartamentos e outros imóveis. Como consultora, já vivenciei casos nos quais 100% do patrimônio estava imobilizado.

Casos assim são exemplos de um cenário familiar onde o planejamento sucessório é crucial e pode, inclusive, determinar o sucesso ou fracasso de um legado.

Quando falamos em sucessão patrimonial, se torna inevitável falar da morte. É muito importante que as pessoas entendam que a sucessão não é um fim, e sim uma continuidade. Ela é a única certeza que temos nessa vida, além, claro, da certeza de pagar impostos. 

Planejamento financeiro é muito mais do que tratar apenas sobre dinheiro, é sobre como você quer viver a sua vida e como deseja deixar algo já fundamentado para os seus filhos. A sucessão traz a importância em refletir como será a manutenção dos seus bens, da sua empresa e da sua família, evitando processos de inventários que duram 10 anos, desordem familiar entre herdeiros e, consequentemente, uma dilapidação do patrimônio conquistado.

E como saber quando é a hora de olhar para esse tema? 

Bom, se você começou a acumular patrimônio, já está na hora. Não começou a fazer o seu planejamento financeiro, mas tem filhos? Opa, então aí temos um alerta vermelho. 

Engana-se quem pensa que a sucessão faz sentido apenas para grandes patrimônios. O impacto emocional unido ao impacto de uma economia em impostos é o mesmo em todas as famílias. 

O planejamento de sucessão na prática:

Para planejar a sucessão, é necessário:

  • Relacionar os bens que você tem;
  • Projetar os impostos envolvidos na transmissão do patrimônio;
  • Avaliar o regime de casamento;
  • Levantar informações de possíveis financiamentos;
  • Estudar qual o custo de vida da família (considerando também o custo para a manutenção dos bens), qual a idade dos filhos e qual a expectativa de gastos em relação à educação;
  • Caso seja sócio de algum negócio, também é necessário analisar o impacto no quadro societário da empresa no qual você faz parte para realizar a sucessão empresarial.

O objetivo é deixar a estrutura financeira organizada para o evento de um falecimento, proporcionando mais tranquilidade no interesse de todos os envolvidos.

Sim, sei que pode parecer um tanto quanto complexo pensar nessa lista toda (e também na possibilidade de que você pode vir a faltar um dia), mas é possível contar com a ajuda de algum planejador financeiro para acalmar seu coração e agilizar todas essas respostas.

Com tudo isso respondido, é hora de estruturar a sucessão na prática. Assim como existem vários produtos no mercado financeiro, há vários caminhos disponíveis para estruturar uma sucessão. 

Muitas vezes, ela não está resolvida apenas com uma ferramenta, e sim com a combinação entre elas. 

Por exemplo, se você e sua família são detentores de imóveis e/ou uma empresa, estudar a viabilidade de criar uma administradora de bens é importante. Neste caso, os bens que estavam na pessoa física são transferidos para uma pessoa jurídica em nome da família, e a administradora se torna dona de todo o patrimônio, possibilitando a organização dos bens via participação de cotas. 

Essa estrutura possibilita a doação em vida das cotas disponíveis, incluindo cláusulas restritivas que colaboram para a concretização dos desejos familiares. Quando tratamos de recursos financeiros, os fundos exclusivos podem ser introduzidos na sucessão, abrigando as reservas financeiras da família.

Associado às duas ferramentas acima, um seguro de vida, por exemplo, tem como objetivo gerar a liquidez imediata e necessária aos herdeiros, suprindo o pagamento de impostos como o ITCMD (Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação), além de possíveis honorários advocatícios. 

Veja que apenas um instrumento de sucessão, por si só, pode não solucionar o tema de forma completa.

Por isso, sempre é bom contar com a orientação de um planejador financeiro e um advogado especialista na área. Assim, você entende quais são as melhores alternativas para o seu cenário atual.

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