Certamente você já ouviu falar sobre a inflação, principalmente quando os jornais estão falando sobre a economia do Brasil. Porém, sabia que ela afeta os seus investimentos e a rentabilidade que pode ser alcançada por eles ao longo do tempo?
Entender índices econômicos é essencial para tomar decisões mais acertadas e compor uma carteira mais satisfatória, com resultados dentro daquilo que você espera na hora de investir o seu dinheiro.
A inflação é um deles, já que influencia tanto os ativos na renda fixa quanto os da renda variável.
Indice
A inflação consiste no aumento dos preços praticados no mercado e influenciam o valor dos produtos e serviços ao longo do tempo. Basicamente, ela está ligada à perda do poder de compra à medida que o tempo passa.
Para isso, basta pensar: você consegue, com R$1.000, comprar as mesmas coisas que adquiria há 5 anos? Possivelmente, você consegue perceber que hoje o dinheiro “vale menos” e, por isso, volta do supermercado com menos itens na sacola, por exemplo.
Então, resumidamente, podemos dizer que a inflação representa uma perda do valor do dinheiro ao longo do tempo — e isso vale tanto para o seu salário (e outros ganhos) quanto para os investimentos financeiros.
Entretanto, é importante reforçar que o aumento dos preços de serviços ou produtos isoladamente não pode ser considerado inflação. Ela só acontece quando as coisas ficam mais caras de modo geral e continuam aumentando com o passar do tempo.
A inflação afeta a economia diretamente, principalmente quando falamos do poder de compra da população. Porém, ela não para por aí. Ao longo do tempo, isso gera uma reação em cadeia e chega a um ponto que influencia até no PIB e na dívida pública do governo.
A princípio, podemos perceber como a população sofre os impactos da inflação, já com o aumento dos preços. Isso significa que o salário passa a ser suficiente para adquirir menos produtos e serviços do que antes.
Ao longo do tempo, isso se traduz em uma diminuição do consumo no mercado, o que, consequentemente, também impacta a previsão de vendas das empresas, com uma tendência de baixa no faturamento.
Com isso, os investimentos também diminuem. Associado à diminuição do consumo da população, os efeitos da inflação chegam até o PIB de forma negativa (já que os gastos das famílias é justamente um dos pilares que compõem esse indicador). A consequência disso é uma queda no crescimento da economia.
Uma das formas que o governo encontra para captar recursos (que vão financiar diversas atividades). Por outro lado, isso faz com que a dívida pública seja ainda maior, pois, além de pagar taxas de juros para os investidores, ela precisa ser o suficiente para compensar a inflação. Isso significa que quanto mais alta ela for, maior será o gasto.
A inflação pode ser monitorada por meio de índices que têm relação com os preços de produtos e serviços. Eles mostram, basicamente, qual é o movimento dos preços, seja de queda ou de alta.
Contudo, você vai perceber que os índices de inflação é diferente para cada um deles. Isso acontece porque eles consideram diferentes critérios na pesquisa, o que inclui região, faixa de renda da população, itens e períodos.
Porém, em vez de provocar certa confusão, essa diferença é benéfica, uma vez que permite ter informação confiável para fazer um comparativo.
O Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) monitora os preços praticados na construção civil, no atacado e no comércio varejista. Ele é calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) todos os meses e é mais utilizado para corrigir os preços de aluguéis, de contratos e de serviços públicos.
Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo mostra qual é a alteração do custo de vida da população. Ele é calculado pelo IBGE mensalmente e considera a renda de famílias que ganham até 40 salários mínimos.
Ele é utilizado pelo governo para avaliar se a meta de inflação está sendo devidamente cumprida e também pelo Banco Central como o índice oficial da inflação no Brasil.
Existem várias causas para a inflação e elas podem ocorrer tanto no curto quanto no longo prazo. Entenda melhor cada uma delas nos tópicos a seguir.
Aqui, estamos falando de alterações que ocorrem e causam efeito praticamente de imediato.
Se as empresas percebem que a produção de determinado produto ou a prestação de serviços ficam mais caras, a inflação aparece. Nesse caso, podem surgir duas consequências:
Em ambas as situações, o resultado é o consumidor pagando um valor superior pelos itens e serviços no curto prazo.
Se várias pessoas procuram determinado produto ou serviço em um curto espaço de tempo e a oferta não é suficiente para atender todas elas, o fornecimento fica comprometido. É aí que os preços começam a subir e geram a inflação.
Um exemplo prático (e bem simples) de como isso ocorre na prática é a existência da tabela dinâmica nos aplicativos de transporte. Se vários passageiros começam a pedir o Uber ao mesmo tempo (como quando chove ou em horários de pico), você vai notar que os preços ficam mais altos.
Já nesse caso, estamos falando de medidas que impactam o aumento dos preços com o passar do tempo (e, portanto, não são sentidos em um primeiro momento).
A taxa básica de juros no Brasil é chamada de Selic. Quando o governo, por meio do Banco Central, decide diminuí-la, podemos perceber queda nos juros, empréstimos se tornando mais baratos e aumento no volume de produção e no consumo.
À medida que o tempo passa, a demanda fica maior e aí caímos na questão citada anteriormente: se a oferta não for suficiente para suprir a procura, os preços sobem (e acarretam inflação).
Essa também é uma medida adotada pelo governo que acaba levando ao aumento da inflação. Quando os gastos forem maiores que os valores arrecadados, uma das ações pode ser a impressão de mais dinheiro. Assim, coloca-se mais moeda em circulação para garantir que as contas serão pagas.
Porém, ao mesmo tempo o volume de dinheiro disponível no mercado pode ser maior que a oferta de serviços e produtos no mercado. Mais gente comprando e menos disponibilidade de itens gera aumento dos preços.
Toda vez que você for fazer algum investimento financeiro, precisa considerar a inflação em sua análise, já que o dinheiro passa a valer menos ao longo do tempo. Se você aplica determinado valor para um objetivo e a rentabilidade é menor que a inflação, você perde poder de compra.
Na prática, vamos supor que você pretende comprar um carro, mas deixa o valor de R$10 mil aplicado até encontrar o veículo que busca, em vez de adquiri-lo logo de uma vez. Tanto o bem quanto o seu investimento vão sofrer um aumento no período de espera.
Supondo que o seu investimento rendeu 10%, você teve um ganho de R$1 mil, ou seja, no fim do período, ficou com R$11 mil. Se carro passa a valer R$10.500, isso quer dizer que você ganhou R$500, apesar de ter comprado o bem R$500 mais caro.
Por outro lado, se a rentabilidade fosse menor que a valorização do veículo, você teria prejuízo ao deixar o dinheiro investido. Nesse cenário, a inflação foi maior e, portanto, fez com que você perdesse poder de compra.
Quando você procura um investimento e a instituição que oferta o papel informa que ele rende 8% ao ano, por exemplo, é preciso ter em mente que esse valor, em geral, é o da rentabilidade nominal.
Isso significa que esse é o ganho bruto, que ainda não sofreu os descontos relacionados às taxas e impostos (como o IR) referentes a eles. Porém, na hora de fazer a conta, é importante que você também calcule a inflação. Depois dos abatimentos, temos a chamada rentabilidade líquida.
Depois que você chega à rentabilidade líquida, precisa abater o percentual referente à inflação. É aí que se consegue encontrar a rentabilidade real, ou seja, quanto você ganha com o investimento de fato.
É de suma importância que essa rentabilidade real seja superior à inflação, pois é isso que garante que o seu poder de compra será preservado ao longo do tempo. Caso isso não seja possível, certifique-se de escolher um título que seja, pelo menos, o suficiente para recuperar a desvalorização (ou seja, igual ao índice da inflação).
Uma maneira bem eficaz de garantir que os seus investimentos ficarão protegidos da inflação é escolher títulos que estejam atrelados a esse índice. Dessa forma, é importante procurar papéis que vão pagar, ao menos, o equivalente à inflação durante o prazo contratado.
É só assim que você tem a tranquilidade e a segurança de que, no momento do resgate, o seu dinheiro não terá perdido o poder de compra, independentemente de como a inflação tenha oscilado no período.
A seguir, mostramos alguns investimentos que estão atrelados à inflação para você ficar de olho e proteger o seu patrimônio.
Falando em títulos públicos que protegem o dinheiro da inflação, temos o Tesouro IPCA+. O governo oferece papéis que sofrem ajuste de acordo com a taxa de IPCA do momento mais alguma taxa prefixada.
Isso significa que, além de receber acima da inflação (e não perder o poder de compra), você ainda poderá contar com uma rentabilidade extra no término do período contratado, o que torna esses títulos ótimas opções.
Você consegue encontrar aplicações em CDBs, LCIs e LCAs que estão atrelados à inflação, ou seja, pagam os juros de acordo com os índices IGP-M ou IPCA. Assim como os títulos do tesouro, são considerados investimentos de baixo risco.
Esses papéis, oferecidos pelos bancos, são uma excelente maneira de permanecer na renda fixa, com segurança, e não ter prejuízos com o passar do tempo e as oscilações na inflação.
Os fundos imobiliários (FIIs) são investimentos em imóveis comerciais que pagam aluguel aos investidores todos os meses. Em geral, são corrigidos pelos índices IGP-M ou IPCA, o que protege o dinheiro aportado.
Apesar de serem títulos de renda variável e não terem papéis diretamente ligados aos índices da inflação, é possível encontrar ações de empresas que fazem o repasse da inflação para os acionistas.
Geralmente, trata-se de organizações do setor de utilidade pública (como as concessionárias de energia elétrica) e de consumo. Elas conseguem repassar a inflação para os produtos e serviços oferecidos aos consumidores e, consequentemente, têm capacidade de transferir isso para os acionistas.
Como cidadãos comuns, a inflação já nos afeta rotineiramente, à medida que provoca o aumento dos produtos e serviços disponibilizados no mercado e faz com que o nosso dinheiro valha menos ao longo do tempo. Contudo, quando nos tornamos investidores, é necessário acompanhá-la ainda mais de perto, já que pode gerar uma perda ainda maior do nosso patrimônio.
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