Big Four: conheça as maiores empresas de auditoria do mundo  

Se você tem o costume de ler relatórios financeiros das empresas da Bolsa, possivelmente já passou o olho na assinatura de um auditor de alguma Big Four.

Esse é o termo dado para as “top 4 organizações” que realizam auditorias independentes em empresas de capital aberto. 

O trabalho dos auditores é essencial no nosso contexto atual, de mercados altamente desenvolvidos e complexos. 

Isso para não comentar a economia mundial cada vez mais instável e com imprevisibilidades. 

Mas você sabe quais são as Big Four e por que elas dominam o cenário?

Neste artigo, você vai conhecer todos os detalhes sobre o assunto.

E aí, preparado? Leia o artigo completo para conhecer a relevância dessas grandes empresas.

Big Four: as quatro maiores empresas de auditoria

big four, ilustração

As Big Four são as quatro maiores empresas de auditoria do mundo: Ernst & Young (EY), Deloitte, PricewaterhouseCoopers (PwC) e KPMG. Além de auditoria, elas são conhecidas por prestarem serviços como consultorias, análises fiscais e tributárias e auxílio com aquisições, fusões e cisões. 

Mas você sabe exatamente o que é auditoria?

Também conhecida como assurance, auditoria externa ou independente, a auditoria consiste na expressão da opinião de um auditor a respeito das demonstrações financeiras da empresa

Esse procedimento melhora consideravelmente a qualidade da informação e aprimora a tomada de decisões. 

Como o próprio nome sugere, a auditoria assegura e legitima os números dispostos nos documentos.

Atualmente, a Ernst & Young tem 860 empresas na carteira de clientes, a Deloitte tem 642, a PricewaterhouseCoopers conta com 577 e, por fim, a KPMG atende 516 organizações. 

Juntas, são responsáveis pela auditoria externa de 66,7% das maiores companhias americanas. 

Vamos saber mais sobre cada uma das Big Four?

Ernst & Young (EY)

A Ernst & Whinney incorporou a Arthur Young e formou a EY, no século XX. Ela possui mais de 150 escritórios em mais de 700 países e, no ano de 2020, contou com 298.965 funcionários em todo o mundo.

Uma curiosidade é que, em 2010, a Ernst & Young adquiriu uma empresa brasileira de auditoria, a Terco

No nosso país, a EY, está presente em São Paulo, Belo Horizonte, Recife, Brasília e outros.

A companhia atua em quatro frentes: 

  • Assurance: ajuda a apoiar os clientes em várias questões relacionadas à auditoria, como promoção da confiança dos investidores, gerenciamento de responsabilidades e crescimento econômico sustentável
  • Impostos: contribui nas questões relacionadas a impostos sobre transações, tributos internacionais e outros
  • Strategy and transactions: auxilia no gerenciamento de crises, reformulações de carteiras e assessoria de transações
  • Consulting: trabalha a redefinição de estratégias digitais, gestão de pessoas, cibersegurança etc

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Deloitte 

A Deloitte Touche Tohmatsu veio da união entre a Deloitte, a Haskins & Sells e a Touche Ross, no século XIX, aproximadamente. Das Big Four, é a que possui o maior número de funcionários: 335 mil.

Sua atuação no Brasil se iniciou em 1911 e ela possui unidades em São Paulo, Joinville, Fortaleza e nove outras cidades. 

A Deloitte presta serviços em cinco grandes áreas:

  • Auditoria: aumentar a qualidade dos reportes, gerir melhor os projetos por meio de uma plataforma própria, entre outras ações
  • Consultoria empresarial: desenvolver a inovação na empresa, incluindo serviços de Customer & Marketing, por exemplo
  • Assessoria financeira: assessorar operações corporativas, como fusões e aquisições, e outras medidas de reorganização empresarial
  • Risk advisory: ajudar os empresários a gerenciar crises, manejar riscos regulatórios e estratégicos, entre outros
  • Consultoria tributária: auxiliar com questões referentes ao comércio exterior, folhas de pagamento etc

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PricewaterhouseCoopers (PwC)

A PwC foi fundada em 1998, de uma fusão entre a Price Waterhouse e a Coopers & Lybrand — firmas de contabilidade do século XIX.

Ela se localiza em 155 territórios, nos quais 15 estão no Brasil. 

A empresa tem mais de 284 mil profissionais e é especializada em quatro serviços:

  • Auditoria e asseguração: é a auditoria em si, com a validação de demonstrações financeiras, transações e afins
  • Consultoria tributária: identificação e redução de riscos fiscais, implementação de estratégias tributárias, gerenciamento de questões contábeis etc.
  • Consultoria de negócios: solução de problemas, ajuda com a transformação digital, otimização das operações e outros
  • International desks: apoio às empresas da Alemanha, China, Índia e Japão que possuem interesses comerciais no Brasil e vice-versa. É um programa exclusivo da PwC

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KPMG

A KPMG surgiu em 1987, da fusão entre a Peat Marwick e o Grupo Klynveld Main Goerdeler, que já funcionavam desde 1917.

A organização abrange 146 países e emprega 227 mil profissionais. No Brasil, são 22 escritórios entre as principais cidades, como São Paulo, Curitiba e Recife.

São cinco opções de serviços oferecidos:

  • Auditoria e asseguração: assegura as informações que serão repassadas aos investidores, seguindo as melhores práticas contábeis
  • Tax: desenvolve as práticas de imposto mais adequadas aos mercados dos clientes, analisa as normas relacionadas aos tributos aduaneiros e outros
  • Advisory: ajuda a estabelecer sistemas de controle interno efetivos e que gerenciam os riscos com sucesso, incluindo cibersegurança, riscos financeiros etc
  • Alianças estratégicas: adapta as empresas às melhores tecnologias, em parceria exclusiva com a Microsoft
  • Audit Committee Institute: trabalha as práticas mais eficientes de governança corporativa, com o auxílio do ACI Institute

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Como funciona e o que faz uma empresa de auditoria

Como funciona e o que faz uma empresa de auditoria, ilustração

A cada trimestre as empresas listadas na Bolsa de Valores precisam disponibilizar suas demonstrações financeiras na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), B3 e no portal de Relações com Investidores. 

Esses documentos são elaborados pelos funcionários da empresa, mas podem ser conferidos pelos auditores independentes, de empresas como as Big Four. 

O Balanço Patrimonial (BP) é um deles. Explicando de forma bem simplista, ele põe lado a lado o que é gasto e o que é gerado na empresa, então inclui seus bens, lucros, dívidas, etc.

Dessa forma, suponha que determinada companhia declara, em uma linha do seu BP, R$ 200 em estoque. 

O auditor, ao se deparar com esse valor, buscará evidências que a comprovem. Ele pode acessar notas de compra, acessar pessoalmente o estoque, fazer um inventário, etc.

Outro exemplo é a Demonstração do Resultado do Exercício, a DRE. Entre diversas outras informações, ela informa se, durante o período analisado, a empresa gerou lucro ou prejuízo. 

Na auditoria deste documento, o analista pode investigar os dados da receita, por exemplo, e solicitar sua comprovação por meio de notas fiscais.

Todas as DREs das empresas listadas na Bolsa vêm com o parecer de alguma empresa de auditoria, que frequentemente pertence ao grupo das Big Four.

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Possíveis desfechos de uma auditoria

Ao finalizar os trabalhos, os auditores podem emitir uma das seguintes conclusões:

  • Parecer sem ressalva: quando todas as informações apresentaram evidências e foram conclusivas
  • Parecer com ressalva: quando a maioria dos dados mostraram-se corretos, mas que foram detectados pequenos erros e inconsistências que ainda não foram corrigidos
  • Parecer adverso: quando as informações fogem das normas contábeis, são incertas e têm baixa confiabilidade
  • Parecer com abstenção: quando o auditor, por si só, não pôde analisar as demonstrações financeiras da empresa por falta de evidências

A KPMG, em outubro de 2020, por exemplo, declarou em um relatório trimestral que a auditoria foi incerta e que levantava dúvidas quanto à capacidade de continuidade operacional da empresa. 

Essa Big Four falava da CVC, operadora brasileira de turismo, negociada na Bolsa de Valores pelo código CVCB3.

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O que pode não ser do escopo de uma Big Four

Para não correr o risco de você se enganar com o papel dos auditores, veja o que eles não fazem pelas empresas, no geral:

  • Auditar sobre informações direcionadas aos membros da organização, como relatórios de diretores
  • Avaliar as atividades comerciais da empresa, seus planejamentos estratégicos e afins
  • Testar a adequação de métodos de controle interno
  • Comentar com os acionistas sobre a qualidade da governança corporativa ou dos procedimentos adotados na companhia
  • Fazer projeções futuras com os dados

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Obrigatoriedade da auditoria externa

Será que toda empresa na Bolsa de Valores tem esse cuidado de contratar o serviço de auditoria?

A resposta é sim.

Isso porque, de acordo com a Lei 11.638/07, há três casos que tornam a auditoria obrigatória. São eles:

  1. Tem capital aberto (caso das empresas listadas)
  2. Possui atividades reguladas
  3. Fatura mais de R$ 300 milhões ou tem patrimônio maior que R$ 240 milhões

Dessa forma, se a organização cumprir pelo menos um dos critérios acima, seus relatórios deverão ser auditados antes da sua publicação.

A maioria das empresas registradas na CVM são auditadas por uma das Big Four. 

O que também se aplica aos fundos de investimento: 90% deles contratam um dos quatro maiores auditores internacionais.

Confira, na tabela a seguir, o percentual de auditorias realizadas pelas Big Four dentre as companhias auditadas com registro na CVC:

Empresa de auditoriaEmpresas auditadasRepresentatividade no total
KPMG14723%
EY11818%
PwC8413%
Deloitte 619%
Fonte: CVM

A importância da auditoria em empresas de capital aberto

A importância da auditoria em empresas de capital aberto, ilustração

Todo negócio segue o fluxo básico de receber investimentos, processar produtos ou serviços e gerar resultados. 

Coloque-se na posição de um diretor de empresa que busca mais investimentos para impulsionar sua produção e crescer no mercado.

Como você vai convencer os possíveis investidores de que sua empresa merece a confiança deles?

Toda empresa tem sua história, que explica como ela surgiu, como ela cresceu, quais problemas ela soluciona e como se sustenta.

Para “ler” essa história, é fundamental buscar documentos como aqueles que já explicamos, o BP e a DRE.

Cada tipo de demonstração financeira tem suas especificidades, mas, no geral, elas permitem avaliar o desempenho da empresa e calcular seus indicadores.

E o mínimo que os investidores esperam é que os números apresentados estejam corretos. E aí entram as auditorias.

Se não fossem as auditorias, seria impossível confiar nos números apresentados pelas empresas, e os investidores — o que inclui você — não teriam segurança para investir o seu patrimônio.

Exemplo de uma auditoria externa realizada por uma Big Four 

Vamos entender a importância do trabalho de uma Big Four? 

Para isso, pegamos o exemplo de uma empresa listada na Bolsa de Valores, o Banco Inter (BIDI11). 

No Relatório Anual da fintech, está descrito que foi feita uma auditoria com a KPMG e há um anexo dedicado para explorar essa conformidade com os auditores.

Na seção, o relatório discrimina as responsabilidades da empresa e dos auditores e explica quais procedimentos foram realizados — como avaliação de indicadores, aplicação de testes analíticos, etc.

No final do documento, há um parecer final sem ressalvas, que é a conclusão mais positiva possível de uma auditoria. 

Essa auditoria deu garantias aos investidores e serviu para referendar o trabalho contábil realizado pela empresa.

Vale ressaltar que uma auditoria eficaz, geralmente, depende da experiência técnica do profissional ou da entidade que a realiza. 

É essa bagagem que possibilita a detecção de possíveis equívocos ou distorções nas demonstrações financeiras.

E o que acontece quando uma auditoria identifica problemas na empresa? Em alguns casos, os danos são pequenos e fáceis de corrigir. 

Em outros, as consequências podem abalar os rumos da companhia, como veremos a seguir.

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Escândalos contábeis que envolveram auditores independentes

Auditores experientes como os das Big Four conhecem sinais que podem indicar fraudes, como alta rotatividade de profissionais dos departamentos financeiro e contábil, perda de licença para financiamento e um número exorbitante de transações entre partes relacionadas.

Se os indícios forem verdadeiros, não é tão incomum trazerem como consequências:

  • Falsificações de documentos
  • Supressão de transações
  • Registro de operações sem que haja evidências delas

Tudo isso gera um desconforto na organização e até os consumidores, em algum momento, podem descobrir e passar a ter uma imagem negativa da empresa. 

Foi o que aconteceu, mas em uma dimensão gigante, na ocasião da Operação Lava Jato, com a Petrobras (PETR4).

Petrobras

A operação conduzida pela Polícia Federal encontrou uma série de crimes que envolveram membros administrativos da estatal. 

Nessa época, quem estava responsável pela auditoria externa do trimestre correspondente era a PwC, que se recusou a assinar as demonstrações financeiras. 

Dois anos depois do escândalo, a Petrobras conseguiu fechar contrato com a KPMG. Ainda hoje, em 2021, a KPMG é a Big Four que audita a empresa de petróleo.

Enron

O escândalo que envolveu a Enron foi ainda mais fatal, já que ela não existe mais. 

A Enron era uma companhia americana de energia, fundada nos anos 80, e chegou a se tornar a 7ª maior do país. 

Porém, no ano de 2000, os seus executivos passaram a inflar os balanços para atrair mais investimentos e ter suas ações valorizadas. Eles também realizaram manobras para pagar menos impostos. 

A empresa Arthur Andersen fazia a sua auditoria e acabou se envolvendo com os crimes — ela foi à falência junto com a Enron.

Inclusive, ela era uma Big Five, ou seja: tinha alto destaque no mercado, assim como as Big Four têm hoje em dia.

Esses dois escândalos ajudam a mostrar a importância que as auditorias possuem tanto para as empresas listadas na Bolsa, como para os investidores que têm ações dessas empresas.

Na condição de pequeno investidor, é provável que você nunca tenha parado para ler o relatório de alguma empresa de auditoria. Mesmo assim, você confia nas informações que a empresa leva ao público.

Por quê? Justamente pela credibilidade conquistada pelas Big Four, validando as informações das empresas que passam por suas auditorias.

Da próxima vez que analisar uma empresa da Bolsa, confira se Ernst & Young, Deloitte, PwC ou KPMG validaram os documentos. 

Se a resposta for positiva, você pode dar um voto de confiança maior às informações.

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